• Sinfaerj na luta pelos Hospitais Federais.

    Dr Roberto Dias (à direita) esteve presente defendendo os servidores.

    SINDICATOS DA SAÚDE REUNIRAM-SE COM O SUPERINTENDENTE ESTADUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE NA TARDE DE 31/03/21.

    SINFAERJ
    SINTSAUDERJ
    SINMEDRJ
    SINDENFRJ
    SINFITORJ

    Foi apresentada a seguinte pauta:

    1- Contratação para suprimento do Déficit de RH na Rede Federal

    ▪︎6° e 7° certames;

    O Superintendente informou que até hoje 3673 profissionais foram contratados através do 6° Certame e que as convocações estão em andamento, que o 7° Certame está sendo organizado em Brasília objetivando melhorar o sistema de contratação e a previsão é para 1° de junho.

    ▪︎ Os Sindicatos se posicionam contrários à participação da Rede Dor.

    O Superintendente esclarece que o Ministério da Saúde ainda não tomou nenhuma decisão acerca de uma possível parceria com a Rede DOR.
    A Rede DOR se ofereceu para contratar RH (além das 4117 vagas para contratados) viabilizando a abertura dos 500 leitos para COVID acordados com o Estado, no entanto, a proposta não avançou. Atualmente a proposta da Rede Dor é entrar com RH para abertura de 50 leitos de UTI.

    ▪︎Liminar favorável ao pleito da Comissão de Saúde da ALERJ que suspende a dispensa imotivada de trabalhadores contratados e terceirizados desde 11/03/20.

    A Superintendência tem interesse em cumprir a decisão judicial e convocar os profissionais para abertura de leitos de CTI/COVID. Aguarda posicionamento do MS/Brasília.

    2- Vacina para TODOS os trabalhadores da Rede Hospitalar Federal.

    ▪︎Foi solicitado pelos sindicatos cronograma de vacinação para todos os trabalhadores dos Hospitais Federais.

    Houve acordo entre a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde e o Secretário Estadual de Saúde para que todos os funcionários dos Hospitais Federais e do NERJ sejam vacinados na próxima remessa de vacinas.

    3- Incêndio no HFB
    ▪︎cronograma das obras
    ▪︎Retorno do RH remanejado para outras unidades

    O Superintendente informou que não haverá interrupção nas obras e que os funcionários remanejados retornarão à Unidade tão logo seja concluída para reabertura dos serviços.

    4- Lei de indenização/Morte COVID19

    A abertura dos processos para pagamento será realizada através de requerimento administrativo.

    5- Pagamento de INSALUBRIDADE grau máximo aos profissionais de Saúde no enfrentamento à Pandemia.

    A CNTSS formalizará documento e encaminhará ao MS para abertura de processo.

    Por Leonardo Légora, Vice Presidente.

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  • De questionamentos a apagões: o governo e os dados da covid

    • 31/03/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Ao longo da pandemia, mudanças de regras realizadas pelo Ministério da Saúde foram obstáculos para contagem de casos de Covid no Brasil, enquanto Bolsonaro e seus apoiadores reproduzem narrativa falsa de exagero nos números. Para especialistas, cenário é de subnotificação. 

    Quando o país atingiu a marca de 300 mil mortos por covid-19 na quarta-feira (24), o Ministério da Saúde alterou as regras para registro de pacientes em seu banco de dados. O procedimento ficou mais complicado, o que atrasou os registros, levando à diminuição artificial do número de óbitos em algumas unidades federativas. Pressionado por secretários da área que atuam em estados e municípios, o governo federal voltou atrás.

    A contabilização de mortos e casos da doença do novo coronavírus é objeto de disputa desde o começo da pandemia. O presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores apostaram na ideia de que há uma notificação exagerada de casos de covid-19 no Brasil, numa narrativa que procura minimizar o impacto da doença. Do outro lado, especialistas apontam o problema da subnotificação em um país que testou e monitorou muito pouco a doença.

    Como foi o vaivém de março de 2021

    Na mais recente tentativa de mudança, o Ministério da Saúde passou a exigir dados adicionais para cadastramento de pacientes no Sivep-Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe), como número do CPF, do cartão do SUS (Sistema Único de Saúde) e nacionalidade, informações que muitas vezes não estão facilmente disponíveis aos agentes de saúde locais. O Sivep-Gripe reúne dados de mortes por Srag (síndrome respiratória aguda grave), o que inclui infectados por covid-19.

    Para o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, “burocratizar sem avisar fez com que não tivéssemos aportado por grande parte dos municípios do país o número de óbitos”. O número de óbitos no estado de São Paulo, por exemplo, despencou de 1.021 na terça-feira (23) para 281 no dia seguinte por conta da alteração no procedimento.

    Um problema de instabilidade também prejudicou o registro correto de óbitos no Mato Grosso do Sul. Nesse caso, teria havido uma oscilação no sistema do Sivep, fazendo com que fossem computadas apenas 20 mortes por covid-19 na terça-feira (23) no estado, de acordo com a Secretaria de Saúde local. “Vamos apontar hoje 20 óbitos, o que não é realidade. Nós estamos tendo muito mais óbitos que esses anunciados hoje”, afirmou ao site G1 o secretário Geraldo Resende.

    Após reclamações do Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e do Conasems (Conselhos Nacional de Secretários Municipais) de não terem sido comunicadas “em tempo oportuno” da novidade, o Ministério da Saúde voltou atrás.

    Pela lei brasileira, toda pessoa hospitalizada com Srag deve ter seus dados inseridos no Sivep-Gripe. Com a mudança promovida pelo ministério, o fornecimento do CPF, antes considerado apenas “essencial”, passou a ser obrigatório. No caso do número do documento não estar disponível, deveria obrigatoriamente informar o número do Cartão Nacional do SUS. Os autodeclarados indígenas não precisam fornecer essas informações.

    “Qualquer informação no sistema informatizado que venha a agilizar o processo é bem-vinda, mas essa tornaria os dados mais lentos. A alimentação do sistema seria mais complexa e mais suscetível a erros. Esse impacto felizmente não será observado”, disse ao Nexo Paulo Petry, mestre e doutor em epidemiologia e professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

    O questionamento sem base dos bolsonaristas

    O Brasil é segundo país com maior número de mortes totais do mundo pela covid-19, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. No ranking proporcional, de mortos a cada 100 mil habitantes, o Brasil está na 13ª colocação, considerando apenas países com população acima de cinco milhões). A narrativa de que há exagero nas contagens persiste no universo bolsonarista, muitas vezes por incentivo do próprio presidente da República.

    “Parece que só [se] morre de covid [no Brasil]”, afirmou Bolsonaro em 18 de março de 2021. A declaração se junta a uma longa lista de falas em que o mandatário coloca em dúvida o número de internados ou mortos pela doença.

    Logo após o comentário presidencial, segundo o jornal O Globo, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, teria dito em conversas de bastidores que pretendia fazer aparições em hospitais para checar se realmente as UTIs estavam lotadas e se era com pacientes de covid-19.

    De acordo com o portal UOL, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou, na terça-feira (23), que o Ministério da Saúde iria realizar diligências em hospitais com o apoio da Polícia Federal.

    Durante a pandemia, um eixo recorrente de notícias falsas propagado pelas redes bolsonaristas era de que haveria uma “supernotificação” de casos e óbitos de covid-19. Em agosto de 2020, um post nas redes sociais trazia a informação falsa de que governadores tinham determinado que a covid-19 deveria constar como causa mortis de todos os atestados de óbito de pacientes que morreram em unidades do SUS.

    Levantamento do canal CNN Brasil com dados das secretarias de saúde, divulgado em 22 de março, indicava que 16 estados brasileiros estavam com o sistema de saúde colapsado, com ocupação em UTIs acima de 90%. No caso de Mato Grosso do Sul, a taxa era de 106%.

    Os apagões de dados registrados em 2020

    Os dados sobre covid-19 compilados pelo Ministério da Saúde sofreram dois apagões em 2020. Na primeira vez, em junho daquele ano, o portal da pasta retirou números consolidados de mortos e infectados por covid-19, mantendo apenas as informações das últimas 24 horas.

    Na ocasião, o site ficou fora do ar por mais de 12 horas. Quando retornou, não estavam mais disponíveis os números consolidados de mortos e casos de covid-19. Tabelas, gráficos e a opção de download dos dados, recurso importante para análise estatística, foram removidas. Na época, Bolsonaro afirmou que “o Ministério da Saúde adequou a divulgação dos dados sobre casos e mortes relacionados à covid-19”.

    Com a confiabilidade dos dados oficiais sob suspeita, os veículos de comunicação G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL passaram a contabilizar os dados de forma independente, a partir de números obtidos junto às secretarias estaduais de Saúde. Até hoje, o Brasil conta diariamente com duas totalizações: do Ministério da Saúde e do consórcio de veículos de imprensa.

    Três dias depois do apagão, em 9 de junho, o site do ministério voltou a exibir os dados consolidados e regularizou as ferramentas que haviam sido retiradas. Na época, o Brasil tinha ultrapassado os 35 mil mortos por covid-19.

    Em novembro, às vésperas do segundo turno das eleições municipais, surgiram novas denúncias de apagão de informações na plataforma do ministério. Entre os dias 6 e 12 de novembro, estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal reportaram dificuldades para atualizar seus números de óbitos no sistema. A pasta disse que seus sistemas foram atacados por hackers. A situação se normalizou em 14 de novembro.

    A confiabilidade dos dados oficiais

    Os dados divulgados pelo ministério, assim como os dados do consórcio de imprensa, vêm da mesma fonte: as secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades federativas do país. Eles costumam apresentar uma ligeira diferença numérica, mas que nunca chega a ser estatisticamente significativa.

    Em agosto de 2020, o site Poder360 comparou os balanços publicados pelos dois em pouco mais de um mês de dupla contagem. A diferença nos números totais de infectados e mortos ficou abaixo de 1%.

    Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que, em geral, as informações divulgadas pelo Mnistério da Saúde e pelas secretarias são confiáveis. “O sistema é informatizado e as prefeituras e o pessoal da ponta vai alimentando o sistema e isso é centralizado pelo ministério”, afirmou Paulo Petry, da UFRGS.

    Para Márcio Sommer Bittencourt, médico do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo), a confiabilidade não é o problema, mas sim o subdiagnóstico da doença, decorrente da falta de testagem e por subamostragem. “O dado em si não tem grande problema, o que existe mesmo é uma subnotificação substancial”, disse.

    De acordo com o especialista, essa subnotificação fica entre 30% e 40% para internações e é um pouco menor para óbitos. Para casos da covid-19, ele aponta que o número real deve ser de duas a quatro vezes maior do que o apontado pelas estatísticas.

    “A subnotificação acontece especialmente em função dos novos casos por que testamos pouco”, corroborou Petry. “Ela é um pouco menor quando se fala em óbitos, pois o número de mortos escapa menos dos sistema. Convém ressaltar que é super importante notificar adequadamente porque isso permite dimensionar e executar ações de prevenção ou tratamento.”

    Fonte: Nexo – Camilo Rocha
    Publicado em 29/03/2021
    Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS

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  • Pedro Hallal mostra ao CNS o tamanho do crime: Dos 300 mil óbitos por covid, 75% poderiam ter sido evitados

    • 31/03/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    O epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador da pesquisa Epicovid afirmou em reunião virtual do Conselho Nacional de Saúde (CNS), realizada em na quarta-feira (24/03) com vários especialistas em saúde, que 225 mil mortes por Covid-19 poderiam ter sido evitadas no Brasil caso a conduta do Estado tivesse sido diferente.

    O Brasil bateu nesta sexta-feira (26/03) o seu próprio recorde macabro: 3.650 óbitos por covid-19 nas últimas 24 horas. “Mesmo com falta de dados represados últimos 2 dias”, observou no twitter o professor Miguel Nicolelis. Segundo o painel do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde, o Painel Conass Covid-19, já são 307.113 óbitos e 12.404.414 casos confirmados.

     Fonte: Painel Conass Covid-19, 26/03/2021

    As médias móveis de casos e óbitos confirmados são ascendentes. Os seus picos não se referem às pessoas que estão se infectando agora pelo novo coronavírus. Refletem o número de pessoas que se infectaram há 15 dias, em média.

    São Paulo lidera a tragédia nacional, como pode ser visto no quadro abaixo. Seguem-no Minas Gerais e mais os três estados da Região Sul: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

    225 mil mortes poderiam ter sido evitadas 

    O mais cruel e criminoso: dos 300 mil óbitos registrados no Brasil por covid-19, 225 mil poderiam ter sido evitados, segundo o epidemiologista Pedro Hallal. Ele destaca que  “O Brasil é uma ameaça à saúde pública mundial. Somos uma fábrica de variantes”.

    Hallal apontou vários dados preocupantes:

    — Na pandemia, o Brasil contabiliza 25% das mortes no planeta. Só nas duas últimas semanas concentrou 10,8% dos óbitos.

    — “Temos um desempenho 10 vezes pior em relação ao mundo”.

    — “Não existe argumento científico que justifique esses números como aleatórios. A estrutura do SUS nos daria possibilidade de sermos referência mundial no enfrentamento à Covid. 225 mil dos 300 mil óbitos poderiam ter sido evitados. Já são mais de 12 meses de negacionismo”.

    Para Hallal, sem testagem em larga escala e rastreamento de contato, “fatores que nunca foram priorizados no Brasil”, não é possível enfrentar a pandemia.

    Ele também destacou como problemas a desinformação e o não cumprimento do lockdown, além do incentivo governamental para o uso de cloroquina.

    Para Hallal, é necessário, pelo menos, 1,5 milhão de doses de vacina por dia para reverter a crise sanitária e evitar mais mortes:“Precisamos de uma aliança nacional e internacional pela disponibilização de doses da vacina”.

    Fonte: Viomundo
    Publicado em 29/03/2021

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  • INFORME SINFAERJ – FERIADOS.

    TODOS OS FARMACÊUTICOS que trabalharem nas unidades de saúde dos municípios que sejam contratados por CLT e Farmácias privadas e demais atividades essenciais ou não, nos feriados oficiais, deverão receber os dias em dobro conforme Art. 9 da Lei 605/49, caso não recebam uma folga compensatória.

    Art. 9º Nas atividades em que não for possível, em virtude das exigências técnicas das empresas, a suspensão do trabalho, nos dias feriados civis e religiosos, a remuneração será paga em dobro, salvo se o empregador determinar outro dia de folga.

             A Lei nº 9.224 de 24 de Março de 2021 do Estado do Rio de Janeiro

    Art. 1º Fica instituído, excepcionalmente em função da COVID-19, como feriados os dias 26 e 31 de março e 1º de abril de 2021, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, a fim de conter a sua propagação.

    Art. 2º Ficam antecipados os feriados dos dias 21 e 23 de abril, Tiradentes e S. Jorge, excepcionalmente, para os dias 29 e 30 de março de 2021, função da pandemia da COVID-19 e para conter a sua propagação.

    Art. 3º O disposto nos artigos 1º e 2º desta Lei não se aplica às unidades de saúde, segurança pública, assistência social e serviço funerário, além de outras atividades definidas como essenciais.

    Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo se aplica às atividades de trabalho exclusivamente remotas.

    Observando as leis temos que os feriados instituídos, apenas em 2021, como feriados estaduais os dias 26 e 31 de março e 1 de abril não valem para serviços essenciais e os feriados de 21 e 23 de abril antecipados para os dias 29 e 30 de março também não e desta forma estes últimos serão gozados pelos trabalhadores dos serviços essenciais na forma da lei apenas em suas datas originais e os outros feriados decretados serão perdidos por estes profissionais de serviços essenciais.

    Feriado, mesmo, só a Sexta-Feira da Paixão (2) — de segunda (29) a quinta (1) serão dias úteis comuns.

    Em compensação, esses segmentos observarão feriados nos dias 21 (Tiradentes) e 23 (São Jorge). Ou seja, receberão os pagamentos de benefício caso trabalhem nas respectivas datas na forma da lei ou convenção coletiva.

    Por outro lado, empregados de setores que não são considerados essenciais e que têm autorização para funcionar nos próximos dez dias têm direito ao pagamento de hora extra ou banco de horas caso trabalhem durante a paralisação.

    Reforçamos que a situação da atividade essencial serve apenas para o trabalho aos Domingos.

    *Esta é a primeira interpretação, estamos aprofundando a pesquisa e caso haja novo entendimento vamos fazer nova publicação orientando.

    Não fique só, fique sócio!

    Sindicato forte é Sindicato com muitos sócios!

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  • Reunião dos Sindicatos da Saúde com SMS/RJ

    Dr Leonardo Légora junto de representantes da SMS e Sindicatos.

    Estivemos presentes no dia 25/03/2021 na reunião dos sindicatos com a secretaria de Saúde do município do Rio de Janeiro, tínhamos a pauta composta por:

    • Regulamentação de trabalho em feriados e banco de horas: Foi falado sobre os feriados passados que deverão ser compensados mas o momento praticamente não permite trabalhar com menos pessoas. Já sobre o super feriado, como exclui serviços essenciais das obrigatoriedades eles decidiram enviar para a procuradoria do município avaliar como será o tratamento com base na lei.
    • Cobrança de calendário para vacinação do restante de profissionais de saúde: Foi conversado sobre o procedimento incorreto que a prefeitura adotou começando a vacinação das pessoas da fase 2 sem terminar a fase 1 que incrivelmente ainda tem profissionais de saúde da linha de frente sem estar vacinado, neste momento fiz intervenção colocando na mesa a situação das Farmácias privadas, tivemos resistência dos representantes da SMS, mas articulado apoio de todos e principalmente dos médicos e enfermeiros presentes foi explicada toda a situação de risco que os profissionais têm todos os dias, devido a receberem as pessoas que estão com sintomas leves, foi respondido pela representante, que anotou a situação, mas avisou que a princípio os profissionais de saúde estariam sim contemplados, mas os demais colaboradores, ela iria buscar informações e falou que estão avaliando como será a comprovação da ocupação e a previsão de vacinação da fase 1 será em abril, mas tudo depende da quantidade de doses que o município receberá.
    • PCCS: já existe um plano montado e neste momento vai ser encaminhado para estudo de impacto, mas essa nova gestão não apreciou ainda oficialmente, mas nas palavras dos representantes da SMS é um plano muito bom.
    • Novos contratos de OS’s, sobre editais da SMS: Foi relatado que além do edital já existem profissionais trabalhando e isso preencheria os cargos, informamos que estes contratos atuais também acabam e vão gerar déficit de profissionais, questionamos sobre o que já ocorre hoje, que algumas unidades trabalham sem Farmacêuticos e outras só tem o Farmacêutico, foi respondido que o problema é o orçamento, colocamos que essa questão deve ser levada ao prefeito pois precarizando o trabalhador precariza também o serviço ao usuário e todos perdem e estamos falando de vidas.
    • Diferença salarial das diversas modalidades de contratação nas categorias, tanto na Rio Saúde quanto nas OS’s: Falamos sobre o corte salarial no governo Crivella e da própria defasagem de no mínimo 9% do IPCA e solicitamos a correção salarial ao patamar anterior, corrigindo no mínimo em 9% para ficarmos sem perda de massa salarial.

    Contudo sabemos que são promessas, estaremos acompanhando e cobrando sempre pela melhoria da classe Farmacêutica.

    Atenciosamente

    Leonardo Légora
    Vice Presidente do Sinfaerj.

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  • Covid-19: os desafios do acesso a tecnologias no mundo globalizado

    • 18/03/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Em artigo os pesquisadores Luana Bermudez* e Jorge Bermudez** avaliam o cenário de acesso a insumos e vacinas um ano após a Organização Mundial da Saúde ter declarado que o mundo estava diante de um quadro de Pandemia pela disseminação do Novo Coronavírus. Esse cenário exacerbeu desigualdades econômicas e sociais profundas em todo o planeja. Recessão econômica, desemprego e aumento da miséria. Leia na íntegra.

    Completamos um ano desde a Declaração da Organização Mundial da Saúde de que a doença causada pelo novo coronavírus se caracterizava como uma pandemia, em 11 de março de 2020. Pela ausência de terapêuticas eficazes, o distanciamento social é considerado a principal medida de combate à pandemia, porém também colocou de manifesto a desigualdade estrutural presente em nossos países. Além do risco de adoecer, a pandemia exacerbou problemas já existentes e desencadeou um cenário político, econômico e social extremamente complexo. Com a forte recessão econômica, o aumento do desemprego e da informalidade e a falta de proteção social, estima-se que 22 milhões de pessoas na América Latina  foram colocadas abaixo da linha da pobreza em 2020 (ver aqui)

    Desde o início da pandemia, considerando o desconhecimento da doença e suas características, fato aliado a especulações sobre potenciais tratamentos, vários produtos foram anunciados e propostos como possível tratamento para casos graves da Covid-19. Ao mesmo tempo, a sobrecarga da rede hospitalar e a dependência de poucos produtores acarretaram desabastecimentos consideráveis nos medicamentos utilizados, mas não diretamente relacionados ao tratamento da doença, como foi o caso de anestésicos, bloqueadores musculares, sedativos e outros produtos necessários na atenção a pacientes graves. Pelas nossas características de dependência, também sofremos com a falta de equipamentos de proteção individual, máscaras e respiradores.

    Leia também: A influência da resposta dos EUA à COVID-19 no contexto da Saúde Global

    Nesse sentido, uma série de iniciativas no âmbito internacional vêm sendo realizadas com o objetivo de acelerar a pesquisa e desenvolvimento e promover o acesso equitativo a medicamentos e outras tecnologias para Covid-19. Cabe destacar a reunião de ministros da Saúde do G-20, realizada no dia 19 de abril de 2020; as resoluções A/RES/74/270 e A/RES/74/274, aprovadas na Assembleia Geral das Nações Unidas, que fazem um chamado para a solidariedade na luta global contra a pandemia e ressaltam a importância da cooperação internacional para assegurar o acesso a medicamentos, vacinas e outras tecnologias para enfrentar a Covid-19; e a resolução WHA73.1, intitulada Resposta à Covid-19, aprovada na Assembleia Mundial da Saúde em maio de 2020, que indica a necessidade de impulsionar a capacidade de desenvolvimento, produção e distribuição para o acesso equitativo e oportuno a produtos essenciais para combater a pandemia, além de defender a remoção de obstáculos ao acesso por intermédio das flexibilidades do acordo Trips, e reconhece a imunização como um bem público global (ver aqui e aqui).

    Com a finalidade de agilizar o conhecimento e a resposta de medicamentos propostos para o tratamento de Covid-19, a OMS organizou um amplo estudo multicêntrico, o Solidarity Trial, prevendo a inclusão de mais de cem países e com quatro braços de experimentação (remdesivir; lopinavir/ritonavir; lopinavir/ritonavir + interferon beta; cloroquina e hidroxicloroquina), porém, até o momento, as evidências não apontaram para sucesso na redução da mortalidade. (ver aqui). Diversos outros produtos foram também testados em estudos isolados pelo mundo e muitos grupos de pesquisa estudam o reposicionamento de medicamentos utilizados em outras patologias, porém não há ainda estudo que tenha tido um resultado concreto que mostre a eficácia de algum medicamento para o tratamento de Covid-19.

    A OMS também lançou em abril, com o apoio de mais de quarenta países e parceiros, a iniciativa ACT Accelerator (Access to Covid-19 Tools Accelerator), que reúne governos, cientistas, sociedade civil, fundações filantrópicas, empresas e organizações de saúde global com o objetivo de acelerar o fim da pandemia mediante o apoio no desenvolvimento e distribuição equitativa de medicamentos, vacinas e outras ferramentas essenciais para o combate à Covid-19. AACT Accelerator foi organizada com base em quatro eixos principais: diagnóstico, tratamento, vacinas e fortalecimento dos sistemas de saúde. O eixo de vacinas da ACT-A foi denominado Covax que é coordenado pelo Cepi, Gavi e OMS, e tem como missão acelerar a busca por uma vacina eficaz para todos os países, apoiar na construção de capacidade de produção e comprar suprimentos com antecedência para garantir que 2 bilhões de doses possam ser distribuídas equitativamente até o final de 2021.

    No mês anterior, a Fundação Bill e Melinda Gates, junto com a Wellcome Trust e a Mastercard lançaram também uma iniciativa chamada Covid-19 Therapeutics Accelerator (CTA), que trabalha junto com a OMS, financiadores e organizações governamentais e não governamentais para acelerar a resposta à pandemia, através da identificação, avaliação, desenvolvimento e ampliação de possíveis tratamentos para a Covid-19.

    A OMS lançou em abril a iniciativa ACT Accelerator com base em quatro eixos principais: diagnóstico, tratamento, vacinas e fortalecimento dos sistemas de saúde. O eixo de vacinas da ACT-A foi denominado Covax e tem como missão acelerar a busca por uma vacina eficaz para todos os países, apoiar na construção de capacidade de produção e comprar suprimentos com antecedência para garantir que 2 bilhões de doses possam ser distribuídas equitativamente até o final de 2021

    Outra importante iniciativa que merece destaque é o Anticov, amplo ensaio clínico realizado em 19 centros de 13 países africanos, com o objetivo de identificar possíveis tratamentos precoces que limitem a transmissão e impeçam a progressão da Covid-19 para casos graves. O Anticov é coordenado pela Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e inclui 26 organizações internacionais e africanas de pesquisa e desenvolvimento.

    Desde a experiência de pandemias ou epidemias anteriores, a discussão sobre bens públicos ou bens comuns tem estado presente, conforme já discutido. Como reflexo do surto de ebola em 2014, o Banco Mundial propôs que a preparação para pandemias fosse considerada como um “bem público global”, insistindo ainda num fundo para enfrentar o risco de pandemias. Pouco tempo depois, a OMS tentou estruturar um financiamento coletivo para “bens comuns de saúde”, porém só em 2020 foi possível incluir o termo em uma resolução da OMS.

    No contexto das discussões sobre acesso a tecnologias, que estão acontecendo nos diferentes foros mundiais, os representantes da Índia e África do Sul, inicialmente com o apoio de Quênia e Essuatíni, apresentaram na OMC a proposta de suspensão temporária (Waiver) de dispositivos contidos em diversas seções do Acordo Trips, com o objetivo de fazer frente às ações de prevenção, contenção e tratamento da Covid-19, levando ao licenciamento compulsório das tecnologias disponíveis e enquanto durar a pandemia

    A partir do chamado de solidariedade para o enfrentamento da pandemia feito pelo presidente da Costa Rica, a OMS aprovou o estabelecimento de um pool de tecnologias relacionadas com a Covid-19. Essa iniciativa deu origem ao C-TAP (Covid-19 Technology Access Pool), que tem como objetivo acelerar o desenvolvimento de produtos necessários para combater a pandemia,  acelerar o aumento da escala de produção e remover barreiras ao acesso, através do compartilhamento de informações, dados, conhecimento e outros recursos. (ver aqui).

    Desde julho de 2020, a África do Sul vem discutindo na OMC a necessidade de encarar as questões relacionadas à propriedade intelectual no acesso a tecnologias na Covid-19    (ver aqui). Em seguimento a essas manifestações e no contexto das discussões sobre acesso a tecnologias que estão acontecendo nos diferentes foros mundiais, em outubro de 2020, os representantes da Índia e África do Sul, inicialmente com o apoio de Quênia e Essuatíni, apresentaram na OMC, pelo documento IP/C/W/669, a proposta de suspensão temporária (Waiver) de dispositivos contidos em diversas seções do Acordo Trips, com o objetivo de fazer frente às ações de prevenção, contenção e tratamento da Covid-19, dessa maneira, levando ao licenciamento compulsório das tecnologias disponíveis e enquanto durar a pandemia, abolindo provisoriamente a proteção patentária e assegurando a ampliação do acesso universal a esses produtos.

    Embora contando hoje com o apoio de mais de cem países e da sociedade civil e organismos multilaterais, essa proposta enfrenta a resistência de países de renda alta e da indústria farmacêutica, tornando difícil o consenso necessário nas deliberações da OMC. Entretanto, dados recentes mostram que cerca de 57 países hoje se colocam como coproponentes da iniciativa e 62 outros apoiam fortemente a mesma, mostrando que dois terços dos 164 membros da OMC clamam por acesso universal e equitativo a vacinas e outras tecnologias no mundo (ver aqui).

    Recentemente, o diretor geral da OMS e a diretora executiva do Unicef fizeram uma declaração conjunta chamando a atenção para o nível de gravidade que representa a iniquidade no acesso a vacinas para a Covid-19, ressaltando que dez países haviam capturado 75% das vacinas e que cerca de 130 países não teriam acesso até os anos a seguir (ver aqui).

    A recém-empossada diretora geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, anunciou uma possível terceira via, menos restritiva, constando do aumento de licenças voluntárias pelas companhias farmacêuticas a países de renda média e baixa para a produção genérica de seus produtos sob patente, mas sem retirar os direitos de propriedade intelectual. Nesse contexto, foi promovida uma reunião de discussão englobando a indústria atualmente produtora de vacinas em processo de regulamentação, produtores potenciais, Covax, Gavi/Cepi e organismos internacionais, na tentativa de alinhar medidas mais aceitáveis para os opositores da proposta da suspensão temporária de direitos de propriedade intelectual para acelerar a capacidade produtiva mundial de vacinas (ver aqui). Os países que propuseram e que defendem a proposta da Índia e da África do Sul apontam a falta de transparência usualmente presente nos mecanismos de licenciamento voluntário, além da absoluta falta de alinhamento entre os interesses das grandes corporações farmacêuticas e a saúde pública (ver aqui).

    Especialistas defendem que, se os países ricos continuarem a acumular vacinas, a pandemia pode se prolongar por mais sete anos com todos seus efeitos devastadores, e, mesmo que esses países vacinem sua população inteira, se os países de baixa e média renda forem deixados para trás, o impacto na economia mundial será sem precedentes

    É motivo de preocupação a disputa de mercado que se trava atualmente e a corrida pela compra antecipada da produção mundial de vacinas para Covid-19. É sabido que os países ricos, apesar de representarem apenas 16% da população mundial, já compraram antecipadamente cerca de 60% da produção de vacinas para 2021, fazendo com que um grupo dos 84 países mais pobres possívelmente tenham que esperar 2022, 2023 ou até 2024 para vacinar suas populações (ver aqui e aqui).

    Especialistas defendem que, se os países ricos continuarem a acumular vacinas, a pandemia pode se prolongar por mais sete anos com todos seus efeitos devastadores, e, mesmo que esses países vacinem sua população inteira, se os países de baixa e média renda forem deixados para trás, o impacto na economia mundial será sem precedentes (ver aqui e aqui). A interdependência econômica dos países implica que o entrave econômico de um país tem consequências graves e imediatas para os outros, ou seja, ninguém está seguro até que todos os países estejam seguros. É lamentável verificar que determinados países utilizaram seu poder de compra e adquiriram quantitativos de vacinas acima de suas necessidades, evitando portanto, uma distribuição mais equânime e equilibrada no mundo.

    Ainda mais lamentável é ver que isso é uma questão que se repete de pandemias anteriores. No caso da pandemia de Influenza H1N1, que ocorreu em 2009, os países ricos também começaram a se vacinar meses antes dos países em desenvolvimento. A China iniciou a vacinação de sua população em setembro e os Estados Unidos, em outubro de 2009; já o Brasil só teve acesso às vacinas em março do ano seguinte, no mesmo momento em que as 77 nações mais pobres tiveram acesso, através de um programa internacional de repasse de vacinas. Cabe destacar também, que naquele momento, alguns países ricos acumularam tantas doses que tiveram que descartá-las ou vendê-las. Porém, há diferenças fundamentais entre as duas pandemias e, se os países ricos não agirem rapidamente para garantir uma distribuição mais equitativa de vacinas, esta será uma corrida que todos irão perder.

    O tema específico de acesso a vacinas para Covid-19 vem se tornando a principal pauta do momento tanto em nível nacional, como internacional. No último mês, pudemos observar algumas manifestações de organismos internacionais fazendo um chamado pelo acesso equitativo a vacinas. Cabe destacar a resolução e o comunicado do secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que ressaltam a preocupação dos países membros em relação às medidas que tenham como resultado a iniquidade no acesso e distribuição de vacinas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e fazem um apelo para que aumente a produção de vacinas e que os Estados facilitem a exportação, o acesso igualitário com preços justos e a distribuição equitativa das vacinas (ver aqui e aqui)

    A importância da resposta do nosso SUS, da produção local, do fortalecimento de nossas instituições públicas e do complexo econômico e industrial da saúde, representam elementos fundamentais para afirmar a recuperação de nossa soberania sanitária

    Além disso, demonstrando o caráter intersetorial do impacto da pandemia, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a resolução 2625 (2021), reconhecendo a imunização extensiva contra a Covid-19 como bem público global, a necessidade de aumentar a capacidade de produção de vacinas através de parcerias internacionais e encorajando os países desenvolvidos a doarem doses de vacinas para países de baixa e média renda através do mecanismo Covax.

    Certamente, na pior tragédia sanitária que atingiu nosso planeta, chegando a cerca dos 120 milhões de casos e 2,6 milhões de óbitos no mundo, o Brasil está sendo atingido de maneira desproporcional à capacidade de resposta mostrada em tragédias anteriores. A importância da resposta do nosso SUS, da produção local, do fortalecimento de nossas instituições públicas e do complexo econômico e industrial da saúde, representam elementos fundamentais para afirmar a recuperação de nossa soberania sanitária. Os desafios são cada vez maiores, mas mesmo tardiamente, foi iniciado o plano de vacinação em âmbito nacional, contando com vacinas cujas tecnologias serão absorvidas e potencializadas no Brasil no futuro imediato. A Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan são baluartes da Ciência e da Medicina no Brasil, repercutindo no mundo, para além das nossas fronteiras.

    Entre as lições aprendidas nestes doze meses, de perda de tantas vidas, do sofrimento e enlutamento de tantas famílias, de restrições e confinamento, temos certeza de que a solidariedade que se buscou e que nem sempre foi priorizada no mundo globalizado pode nos tornar capazes de legar um futuro mais justo para as gerações por vir.

    *Luana Bermudez, assessora da Presidência da Fiocruz, doutoranda da Ensp/Fiocruz e membro da UAEM Brasil (Universidades Aliadas por Medicamentos Essenciais);
    **Jorge Bermudez, pesquisador em Saúde Pública da Ensp/Fiocruz e pesquisador parceiro do CEE-Fiocruz

    Fonte: Agência Fiocruz
    Publicado em 18/03/2021

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  • Observatório Covid-19 aponta maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil

    • 18/03/2021
    • Ewerton Fenafar
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    Diante do atual cenário da pandemia, a Fiocruz divulga, nesta terça-feira (16/3), mais uma edição do Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz. A análise chama atenção para os indicadores que apontam uma situação extremamente crítica em todo país. Na visão dos pesquisadores que a realizam, trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil.

    O Boletim mostra que, no momento, das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%, sendo 15 com taxas iguais ou superiores a 90%. Em relação às capitais, 25 das 27 estão com essas taxas iguais ou superiores a 80%, sendo 19 delas superiores a 90%. 

    Os dados são das secretarias estaduais de Saúde e do Distrito Federal, e das secretarias de Saúde das capitais. As novas informações apuradas foram adicionadas à série histórica já apresentada pelo Boletim. O mapeamento traz dados obtidos desde 17 de julho de 2020. 

    A fim de evitar que o número de casos e mortes se alastrem ainda mais pelo país, assim como diminuir as taxas de ocupação de leitos, os pesquisadores defendem a adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, como o maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais. Eles enfatizam também a necessidade de ampliação das medidas de distanciamento físico e social, o uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação.  

    boletim alerta m 2

    O município de Araraquara, em São Paulo, é apresentado no Boletim como um dos exemplos atuais de como medidas de restrição de atividades não essenciais evitam o colapso ou o prolongamento da situação crítica nos serviços e sistemas de saúde. Com as medidas adotadas pelo município, Araraquara conseguiu reduzir a transmissão de casos e óbitos, protegendo a vida e saúde da população.

    Fonte: Agência Fiocruz
    Publicado em 18/03/2021

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  • SUS tem estrutura para vacinar população contra Covid-19, mas ainda não há estratégia do governo, criticam debatedores em live do CNS

    • 05/03/2021
    • Ewerton Fenafar
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    Debate transmitido nesta quarta-feira (3/3) nas redes do CNS, debateu os desafios para a efetivação da campanha no Brasil

    Os números do avanço da Covid-19 no Brasil indicam um cenário alarmante. Nesta quarta-feira (3/3), o país registrou 1.910 mortes por complicações da doença em 24h, de acordo com dados do monitoramento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ao mesmo tempo, a vacinação em massa que, aliada a outras estratégias para conter o vírus, poderia dar uma resposta com maior celeridade para a população, caminha a passos lentos. Para dialogar sobre os principais desafios para a efetivação da Campanha de Vacinação contra a Covid-19, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) reuniu especialistas na tarde desta quarta. 

    Até o momento do debate, 7.351.265 pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina no país. O número equivale a 3,47% da população nacional, conforme levantamento do consórcio de veículos de imprensa. Um número muito aquém do esperado, principalmente levando em conta a expertise do país com o Programa Nacional de Imunização (PNI). A grande dificuldade apontada pelos especialistas no debate é a disponibilidade do imunizante. 

    “A saúde tem estrutura para vacinar, o problema é a falta de estratégia e articulação do governo federal. A vacina que chega em nosso município, nós aplicamos em 48h, somos o único país do mundo com uma estrutura para isso montada há quase 40 anos”, destacou Ary Vanazzi, prefeito de São Leopoldo (RS) e representante da Associação Brasileira de Municípios (ABM). 

    O sanitarista pesquisador da Fiocruz/ Brasília, ex-ministro da Saúde e ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, reforçou a relevância e a experiência já consolidada do PNI. Criado em 1973, conta com 29 vacinas consolidadas e disponibilizadas para toda a população brasileira. “O PNI é a ‘jóia da coroa’ da saúde pública brasileira. Ele foi criado para fortalecer a vacinação na rede de serviços e controle de algumas doenças específicas como sarampo, tétano, difteria, meningite e tuberculose”. 

    O pesquisador fez um paralelo entre dois cenários históricos no Brasil. O primeiro, no início do século XX, o século passado, na Revolta da Vacina, quando a população se revoltou com a obrigação de se vacinar para algumas doenças que atingiam o Rio de Janeiro naquele momento, com uma mortalidade muito alta.

    Em contraposição, o segundo cenário, agora neste início de século XXI, apresenta uma realidade de falta de vacinas. “Essa é uma característica que estamos vivendo, uma campanha de vacinação sem vacinas que revolta”, destacou. 

    O plano de imunização contra a Covid-19, elaborado pelo Ministério da Saúde, utiliza a estratégia de etapas dentre os grupos prioritários com base na quantidade de doses entregues pelos laboratórios produtores. Uma estratégia apontada pelos especialistas como tímida e pouco efetiva para que sejam alcançados os objetivos desejados. Além disso, a proposta não aponta os caminhos para a incorporação de novas vacinas, nem perspectivas para a imunização de toda a população no país. 

    A efetividade da vacinação

    “O que estamos fazendo com essa pulverização das vacinas é um crime”, aponta a epidemiologista e ex-coordenadora Programa Nacional de Imunizações no Ministério da Saúde, Carla Domingues, referindo-se à distribuição “a conta gotas” das doses para estados e municípios. Para ela, essa falta de coordenação nacional está impactando principalmente na imunização dos grupos mais vulneráveis, que deveriam ser a prioridade. 

    “Não podemos buscar caminhos paralelos. Temos que cobrar um Plano Nacional, com uma diretriz nacional, para garantir a equidade do SUS [Sistema Único de Saúde] como sempre foi feito, e cobrar do governo federal que ele seja o responsável pela compra das vacinas”, destacou a epidemiologista. 

    O debate foi mediado pelas conselheiras nacionais de Saúde Ana Lúcia da Silva Marçal Paduello, da Associação Brasileira Superando o Lúpus, Doenças Reumáticas e Raras; e Débora Raymundo Melecchi, da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar). 

    A live também contou com a participação da representante do segmento de usuários/as  e conselheira nacional de Saúde pela União de Negros pela Igualdade (Unegro), Conceição Silva, e da representante do segmento de trabalhadores/as e conselheira nacional de saúde, representando o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), Elaine Pelaez.

    Clique aqui e acompanhe todas as falas e o debate na íntegra.

    Fonte: CNS
    Publicado em 05/03/2021

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  • CNS alerta: 4,8 milhões de testes para covid, guardados no Ministério da Saúde, estão prestes a vencer; perda pode chegar a R$ 206,4 mi

    • 05/03/2021
    • Ewerton Fenafar
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    4.836.400 de testes Covid-19, armazenados no almoxarifado do Ministério da Saúde, estão prestes a vencer entre abril e junho deste ano. Ainda não há estratégia de distribuição e aplicação dos mesmos nos estados.

    O Conselho Nacional de Saúde (CNS) tem monitorado a distribuição dos kits de amplificação para teste RT-qPCR de Covid-19, desde outubro de 2020.

    Inicialmente os kits, que venceriam em dezembro de 2020, tiveram seu prazo de vencimento estendido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

    Em consulta feita até  17  de fevereiro ao estoque do Ministério da Saúde (MS), constatou-se que ainda há 48.364 kits de amplificação com 100 reações, totalizando 4.836.400 reações que estão prestes a vencer, que somam R$ 206.455.759,56.

    De acordo com apuração da Comissão Intersetorial de Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia (Cictaf), do CNS, a compra dos kits foi feita por meio Termo de Cooperação Técnica (TCT) com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

    Os dados podem ser solicitados ao MS mediante garantias da Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011).

    Os kits têm vencimento entre 22/04/2021 e 08/06/2021. Destes, 725.500 com vencimento em abril, 3.898.200 com vencimento em maio, e 212.700 com vencimento em junho. Também segundo as análises da Cictaf,  há um processo de doação em andamento de parte desses testes para o Haiti.

    A princípio, a intenção do MS seria doar cerca de 1.000.000 de reações. No entanto, ao descobrir a data de validade, o Governo Haitiano autorizou a doação de 30.000 reações. Até o momento, não houve a doação total. Apenas, em janeiro, a doação de 4.800.

    Além do Haiti, os testes já foram ofertados à Confederação de Santas Casas, mas apenas uma pequena parte pode ser doada em função de sua complexidade.

    Antecedentes e diálogo com TCU

    No dia 14 de dezembro, o CNS questionou formalmente o Ministério da Saúde (MS) sobre o cancelamento do contrato com a empresa Thermo Fisher Scientific, que produz os exames covid e outros insumos, onde há supostamente irregularidades.

    O MS respondeu em 21 de dezembro que foi feito um novo contrato com outra empresa, porém não deu detalhes sobre a anulação parcial do contrato.

    A Coordenação de Insumos Estratégicos do MS disse ao CNS que não é de sua competência fornecer informações sobre a aquisição de medicamentos e insumos.

    Em reunião entre representantes do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Mesa Diretora do CNS, o secretário de controle externo do TCU, Marcelo Chaves Aragão, demonstrou preocupação com o relato de que a pasta da Saúde não tem contribuído de maneira satisfatória com a atividade de fiscalização e monitoramento das contas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS), atribuídas ao CNS por meio da lei nº 8142/1990.

    Aplicação de testes exige estrutura específica

    De acordo com a Cictaf, os testes têm uma maior complexidade em suas execuções e requerem uma estrutura laboratorial, com equipamentos adequados, kits de extração e de coleta específicos, do qual a rede de laboratórios públicos do país não está preparada, dificultando a utilização dos testes. Fator que não foi observado pelo MS, quando da época da aquisição.

    Em consulta realizada pelo CNS ao MS recentemente, o Conselho obteve um retorno da Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB), informando que ao analisar  os dados do Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), “observamos que os LACEN estão processando em média 800 mil exames de RT-qPCR para detecção do SARS-CoV-2 por mês. Considerando 5% de perda por repetições ou outras ocorrências e 20% de reserva técnica, estima-se a utilização de 1.000.000 de kits por mês.”

    Testagem em massa sem desperdício é fundamental

    No último dia 3 de fevereiro, o país completou um ano da publicação da Portaria Nº 188, de 3 de fevereiro de 2020, em que o Ministério da Saúde decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) em decorrência da Doença COVID-19.

    Passado um ano, chegamos à marca de 255 mil mortos, e ainda incontáveis números de recuperados com graves e moderadas sequelas, que continuam em tratamento e requerem cuidados no SUS.

    A  Organização Mundial de Saúde (OMS) tem recomendado desde o início da pandemia  a testagem em massa como uma das ações mais importantes para o monitoramento de epidemias.

    “A positividade dos testes para Covid-19 possibilitam a identificação de  grupos populacionais e regiões com maior ou menor número de afetados, permitindo um controle maior no processo de intensificação e ou relaxamento de medidas de distanciamento e isolamento social no enfrentamento da Covid-19”, afirma a Nota Técnica 16, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), publicada em dezembro de 2020.

    De acordo com Debora Melecchi, coordenadora da Cictaf, no Brasil, a testagem vem sendo feita sem um planejamento adequado.

    “A contagem é realizada por mais de um sistema de monitoramento gerando sobreposição e inconsistências. Privilegiou-se a utilização de testes rápidos, ao invés de teste RT-qPCR, considerado o teste ouro, com maior grau de efetividade nos resultados”.

    Fonte: Viomundo
    Publicado em 05/03/2021

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  • Lockdown: CNS defende distanciamento social mais rigoroso diante do momento mais grave da pandemia

    • 04/03/2021
    • Ewerton Fenafar
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    A entidade pede a adoção imediata de de medidas de contenção comunitária ou bloqueio nos municípios com maior aceleração de novos casos de infecção por Covid-19

    O avanço do novo coronavírus fez o Brasil atingir números alarmantes de mortes registradas pela doença em curtos períodos de tempo. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de óbitos ultrapassa os 255 mil desde o primeiro caso no início de 2020. Diante deste cenário, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) defende que sejam adotadas medidas mais rigorosas de distanciamento social. Com esse posicionamento encaminhou, no dia 12 de maio do ano passado, a recomendação nº 036 para o Ministério da Saúde, os governadores, os secretários estaduais de saúde, os prefeitos e os secretários municipais de saúde. A recomendação segue ainda mais atual diante do grave cenário que a pandemia atingiu em março de 2021.

    O documento recomenda “a implementação de medidas de distanciamento social mais restritivo (lockdown) nos municípios com maior aceleração de novos casos e com taxa de ocupação dos serviços atingido níveis críticos”. “Lockdown” é uma expressão em inglês que, na tradução literal, significa confinamento ou fechamento total. Embora não tenha uma definição única, tem sido utilizada para designar uma medida mais radical para que haja distanciamento social, uma espécie de bloqueio total para que as pessoas fiquem em casa.

    “A economia tem que servir à Saúde e não o contrário. Em primeiro lugar, temos que proteger o cidadão e o lockdown é para tornar possível a recuperação do estado de caos que se instaurou em várias localidades”, explicou, ainda no ano passado, a conselheira nacional de saúde Vanja Andréa Reis dos Santos, que integra a mesa diretora do CNS e representa a União Brasileira de Mulheres (UBM). O CNS recomendou que, nas localidades com índices mais críticos, sejam “suspensas todas as atividades não essenciais à manutenção da vida e da saúde” e “restringida a circulação de pessoas e de veículos particulares (somente com uso de máscaras)”.

    PEC Emergencial é contra os direitos do povo

    A Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS) se reuniu na última quarta (24/02), na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Um dos objetivos do encontro, realizado de forma mista, com participações presenciais e virtuais, foi debater estratégias de enfrentamento à PEC 186/2019, conhecida por “PEC Emergencial”, que, se aprovada, pode afetar drasticamente a autonomia do Estado diante dos serviços públicos na área da Saúde e da Educação, levando ao fim do piso mínimo para as áreas. A nova PEC deve ser votada este mês.

    O presidente do CNS, Fernando Pigatto, participou, também no dia 24 de fevereiro, de uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para exigir a retirada das vinculações do orçamento da Saúde e da Educação, que constam no relatório da PEC Emergencial. Também participaram da agenda, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire Bezerra, o representante da Frente Pela Vida, Heleno Rodrigues Corrêa Filho, além de representantes da Educação, de centrais sindicais, de servidores públicos, dos movimentos sociais e parlamentares.

    Retomada do Auxílio Emergencial é necessária

    O CNS, desde o início da pandemia, tem defendido a implementação do auxílio emergencial para a população, em especial os setores mais vulnerabilizados. Até dezembro de 2020, o benefício foi repassado fruto da pressão popular no Congresso Nacional. Porém, até agora, em 2021, não há Auxílio Emergencial de R$ 600 mensais para a população, como aconteceu no último ano.

    Conheça o Plano de Enfrentamento à Covid-19 da Frente Pela Vida

    Conheça as ações do CNS para enfrentamento à pandemia

    Assine pela manutenção do piso emergencial no valor de R$ 168,7 bilhões para o SUS

    Fonte: SUSConecta
    Foto: Profissionais de saúde da UPA Noroeste fazem parte da campanha pedindo isolamento para evitar coronavírus em Goiás Goiânia — Foto: Divulgação/SMS Goiânia

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  • As patentes, as vacinas e a saúde como negócio

    • 22/02/2021
    • Ewerton Fenafar
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    Propriedade intelectual nasceu para países ricos concentrarem poder — mas, desde a criação, previa-se sua suspensão em emergências. Hoje, com milhões de mortes e urgência da imunização, Norte global insiste em restringir conhecimento. Por José Domingues de Godoi Filho

    “No século XV, a igreja e as monarquias europeias
    estabeleceram os fundamentos jurídicos e morais para a
    colonização e extermínio de povos não-europeus na
    América através de cartas, patentes ou bulas papais.
    Quinhentos anos depois de Colombo uma versão secular
    desse projeto de colonização tem continuidade através
    de patentes e direitos de propriedade intelectual.”

    Vandana Shiva (1)

    Em agosto de 1971, depois de vários conflitos internacionais e da explicitação da guerra energética mundial, o padrão ouro, para o dólar, foi extinto. Ficou evidenciado que, como critério de riqueza, se impunha a necessidade da apropriação dos recursos naturais e energéticos, o domínio do conhecimento científico-tecnológico por sua importância no processo produtivo e a imposição de controles sobre as manufaturas e demais criações humanas.

    A Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em junho de 1972, reforçou a importância dessas variáveis, ao tratar das questões ambientais e da saúde, a partir do seu tema central – “Os limites do crescimento”, que iniciou a busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico e degradação ambiental.

    Ao mesmo tempo, tornou vital, para a acumulação capitalista, garantir, com mão-de-ferro, em tempos ditos de paz, o que conhecemos como patente. Um tipo de contrato que concede ao seu detentor o direito de ser dono, com exclusividade, de um produto durante um espaço de tempo determinado.

    Os países hegemônicos, que investem grandes recursos financeiros em educação, ciência e tecnologia, utilizam-se das patentes para manterem seu poder, especialmente, quando envolve produtos agronômicos e farmacêuticos.

    Nesse cenário, após a Guerra das Malvinas, foi convocada a Rodada Uruguai do GATT (sigla em inglês para Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), em 1986, em Punta del Leste, tendo como um dos pontos de pauta a lei da propriedade intelectual, com ênfase nos produtos agronômicos e farmacêuticos.

    A reunião foi concluída em abril de 1994, no Catar, com a criação da OMC – Organização Mundial do Comércio, a partir de 1/1/1995 e, entre outras, a exigência de que os países membros aprovassem, com base na Declaração de Doha, a lei da propriedade intelectual e com ela as patentes.

    O Parlamento Europeu e a Índia repudiaram as normas sobre patentes indicadas pela OMC; a Argentina exigiu um mínimo de oito anos para ter a sua lei de patentes; os EUA só aceitaram patentes para seus próprios cidadãos e todos os demais países desenvolvidos se comprometeram estabelecer patentes farmacêuticas e agronômicas só depois que consolidassem suas próprias indústrias nacionais.

    O Brasil que teria pelo menos cinco anos para discutir, formular e negociar sua lei de propriedade intelectual, a aprovou, sob pressão das multinacionais e dos Estados Unidos, um texto, comprado junto à WIPO (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), que uma vez traduzido, se tornou a lei brasileira de propriedade intelectual. Após idas e vindas, negociatas, chantagens emocionais e mentiras patrocinadas pelo governo FHC, por setores da imprensa, da intelectualidade e pesquisadores, em maio-96, quatro anos antes do prazo mínimo estipulado pela OMC, foi aprovada a Lei nº 9279, conhecida como lei da propriedade intelectual. Consolidava-se assim, o avanço do descompromisso e a inviabilização da pesquisa científico-tecnológica pelo governo FHC.

    Chegamos em 2020 com a pandemia e, no Brasil, com um governo negacionista e disposto a destruir o que resta das instituições estatais que tratam com saúde, educação, ciência, tecnologia. Uma encruzilhada.

    Ciência e humanismo maltratados pelos interesses econômicos

    A espécie humana não está só sobre a Terra, há milhões de outras, embora o seu poder de conhecimento a torne quase invencível. O conhecimento acumulado, contudo, no sistema capitalista, não está disponível para todos os indivíduos como a pandemia evidenciou.

    A covid-19 não apareceu por acaso, mas sim como resultado de um capitalismo devastador que alterou o equilíbrio ambiental, forçando muitas das demais espécies a migrarem e se aproximarem dos humanos, aumentando as chances de contaminação por vírus e bactérias.

    O obstáculo é que muitos indivíduos não conseguem, ou não querem, estabelecer uma ligação entre o vírus e o capitalismo. Basta verificar como a mídia vem tratando o tema; apenas são ouvidos os profissionais especializados da saúde, não há discussão sobre como o capitalismo gera pandemias.

    A covid-19 não evidência apenas as fragilidades e limitações humanas, mas também os descaminhos do sistema capitalista. Imaginem, diante de previsíveis e possíveis eventos climáticos extremos, o que nos aguarda com a vigência de um capitalismo financeiro e globalizado interessado nas possibilidades de rentabilidade das aplicações e das patentes?

    Numa crise como a atual, não pode haver espaço para o negacionismo científico, mas sim para o conhecimento. Contudo, pode o conhecimento ser comercializado e privatizado? E, o ser humano transformado em provedor e usuário?

    Se o conhecimento se tornar mercadoria, deixará de ser um valor de uso, se transformando num valor de troca. A atual corrida de grupos de pesquisadores, laboratórios e empresas farmacêuticas pela comercialização da vacina não só comprovam essa barbárie, como abrem espaço para a falta de legitimidade da ciência; já que o sistema tenta passar como saber o que é de interesse econômico e garanta lucros financeiros. Como confiar num conhecimento dirigido por esse tipo de interesse?

    Suspender as patentes temporariamente

    Se por um lado, desde o início da pandemia as previsões mais otimistas fossem na direção de que uma geração de uma vacina confiável levaria pelo menos 18 meses; por outro, a ação conjunta da OMS – Organização Mundial da Saúde, dos governos, da comunidade científica, e da iniciativa privada possibilitou que, em menos de um ano, se chegasse a várias vacinas.

    Com quantidades ainda limitadas, como distribuí-las para a população mundial? Qual seria o critério dessa distribuição? O que deveria ser privilegiado internacionalmente? Por que não suspender as patentes e facilitar a produção?

    O critério escolhido foi o pior possível: primeiro os negócios, depois o humanismo e a caridade.

    Os países ricos adquiriram a maioria das vacinas via contratos obscuros. Segundo dados da Duke University (2), os EUA, com 16% da população, reservaram 60% do fornecimento de vacinas, exibindo a brutal desigualdade que o capitalismo impôs ao compartilhamento de recursos importantes para o mundo. Além de não haver vacinas com registro definitivo, também não há vacinas suficientes para todos e os altos preços tornam inviável a sua aquisição pelos países mais pobres.

    Os contratos obscuros estão levando ao seu não cumprimento e se tornando objeto da ganância pela indústria farmacêutica, senão vejamos: a Pfizer reduziu unilateralmente as entregas para a Itália; Israel, frente à negativa ao pedido de vacinas, aumentou o valor que pagaria e as conseguiu; o Brasil com seus descaminhos e negacionismo governamentais, pagou ao Instituto Serum (Índia) mais do que o dobro do valor pago pela União Europeia pela vacina desenvolvida pela Astrazeneca, cerca de US$ 5,25/dose, contra US$ 2,16/dose.

    Frente à atual emergência de saúde e a ameaça à vida de milhões de pessoas, a Índia, com o apoio da África do Sul, em outubro de 2020, apresentou à OMC uma proposta para a suspensão e o licenciamento compulsório (quebra de patente) da produção de vacinas, medicamentos, testes contra a covid-19 e insumos relacionadas à pandemia, para serem produzidos em grande quantidade e disponibilizados a todos os países de forma justa e igualitária entre as populações – e não apenas para aqueles que podem pagar. A entidade Médicos Sem Fronteira, prêmio Nobel da Paz, em 1999, se posicionou em apoio afirmando que “Uma pandemia global não é hora de continuar fazendo negócios como de costume. Não há lugar para patentes ou lucro de negócios, pois o mundo enfrenta a ameaça da covid-19”.

    Com o apoio de 99 países dos 164 que integram a OMC, a proposta foi rejeitada por não ter atingido o mínimo de 123 países. Se posicionaram contra os EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido e países da União Europeia. O Brasil (governo Bolsonaro), apesar de ser um exemplo na quebra de patentes para medicamentos genéricos, se alinhou ao ex-presidente Trump rejeitando a proposta. Um grave erro para a saúde global, visto que, como já está ocorrendo, o vírus pode continuar se desenvolvendo e ganhar escala mundial mediante novas mutações, que escaparão da proteção das atuais vacinas. Nos países onde as vacinas demorarem para chegar os efeitos serão mais graves, correndo o risco de se tornar endêmica em várias regiões do mudo.

    A pandemia expôs inequivocamente as fissuras profundas existentes há tempos no sistema capitalista, agravadas pela necessidade de volumes de financiamentos públicos sem precedentes, como demonstrado pelas manifestações dos Médicos Sem Fronteira.

    O momento exige dos governos coragem e compromisso humanitário suspendendo o direito de patentes; algo previsto pela OMC, na Declaração de Doha, ao reconhecer o poder dos Estados de aplicar limitações aos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio, bem como o direito de “determinar o que constitui uma emergência nacional ou outras circunstâncias de extrema urgência” para justificar tal aplicação.

    O Brasil, bem como todos os países periféricos, precisam se posicionar e reivindicar, nos foros internacionais, suas necessidades e prioridades e adotarem medidas emergências tais como: priorizar os orçamentos de saúde pública e não a especulação financeira; garantir vacinação universal e gratuita para toda a população; se posicionar, nos foros internacionais, contra qualquer discriminação que dificulte o acesso seguro e eficaz às vacinas e diagnósticos por parte de qualquer país; exigir da indústria farmacêutica transparência pública dos custos, benefícios e preços da produção de vacinas; apoiar e suspender o direito de patentes como já foi feito tempos atrás; promover sem demora políticas públicas de ciência e tecnologia para a produção local de equipamentos, insumos, medicamentos e vacinas, inclusive tendo como perspectiva a complementação das necessidades regionais.

    Está cada vez mais evidente que, como defendido pelos Médicos Sem Fronteiras, a suspensão temporária das patentes, pelo menos até que seja atingida a imunidade mundial permitiria o aumento da produção, contribuindo para um maior equilíbrio na distribuição dos medicamentos e vacinas.

    Finalmente, é importante ressaltar, até pela destruição que vem sendo imposta às universidades públicas, a posição da Reitora da UNIFESP, Soraya Smaili, após o trabalho realizado em parceria com a Universidade de Oxford (vacina da Astrazeneca), em defesa da quebra das patentes das vacinas contra a covid-19, como forma de garantir a soberania e autonomia do Brasil, viabilizando a produção por instituições públicas como o Instituto Butantan e a Fiocruz, e sem a dependência de fornecedores estrangeiros.

    (1) Shiva, Vandana – Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

    (2) Ensuring Everyone in the World Gets a COVID Vaccine – Disponível em: https://globalhealth.duke.edu/news/ensuring-everyone-world-gets-covid-vaccine – Acesso em 01/02/2021.

    *José Domingues de Godoi Filho é professor da Faculdade de Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso.
    Fonte: Outras Palavras
    Publicado em 22/02/2021

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  • NOTA PÚBLICA: Frente Pela Vida cobra coordenação adequada das ações do governo para acelerar vacinação

    • 18/02/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Mais doses, mais recursos e adequada coordenação das ações para acelerar a vacinação e proteger o Brasil é o que reivindicam as organizações que integram a Frente pela Vida, dentre as quais a Fenafar, e que subscrevem esta nota. Leia abaixo na íntegra.

    Após quase um mês do início da vacinação contra a Covid-19, o Brasil depara-se com grandes desafios políticos e institucionais que ameaçam o adequado enfrentamento da pandemia.

    O processo de vacinação no país vem ocorrendo com grande lentidão: até 9 de fevereiro de 2021, menos de 2% da população havia recebido a primeira dose, com média diária de 171 mil doses administradas. Nesse ritmo, serão necessários três anos e meio para vacinar 90% da população.

    O Brasil possui grande experiência com campanhas de vacinação, coordenadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao longo de seus 47 anos de existência e com a produção nacional de imunobiológicos. Esse acúmulo histórico é inconcebível com a demora na vacinação contra Covid-19 e deve ser considerado que:

    1. Há escassez de vacinas disponíveis no país devido à limitada produção de vacinas em nível mundial, às dificuldades geradas pelas políticas do Governo Federal na posição do Brasil no mercado mundial e ao atraso da contratação e compra de vacinas e insumos no nível central. 
    2. Há omissão do Governo Federal na condução do PNI, o qual historicamente tem exercido indução verticalizada da política de vacinação para garantir maior coordenação entre as esferas de governo. Os constantes tensionamentos do Pacto Federativo gerados pelo governo Bolsonaro promoveram a descoordenação das ações que se somaram à ausência de critérios claros por parte do Ministério da Saúde para definir os grupos prioritários na fase inicial de vacinação. Isso facilitou o tensionamento com corporações profissionais que buscam vacinar trabalhadores de suas categorias, mesmo aqueles que não estão na linha de frente. 
    3. O fato de apenas 40% das doses repassadas pelo Governo Federal aos municípios terem sido aplicadas não demonstra a suficiência de doses das vacinas. Ao contrário, a falta das vacinas e a falta de critérios do nível central têm gerado apreensão e hesitação nos gestores locais quanto à amplitude e ao intervalo da vacinação com as doses disponíveis.

    A pressão pela volta às aulas nos ensinos fundamental e médio também têm sido alvo de muita polêmica, especialmente na fase atual de possível imunização. É preciso fazer da pandemia uma oportunidade para fortalecer os laços com as comunidades escolares, valorizar a educação e a escola como espaço de criatividade, compartilhamento e formação cidadã. Este espaço é onde se constrói a visão crítica da sociedade com promoção da cultura da paz e da solidariedade. No entanto, a volta às aulas deve ser organizada e decidida em parceria entre as áreas de educação, saúde e assistência social junto com a sociedade civil para que soluções sejam construídas coletivamente em cada território, garantindo que todas as medidas de segurança e proteção à comunidade escolar e seus familiares sejam seguidas e fiscalizadas.

    Além disso, são também inaceitáveis os ataques desferidos pelo líder do governo na Câmara dos Deputados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É inquestionável que a autorização do uso emergencial das vacinas no Brasil deve respeitar a ciência e preservar a qualidade da função reguladora da Agência, essencial para garantir a circulação/comercialização de medicamentos e imunobiológicos seguros e eficazes no país.

    A transferência completa da tecnologia das vacinas Coronavac e Oxford/AstraZeneca, com o cumprimento a tempo e a hora do número de doses constantes nos acordos, dará novo impulso à campanha nacional de vacinação. Ao mesmo tempo, deve-se investir na aquisição de outras vacinas para termos o número de doses necessárias para vacinar toda a população o mais rápido possível, assim como garantir o financiamento de pesquisas para desenvolvimento de vacinas brasileiras.

    A identificação de novas variantes do vírus no país indica a necessidade de maior articulação entre os laboratórios para que a vigilância epidemiológica possa identificar as cadeias de transmissão e orientar as ações de saúde pública com a devida antecedência, bem como alertar para necessidade de adaptações nas vacinas de forma a manterem sua eficácia.

    Por fim, consideramos que o SUS necessita de mais recursos em 2021. A pandemia da Covid-19 continua em expansão, e contraditoriamente, somente entre janeiro e fevereiro, o número de leitos de UTI financiados pelo Governo Federal caiu pela metade, sobrecarregando as outras esferas de governo. É fundamental o acréscimo de mais recursos para o orçamento do Ministério da Saúde. Em 2020, sem considerar despesas com vacina, as despesas do Ministério da Saúde ultrapassaram R$ 165 bilhões. Por isso, exigimos a flexibilização do teto de gastos estabelecido pela EC 95, como proposto na petição pública liderada pelo Conselho Nacional de Saúde, para que sejam destinados recursos para o SUS federal que correspondam a um piso de R$ 167,8 bilhões neste ano de 2021.

    Conclamamos toda a sociedade brasileira a se somar na luta de que o Brasil precisa do SUS e que as vacinas cheguem a todas e todos.

    Frente pela Vida

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  • Carta aberta aos Farmacêuticos.

    Carta aberta aos Farmacêuticos.

            O Sinfaerj emite esta carta aberta aos farmacêuticos do município do Rio de Janeiro para alertar que os profissionais terão que se unir ao Sindicato para conquistar algum avanço salarial e social.

            O Sindicato dos Farmacêuticos está em negociação com Sincofarma-Rio e nós precisamos do apoio dos colegas do município do Rio de Janeiro que trabalham nas farmácias comerciais e com manipulação, pois pelo exposto abaixo, com certeza vamos levar ao juízo a mediação em curso para obter o dissídio.

            Fizemos assembleia, decidimos sobre algumas cláusulas sociais, aceitamos reduzir o percentual solicitado de 5% para 4,6% mas inacreditavelmente ou nem tanto o referido sindicato patronal retornou uma contraproposta onde corta todas as cláusulas propostas e inclui duas cláusulas que já fazem parte da lei e uma outra que atende aos interesses exclusivamente dos empresários.

    NÓS NÃO PODEMOS CONTINUAR ACEITANDO TUDO, PERDENDO MASSA SALARIAL E BENEFÍCIOS SOCIAIS!

    Abaixo listaremos todas as informações de como foram tratadas cada cláusula que solicitamos pelo Sindicato Patronal.

    A cláusula 3ª que trata do piso salarial nossa primeira proposta teve um percentual de 5% depois da mediação no ministério público do trabalho nós em Assembleia decidimos aceitar 4,6% a resposta que veio do sindicato patronal foi a mesma de todas as propostas 2,9%.

    A letra b da mesma cláusula foi alterada, eles tentam colocar que pelo salário que você já recebe você tem que prestar todos os serviços técnicos que são possíveis para farmacêuticos sem você ganhar nada e o empresário ganhando cada vez mais, nós não podemos deixar isso acontecer.

    A cláusula 8ª que trata das horas extras, eles incluíram o termo “ou folga compensatória”, valendo para todos os feriados municipais estaduais e federais.

    A cláusula 10ª que tratava do feriado do comerciário onde nós pedimos que a remuneração fosse com adicional de 100% em todas as horas trabalhadas no dia, eles retiraram a expressão em todas as horas trabalhadas no dia e incluíram o termo “ou folga compensatória”.

    A cláusula 11ª que trata da garantia de emprego a pré-aposentadoria, nós tínhamos pedido que o prazo de trabalho na empresa fosse apenas de 3 anos mas eles alteraram para 7 anos então todo farmacêutico que faltar 24 meses para aposentadoria só passa a ter direito a essa garantia se ele estiver a 7 anos na empresa o que nós sabemos que hoje a rotatividade não permitirá.

    A cláusula 12ª que tratava do adicional de responsabilidade técnica ou diretor técnico foi totalmente cortada para os farmacêuticos nas drogarias.

    Cláusula 13ª que ainda trata sobre o adicional de responsabilidade técnica para os farmacêuticos das manipulações onde vários recebem esse adicional de 50%, eles estão tentando diminuir o adicional para 10% é um absurdo e nessa mesma cláusula nós colocamos um termo inteligente para as farmácias com manipulação que ainda não pagam os 50% de adicional ao farmacêutico responsável técnico e eles também cortaram, as farmácias teriam um prazo de três anos para chegar até os 50% de adicional e nessa parte da cláusula nós mostramos que estamos flexíveis e propostas a negociar mas eles não.

    A cláusula 14ª que trata da gratificação de titulação foi totalmente excluída pelo sindicato patronal, ela estabelecia 15% de adicional do piso salarial da categoria aos farmacêuticos que possuem títulos de especialista, mestrado, doutorado e MBA desde que utilizassem no trabalho.

    A cláusula 15ª que fala do adicional por tempo de serviço foi totalmente excluída pelo sindicato patronal onde a gente pedia um adicional de 3% do piso salarial a cada período de três anos de trabalho na mesma empresa.

    A cláusula 16ª que tratava de vale-refeição também foi totalmente excluída, nós pedimos um valor correspondente a R $25,00 por dia de trabalho, não houve qualquer flexibilidade da parte deles em negociar.

    A cláusula 18ª que trata da independência técnica eles retiraram um fragmento do texto onde pedimos que fosse respeitado que somente o farmacêutico tivesse acesso a chave do armário de controlados, isso nós sabemos no dia a dia que os farmacêuticos que sofrem assédio e não podem denunciar para não perder o emprego.

    A nossa cláusula 19ª que trata do abono de faltas em relação a cursos, treinamentos e assembleias do Sinfaerj onde pedimos 16 dias no ano eles reduziram para 12.

    A cláusula 20ª que trata do dia do farmacêutico onde a assembleia solicitou que esse dia fosse tratado como feriado e remunerado com horas extras eles modificaram para ser apenas comemorativo sem adicional algum.

    A cláusula 22ª onde perdíamos um local privativo para atendimento dos clientes/pacientes da farmácia teve esse elemento que fala do espaço retirado, vamos atender os nossos clientes no balcão? Como fica o sigilo da assistência Farmacêutica? Os pacientes ficariam confortáveis em falar de suas necessidades ao Farmacêutico no balcão?

    A cláusula 23ª do acesso do sindicato ao local de trabalho teve uma parte retirada, onde pedimos que fosse respeitada “as leis do país”.

    A cláusula 25ª que trata da contribuição assistencial foi totalmente modificada pois em Assembleia os farmacêuticos decidiram que 3% desse salário base seria descontado pelo empregador repassado ao sindicato patronal para que esse passasse para o sindicato dos farmacêuticos mas no intuito de tornar totalmente difícil a recuperação financeira do nosso sindicato colocaram para que o sindicato dos farmacêuticos busque cada farmacêutico que seja beneficiado com essa convenção para enviar o boleto e sabemos companheiros, hoje não temos condições de estar buscando cada um dos locais de trabalho e essa se torna mais uma forma de asfixiar o sindicato, mesmo nós, colocando parágrafos onde assumimos toda a responsabilidade em caso de processo advindos do desconto desta taxa, eles se negam a fazer e ainda decidem o valor que o farmacêutico vai pagar.

    A cláusula 26ª que trata do repasse das contribuições, em função do que fizeram na cláusula anterior, foi totalmente excluída e modificada para que as empresas se comprometam no sentido de facilitar a sindicalização, informando ao profissional farmacêutico a existência do Sindicato da categoria bem como as formas de contato com Sinfaerj.

    A cláusula 28ª que trata da multa pelo descumprimento da convenção coletiva onde pedimos meio salário do profissional em favor do profissional que sofreu a infração, eles alteraram o valor para R$ 150,00

    Agora vamos mostrar as cláusulas que o Sincofarma RJ incluiu depois de zerar tudo que pedimos.

    Criaram uma nova cláusula 17ª onde fala do falecimento de sogro, sogra, genro nora, cônjuge, de pais ou filhos e eles dão sem prejuízo do salário 2 dias consecutivos ou não para que você possa se ausentar do trabalho no dia do falecimento e no sepultamento.

    Inseriram também uma nova cláusula 18ª onde o pai e a mãe farmacêuticos podem levar seu filho ao médico duas vezes por ano e apenas para filhos menores de 10 anos, o benefício só se estende ao pai farmacêutico se ele comprovar que é o único responsável para poder levar a criança ao médico.

    Criaram ainda uma cláusula 19ª onde eles falam do ponto alternativo e que já está na portaria do ministério trabalho e emprego na forma de registradores eletrônicos. Essa cláusula é apenas do interesse deles, pois já existem empresas querendo utilizar aplicativo de celular para controlar se você está na região da farmácia ou não pelo seu GPS.

            Caros colegas farmacêuticos, a hora é de luta! A hora é de fazer valer a nossa profissão! Não podemos deixar eles fazerem o que querem conosco, não aceitem coisas que não fazem parte da nossa profissão, não aceitem fazer trabalho no caixa de farmácia, fazer papel de estoquista e vendedor entre outras coisas, nós precisamos mostrar o valor da nossa classe e eles vão precisar nos atender em grande parte dos nossos pedidos. Ao decorrer dos anos esse tipo de proposta deles vinha acontecendo e sem nenhuma barreira, faziam o que queriam e com isso perdemos grande parte da massa salarial e nós precisamos recuperar, por isso vamos dizer juntos, não ao 2,9% e não a trabalhar como escravos farmacêuticos!

    Rio de Janeiro, 11 de fevereiro de 2021.

    Att. Leonardo Légora.
    Vice presidente do Sinfaerj.
    Tel 21-987274021.

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  • Projeto Safety UEL traz informações sobre evolução da Pandemia

    • 11/02/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Organizado por professores, pós-graduados, e estudantes de graduação da Universidade Estadual de Londrina, o Projeto Safey disponibiliza boletins informatizamos sobre a Covid-19, mapas da vacinação pelo mundo, rodas de conversa e outros materiais sobre a Pandemia no mundo, Brasil e regiões de saúde do Paraná e esclarecer dúvidas.

    O projeto é coordenado pela professora Dra. Marselle N. de Carvalho, do Departamento de Saúde Coletiva da UEL e conta com professores, doutores, mestrandos, residentes e graduandos de de outras unidades como Enfermagem, Farmácia, Medicina e Psicologia.

    Todas essas informações podem ser encontras na página do projeto na web. 

    Primeiro boletim de 2021

    O primeiro boletim divulgado em 2021 está dividido em quatro seções: 1) situação epidemiológica, 2) notícias da semana, 3) dica safety e 4) leitura recomendada.

    A seção 1 traz o compilado da situação epidemiológica no mundo e américas, bem como a situação no Brasil por unidades da federação. Também tem informações detalhadas da situação da COVID-19 no estado do Paraná, por regionais de saúde, e a cidade de Londrina.

    A seção 2 se refere a quatro notícias da semana. A primeira é sobre as variantes do novo coronavírus. A segunda é o ritmo lento da vacinação no Brasil e o risco de aprofundamento da crise global em função do acesso desigual às vacinas. A terceira trata das vacinas no Amazonas, especialmente a vacinação das populações ribeirinhas e a criação do Fundo Epidemiológico destinado ao socorro dos estados que mais necessitarem de doses em situações de escassez e dificuldade. A quarta é sobre a avaliação de muito alto risco em Londrina e o retorno imediato as aulas.

    Na seção 3, a Dica Safety traz 1) informações sobre as mascaras de tecido, 2) trechos da nota orientativa acerca das medidas de prevenção e controle da disseminação das variantes do SARS-CoV-2 e 3) orientação sobre notificação de reação pós-vacinação.

    Na seção 4, a Leitura Recomendada traz a cartilha intitulada “O SUS e a efetivação do Direito Humano à Saúde”

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  • Vacinas contra Covid-19 devem ser bem público, livre de patentes

    Na última sexta-feira, 29/01, a Fenafar realizou durante a programação do Fórum Social Mundial a mesa de debates: Patentes para quem? Fórum pela Liberdade de Uso do Conhecimento. 25 anos depois! Com a participação de especialistas e lideranças que protagonizaram o debate sobre o tema nos anos 90, os participantes destacaram as graves consequências que a aprovação da lei de patentes e a política de desmonte do parque industrial da saúde trouxeram para o Brasil.

    O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, abriu a atividade destacando a posição histórica da Federação Nacional dos Farmacêuticos, sempre em defesa da vida, da saúde pública e de políticas que impulsionem a independência científica, tecnológica e industrial do Brasil. 

    Participaram do debate o chefe do departamento da política de medicamentos da ENSP/Fiocruz, Jorge Bermudez, a ex-coordenadora do Fórum pela Liberdade de Uso do Conhecimento, Sara Kanter, as deputadas federais Alice Portugal e Jandira Feghali, Allen Habert diretor da CNTU, e Rilke Novato, diretor da Fenafar.

    Bermudez chamou a atenção para o fato de que “esse debate sobre a propriedade intelectual, sobre medicamentos, ganha relevo e está diretamente relacionado ao direito à vida, não um produto mercadológico, mas como direito à cidadania”, afirmou. E, constatou que, infelizmente, o país vivem um momento em que “os interesses da vida estão numa situação desfavorável diante dos interesses do mercado”, diante das iniquidades do mundo capitalista e da financeirização do momento atual. 

    Resgatando o processo que culminou na aprovação da atual Lei de Patentes, ele avalia que o que ela “representou foi a total submissão e entreguismo do Brasil a interesses estrangeiros, promovendo desindustrialização, desemprego, dependência tecnológica”. As consequência disso estão escancaradas hoje, quando o Brasil não tem insumos para produzir vacinas e outros produtos no momento da pandemia, ressaltou.

    A farmacêutica e ex-coordenadora do Fórum pela Liberdade do Uso do Conhecimento, Sara Kanter, afirmou que a pandemia evidenciou um cenário de apartheid social. Os preços diferenciados praticados pelas indústrias farmacêuticos por dose da vacina é um exemplo. A Pfizer, por exemplo, vendeu a vacina para a União Européia por U$ 14,50 a dose. Já o preço para os EUA foi de U$ 19,50 e para Israel U$ 28,00. São números que explicitam o “interesse político comercial sobre o produto farmacêutico e que gera uma situação de opressão e dependência”. 

    Sobre luta promovida na década de 90, a ex-coordenadora do Fórum pela Liberdade do Uso do Conhecimento lembra que o primeiro dossiê contra o PL das Patentes contava com a assinatura de 84 entidades. No segundo dossiê já haviam mais de 1000 entidades signatárias, o que mostra a importância do debate e do movimento realizado, que acabou se espraiando para vários setores que compreenderam os riscos que aquele projeto trazia para a soberania do país. “Nós queríamos licença compulsória, queríamos que medicamentos básicos não fossem objeto de monopólio”, disse recuperando algumas das bandeiras daquele movimento. 

    Denunciou o Artigo 40 da Lei, que admite a extensão de prazo para patentes, e que é alvo de controvérsia jurídica “se é constitucional ou não”. Mas uma coisa é certa: “Essas extensões podem fazer com que produtos nunca cheguem ao mercado e outras empresas não possam lançar seus genéricos”, afirmou. E ressaltou a importância de o Brasil ter ao menos conseguido aprovar uma legislação para a produção de medicamentos genéricos no país.

    A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) 

    A parlamentar contextualizou o cenário no qual surgiu a proposta da Lei de Patentes. “Era um momento da avalanche da destruição do papel do Estado. Fizemos nossa Constituição na contramão desse movimento. Nossa Constituição surge como fruto de uma luta pós-ditadura com muitas coisas represadas. Depois disso, FHC, foi desmontando a Constituição. E ai vem o projeto de patentes”, resgata.

    Mesmo nos momentos mais favoráveis da luta política, lembra Jandira, “tentamos alterar essa lei que está em vigor e não conseguimos concluir nenhuma delas. É um tema muito difícil no Congresso Nacional, mesmo no tema das doenças negligenciadas”.

    E a disputa é internacional. “O Canadá compra três vezes o número de doses que a sua população precisa e não há mediação, nenhum organismo internacional para mediar isso. Eu compro e ninguém me impede”.

    No Brasil, destaca, “seja pela questão das patentes e dependência de produção no complexo econômico industrial da saúde estamos numa situação difícil, porque somos hoje uma vergonha internacional nas nossas relações com o mundo”, lamenta. “Fiocruz e Butantan nos salvam como plantas fabris, mas não temos IFAS suficientes para suprir essa produção. O IFA que vai chegar ao Butantan é devido à relação direta do governo de São Paulo com a China”.

    Esse é o cenário criado por um governo que nega a ciência, e não se pensa em saúde sem pensar tecnologia, ciência, meio ambiente, afirmou a deputada. “Nós não nos preparamos para a pandemia. Nós não temos comando, estimulo”. 

    Para Jandira “não deveria haver patente de vacina, nem para doenças negligenciadas e nem para determinados produtos e medicamentos que salvam vidas. Essas patentes deveriam ser quebradas:.

    O engenheiro Allen Habert  também relembrou das lutas e movimentos realizados na década de 90 para impedir que o projeto das patentes fosse aprovado. Mas foi e sem salvaguardas importantes que foram introduzidas em outros países. Ele citou, por exemplo, as salvaguardas aprovadas pela Índia que permitiu que o país se transformasse no maior produtor de genéricos e matérias primas.

    Olhando o cenário atual, marcado pela pandemia, Habert citou a manifestação do secretário-geral da ONU, António Gutierres que defendeu durante reunião na Alemanha, em dezembro, que a vacina fosse tratada como bem público. Ele defendeu que a vacina esteja disponível “para todos em todas as partes”. Habert diz que é preciso dar mais visibilidade a esta posição, porque “só há saída para a humanidade se todos forem vacinados. Não tem economia sem vacina”, disse. 

    O dirigente da CNTU salientou que o Brasil é campeão mundial em vacinação. Somos o país que mais vacina no planeta.

    A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), coordenadora da Frente Parlamenta em Defesa da Assistência Farmacêutica disse que é momento de renovar os votos em torno do Fórum pela Liberdade do Uso do Conhecimento e como é estratégica a luta contra as potentes e a propriedade intelectual para os produtos da cadeia relacionada aos insumos farmacêuticos e medicamentos. “A propriedade intelectual nesse momento de pandemia, diante de um vírus que se agrava, não é humano. Ela [propriedade intelecutal] não pode ser um obstáculo à vida de bilhões de seres humanos”, alerta.

    Para a parlamentar, única farmacêutica no Congresso Nacional, “a capacidade produtiva da indústria farmacêutica concentrada em poucos países não consegue dar conta dessa manda. A luta em defesa da paz, da vida, e da soberania passa hoje por coletivizarmos o conhecimentos”.

    Alice avalia que a sociedade brasileira talvez ainda não tenha a total dimensão de como o Brasil foi desconstruído com o golpe de 2016. Acompanhamos recentemente a luta contra a privatização dos laboratórios estatais, alguns foram vendidos como o BahiaFarma. Mas apesar das privatizações e do desmonte, ainda há possibilidade de reativar o parque industrial que estava montado no Brasil. 

    Hoje nossa bandeira é em torno da Vacina Já!. “Em novembro aconteceu a reunião da OMC, nela países como Índia e Africa do Sul  e Quênia propuseram que não houvesse sanções comerciais para os países que quebrassem as patentes das vacinas. Seria uma trégua temporária das regras das patentes em nível mundial, dos segredos industriais e do monopólio farmacêutico. Estamos enfrentando um vírus que veio para dizimar a vida humana. Estados Unidos, União Europeia, Suíça, Noruega, Canadá, Japão e Austrália foram contra. Quem destoou da sua história diplomática em defesa de uma visão universal foi o Brasil, que se agregou ao bloco dos ricos. Mesmo a China, que tem duas vacinas, se colocou aberta para flexibilizar a patente. Dos 160 países, 99 anunciaram adesão à proposta”, disse Alice. 

    Mas apesar de haver um clamor internacional pela quebra das patentes em torno da vacina para o Covid-19, o Brasil segue uma linha negacionista e submissa aos interesses do capital e dos ricos.

    O último a fazer uso da palavra foi o diretor da Fenafar, Rilke Novato. Rilke também recuperou os interesses por detrás da aprovação da Lei de Patentes no Brasil: a Organização Internacional de Propriedade Intelectual e a Indústria Farmacêutica. Ele destacou três prejuízos trazidos pela lei: o primeiro é consequência de termos aprovado uma lei sem um tempo de carência para entrar em vigor. “O Brasil por lei não reconhecia patentes e em um ano passou a reconhecer. Não teve tempo de desenvolver um parque industrial de fármacos e se preparar”. O segundo foi incluir na lei o instituto das patentes pipeline. “Termos permitido reconhecer patentes de produtos que já estavam disponíveis no Brasil trouxe prejuízos imensos ao país”. E o terceiro foi permitir a discussão “sobre patentemente de microorganismos, algo que pode ter implicações severas no campo da agricultura”.

    Além disso, destaca Rilke, “não houve dispositivo por parte do governo FHC de garantir algum avanço nacional, investimentos para contrapor essa situação criminosa que passamos a ter com a aprovação dessa lei”.

    Para o diretor da Fenafar o Fórum pela Liberdade do Uso do Conhecimento “está vivo e precisamos mantê-lo muito vivo. Conhecimento precisa ser livre, não é mercadoria, principalmente o conhecimento que pode ser usado para salvar vidas”, afirmou.

    Renata Mielli
    Publicado em 03/02/2021 

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  • Fenafar e Sindicatos exigem inclusão dos farmacêuticos nos grupos prioritários para vacinação

    A Federação encaminhou ofício ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde e Conselhos Nacionais de Secretarias Municipais de Saúde solicitando a vacinação prioritária para farmacêuticos. Sindicatos também atuam nos estados para garantir a vacinação da categoria. Nos estados os sindicatos também pressionam gestores públicos para incluir a categoria no cronograma da vacinação.

    Com o início da vacinação, os profissionais de saúde são o grupo prioritário e estão sendo os primeiros a receberem a primeira dose do imunizante. No entanto, farmacêuticos não estão contemplados no grupo prioritário. Diante disso, e compreendendo que os farmacêuticos estão na linha de frente do enfrentamento ao Covid-19, a Fenafar e os sindicatos estão atuando para que os farmacêuticos recebam a vacina.

    Na nota encaminhada co CONASS e ao CONASEMS a Fenafar destaca: “Os farmacêuticos são trabalhadores da saúde, com curso superior, atuando em mais de 70 áreas da Farmácia, que fazem parte de divisões agrupadas em linhas de atuação farmacêutica e foram reconhecidos como profissionais essenciais ao controle da Covid-19 e à manutenção da ordem pública pela Lei nº 14023/2020”. A nota salienta a presença do farmacêutico nas farmácias e drogarias, nos serviços públicos de saúde, nas universidades e centro de pesquisa e exige que a categoria esteja contemplada no grupo prioritário dos profissionais de saúde que estão recebendo a primeiro dose da vacina em todo o país.

    Leia abaixo a íntegra do ofício encaminhado pela Fenafar.

    Nos Estados

    Sindicato dos Farmacêuticos da Paraíba (SIFEP) protocolou ofício junto a Secretaria Estadual de Saúde e nas Secretarias Municipais de Saúde de João Pessoa e Campina Grande para garantir a inclusão dos trabalhadores farmacêuticos para serem vacinados contra a Covid 19.

    No Rio Grande do Sul, o Sindfars disponibilizou formulário para que a categoria preencha com informações sobre o regimento da primeira dose da vacina e, também, se somou à nota de repúdio divulgada pelo Conselho Regional de Farmácia em que se mantem atento para que os colegas de fato componham a lista para receber a vacina e que não ocorra a imunização de pessoas que não compõem os grupos prioritários e mesmo dos que estejam em desacordo com suas funções desempenhadas no enfrentamento a Covid-19.

    No Paraná, o Sindicato dos Farmacêuticos também encaminhou ofício encaminhou ofício ao Secretário de Estado da Saúde solicitando a inclusão dos farmacêuticos no grupo prioritário de acesso à vacinação contra novo coranavírus. “Justificamos nosso pedido considerando que no Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a COVID-19, dentre os grupos prioritários para receber a referida vacina, estão os profissionais de saúde, devido à exposição direta e frequente ao novo coronavírus. Os farmacêuticos, assim como outros profissionais, atuam na linha de frente e correm o risco de contaminação e, consequentemente, de contrair COVID-19, com prejuízo à saúde individual e também à assistência aos usuários/pacientes atendidos, nas mais diversas áreas de atuação, públicas e privadas, como farmácias, ambulatórios, clínicas, hospitais e laboratórios de análises e pesquisa”.

    O Sindicato dos Farmacêuticos de São Paulo notificou o Governo do Estado e a prefeitura da cidade de São Paulo apresente um cronograma de vacinação pra a categoria farmacêutica que atuam tanto no serviço público quanto privado. 

    No Ceará, o SINFARCE protocolou ofício junto à Secretaria de Saúde do Estado solicitando esclarecimentos quanto a vacinação dos profissionais farmacêuticos. 

    Sindicato dos Farmacêuticos de Pernambuco lançou nota e encaminhou solicitação ao governo para que os farmacêuticos que atuam nas farmácias e drogarias recebam a primeira dose da vacina. “Farmacêuticos e Colaboradores das Farmácias e Drogarias se expõem fortemente a uma possível contaminação assumindo desafios e riscos diários, para assegurar à população, a orientação correta (educação) e a dispensação de medicamentos, que de fato promovam a saúde das pessoas. Nas Farmácias e Drogarias o atendimento é generalizado e não se avalia se a pessoa está infectada com o novo coronavírus ou não. Simplesmente se atende. Farmácias e Drogarias tornam-se assim o primeiro elo complementar à rede do cuidado e de atenção à saúde, conforme preconizado na Lei 13.021/2014 que reconhece esses estabelecimentos como unidades de prestação de serviços destinadas à assistência farmacêutica, à assistência à saúde e à orientação sanitária individual e coletiva”, afirma a nota.

    Em Minas Gerais, o Sinfarmig – através do Conselho Estadual de Saúde – está pressionando o governo a incluir os farmacêuticos e farmacêuticas na primeira etapa de vacinação.

    OFÍCIO DA FENAFAR AO CONASS E CONASEMS

    A Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), entidade sindical de 2º Grau, com 46 anos de atuação, composta por 23 sindicatos em sua base, com representação em diferentes fóruns e no âmbito do controle social, e que tem por princípios a defesa dos profissionais farmacêuticos e dos interesses nacionais na área da saúde e do trabalho, vem através deste ofício destacar o papel desenvolvido pelos farmacêuticos, que atuam ativamente cuidando das pessoas, pela proteção e recuperação da saúde das brasileira e brasileiros e que tem se destacado dentre as profissões da saúde com importante participação em diversos setores vitais para o combate a Covid-19.

    Os farmacêuticos são trabalhadores da saúde, com curso superior, atuando em mais de 70 áreas da Farmácia, que fazem parte de divisões agrupadas em linhas de atuação farmacêutica e foram reconhecidos como profissionais essenciais ao controle da Covid-19 e à manutenção da ordem pública pela Lei nº 14023/2020. 

    Na vigilância em saúde, assim como em laboratórios privados, os farmacêuticos trabalham pesquisando, validando e realizando os exames de diagnóstico, fornecendo a informação fundamental para a tomada de decisão das equipes de saúde. Ainda na vigilância os profissionais atuam na avaliação da qualidade de produtos e serviços de saúde, garantindo o fornecimento com segurança para a população.

    Outra área fundamental que só é lembrada e valorizada em situações de crise quando a população percebe a inexistência de um medicamento para tratar de determinada doença como o que estamos vivendo com a Covid-19, é a pesquisa. Vários farmacêuticos já com inestimável contribuição para a ciência e para a tecnologia na produção de medicamentos atuam em universidades, a maioria públicas, ou em centros de pesquisa e desenvolvimento, que recentemente tiveram suas verbas violentamente cortadas, mas ironicamente neste momento são cobrados de porque ainda não encontraram a cura.

    E numa escala também importante estão os farmacêuticos que atuam na produção e na distribuição de medicamentos e produtos para a saúde, itens indispensáveis no enfrentamento de situações como a que estamos passando, embora até o momento não tenhamos medicamento que tenha comprovação no combate ao novo coronavírus. 

    E desde a publicação da Lei nº 13021/2014, que traz o conceito da farmácia como estabelecimento de saúde e define os serviços farmacêuticos, é o enfrentamento ao Sars-CoV-2 que materializa e destaca o papel das farmácias e das farmacêuticas e dos farmacêuticos, integrando os estabelecimentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e a garantia do direito à assistência farmacêutica, conforme preconizado na Lei nº 8080/90.

    Diante do exposto, a Fenafar solicita a inclusão dos farmacêuticos, tanto os que atuam no setor público como no setor privado, nos planos estaduais e municipais de vacinação, respeitando as prioridades, mas compondo, de fato, os grupos prioritários.

    Contando com seu compromisso, finalizamos agradecendo sua atenção e reafirmando o compromisso da Fenafar em Cuidar de Quem Cuida! no resgate pelos valores humanitários, para fortalecer a luta pelo direito à vida, a saúde, ao trabalho, à organização sindical e a democracia.

    Da redação
    Publicado em 28/01/2021

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  • TST concede direito a farmacêutico de receber adicional de insalubridade

    A 8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) concedeu o direito de receber adicional por insalubridade a um farmacêutico, empregado da Raia Drogasil. O trabalhador entrou com ação na Justiça, argumentando que sua ocupação consiste em aplicar injetáveis em clientes da farmácia e que, portanto, era exposto a risco de nível médio. Os ministros acolheram, em unanimidade, o pedido do rapaz e condenou a empresa que pagasse o benefício trabalhista.

    O autor do processo informou ao TST que aplicava aproximadamente cinco injeções por dia numa das lojas da rede em São Paulo. Apesar do fornecimento de luvas pela empresa, a relatora do caso, ministra Dora Maria da Costa, entendeu que não há registro de que o uso do equipamento elimina as possibilidades de o trabalhador sofrer algum efeito nocivo. Dora Maria da Costa destacou em sua decisão que o Anexo XIV da Norma Regulamentadora (NR) 15 do extinto Ministério do Trabalho – atual Secretaria Especial de Previdência e Trabalho – estabelece o pagamento, em grau médio, de adicional por insalubridade para funções que operem em contato permanente com pacientes ou com material infectocontagioso.

    Para os advogados do farmacêutico, David Santana Silva e Renato Melo, a decisão do Tribunal Superior cria um precedente relevante para as redes de farmácia. Segundo eles, a decisão do Tribunal Superior do Trabalho pode contribuir para o estabelecimento do adicional de insalubridade para toda a categoria profissional. Eles ressaltam que o entendimento do TST equipara as farmácias a estabelecimentos hospitalares, já que assume o contato dos profissionais com enfermos e materiais biológicos infecciosos.

    A Raia Drogasil entende que a aplicação de medicamentos injetáveis na farmácia não é atividade insalubre, conforme reconhecido pelo TRT da 15ª Região, neste caso específico. O TST entendeu de forma diversa e respeitamos a decisão judicial.

    Fonte: UOL
    Publicado em 01/02/2021

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  • Fenafar volta ao FSM para discutir Patentes e Liberdade do Conhecimento

    Diante dos debates que se desenvolvem hoje acerca do desenvolvimento e comercialização da vacina para a Covid-19, a discussão sobre patentes sobre medicamentos e vacinas ganhou centralidade. Neste contexto, a Fenafar promove a mesa redonda Patentes para quem? Fórum pela Liberdade de Uso do Conhecimento. 25 anos depois! Que será realizada em formato virtual, no dia 29 de janeiro, das 17:30 as 20h.

    O Fórum Social Mundial completa vinte anos. Desde sua primeira edição, em 2001, reúne lideranças de movimentos sociais, representações de organizações sociais, sindicais, religiosas e pessoas em geral comprometidas com um novo modelo de sociedade na perspectiva de “Um outro mundo é possível.” A Fenafar sempre esteve presente nas edições do FSM, realizando e participando de atividades em defesa da  ciência, da tecnologia, das políticas de saúde pública, da vida, da soberania das nações e da democracia.

    Este ano, dada a situação sanitária provocada pela pandemia da Covid-19, o FSM-2021 será virtual e a plataforma que vai gerar o programa de painéis, oficinas, performances e campanhas nos dias 23 a 31 de janeiro, já está ativa no link: http://join.wsf2021.net/

    Neste ano, a Fenafar promove no FSM uma mesa redonda com diversas lideranças para debater os 25 anos do Fórum pela Liberdade de Uso do Conhecimento, que realizou diversas atividades contra a aprovação da Lei de Patentes no Brasil. Na época, a Fenafar e demais entidades que participavam do Fórum alertavam para o risco que representava o patenteamento de produtos e processos farmacêuticos, como também sobre outros itens que eram de interesse da sociedade. Infelizmente, apesar de toda a luta, a Lei foi aprovada, e hoje as regras para as patentes no Brasil são as mesmas seja para medicamentos — essenciais para garantir a vida e salvar vidas —  seja para outros produtos como brinquedos e pneus.

    Diante dos debates que se desenvolvem hoje acerca do desenvolvimento e comercialização da vacina para a Covid-19, a discussão sobre patentes sobre medicamentos e vacinas ganhou centralidade.

    Participam da mesa redonda Patentes para quem? Fórum pela Liberdade de Uso do Conhecimento. 25 anos depois! promovParticipam da discussão Jorge Bermudez, chefe do departamento da política de medicamentos da ENSP/Fiocruz, da ex-coordenadora do Fórum pela Liberdade de Uso do Conhecimento, Sara Kanter, das deputadas federais Alice Portugal e Jandira Feghali, Allen Habert diretor da CNTU e de Rilke Novato, diretor da Fenafar.

    Quando: Sexta-feira – 29/01
    Horas: 17:30

    Da redação
    Publicado em 27/01/2021 

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  • A covid expõe o apartheid sanitário global

    • 27/01/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Por trás da falta de vacinas, as três leis trágicas da Big Pharma. Não pesquisar doenças de pobres. Patentes, para elitizar os tratamentos. Desencorarjar países de produzir remédios e vacinas. Há alternativas — nenhuma sob lógicas capitalistas. Leia arigo de François Polet

    Apesar da retórica sobre os bens públicos mundiais, a corrida pelo acesso às vacinas contra o coronavírus evidencia novamente a desigualdade entre as nações no mercado farmacêutico. Além da covid-19, o problema se manifesta em três se manifesta de três formas: no subfinanciamento da pesquisa em doenças tropicais; no sistema de direitos de propriedade intelectual que exclui países em desenvolvimento dos resultados da pesquisa do Norte Global; e na dilapidação das capacidades de pesquisa e produção dos países mais pobres.

    Grande alívio na Europa: as primeiras doses da vacina contra a covid-19 estão serão aplicadas. O debate público se concentra sobre os desafios logísticos… e sobre a liberdade individual, sobretudo num setor da população que desconfia de um produto elaborado sob condições extraordinárias. Essa preocupação, comum nos países ricos, se contrapõe às questões dos países pobres, onde a disponibilidade das futuras vacinas está longe de ser uma realidade em futuro próximo. A penúria nesses locais não está desconectada da abundância no Norte: por meio de acordos bilaterais com os laboratórios que abrigam, os governos ocidentais reservaram os primeiros bilhões de doses que serão produzidas: capazes de vacinar várias vezes suas populações.

    Lançada em abril pela «aliança da vacina» (GAVI), em associação com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Fundação CEPI1 (1), a plataforma COVAX (Covid 19 Vaccines Global Access) procura ultrapassar a lógica do “cada um por si” destacando as contribuições dos Estados (são mais de 180 que ingressaram na iniciativa) para sustentar a pesquisa e a produção de um grande número de doses de vacinas, para negociar os melhores preços possíveis com a indústria e garantir uma distribuição mais justa das doses entre países e no interior de seus territórios. A Covax estabeleceu um mecanismo de co-financiamento, pelos países ricos, de um bilhão de doses, que serão reservadas aos 92 países mais pobres, em nome do princípio segundo o qual “ninguém estará em segurança até que todo o mundo esteja seguro”. Embora seja muito cedo para avaliar a inciativa Covax, que tem o mérito de existir, já se tornou evidente que sua eficácia será reduzida pelos acordos prioritários que os países rigos assinam em paralelo, com os laboratórios. O montante monetário envolvido nestes compromissos é muitas vezes maior que as somas destinadas por estas mesmas nações ao dispositivo COVAX.

    Essa desigualdade no acesso aos medicamentos é apenas um pequeno sintoma de uma posição globalmente desvantajosa dos países do Sul Global na ordem farmacêutica internacional. As origens das dificuldades desses países pobres no acesso aos produtos médicos e farmacêuticos essenciais em matéria de saúde pública são bem conhecidos. Elas tem sido objeto de numerosos relatórios e declarações dentro das organizações internacionais nos últimos 30 anos. As dificuldades manifestam-se em três níveis: na falta de investimento, em escala mundial, na pesquisa em doenças que atingem principalmente os países do Sul Global; na existência de um sistema de patentes que limita as possibilidades de acesso dos países do Sul aos medicamentos; e, ainda que algumas patentes expirem, há a incapacidade de produção dos medicamentos nos países mais pobres.

    As doenças tropicais negligenciadas

    A OMS soou o alarme em 2003: no mundo, menos de 10% da pesquisa médica dedica-se às doenças que totalizam 90% da mortalidade. Junto das mais conhecidas (malária, tuberculose e hanseníase, encontramos também doenças mais negligenciadas, como a kala-azar/calazar (leishmaniose visceral), a doença do sono (tripanossomíase africana) e a doença de Chagas (tripanossomíase americana), que afetam os países em desenvolvimento mais pobres. Os bilhões de dólares investidos todos os anos na pesquisa e desenvolvimento (P&D) farmacêuticos em todo o mundo são orientados pelos laboratórios para doenças que afetam indivíduos cobertos por planos de saúde (públicos ou privados) com base financeira para pagar valores cada vez mais elevados. A impossibilidade de reduzir as margens de lucro abaixo da escala das exigências de seus acionistas desvia as grandes empresas de farmacêuticos de atender as necessidades de países com orçamentos de saúde limitados.

    O problema foi muitas vezes levantado no contexto da Assembleia Mundial da Saúde, órgão decisório da OMS. Desde 1974, esse órgão pede ao diretor geral da OMS para “intensificar as atividades de pesquisa da organização sobre doenças tropicais e para aumentar o esforço para obter mais recursos extra-orçamentarios para esse fim2. Uma resolução que se transformou no ano seguinte na criação do “programa de pesquisa e de formação relativo às doenças tropicais”, com um duplo objetivo: concentrar-se em novos métodos de luta contra essas doenças que sejam, ao mesmo tempo, aplicáveis, aceitáveis e financeiramente suportáveis para os países em desenvolvimento e reforçar a capacidade desses países de colocar em prática, por si mesmos, essas novas técnicas. Ainda que esse programa tenha permitido avanços, sua amplitude limitada não foi suficiente para inverter a tendência: entre 1975 e 2000, de 1400 medicamentos “inovadores” (novas moléculas que obtêm novas autorizações de entrada no mercado), apenas 13, aproximadamente 1%, são dedicadas ao tratamento das doenças tropicais3.

    No inicio dos anos 2000, o tema das doenças tropicais suscitou um renascimento de interesse pelo tema, no contexto dos “objetivos do milênio para o desenvolvimento e a emergência do paradigma da saúde pública mundial4 (global health). Em meio à difusão da AIDS, e depois do Ebola, o desenvolvimento de doenças nos países do Sul foi visto como um “risco global”, enquanto novas formas de intervenção, novos atores (ONGs e fundações) e novos modos de financiamento (parcerias público-privadas) prosperaram e reconfiguraram o campo da saúde publica mundial. Dotada de um orçamento maior que o da OMS, da qual ela se torna o segundo financiador, a Fundação Bill e Melinda Gates é um ator central nessa mutação. Sob seu incentivo ou sua participação foram lançadas sucessivamente a Aliança da Vacina (GAVI) (2000); o Fundo Mundial contra a AIDS, malária e tuberculose (2002); a Unitaid (2006); o Consorcio sobre Doenças Tropicais Negligenciadas (2007) e outros.

    Combater o sistema de patentes

    O aumento dos recursos permitiu avanços notáveis no combate à muitas doenças tropicais negligenciadas. Entretanto, a arquitetura da ordem sanitária internacional não foi questionada. O método preferido pelos empresários da saúde mundial consiste em obter mais poder diante das empresas farmacêuticas com base no volume de recursos que conseguem reunir. Este procedimento não questiona as regras do mercado dos medicamentos e a lógica das patentes que condicionam a pesquisa e o desenvolvimento. De uma forma mais convincente, a “Drugs for Negligected Diseases Iniciative”, lançada em 2003 pelos Medicos sem Fronteiras, o Instituto Pasteur e quatro institutos de pesquisa de países em desenvolvimento (India, Brasil, Quênia e Malasia) e apoiada pela OMS, contribuiu, durante os anos 2010, para ampliar as capacidades autônomas de pesquisa e produção do Sul Global, fora do perímetro das “Big Pharma”. No conjunto, entretanto, a influência muito invasiva da Fundação Gates, que pressiona na definição das prioridades das parcerias público-privadas, e na canalização de grandes quantidades de auxilio publico ao desenvolvimento, enfraqueceu os processos decisórios democráticos, principalmente a Assembleia Geral da Saúde, que deveria governar as políticas internacionais de saúde publica.

    A solução estrutural para o subfinanciamento crônico da pesquisa sobre doenças tropicais reside em dissociar o custo da pesquisa e o preço dos medicamentos5. Redigido em 2012, um relatório importante da OMS sobre as fontes de financiamento em pesquisa e desenvolvimento “de interesse dos países em desenvolvimento” propõe o embrião de um sistema que transformaria a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em Saúde num bem público mundial6. A peça-mestra deste mecanismo seria definir objetivos de investimento público para a pesquisa em escala nacional e internacional, indexados ao PIB dos países. Essa regra de financiamento pelos Estados deveria, de acordo com os organizadores do relatório, ser articulada a um mecanismo internacional de coordenação comandado pela OMS e gerido por uma convenção internacional juridicamente impositiva.

    O sistema de patentes não é apenas um freio à P&D das doenças endêmicas dos países pobres. Ele também limita drasticamente o acesso desses países aos tratamentos que resultam da P&D relacionada às doenças que afetam igualmente os países do norte – como a AIDS ou a covid-19. Na virada do milênio, a luta dos países em desenvolvimento pelo acesso aos antirretrovirais gerou um grande conflito Norte-Sul. A polêmica estavam em como interpretar o princípio da flexibilização, que os países ricos haviam aceitado incluir no acordo sobre os direitos de propriedade intelectual da OMC (adotado em 1995), e que deveria implicar em exceções no regime de monopólios de mercado, em situações de emergência sanitária. Nesses casos, abria-se, aos países em desenvolvimento, a possibilidade de produzir tratamentos antes que expirassem suas patentes.

    Vinte anos mais tarde, numa repetição dessa história, os países industrializados acabaram de recusar uma demanda da Índia e da África do Sul, apoiadas por um grande número de países pobres, para que se permitisse aos membros da OMC bloquear aplicação de certas disposições do Acordo sobre os TRIPS (Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual que se referem aos Comércio, na sigla em inglês). Esta flexibilidade estaria aberta quando se tratasse da “prevenção, contenção ou tratamento7 da covid-19. Apesar das posturas e da retórica sobre os bens públicos mundiais, os lideres dos países ricos mantêm sua preferência por opções, como a iniciativa COVAX, que preservem a arquitetura atual, em que a busca pelo lucro ocupa o centro do sistema sanitário mundial.

    Para uma maior soberania sanitária

    Um terceiro desafio reside nas capacidades nacionais de produção de medicamentos nos países em desenvolvimento8. Ainda que um país como a Índia tenha se tornado o primeiro fabricante mundial de medicamentos genéricos, notadamente antirretrovirais (80% da produção mundial), a maioria dos países mais pobres depende totalmente do mercado mundial para sua provisão de remédios. Essa situação é o produto da decadência/desmonte das políticas nacionais de apoio à fabricação de medicamentos que se seguiu às crises econômicas e financeiras dos anos 1980 e 1990. Ela deriva de uma doutrina que durante muito tempo prevaleceu nas organizações internacionais de desenvolvimento e, em particular na OMS, de acordo com a qual somente as cadeias de valor internacionais poderiam garantir a esses países a disponibilidade de medicamentos de qualidade a um preço viável.

    O colapso dos circuitos de abastecimento que se dá com a covid-19, em particular em relação às drogas exportadas pela índia, contribui a uma tomada de consciência. Muitos dos responsáveis pelos sistemas sanitários no Sul Global dão-se conta da necessidade de avançar para uma forma de “soberania sanitária”, a partir do reinvestimento tanto nos sistemas nacionais de P&D, quanto na apropriação das tecnologias e nas capacidades de produção. Essa mudança inscreve-se numa nova reflexão sobre o desenvolvimento, iniciada há cerca de 15 anos e que traz à baila a ideia de “politica industrial”. A coordenação e o compartilhamento dos avanços tecnológicos em escala internacional deveriam ser associados aos esforços de construção das políticas nacionais que permitam reduzir a dependência dos países pobres em relação aos principais centros de produção mundial. O auxílio público ao desenvolvimento tem um papel importante nesse tema, com a condição de estar alinhado a uma estratégia nacional baseada num consenso político interno.

    1A Coalizão pelas inovações em matéria de preparação às epidemias foi criada em 2017 para financiar a pesquisa sobre novas vacinas contra agentes infecciosos [emergentes].

    2Assembleia mundial da Saúde (1990), Programa especial de pesquisa e de formação relacionada às doenças tropicais (TDR): Progressos realizados na pesquisa e transferência de tecnologia aos serviços nacionais de saúde.

    3R. Brauman , « Maladies négligées et maladies oubliées », Conférence donnée lors du Forum de l’Université « Santé/Droits de l’homme », MSF, 6 février 2003.

    4C. Baxerres, F. Eboko , « Politiques, acteurs et dynamiques à l’ère de la Global Health », Politique africaine, 2019, vol. 156, n° 4.

    55. G. Velásquez, « Vers une recherche sans brevets », Le Monde diplomatique, avril 2013.

    6Assemblée mondiale de la Santé, « Rapport du groupe de travail consultatif d’experts sur le financement et la coordination de la recherche-développement », 2012, Organisation mondiale de la Santé, Genève.

    7« Members discuss intellectual property response to the Covid- 19 pandemic », 20 octobre 2020, OMC, www.wto.org

    8F. Polet, « Covid-19 au Sud : face au nationalisme vaccinal, l’enjeu de la souveraineté sanitaire », 2020, www.cetri.be.

    Fonte: Outras Palavras –
    Por François Polet, no Centro Tricontinental (CETRI) | Tradução: Vitor Costa
    Pubicado em 26/01/2021

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  • Dia do Farmacêutico! Nossa homenagem aos homens e mulheres que se dedicam a defender a vida

    Os farmacêuticos e farmacêuticas são profissionais que possuem no centro do seu fazer profissional o cuidado. Seja qual for nossa área de atuação — na produção de fármacos e indústria de insumos, na vigilância em saúde, na indústria alimentícia, de cosméticos, no saneamento, na prestação de Assistência Farmacêutica na Unidade Básica de Saúde, no Hospital, nas análises clínicas —, nosso propósito, nossa missão é trabalhar para que as pessoas tenham direito à saúde, tenham direito a uma vida digna.

    Neste 20 de janeiro de 2021, a comemoração do dia do farmacêutico é diferente. Em meio a uma pandemia que já deixou mais de 210 mil mortos no Brasil, homenageamos nossa categoria ressaltando a importância da ciência, da pesquisa. Destacamos o papel das nossas instituições públicas, como o Butantan e a Fiocruz, que não mediram esforços, mesmo diante de um dos momentos de maior dificuldade econômica, para buscar uma vacina que pudesse proteger nosso povo.

    Nossa homenagem é para todos e todas que ergueram a cabeça e não se deixaram abater diante de um vírus desconhecido e, muito menos, diante do negacionismo e da irresponsabilidade de um governo que não tem nenhum compromisso com a vida.

    Estivemos unidos, nós farmacêuticos e farmacêuticas, aos demais profissionais de saúde na linha de frente do enfrentamento ao Covid-19 e ao descaso do governo.

    E, nesta semana, o reconhecimento nacional e internacional diante das vacinas desenvolvidas no Butantan e na Fiocruz mostram que nosso esforço incansável saiu vitorioso. Derrotamos o discurso anti-vacina e vamos conter o novo coronavírus.

    Ainda há muito a fazer. Infelizmente, é preciso persistir na produção de informação sobre a vacina, bombardeada pela avalanche de fake news disseminada pelos seguidores do governo e dos negacionistas. Também há muito trabalho para levar a vacina para todo o Brasil e garantir a imunização de todos e todas.

    Mas o compromisso da nossa categoria é com a vida digna, é com a defesa do Sistema Único de Saúde e com a democracia. Por isso, neste Dia do Farmacêutico, nossa comemoração é uma forma de determinação e persistência.

    Vamos derrotar o vírus!
    
Vamos derrotar o fascismo!
    #EmDefesadaVida
    #EmDefesadoSUS
    #Vacinaparatodos

    Ronald Ferreira dos Santos
    Presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos

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  • Abrace a Vacina: lançada a campanha para incentivar a população a se vacinar

    • 20/01/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Com objetivo de disseminar entre a população informações sobre a segurança e eficácia do imunizante para à Covid-19, foi lançada nesta segunda-feira (18/1) a campanha Abrace A Vacina. Promovida pelos Direitos Já! Fórum pela Democracia e pela Frente pela Vida, a campanha já conta com a adesão de mais de 200 entidades. A Fenafa e o Conselho Nacional de Saúde (CNS), como membros da Frente Pela Vida, estãoentre os apoiadores da iniciativa.

    A urgência para que a população seja informada pelo governo federal sobre a vacinação e o combate às fake news foram os principais desafios apontados no evento. 

    O presidente do CNS, Fernando Pigatto, falou que a aprovação para uso emergencial das vacinas CoronaVac e AstraZeneca, no domingo (17/1), representa a vitória da ciência e da vida sobre o negacionismo genocida. No entanto, para que ela chegue para toda a população é preciso fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) . “Exigimos mais vacinas e já, para todos e todas. Nós, do CNS, abraçamos a vacina. Abrace a vacina você também!”. 

    Pigatto reforçou também a mobilização pela garantia do orçamento emergencial neste ano, com a petição pública O SUS merece mais em 2021, que conta com cerca de 600 mil assinaturas. A decisão sobre o orçamento deve ocorrer em fevereiro, na volta do recesso parlamentar. 

    Assine pela manutenção do orçamento do SUS em 2021

    A presidenta da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gulnar Azevedo, que no ato virtual estava representando a coordenação da Frente Pela Vida, reforçou que a vacinação é um ato coletivo. “Essa pandemia tem nos ensinado que a saída não é individual, mas sim, coletiva. Se todos se vacinarem, todos vão ganhar. É um gesto de cidadania e de solidariedade”. 

    O coordenador do Direitos Já!, Fernando Guimarães, falou sobre o objetivo de se alcançar a imunidade coletiva e, por isso, o grande desafio será informar aqueles que se mostram reticentes à vacina. “Temos que dialogar com todos os setores da sociedade, principalmente os que estão receosos com a vacinação por conta da influência das fake news. Vamos trazer informações técnicas, com a participação de artistas, esportistas, profissionais da saúde, religiosos entre outros”. 

    Manifesto: Quem ama, vacina. Abrace essa ideia

    Durante o lançamento foi lido o manifesto “Quem ama vacina, abrace essa ideia”. O documento destaca a experiência brasileira com o Plano Nacional de Vacinação. “O Brasil possui capacidade histórica de produzir vacinas, e sempre foi considerado referência mundial pelas diversas campanhas de imunização em todo o complexo território nacional”. O manifesto também ressalta a série de problemas de planejamento do governo federal e a importância do SUS, que tem dado a resposta necessária nesta pandemia, mesmo sofrendo constantes ataques de desmonte e desfinanciamento.

    O ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão falou sobre a experiência acumulada no país nas grandes campanhas de vacinação. “Teremos vacinas, nós temos todas as condições de infraestrutura necessária para fazer diferente. E, para isso, esse movimento vai ser extremamente importante. Abraçar a Vacina, Vacina Já, para todos!”. 

    O médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Gonzalo Vecina chamou a atenção para a urgência do governo federal de informar a população sobre a vacinação. De acordo com ele, não existiu nenhuma campanha de vacinação no Brasil, até hoje, que não foi precedida da informação oficial de esclarecimento. “Nós temos vacina? Temos! Sabemos vacinar? Sabemos vacinar! O que é que falta? Falta gente para vacinar. Temos que disseminar a notícia de que nós vamos vacinar”, destacou. 

    O manifesto foi produzido pelo grupo técnico da campanha formado por Adriano Massuda, Lúcia Souto, Regiani Nunes, Mônica de Bolle, José Gomes Temporão, Helena Petta, Gulnar Azevedo, Fernando Pigatto, Eduardo Jorge e Anderson Marques.

    Outras manifestações

    O lançamento virtual contou com a presença de 36 convidados, entre artistas, profissionais da saúde e líderes religiosos. Confira algumas manifestações: 

    “Tenha confiança no que diz a ciência e pesquisadores de todo o mundo. Tenha confiança na vacina. Que Deus nos ajude a vencer esta pandemia a partir da ciência e da fé, que inspira solidariedade”, arcebispo da arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo. 

    “Com as vacinas, creio que Deus começa a transformar nosso pranto nacional em bênçãos. Deus e a ciência gostam de dançar juntos pela vida e pela saúde. É momento de agradecer: graças a Deus”, pastor batista da Comunidade Caverna, em São Paulo, Levi Araújo

    “A única garantia que temos de acabar com a pandemia e o único tratamento preventivo que há contra a Covid chama-se VACINA”, economista. Pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University, Mônica de Bolle

    “A ciência conseguiu em um curto espaço de tempo vacinas para enfrentar a pandemia mais grave da história recente. Mas não basta ter a vacina, a população precisa ir à unidade de saúde ser vacinada, e isso não é uma tarefa só do movimento sanitário”, médico sanitarista e professor do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Adriano Massuda.

    “Vacina é amor, é saúde, é liberdade, é vida. Eu me protejo e te protejo”, presidente da Associação de Produtores Teatrais do Rio Eduardo Barata.

    Fonte: SUSConectas
    Publicado em 19/01/2021

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  • Carta aos empossados no pleito municipal 2020

    A Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), entidade sindical de 2º Grau, com 46 anos de atuação, composta por 23 sindicatos em sua base, com representação em diferentes fóruns e no âmbito do controle social, e que tem por princípios a defesa dos profissionais farmacêuticos e dos interesses nacionais na área da saúde e do trabalho, com foco no acesso aos medicamentos, na assistência farmacêutica e na ciência e tecnologia, vem através desta carta parabenizar por sua posse para a prefeitura ou secretário de saúde ou vereadores e apresentar algumas propostas que defendemos para as cidades. 

    O ano de 2021 será de grandes desafios e esperamos que as lições de 2020 possam aumentar a consciência sobre a importância de mudança do rumo político diante da crise sanitária, social, econômica e política, agravadas pela pandemia da Covid-19, o que pauta a necessidade de as cidades darem respostas concretas no rumo do fortalecimento do SUS, das políticas públicas e da democracia. 

    Neste sentido entendemos que tal cenário exige dos recém empossados nos cargos de prefeitos, secretários de saúde e vereadores, a responsabilidade de virem a criar condições para a efetivação da proteção social. 

    Assim, a Fenafar, em nome da proteção e defesa da vida, pelo fortalecimento do SUS e valorização do trabalho dos farmacêuticos destaca as principais diretrizes que desejamos serem concretizadas através das prefeituras e câmaras municipais, tais como: 

    – Defesa de uma coordenação nacional das estratégias de vacinação contra a Covid-19, sob a responsabilidade do Ministério da Saúde, dando continuidade ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), bem como exigir o cumprimento do calendário das demais vacinas, com amplas campanhas de conscientização e motivação aos usuários; 

    – Garantia da implementação da Política de Assistência Farmacêutica no município; 
    – Revisão periódica da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais – REMUME; 
    – Ampliação do acesso aos medicamentos essenciais de forma segura e racional; 
    – Não autorize, por ato legal do município, a dispensação de medicamentos para tratamento precoce a Covid-19 (kit covid) diante não apenas da comprovação, até este momento, da ineficácia e elevados riscos adversos pelo uso de cloroquina, ivermectina e azitromicina para tratamento desta doença; 
    – Garantia do cumprimento das normas sanitárias, inclusive das boas práticas farmacêuticas; 
    – Investimento na promoção e prevenção em saúde no que se refere aos condicionantes, como acesso à alimentação adequada, de qualidade e orgânica, à atividade física, ao lazer e ao transporte público e ampliando as ofertas de cuidado variado que superam a lógica médico centrada, como, por exemplo NASF, equipes de apoio matricial, pontos de cultura e saúde, utilizando o princípio da equidade; 
    – Ampliação, qualificação e fortalecimento da atenção básica, como porta de entrada e ordenadora do sistema, e a cobertura de estratégia de saúde da família em todos os seus componentes; 
    – Fortalecimento das Políticas Municipais de Vigilância em Saúde (sanitária, epidemiológica, saúde do (a) trabalhador (a)), garantindo, via concurso público, a participação da categoria dos farmacêuticos nas equipes; 
    – Incentivo a vigilância em saúde, com a participação do Centro de Informação Toxicológica, em parceria com universidades, centros de pesquisa para o desenvolvimento de estudos e monitoramento do uso de medicamentos que estão sendo prescritos para a Covid-19; 
    – Proporcione testagem para Covid-19 a todos trabalhadores e aos munícipes, como instrumento de tomada de decisão e rastreamento de casos; 
    – Implementação das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde; 
    – Priorização e fortalecimento da saúde mental nos diversos âmbitos de atenção, garantindo a educação permanente dos profissionais, com a ampliação e o fortalecimento da rede de atenção psicossocial própria; 
    – Garantia a regionalização das especialidades, de forma que cada território tenha seu centro de especialidades e facilite o acesso das comunidades mais distantes e dos usuários em situação de vulnerabilidade social; 
    – Desprecarização das condições de trabalho e promoção da saúde do(a) trabalhador(a), garantindo condições de trabalho das equipes, assegurando infraestrutura, número de profissionais adequados às necessidades da população; 
    – Realização de concursos públicos para suprir, em número suficiente, as atividades relativas aos profissionais farmacêuticos, em todas as áreas da profissão; 
    – Criação de Plano de Cargos, Carreiras e Salários para a(o)s servidora(e)s municipais, que garanta isonomia salarial por nível de formação e possibilite condições dignas de trabalho a(o)s mesma(o)s; 
    – Adequação e melhorias das estruturas físicas, equipamentos e programas computacionais nas unidades de trabalho (farmácias das unidades, hospitais, laboratórios de análises clínicas), que são requisitos fundamentais às realizações das atividades farmacêuticas; 
    – Fortalecimento do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública – SISLAB, estruturado a partir da Portaria nº 2031/2004, de tal forma que amplie o protagonismo, articulação e participação do trabalho desenvolvido nesse sistema na missão do SUS de proteger e cuidar da(o)s cidadã(o)s brasileira(o)s;
    – Incentivo para qualificação/capacitação técnica da(o)s farmacêutica(o)s com vistas a possibilitar atualização dos conhecimentos em benefícios das atividades a serem desempenhadas; 
    – Gestão do poder executivo municipal para dotação orçamentária municipal específica para as ações inerentes à Assistência Farmacêutica e demais políticas públicas; 
    – Escuta do controle social do SUS. 

    Temos consciência de que após os graves problemas enfrentados no ano de 2020, exige-se que, para 2021, enfrentemos as dificuldades com ações concretas, dentre as quais citamos algumas acima. 

    Num período grave e excepcional, de uma pandemia que permanece presente no nosso dia a dia, certamente reforça a exigência de ações rumo à defesa das vidas. Por isso é fundamental somar forças. A Fenafar e sindicatos filiados estão a disposição para contribuir na defesa incondicional da vida, dos direitos e da democracia participativa.

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  • Atenção: Farmacêuticos (as) das OSs contratadas pela Prefeitura do Rio!

    ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA COM Farmacêuticos e Farmacêuticas dos Estabelecimentos TRANSPORTADORAS/LOGÍSTICAS/ARMAZENADORAS do Estado do Rio de Janeiro

    ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA COM Farmacêuticos e Farmacêuticas dos Estabelecimentos TRANSPORTADORAS/LOGÍSTICAS/ARMAZENADORAS do Estado do Rio de Janeiro.

    SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – SINFAERJ – CNPJ: 33.652.405/0001-63 – EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA – Por força do Artigo 18 do Estatuto Social do SINFAERJ, convoca Farmacêuticos e Farmacêuticas que trabalham nos Estabelecimentos TRANSPORTADORAS/LOGÍSTICAS/ARMAZENADORAS do Estado do Rio de Janeiro, para comparecerem a Assembleia Geral Extraordinária no dia 28 de Janeiro de 2021, às 20:00h em primeira chamada e às 20:30 em segunda e última chamada,a ser realizada virtualmente, respeitando o Decreto 06/2020, pelo aplicativo Zoom com link que será disponibilizado pelo SINFAERJ após cadastro no link abaixo desta convocação. Serão tratados os seguintes assuntos: A) Leitura, Análise e discussão para votação da aprovação da pauta de reivindicações que será apresentada à entidade patronal. A partir disso serão negociadas as bases para uma Convenção Coletiva de Trabalho, documento firmado entre as entidades sindicais de empregados e a patronais SINDICATO DAS EMPRESAS DO TRANSPORTE RODOVIARIO DE CARGAS E LOGISTICA DO RIO DE JANEIRO, CNPJ n. 33.822.057/0001-25. B) Aprovação de cláusula referente à Contribuição Assistencial; C) Autorização para celebrar Convenção Coletiva de Trabalho com o Sindicato Patronal dos Estabelecimentos em assunto, ou, não prosperando a negociação, autorizar que seja suscitado o Dissídio Coletivo. D) Outros assuntos.

    Clique Aqui

    Rio de Janeiro, 15 de Janeiro de 2021.
    Cristiano Lins de Oliveira.
    Presidente SINFAERJ.

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  • Atenção: farmacêuticos que trabalham na Atenção básica e na Saúde Mental do Município Do Rio de Janeiro

    • 15/01/2021
    • Ewerton Fenafar
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    Fomos surpreendidos no fim da tarde com a decisão da Justiça do Trabalho com uma liminar em Favor da Empresa Pública Rio saúde sobre a nossa greve.

    De acordo com a decisão do Desembargador Vice Presidente Cesar Marques:
    a) Manter a abertura de 100 % das farmácias com todos os farmacêuticos em atividade
    nos serviços de atendimento hospitalar, de urgência, e emergência aos pacientes com COVID-19, com a
    consequente suspensão do movimento paredista;
    b) Manter a abertura de 100% das farmácias com número de farmacêuticos em
    atividade nos outros serviços de pelo menos 70% (setenta por cento) da força de trabalho em cada uma
    das unidades;
    c) Assegure a rendição dos farmacêuticos nas respectivas escalas, no mesmo limite de
    jornada usualmente praticada;
    d) Abstenha-se de praticar qualquer ato que impeça a garantia da manutenção integral
    dos farmacêuticos lotados nos serviços de atendimento ao COVID-19 e de 70% da força de trabalho em
    cada uma das demais unidades, bem como da garantia da escala estabelecida nas alíneas “a)” e “b).
    Estabelece-se a multa de R$ R$ 10.000,00 (dez mil reais) diários ao suscitado pelo não cumprimento das
    obrigações de fazer e de não fazer ordenadas, podendo ser aumentada, em caso de descumprimento.

    O Sindicato dos Farmacêuticos lamenta tal decisão do Judiciário a uma vez que tenha sido concedida a outras categorias o direito de manutenção da greve no modelo 70/30 sem levar em consideração a particularidade da atividade farmacêutica. Ainda assim, a Assistência Farmacêutica desde 2017 foi o setor que teve a maior precarização, com redução de quadro de RH( farmacêuticos e práticos de farmácia), aumento de jornada de trabalho e redução drástica de salários.
    Seguiremos na luta pela valorização da Assistência Farmacêutica e principalmente do profissional farmacêutico do Município do Rio de Janeiro.
    O SINFAERJ respeita toda a decisão judicial e conta com o total apoio dos trabalhadores farmacêuticos, sempre respeitando as decisões do coletivo.

    O SINFAERJ informa que a ASSEMBLEIA GERAL DOS FARMACÊUTICOS da Atenção Básica e da Saúde Mental do Município Do Rio de Janeiro esta mantida para o dia 15/01 as 14:30 primeira chamada.

    #resistirépreciso

    #nenhumdireitoamenos

    #nenhumfarmaceuticoamenos

    #paguenossossalarios

    #valorizaçãofarmacêutica

    #sinfaerj

    #fenafar

    #Nãofiquesófiquesocio

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  • Vacinar no SUS é um direito de todas e todos e um dever do Estado

    • 08/01/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    A Federação Nacional dos Farmacêuticos e outras entidades subscrevem nota ressaltando a importância do fortalecimento do Programa Nacional de Imunização do SUS como instrumento primordial para realizar a vacinação da população contra a Covid-19. Só Sistema público garantirá igualdade de acesso para a sociedade brasileira. Leia abaixo na íntegra.

    Neste momento de crise sanitária internacional e nacional devido à pandemia de Covid-19 – somos o segundo país do mundo em número de mortos por essa doença –, é fundamental nos concentrarmos na luta pela vacinação já, com equidade. A equidade é importante como a garantia de justiça social, mas também como requisito para o tão esperado controle da pandemia. Que seja, portanto, garantida igualdade de acesso às cidadãs e cidadãos brasileiros na vacinação contra a Covid-19.

    O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) tem um histórico de grande sucesso, com experiência bem-sucedida em campanhas de âmbito nacional e com reconhecimento internacional. Somente o pleno apoio e adequado incentivo financeiro e operacional ao PNI pode garantir equidade no acesso efetivo e seguro da população à vacina.

    Devido à magnitude desta campanha de vacinação que tem como meta cobrir toda a população e a limitação da oferta de vacinas no mercado internacional, países como o Brasil têm definido um modelo de prioridades para sua implementação com base em critérios epidemiológicos e de vulnerabilidade social. Somente o SUS, por intermédio do PNI, poderá garantir a vacinação de toda a população brasileira com base nesses critérios. Seringas, agulhas, insumos de biossegurança e adequada logística e competência são necessárias para atingirmos este objetivo. As vacinas objetos dos acordos de compra e transferência de tecnologia já estabelecidos com as empresas Sinovac e AstraZeneca devem formar a espinha dorsal da campanha de vacinação no País sob a coordenação do PNI.

    Numa sociedade como a nossa, marcada por grotescas desigualdades sociais, é moralmente inaceitável que a capacidade de pagar seja critério para acesso preferencial à vacinação contra a Covid-19. Caso isso ocorra, uma fila com base em riscos de se infectar, adoecer e morrer será desmontada. É inadmissível, portanto, permitir que pessoas com dinheiro pulem a fila de vacinação por meio da compra de vacinas em clínicas privadas.

    Assim, causa preocupação o anúncio feito no dia 3 de janeiro que clínicas privadas negociam a importação de 5 milhões de doses de vacinas em desenvolvimento na Índia pelo laboratório Bharat Biotech.

    No Reino Unido, para evitar a ocorrência de desigualdade social no acesso à vacina contra a Covid-19, governo e empresas elaboram acordos para não permitir que vacinas sejam compradas por clínicas privadas, pelo menos enquanto uma grande parte da população não tiver sido vacinada pelo Sistema Nacional de Saúde (NHS). Este é o exemplo que podemos seguir.
    Consequências nefastas da venda de vacinas contra a Covid-19 por clínicas privadas, como as destacadas abaixo, vão além do aprofundamento do abismo social brasileiro:

    • Num momento de imensa necessidade de fortalecimento do SUS, renuncia- se ao seu potencial para vacinar a população brasileira com equidade, efetividade, eficiência e segurança, em prol do fortalecimento do mercado setor privado de saúde.
    • O detalhado acompanhamento da cobertura vacinal e a farmacovigilância para o monitoramento de eventos adversos, de grande importância principalmente no caso das vacinas contra a Covid-19 com aprovação pelas agências reguladoras em prazos recordes, tornam-se mais difíceis ou mesmo se inviabilizam.
    • O aumento do número de pessoas com doses incompletas de vacina (sem tomar as duas doses) tem maior probabilidade de ocorrer entre as pessoas vacinadas no setor privado, diminuindo a eficácia e a efetividade da vacinação.

    A sociedade brasileira e suas instituições democráticas estão alertas. A abertura da vacinação para clínicas privadas pode impactar negativamente o controle da pandemia, aumentar as desigualdades sociais na saúde e os riscos inerentes ao prolongamento da circulação do vírus na população. A mercantilização da vacina não será tolerada por um Brasil que luta pela vida, por um país mais justo e solidário.

    #VacinaçãoJÁ #VacinaparaTodaseTodos #VacinaçãoSomentenoSUS #ObrasilprecisadoSUS

    Entidades signatárias:


    Associação Brasileira de Economia de Saúde – Abres
    Associação Brasileira de Educação Médica – Abem
    Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco
    Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais – Abrato
    Associação Brasileira Rede Unida – Rede Unida
    Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – Cebes Conselho Nacional de Saúde – CNS
    Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar Instituto de Direito Sanitário Aplicado – Idisa
    Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares – RNMP Sociedade Brasileira de Bioética – SBB
    Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade – SBMFC

    05 de janeiro de 2021

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  • Centrais Sindicais defendem vacina já e Auxílio Emergencial durante 2021

    • 08/01/2021
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    Em nota conjunta, as centrais sindicais apontam a luta prioritária em defesa de uma campanha nacional de vacinação contra o Covid-19 e pela manutenção do auxílio emergencial. Leia abaixo na íntegra.

    O ano de 2020 foi marcado por profundas adversidades para toda a sociedade, mas, principalmente, aos mais pobres. Não bastasse um governo federal descomprometido com as causas sociais e trabalhistas, a pandemia do novo Coronavírus tornou a situação ainda mais dramática.

    A descoordenação das políticas públicas – definidas pelo absoluto descaso às medidas protetivas; pelos ataques às políticas sanitárias responsáveis de governadores e prefeitos; pelos recorrentes e espantosos deboches do presidente com a crise; e pela irresponsabilidade com a situação econômica e com a geração de empregos – levou o País à segunda posição em número de mortos no mundo, à taxa recorde de 14% de desemprego e à crescente alta dos alimentos.

    Na contramão da onda negacionista que contaminou o Planalto, as Centrais e suas entidades de base atuaram intensamente pra reforçar entre os trabalhadores as medidas de proteção sanitária, colocaram sua estrutura à disposição dos governos locais pra uso pela saúde pública, mobilizaram campanhas de solidariedade e, sobretudo, lutaram pra amenizar o peso da crise econômica sobre os trabalhadores.

    Em interlocução contínua com o Congresso, partidos, entidades, organizações e movimentos sociais, propusemos as bases através das quais foi elaborado o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, com o auxílio de R$ 600,00 mensais. Este foi o ponto-chave da economia em 2020, que evitou que o País implodisse na calamidade projetada pelo desgoverno.

    Para o ano de 2021, com o possível fim do pacote emergencial e do Auxílio, mesmo com a continuidade da pandemia, a previsão é sombria.

    Mas, assim como de forma surpreendente a catástrofe pôde ser amenizada e, em alguns aspectos, controlada, se medidas corretas forem adotadas, acreditamos que será possível fazer de 2021 um ano de superação.

    Duas medidas são urgentes para superar a fase crítica. São elas: 1 – realizar rapidamente uma campanha nacional de vacinação, mantendo, ao longo do processo, as medidas sanitárias indicadas pela OMS; e 2 – renovar o auxílio emergencial até o controle da pandemia. Não faz sentido abolir esse recurso, uma vez que o vírus ainda ameaça a população. Mais do que isso, o governo precisa aperfeiçoar e ampliar a política de proteção de renda do Bolsa-Família, articulada às demais políticas de proteção social de que o país já dispõe.

    Atravessada essa fase, a Nação brasileira precisa centrar forças no debate sobre a formulação de um projeto nacional de desenvolvimento, com padrão adequado de investimento público e privado, geração de empregos de qualidade, manutenção e ampliação dos direitos sociais e trabalhistas e valorização dos salários.

    Para tanto, consideramos essencial reconhecer o sistema sindical, fortalecendo o poder das negociações coletivas realizadas por entidades altamente representativas e capazes de dar solução ágil aos conflitos e, assim, valorizar os trabalhadores e suas famílias.

    As Centrais compreendem que deverão atuar para a mobilização dos trabalhadores em torno de projetos sociais para avançar em lutas orientadas pela solidariedade, justiça e liberdade.

    Que venha 2021. Vamos à luta!

    Sérgio Nobre, Presidente da CUT;
    Miguel Torres, Presidente da Força Sindical;
    Ricardo Patah, Presidente da UGT;
    Adilson Araújo, Presidente da CTB;
    José Calixto Ramos, Presidente da NCST;
    Antonio Neto, Presidente da CSB.

    Fonte: CTB
    Publicado em 06/01/2021

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  • Aplicação de injeções em farmácia é considerada atividade insalubre

    A Drogasil foi condenada pela 8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho ao pagamento do adicional de insalubridade a um farmacêutico que aplicava cerca de cinco injeções por dia numa das lojas da rede em São Paulo. Segundo a Turma, apesar de o empregado usar luvas, não há registro de que o equipamento de proteção pudesse eliminar os efeitos nocivos do agente insalubre. 

    A empresa havia sido condenada pelo juízo de primeiro grau, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região excluiu da condenação o pagamento do adicional. Para o TRT, não era possível afirmar que o farmacêutico mantivesse contato habitual ou mesmo intermitente com os agentes insalubres, pois não trabalhava em um hospital, mas num estabelecimento comercial. 

    No recurso de revista ao TST, o empregado argumentou que a aplicação de injetáveis e o recolhimento de agulhas e seringas o expunha permanentemente a riscos biológicos existentes na farmácia, ambiente destinado aos cuidados da saúde humana, sobretudo na sala de aplicação.

    A relatora, ministra Dora Maria da Costa, observou que o Anexo XIV da Norma Regulamentadora (NR) 15 do extinto Ministério do Trabalho (atual Secretaria Especial de Previdência e Trabalho), que trata do risco por contato com agentes biológicos, prevê o pagamento do adicional de insalubridade em grau médio para o trabalho e operações em contato permanente com pacientes ou com material infectocontagioso, empreendido em “outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana”.

    Ao interpretar essa norma, o TST firmou o entendimento de que ela se aplica ao empregado que habitualmente aplica injeções em drogarias. Apesar de o TRT ter registrado que o farmacêutico usava equipamentos de proteção individual (EPIs) durante as aplicações, não ficou demonstrado que isso neutralizaria os riscos do contato com os agentes biológicos. A decisão foi unânime. Com informações da assessoria de imprensa do TST.

    Clique aqui para ler a decisão
    RR-1002987-44.2015.5.02.0241

    Fonte: Conjur
    Publicado em 07/01/2021

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  • Brasil atinge a marca de 200 mil mortos por Covid-19. Leia nota da Frente pela Vida

    • 08/01/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    A Frente Pela Vida, da qual a Fenafar e outras entidades fazem parte, divulga nota de pesar e de indiganação pelas 200 mil brasileiras e brasileiros mortos por Covid-19. Leia abaixo na íntegra.

    PELAS 200 MIL BRASILEIRAS E BRASILEIROS MORTOS POR COVID-19

    O Brasil continua a exibir um quadro de enorme tragédia humanitária. Hoje, ultrapassamos 200 mil mortes por Covid-19 em dez meses, uma média de 20 mil mortes por mês. 

    Somos o segundo país com o maior número de mortes em todo o mundo. São quase 10 milhões de pessoas com infecção confirmadas; e a maioria destas, assim como a maioria das mortes, concentram-se entre os mais pobres, que sempre tiveram acesso precário à saúde, à educação, ao saneamento básico e à moradia digna.

    Nossas entidades manifestam o seu mais profundo pesar pelas vidas perdidas, muitas das quais evitáveis e resultado da inação e da irresponsabilidade dos mandatários da nação para o enfrentamento da pandemia. Sentimo-nos entristecidos pelo sofrimento incalculável dos milhões de brasileiras e brasileiros infectados e mortos pela Covid-19 e de seus familiares.

    Estes números da pandemia resultam de escolhas irresponsáveis, anticientíficas e insensíveis, oriundas principalmente do presidente da República. Mais de 50 países já iniciaram a vacinação, enquanto a nossa população continua insegura e sofrendo sem uma resposta firme e transparente de como e quando poderá ser vacinada.

    Continuamos solidários com todas as trabalhadoras e os trabalhadores da saúde e dos serviços essenciais que se mantêm em condições de risco na linha de frente assistindo aos doentes e garantindo o funcionamento da vida cotidiana.

    Voltamos a alertar à sociedade brasileira que ainda persiste a ausência de um plano nacional de enfrentamento desta pandemia, bem como faltam atitudes concretas e responsáveis quanto à vacinação. A imunização é um dever do Estado e direito de todas as brasileiras e os brasileiros. Os efeitos do agravamento da crise sanitária, social e econômica hoje em curso atingirão todos os segmentos de nossa população e, de forma mais grave, as populações vulnerabilizadas. 

    É fundamental que a sociedade brasileira e as instituições democráticas se unam em defesa da vida e se mobilizem não só em solidariedade, como também na exigência de que o governo cumpra seu dever em garantir vacina para todas e todos, imediatamente, com toda a logística e recursos necessários. Precisamos de mais investimentos no SUS, tendo a saúde como direito de todas as pessoas e a manutenção da ajuda financeira emergencial com sua transformação em renda básica universal.

    Frente Pela Vida e entidades signatárias:

    Associação Brasileira de Economia da Saúde – AbrES

    Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela Democracia – ABMMD

    Associação Brasileira de Educação Médica – Abem

    Associação Brasileira de Imprensa – ABI

    Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco

    Associação Brasileira de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora – ABRASTT

    Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais – Abrato

    Associação Brasileira Rede Unida – Rede Unida

    Associação Nacional de Pós-Graduandos – ANPG

    Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – Cebes

    Conselho Nacional de Saúde – CNS

    Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar

    Frente Ampla em Defesa da Saúde dos Trabalhadores

    Instituto Brasilidade 

    Instituto de Direito Sanitário Aplicado – Idisa

    União Brasileira de Mulheres – UBM

    Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública – Asfoc-SN

    Sociedade Brasileira de Bioética – SBB

    Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade – SBMFC

    Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência – SBPC

    Publicado em 07/01/2021

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  • As aranhas usam patas para ouvir? Por Renne Rodrigues e Marselle Nobre de Carvalho

    • 08/01/2021
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
    • Comments are off

    Os farmacêuticos Renne Rodrigues e Marselle Nobre de Carvalho destacam neste artigo a importância da ciência e da pesquisa para o desenvolvimento de medicamentos e como o negacionismo pode trazer graves consequências para a vida das pessoas. Leia abaixo na íntegra.

    Embora cruel, existe uma anedota que ilustra bem algumas situações. Conta a anedota que um menino desbravava o mundo da ciência. Certo dia, guiado pela ideia de que a aranha escuta pelas patas, decidiu fazer uma experiência, arrancando duas patas. O menino colocou-a no chão e disse para a aranha correr. Ela saiu correndo.

    Como as aranhas têm cerca de quatro pares de patas, ele a pegou novamente e arrancou mais duas patas. Colocou-a no chão e mandou correr mais uma vez. Desengonçada, ela tentou fugir. Como sobravam patas, o menino pensou que ela ainda escutava. Então, arrancou as patas restantes, colocou-a no chão novamente e gritou: corre! Desta vez a aranha não correu e o menino concluiu que ela ouve pelas patas.

    A ciência segue um longo caminho, com avanços e retrocessos, até que determinadas respostas possam ser consideradas válidas para a sociedade. O processo é, geralmente, lento e permite a reflexão. Quando se fala em testes de uso de medicamentos são necessários vários estudos com um mínimo de qualidade para que determinado produto ou tratamento seja aprovado. As agências internacionais não aprovam se não for comparado com placebo, placebo-ativo ou mesmo com o tratamento padrão disponível, o chamado grupo controle. 

    Quando não há grupo controle corre-se o risco de o resultado seguir impressões dos autores e não a realidade. Um exemplo: uma amostra de 200 pacientes com gripe (influenza sazonal), com receita de uma maçã cortada em sete pedaços para ser ingerido um pedaço por dia durante sete dias. Ao final, é esperado que ao menos 120 ou 160 pacientes tenham total remissão dos sintomas, que um ou dois sejam internados e nenhum vá à óbito. 

    O que se pode concluir desse experimento? Nada, mas o negacionista pode afirmar que a maçã cura gripe e falar que ela não mata. Na verdade, a gripe é causada por um vírus e tem remissão dos sintomas em cerca de sete dias e agrava-se em determinadas situações. E se esse raciocínio for usado para as terapias contra a Covid-19, que – como a gripe – é causada por um vírus?  

    As evidências devem ser avaliadas à luz da ciência e não a partir da ingenuidade. Qualquer pesquisa que compare tratamentos para a Covid-19 (precoces ou hospitalares) precisa seguir normas éticas de pesquisa com seres humanos, analisada por cientistas da área de conhecimento e publicada por boas revistas científicas. É  importante analisar a produção científica como um todo e não se basear em um único estudo para tomar decisões clínicas. Por exemplo, existem artigos patrocinados pela indústria do tabaco que “indicam” os benefícios de fumar. O que isso quer dizer? Que são estudos falhos, porque existem 10.000 outros que comprovam o contrário. 

    Esse processo é complexo e transferir para a população a responsabilidade de verificar a veracidade da informação científica é inadequado. Por isso, é necessário valorizar, cada vez mais, os relatórios técnicos de instituições comprometidas com a ciência, como Organização Mundial de Saúde, FIOCRUZ e Universidades, com destaque para a UEL, que tem realizado muitas pesquisas sobre o novo coronavírus e a Covid-19. 

    A indicação e o uso de medicamentos para a Covid-19 devem se pautados em boas evidências científicas e estudos clínicos responsáveis. Esse processo deve ser comparado com um grupo adequado, balanceado e homogêneo, para evitar resultado sem valor científico. Que em 2021, consigamos ser um país melhor, mas para isso temos de escolher entre nos pautar pela ciência ou nas aranhas que usam as patas para ouvir.

    *Renne Rodrigues é doutor em Saúde Coletiva (UEL), Marselle Nobre de Carvalho é doutora em Ciências Farmacêuticas (UnB). Ambos são farmacêuticos e professores do Departamento de Saúde Coletiva da UEL.
    Publicado em 08/01/2021

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  • EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DA ATENÇÃO BÁSICA DO RJ

    SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    RUA DA LAPA, 120 SALAS 603/605 – LAPA. RIO DE JANEIRO – RJ – CEP 20021-180

    E-MAIL: [email protected] – WEB: WWW.SINFAERJ.ORG.BR

    ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA COM OS FARMACÊUTICOS DA ATENÇÃO BÁSICA DA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.


    SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – SINFAERJ – CNPJ: 33.652.405/0001-63 – EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA – Por força do Artigo 18 do Estatuto Social do SINFAERJ, convoca os Farmacêuticos que trabalham na atenção básica do Município do RJ em todas organizações sociais e da Empresa Pública  de saúde Rio Saúde vinculados a secretaria Municipal de saúde do Município do Rio de Janeiro para comparecerem de na Assembleia Geral Extraordinária no dia 30 de Dezembro de 2020 às 14:00h em primeira chamada e às 14:30 em segunda e última chamada, por teleconferência, respeitando o Decreto 06/2020, pelo aplicativo Zoom com  link que será disponibilizado pelo SINFAERJ após cadastro. Serão tratados os seguintes assuntos: A) Atraso do 13° salário; B) atraso dos benefícios; C) definição de greve/ paralisação; D) Outros assuntos importantes. Rio de Janeiro, 28 de Dezembro de 2020. Leonardo Légora de Abreu, Presidente em exercício do SINFAERJ.

    Leonardo Légora de Abreu.

    CRF 13010

    Presidente em exercício SINFAERJ

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  • ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA COM OS FARMACÊUTICOS DA ATENÇÃO BÁSICA DA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

    SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – SINFAERJ – CNPJ: 33.652.405/0001-63 – EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA – Por força do Artigo 18 do Estatuto Social do SINFAERJ, convoca os Farmacêuticos que trabalham na atenção básica do município do Rio de Janeiro nas Organizações Sociais e da Empresa Pública Rio Saúde, para comparecerem a Assembleia Geral Extraordinária no dia 16 de Dezembro, às 18:00h em primeira chamada e às 18:30 em segunda e última chamada, a ser realizada virtualmente, respeitando o Decreto 06/2020, pelo aplicativo Zoom com link que será disponibilizado pelo SINFAERJ após cadastro no link abaixo desta convocação. Serão tratados os seguintes assuntos: A) Discussão e deliberação sobre os pagamentos do mês de Novembro e dezembro de 2020 e as parcelas do décimo terceiro salário, B) Situação dos Farmacêuticos que se encontram sem a regularização do contrato e vínculo trabalhista com a empresa CEPP/ Doctor VIP, C) Propostas para o Acordo de Convenções Coletivas de Trabalho para os Farmacêuticos da atenção básica do Município do Rio de Janeiro junto a Empresa Pública Rio Saúde D) Outros assuntos.

    Leonardo Légora de Abreu.
    CRF 13010

    Presidente em exercício SINFAERJ

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  • O Brasil Precisa do SUS – Carta ao Povo Brasileiro

    • 30/11/2020
    • Ewerton Fenafar
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    São mais de 170 mil brasileiras e brasileiros mortos pela pandemia de Covid-19 desde março. No país, a Covid-19 mata mais pessoas negras, pobres e se dissemina rapidamente entre trabalhadores de serviços essenciais e informais, assim como entre populações vulnerabilizadas. A desigualdade social e a desvalorização da vida serviram de terreno fértil para o vírus.

    Leia, divulgue e junte-se a esta campanha – acesse o documento em PDF

    Ações relevantes de enfrentamento, que deveriam ter sido lideradas pelo governo federal, foram sabotadas pelo presidente Jair Bolsonaro. A ausência de coordenação nacional, testes armazenados sem uso e recursos financeiros retidos são alguns exemplos. Essa desorientação propositada tem alimentado as mais altas taxas de mortalidade e letalidade da Covid-19 nas Américas, só comparáveis às dos Estados Unidos, Peru e Chile.

    O presidente da república incentivou aglomerações, desarticulou medidas de proteção de populações vulneráveis, como os povos indígenas. Não existe plano para a futura vacinação, o que gera ansiedade e insegurança na população. Essas aberrações levaram à denúncia do governo Bolsonaro por crime contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional, em Haia, Holanda.

    Diante disto, coube aos governadores, prefeitos e secretarias municipais de saúde atuarem para minimizar a tragédia que a nação vive. O SUS, nosso Sistema Único de Saúde, demonstrou sua importância para o enfrentamento dos desafios impostos pela pandemia.

    O SUS é base essencial para saúde e bem-estar da população. No entanto, precisa de recursos humanos, materiais e financeiros para conter a circulação do novo coronavírus. Precisa de coordenação uniforme, nacional, articulada, e medidas de segurança sanitária. Precisa de orçamento adequado. Os valores para 2021 são menores do que os de 2020 – menos 40 bilhões de reais! Sem orçamento suficiente, não poderá cumprir seu papel de cuidar e salvar vidas. 

    É preciso investir na Atenção Primária, em especial na Estratégia Saúde da Família, na Vigilância em Saúde e nas Redes de Atenção para garantir medidas de prevenção, proteção, monitoramento de casos e seus contatos e assistência pelas equipes de saúde, atuando em suas comunidades. Ciência, tecnologia e inovação em saúde para laboratórios públicos, produção de equipamentos, fármacos, vacinas e material de proteção necessitam de investimento.

    Responsabilidades pelas mortes e doenças evitáveis que ocorreram durante a pandemia devem ser apuradas. Ao mesmo tempo, reconhecer a grandeza do SUS, que salvou a vida de milhões de pessoas e poderá salvar ainda mais com estrutura e financiamento adequados.  A saúde do Brasil precisa do SUS. A economia do Brasil precisa do SUS. O povo brasileiro precisa do SUS forte, público, integral e universal. Defender o SUS é defender a vida. Junte-se a esta campanha. O Brasil Precisa do SUS.

    Fonte: Abrasco
    Publicado em 26/11/2020

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  • CNS aponta que mais de R$ 3 bilhões em verba para a pandemia estão paradas

    • 30/11/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Segundo levantamento feito pela Comissão de Financiamento e Orçamento (Cofin) do Conselho Nacional de Saúde (CNS), o Ministério da Saúde possui R$ 3,4 bilhões desde maio e que ainda não foram utilizados para o combate à pandemia. O valor corresponde a parte do orçamento emergencial destinado ao Ministério da Saúde para ações de enfrentamento à Covid-19 no país.

    Ainda segundo o CNS, R$ 74 milhões já foram perdidos por não terem sido destinados a tempo para nenhuma ação. O não emprego de tais recursos expõe a falta de coordenação e a necessidade de fortalecimento do SUS, com destaque para ações na Atenção Primária, em especial na Estratégia Saúde da Família, na Vigilância em Saúde e nas Redes de Atenção, como destaca o início da a campanha O Brasil precisa do SUS, da Frente pela Vida.

    Leia e compartilhe a Carta ao Povo Brasileiro, da campanha O Brasil precisa do SUS

    Por conta da publicação da matéria abordando a questão no jornal O Globo, o ministro da saúde, Eduardo Pazuello informou em nota que existe ainda a “possibilidade de execução integral dos saldos até o encerramento do exercício financeiro de 2020”. Além dos R$ 3,4 bilhões, o Ministério da Saúde tem outros cerca de R$ 2,2 bilhões não empenhados, ou seja, ainda sem destinação definida, também oriundos de MPs emergenciais. O total, portanto, é de R$ 5,6 bilhões, que corresponde a 12,8% dos créditos extraordinários liberados à pasta para a pandemia: R$ 44,2 bilhões.

    Pazuello afirma ainda que o uso dos recursos ficarão para 2021, em medidas pactuadas com secretários estaduais e municipais de Saúde, na abertura e manutenção de leitos de UTI. Além disso, o ministro também aponta a realização de cirurgias eletivas que foram represadas pela pandemia, e nas ações para fazer a vacinação da Covid-19.

    O Consultor do CNS, Francisco Fúncia, criticou a postura do Ministério e diz não haver justificativas plausíveis para o não investimento dos recurso: “Não é justificável, num cenário de emergência sanitária, em que há a abertura do crédito extraordinário com flexibilização de procedimentos administrativos para facilitar a execução, ficar seis meses sem usar o recurso”.

    Fonte: Abrasco
    Publicado em 30/11/2020

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  • Mediação do MPT: Sinfaerj e Sincofarma – RJ

    Aconteceu a audiência Sinfaerj x sincofarma-RJ para mediação de negociação em 18/11/2020, vale ressaltar que foi marcada após a denúncia feita pelo Vice Presidente Leonardo Légora ao MPT. Estiveram na audiência o Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos, Cristiano Lins, o Vice Presidente Leonardo Légora, o Presidente da Federação nacional dos Farmacêuticos Fenafar Ronald Ferreira e o advogado Dr Alexandre Fagundes, que nos deu assessoria na mediação tendo uma atuação brilhante.

    A mediadora, Drª Lúcia abriu a reunião passando a palavra ao Sinfaerj, Dr Cristiano falou da dificuldade que sempre existiu em negociar com o patronal e que eles retornaram a minuta de negociação negando ao máximo de cláusulas previstas e que os Farmacêuticos precisam ter o pagamento dos feriados, que ele também como profissional sabe o sofrimento no dia a dia e não aceita os 2,9% de aumento oferecido pelo patronal.

    O Dr Ronald Ferreira falou muito bem do cenário nacional e do aumento de lucro das empresas no ano de 2020 tendo citado como fonte a Abrafarma.

    O Dr Leonardo Légora falou sobre a origem da mediação em sua denúncia e da dificuldade em negociar com o patronal que não tem aceitado nenhum ganho real e nenhum benefício social, que há anos isso acontece, defendeu as cláusulas de pagamento dos feriados e falou sobre o pagamento do adicional de Responsabilidade Técnica aos Farmacêuticos que atuam representando a empresa frente ao Conselho de Farmácia, Autoridades sanitárias e do Judiciário.

    Também demonstrou que os Farmacêuticos que atuam na área magistral já recebem o adicional e que essa cláusula estando na CCT não acarreta aumento de custo às Farmácias com manipulação e também defendeu que os colegas que estão na drogaria também precisam ter esse adicional pois exercem a mesma função, combatendo a proposta dos empresários de baixar para 10% que representa uma redução de 40% para os que já recebem.

    Noutro momento, o Vice Presidente Leonardo Légora disse ao representante de médias e pequenas empresas da comissão de negociação do patronal, “não tem essa de se basear por baixo, pois na hora de exigir as obrigações, são iguais” e sugeriu que fossem feitas duas CCTs pois eles alegam que as redes é que lucram muito, que os pequenos não tem condições de pagar Farmacêutico, também foi lembrado que na reunião presencial anterior, o representante das magistrais da comissão de negociação deles disse que as empresas pagavam até mais que considerando o adicional falado na época.

    O Dr Alexandre fez uma explanação ampla lembrando que além das cláusulas já defendidas anteriormente o patronal negou todas novas cláusulas, que há anos essa tem sido a postura deles, lembrou que essa é uma nova diretoria que assumiu ao sindicato após período conturbado de intervenção judicial, que herdaram uma dívida absurda e tudo se encontra paralisado em função deste problema.

    Dr Alexandre lembrou ainda que o patronal bloqueiam a cláusula de contribuição assistencial que insistem em não repassar a nós querendo que o Sinfaerj faça a cobrança, o que é inviável, mesmo o Sinfaerj assumindo toda a responsabilidade jurídica ainda se negam, tal cláusula é feita com outros sindicatos patronais e não vê o motivo que alegam para negar como principal e que essa negativa inviabiliza economicamente a atuação do sindicato em defesa dos Farmacêuticos.

    Pela parte dos empresários, obviamente tentaram inviabilizar tudo, como sempre fizeram, ao fim, a mediadora perguntou ao presidente do sincofarma-RJ se havia a possibilidade de aceitar os 5% de aumento e o mesmo disse que a princípio não, pois a assembleia deles rejeitou e então ficou acertado que faríamos nova proposta após assembleia.

    Informamos que nossa assembleia do varejo Farmacêutico do município do Rio de Janeiro está convocada para dia 26/11/2020 com primeira chamada às 18:30 e segunda chamada às 19h, sendo necessário se cadastrar para receber o link de participação.

    Farmacêuticos, vejam que agora nosso sindicato tem representação aguerrida que luta pela defesa de seus interesses, sigam nossas mídias sociais e se associem. Não fique só, fique sócio.

    Por: Leonardo Légora.

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  • Ações de laboratórios que desenvolvem candidatas a vacina disparam mesmo sem eficácia comprovada

    • 19/11/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Várias empresas do setor registram fortes altas após divulgarem seus avanços à imprensa, mas sem publicar todos os dados necessários. Venda de ações que estavam nas mãos de diretores da Pfizer e Moderna alimenta as dúvidas

    A pandemia mostrou que não é preciso provar a eficácia de uma vacina para aumentar em dezenas de milhões de dólares as cotações dos principais envolvidos. O exemplo mais recente é o daPfizer e o anúncio de que sua vacina contra a covid-19 tem eficácia “superior a 90%”. No mesmo dia, o principal executivo dessa multinacional norte-americana, Albert Bourla, embolsou mais de 30 milhões de reais vendendo ações da empresa que tinha em sua carteira. Em maio, vários executivos da Moderna fizeram operações semelhantes num valor superior a 480 milhões de reais, enquanto a companhia subia com força na Bolsa. Ainda não há certeza de que estas imunizações sejam efetivas.

    Há pouco mais de uma semana, na manhã de segunda-feira, as Bolsas comemoravam com alvoroço o comunicado da Pfizer: o índice espanhol Ibex, por exemplo, registrou sua maior alta em uma década, os operadores estouravam champanhe nos dois lados do Atlântico, e a própria Pfizer subia 8%. A companhia já está fechando contratos milionários para vender sua vacina a vários países, mas o fato é que a única prova pública de sua eficácia é um comunicado de imprensa da própria companhia, que não responde a perguntas fundamentais: a vacina evita a covid-19 grave? Quantos vacinados adoeceram? Essa injeção será capaz de salvar a vida de idosos, os mais ameaçados pelo novo coronavírus?

    O valor de mercado da também norte-americana Moderna disparou em relação ao começo do ano depois que a empresa anunciou bons dados da sua vacina contra o coronavírus através de comunicados de imprensa, meses antes da publicação de estudos científicos detalhados que possam sustentar essas afirmações. Nesta segunda-feira a história se repetiu: euforia nas Bolsas após um anúncio alentador sobre a efetividade de seu projeto (94%), mas também sem um aval científico além do press release da própria companhia. Só agora a Agência Europeia de Medicamentos começará a revisar os primeiros resultados.

    Após um ano e meio de comportamento plano na Bolsa desde sua estreia no pregão, o valor das ações da Moderna agora quase quintuplicou. Tudo ao calor de sua vacina, ainda experimental. Em maio, quando a empresa com sede em Cambridge (Massachusetts) anunciou resultados preliminares positivos da fase 1 de sua imunização, seu valor de mercado subiu 20% em apenas uma jornada. Dois meses depois, quando anunciou que a vacina passaria à última fase de ensaio, a alta semanal foi de 50%, batendo um novo recorde histórico. Seu presidente, seu executivo-chefe e seus diretores técnico e médico aproveitaram a ocasião para se desfazer de boa parte de seus pacotes de ações, com remunerações milionárias.

    Para evitar acusações de uso de informação privilegiada, essas operações precisam ser planejadas com antecedência e evitar qualquer vinculação com um negócio em andamento. Mas casos como o de Bourla na Pfizer levantam suspeitas. Há razões para pensar que não seja assim: um estudo de 2006 analisou 3.000 transações desse tipo e demonstrou que os executivos vendem sempre logo antes de as ações desmoronarem nas Bolsas, ou logo depois de uma alta. Outra análise, das universidades Harvard e Columbia sobre a base de mais de 40.000 movimentações do gênero entre 2004 e 2014, demonstrou que os executivos obtêm lucros acima do normal neste tipo de operação.

    “É inaceitável que o principal diretor de uma empresa ganhe tanto dinheiro no mesmo dia que se faz um anúncio tão vago, sem que saibamos detalhes sobre a eficácia da vacina”, opina Marcos López Hoyos, presidente da Sociedade Espanhola de Imunologia. “Habitualmente um anúncio assim exige muitos mais dados sobre efetividade, isto é inédito. O pior é que estas operações dão combustível aos antivacinas, porque parece que seu desenvolvimento é só negócio, e não ciência, quando não é assim”, acrescenta. No mundo financeiro também há muitas dúvidas. “Estas movimentações mandam uma mensagem contraditória e chocante”, opina Ana Gómez, analista da consultoria Renda 4. “Isto sim me abala: o timing é o pior possível. É preocupante”, acrescenta Enrique Zamácola, diretor de renda variável da Link Securities.

    O EL PAÍS perguntou às direções da Pfizer e da Moderna se consideram que operações desse tipo, embora totalmente legais, são éticas. Ambas se limitaram a responder que os planos de venda de ações são fechados com meses de antecedência e se ajustam às normas dos reguladores. A Moderna, além disso, acrescenta que todos os seus diretores aceitaram não vender mais pacotes de ações desta forma enquanto os ensaios de sua vacina não terminarem e a empresa não apresentar sua solicitação de aprovação. Fontes da Pfizer afirmam que os dados revelados nesta semana correspondem à primeira análise intermediária de resultados feitos por um comitê independente, e que a companhia planeja publicar os dados detalhados do ensaio em uma revista científica com revisão por especialistas independentes.

    Também o laboratório Gilead (EUA) se tornou um dos nomes do ano na imprensa e nos pregões graças ao anúncio do seu polêmico fármaco remdesivir. Mas, nesse caso, as conclusões tiveram menos reflexo na Bolsa: após o aquecimento vivido na primeira metade de 2020, sua ação hoje está inclusive mais barata do que em 1º de janeiro. Os ensaios clínicos mostram que este fármaco não salva vidas de infectados, só reduz o tempo de internação de alguns pacientes. Mas isso não impediu que a empresa fechasse acordos milionários de venda do remdesivir, por exemplo com a União Europeia, onde espera distribuir até meio milhão de doses a cerca de 2.000 euros (12.870 reais) por paciente.

    O acordo foi fechado dias antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar que, segundo seus dados, o remdesivir não salva vidas nem influencia na duração da internação. A empresa questiona a confiabilidade do estudo do organismo e está realizando novos ensaios clínicos para esclarecer efeitos de seu fármaco enquanto planeja aumentar a produção do medicamento, inicialmente desenvolvido sem sucesso para tratar o ebola.

    Uma fonte da companhia informa que “até o momento os dados de maior qualidade publicados avalizam o uso do remdesivir para pacientes com covid-19” e ressalta que esses dados “permitiram que este tenha sido o primeiro fármaco aprovado por mais de 50 autoridades reguladoras em todo o mundo”. No caso dos EUA, essa aprovação é definitiva, mas em muitos outros a autorização é temporária, em condições de emergência. A agência reguladora de medicamentos na UE está revisando os dados para avaliar uma possível autorização total.

    “Pela forma como o processo está se dando, e quero acreditar que numa tentativa de transparência, está-se correndo muito e comunicando-se muito cedo”, opina Gómez, da Renda 4. “Por um lado se dá informação ao mercado com o adendo de que ainda não foi revisado nem publicado em nenhuma revista científica, mas, por outro, isto coincide com que o mercado está ansioso por notícias.”

    “As empresas têm de evitar a todo custo dar passos em falso: [recuos] podem se voltar contra elas por perda de credibilidade. O risco de dano à reputação é enorme: leva anos para construí-la, e é possível pô-la a perder muito rapidamente”, acrescenta Gómez. No passado, completa Zamácola, da Link Securities, “vimos muitíssimos tropeções em empresas biotecnológicas conhecidas ou nem tanto: se os progressos comunicados ao mercado sobre um medicamento acabam por não ser um sucesso, os investidores perdem a confiança”. É, contrapõe por e-mail Evan Seigerman, analista do Credit Suisse especializado na indústria farmacêutica, “algo comum nesse setor que empresas anunciem seus avanços em comunicados de imprensa para depois compartilhar os dados do estudo em conferências médicas ou em revistas revisadas por pares. Não acredito que agir no curso normal dos negócios seja alimentar uma bolha.”

    Pharmamar, o grande sucesso espanhol na Bolsa este ano

    A biotecnológica espanhola Pharmamar trilha um percurso similar aos seus pares de outros países: mais do que dobrou de valor em 2020, embora hoje esteja longe dos máximos de meses atrás, quando chegou a capitalizar mais de dois bilhões de euros. Sua trajetória recente nos pregões, que lhe permitiu entrar no Ibex (o seleto grupo que reúne as 35 empresas mais valorizadas da Espanha), transcorreu em paralelo às notícias sobre seu medicamento Aplidin, divulgado desde março como potencialmente benéfico no tratamento do coronavírus e sobre o qual a Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) acaba de solicitar mais informações, pedindo à companhia galega que esclareça sua eficácia na luta contra a covid-19.

    A companhia ainda não divulgou estudos científicos detalhados sobre a efetividade do fármaco contra a covid-19, como reconhece um porta-voz ouvido por este jornal. A empresa explica também que já respondeu ao pedido de esclarecimentos do órgão regulador e espera detalhar os resultados de seu ensaio clínico “em um congresso ou em uma revista científica em breve”.

    Dúvida sobre a rentabilidade em curto prazo

    Com outros negócios praticamente afundados pelos confinamentos, os laboratórios farmacêuticos – e sobretudo as empresas de biotecnologia – passaram a um primeiríssimo plano como único trampolim possível para tirar o mundo do atoleiro da covid-19. Mas não totalmente: aos movimentos especulativos de curtíssimo prazo com as ações destas empresas se soma que várias delas, como a AstraZeneca, prometeram não fazer negócios com seus fármacos contra a covid-19. O que obteriam, então, em termos puramente financeiros, além de melhorar sua reputação em longo prazo?

    Algumas, como Gilead e Regeneron, sim deixaram entrever sua intenção de engordar seu balanço com seus tratamentos. E, de todas as formas, como recorda Seigerman, do Credit Suisse, nenhuma renunciou explicitamente a ganhar dinheiro “mais adiante, quando já não estivermos nesta fase da pandemia e as vacinas continuarem sendo necessárias”. Inclusive se nos primeiros compassos não conseguirem rentabilidade, em médio prazo o mercado mundial criado pela necessidade de vacinar potencialmente toda a humanidade é enorme: o próprio banco de investimento suíço fala em 10 bilhões de dólares (mais de 54 bilhões de reais) por ano só nos EUA. O negócio está lá, mas muitos dos que hoje anunciam com fanfarra os seus possíveis fármacos não ficarão nem com as migalhas do bolo.

    Pequenos sobem mais

    Há uma regra geral que quase todo o setor cumpre: quanto menores as empresas envolvidas em anúncios desse tipo, maior é o salto na sua cotação ao publicarem avanços em algum tratamento. Com um faturamento pouco superior a 100 milhões de dólares, contra os 52 bilhões da Pfizer, sua companheira de viagem no desenvolvimento da vacina que atrai os olhares de todo o mundo, a alemã BioNTech triplicou seu valor mercantil desde o começo do ano. Em apenas duas jornadas, a de segunda-feira – quando surpreendeu o mundo com a suposta eficácia de sua vacina – e a de terça, disparou 23%.

    Fonte: El País
    Publicado em 17/11/2020

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  • Coronavac tem eficiência contra a covid-19 em 97% dos participantes, mostra estudo

    • 19/11/2020
    • Ewerton Fenafar
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    A Coronavac, vacina contra a covid-19 da farmacêutica chinesa Sinovac, é segura e tem capacidade de produzir anticorpos por 28 dias após sua aplicação em 97% dos pacientes. O dados foram divulgados em artigo revisado por cientistas e publicado na última terça-feira (17), na revista científica Lancet Infectious Diseases. Resultados são relacionados à fase 1 e 2 de testes, e apontam para imunização a partir de 14 dias após a aplicação da vacina.

    A Coronavac, vacina contra a covid-19 da farmacêutica chinesa Sinovac, é segura e tem capacidade de produzir anticorpos por 28 dias após sua aplicação em 97% dos pacientes. O dados foram divulgados em artigo revisado por cientistas e publicado na última terça-feira (17), na revista científica Lancet Infectious Diseases.

    Os resultados ainda não são relacionados com a fase três dos testes. A imunização foi analisada nos ensaios clínicos de fase um e dois, conduzidos na China, nos meses de abril e maio. O estudo diz que a vacina foi testada em 744 voluntários saudáveis de 18 a 59 anos, sem histórico de infecção pela covid-19.

    A vacina Coronavac está em fase três dos testes em diversos países, incluindo o Brasil, onde o imunizante é trabalhado em parceria com o Instituto Butantan. É a primeira publicação oficial relacionada às testagens anteriores. O estudo randomizado, duplo-cego e controlado apresentou bons resultados, com a produção de anticorpos já verificada após 14 dias e o pico de produção aos 28 dias.

    “Em resumo, Coronavac foi bem tolerado e induziu respostas humorais contra SARS-CoV-2, o que apoiou a aprovação do uso de emergência de Coronavac na China e em três estudos de fase 3. A eficácia protetora do Coronavac ainda precisa ser determinada”, diz a análise da revista.

    A publicação afirma que a vacina chinesa induziu à produção de anticorpos neutralizantes, cuja função é justamente impedir a entrada do vírus nas células, sugerindo que a vacina pode ser eficaz em impedir a infecção e não apenas o desenvolvimento da doença. Não foram analisados, porém, os linfócitos T, responsáveis por garantir proteção celular.

    Os testes da Coronavac

    A primeira fase dos testes da Coronavac dividiu os participantes aleatoriamente em dois grupos. Uma parte recebeu a dose mais baixa da vacina e, após sete dias, o restante recebeu a dose mais alta. Em cada grupo foi aplicada uma dose reforço após 14 dias. Na segunda fase, outros 600 participantes foram aleatoriamente separados em três grupos. Nestes, além da divisão de doses maiores e menores, um terceiro grupo recebeu placebo.

    Ainda na primeira fase, após 14 dias da aplicação da vacina nos grupos foi identificada, em metade dos participantes, a presença de anticorpos no sangue, específicos contra o coronavírus. Entretanto, após 28 dias, a taxa de imunização subiu para 83% dos participantes. “Nenhum evento adverso sério relacionado à vacina foi observado dentro de 28 dias após a vacinação”, acrescentou o estudo.

    Entretanto, na fase 2 dos testes, o resultado foi mais positivo. A ‘seroconversão’, ou seja, os anticorpos, foi identificada em 92,4% dos indivíduos que receberam a dose mais baixa, após 14 dias. O grupo que recebeu a dose mais alta teve 98,3% de resposta positiva, no mesmo período 14 dias depois. Os participantes tomaram a segunda dose e a imunização identificada foi de 94,1% nos indivíduos com a dose mais baixa e 99,2% naqueles que receberam a mais potente.

    Os autores do artigo afirmam que, dada a situação de emergência da pandemia, em um intervalo de 14 dias entre as doses já é possível detectar anticorpos no sangue, e essa pode ser uma opção para imunizar mais rapidamente a população.

    Fonte: Rede Brasil Atual
    Publicado em 18/04/2020

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  • Pandemia amplia desigualdade racial no trabalho, aponta Dieese

    O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro (sexta), se aproxima e o cenário não é nada animador. A persistente desigualdade entre negros e brancos no mercado de trabalho ficou ainda mais acentuada durante a pandemia da Covid-19.

    Homens e mulheres negros sentiram, de forma mais grave, os danos do isolamento e da redução do nível de atividade econômica. É o que revela o Boletim Especial do Dieese, baseado em pesquisa do IBGE.

    Os dados mostraram que mais de 6,4 milhões de homens e mulheres negros saíram do mercado de trabalho, entre o 1º e o 2º trimestre de 2020. Ou seja, perderam ou deixaram de procurar emprego por acreditar não ser possível conseguir nova colocação. Entre os brancos, o número de pessoas nessa mesma situação chegou a 2,4 milhões.

    Segundo José Silvestre Prado de Oliveira, diretor do Dieese, os dados revelam uma piora das condições dos negros no mercado de trabalho, seja do ponto de vista da taxa de desemprego, fechamento de postos de trabalho ou em relação à remuneração.

    A desigualdade é ainda maior quando comparada a remuneração da mulher negra com a do homem branco. “No segundo trimestre de 2020, o salário médio do homem branco ficou em torno de R$ 3.450,00. Enquanto da trabalhadora negra foi de R$ 1.575,00, em média”, afirma o diretor do Dieese.

    Silvestre lembra que políticas de cotas ou ações afirmativas, estabelecidas nos governos Lula e Dilma, visavam diminuir essa desigualdade. “Mas infelizmente, no governo atual temos um comportamento odioso em relação à população negra. A escolha de Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares reflete essa postura”. Nas redes sociais, Sérgio minimizou o racismo no País.

    Para Mônica Custódio, secretária de Promoção da Igualdade Racial da CTB, o movimento sindical deve atuar pra combater esse problema histórico. “A pandemia só piorou um problema existente. E as Centrais têm o poder de trazer para a pauta sindical essa conscientização, que vai além da questão econômica. Só através do combate ao racismo conseguimos mudar essa desigualdade cada vez mais presente em nosso País”, completa.

    Dieese – Clique aqui e baixe o Boletim da Desigualdade.

    Fonte: Agência Sindical
    Publicado em 18/11/2020

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  • Ato Público: CNS e outras instituições cobram instalação de comissão no Congresso que definirá orçamento para 2021

    • 19/11/2020
    • Ewerton Fenafar
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    O Conselho Nacional de Saúde (CNS) participou, nesta terça-feira (17/11), de um ato público virtual para pressionar parlamentares a instalarem a Comissão Mista de Orçamento (CMO), composta por deputados e senadores. Esta comissão é uma das mais importantes do Legislativo, responsável por analisar os projetos da Lei Orçamentária Anual (LOA) e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que estabelece os parâmetros do orçamento para 2021.

    A formação da CMO tem sido sucessivamente adiada por falta de acordo entre as lideranças do Congresso para a distribuição de vagas e presidência da Comissão. O atraso e a indefinição prejudicam a participação social e a integridade dos serviços públicos em 2021.

    O ato foi realizado pela Coalizão Direitos Valem Mais, uma articulação que reúne mais de duzentas redes, plataformas, fóruns, conselhos nacionais de direitos, instituições acadêmicas, associações de gestores e entidades empresariais. Na ocasião, foi lançado um manifesto público pela instalação urgente do processo orçamentário do ano que vem, com condições adequadas para a participação da sociedade civil.

    “O atraso e a indefinição decorrentes de disputas internas do Congresso vêm gerando prejuízos à participação social e podem comprometer a manutenção dos serviços públicos em 2021. A não instalação do processo orçamentário até o momento poderá abrir espaço para adoção de medidas autoritárias e aligeiradas de aprovação do Orçamento no Congresso, em um contexto marcado por gravíssima crise sanitária associada à crise econômica”, consta no documento.

    Para o presidente do CNS, Fernando Pigatto, a demora para formação da Comissão pode agravar ainda mais a crise sanitária que o Brasil enfrenta, causada pela pandemia da Covid-19. “Esta é uma ação que precisamos intensificar para garantir recursos para o SUS, porque é o SUS que tem salvado vidas nesta pandemia. Já lançamos uma petição pública pela manutenção do piso emergencial para a Saúde em 2021, de mais de R$ 35 bilhões. É urgente que este cronograma de orçamento do ano que vem seja apresentado à sociedade”, afirma.

    Pressão popular

    O ato público “Brasil na pandemia: por um orçamento que proteja a população e o meio ambiente” teve a participação de diversas representações sociais das áreas de Assistência Social, Saúde, Educação, Segurança Alimentar, Meio Ambiente, Direitos das Mulheres, Igualdade Racial, Direitos Indígenas, Infância e Adolescência, Ciência e Tecnologia, entre outros.

    “Nesse momento, este ato político demarca nossa posição para um orçamento que possa dar conta dos enfrentamentos que esta pandemia está nos convocando a todos”, afirma Jolúzia Batista, que compõe a coordenação colegiada da Plataforma Dhesca.

    “A instalação dessa comissão é garantia de vida, porque não podemos compreender o direito dos povos indígenas sem imaginar que isso dependa do orçamento. Há uma diminuição enorme de recursos que deixam nossas comunidades em uma situação muito delicada. Não ter ainda uma comissão instalada para discutir orçamento é chegar à beira do caos”, avalia Kâhu Pataxó, representante do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).

    Apoio no parlamento

    Parlamentares alinhados às propostas defendidas pela Coalizão Direitos Valem Mais também participaram do ato político, entre eles Afonso Florêncio, Nilto Tatto, Talíria Pertone, Jandira Feghali, Glauber Braga, Maria do Rosário e Padre João.

    “Vivemos um momento que se consolida a ideia de avanço nas reformas neoliberais, que aumentarão ainda mais o desemprego, a concentração de renda e a miséria. Para enfrentar essa realidade, precisamos de recursos nas áreas sociais e é isso o que está em disputa. O fato de não colocar em funcionamento a CMO, que é a base para se fazer essa disputa, talvez seja a luta principal neste momento”, avalia o deputado Nilto Tatto.

    “Vou pressionar também para que se instale essa comissão. Espero que a gente consiga democratizar o debate econômico e apresentar saídas que tirem o Brasil de um cenário de país continental mas com profunda desigualdade social, que infelizmente se expressam também na desigualdade racial e de gênero”, afirma a deputada Talíria Petrone.

    A CMO é composta por 42 parlamentares titulares, sendo 31 deputados e 11 senadores. O cálculo para preenchimento das vagas, por bloco e partido, considera dados de fevereiro de 2019, que estão sendo questionados agora.

    Conheça o manifesto

    Confira o ato público Brasil na pandemia: por um orçamento que proteja a população e o meio ambiente

    Fonte: SUSConecta
    Publicado em 19/11/2020

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  • EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA PARA OS FARMACÊUTICOS DO VAREJO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

    O Presidente do SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – SINFAERJ – CNPJ: 33.652.405/0001-63, no uso de suas atribuições estatutárias, convoca todos os farmacêuticos trabalhadores do VAREJO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO para Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 26 de NOVEMBRO de 2020, às 18h30minh em primeira chamada e às 19h em segunda e última chamada, por meio virtual, conforme Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, o qual reconheceu o estado de calamidade pública em razão da pandemia pelo vírus denominado COVID-19, Lei nº 13.979, de fevereiro de 2020, dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Corona vírus responsável pelo surto de 2020. A presente assembleia se dará pela plataforma meet google, com link a ser disponibilizado a todos mediante pré inscrição no site do Sinfaerj. Assembleia para tratar da seguinte ordem do dia: A) Leitura, Discussão e Votação da Convenção Coletiva de Trabalho 2019/2020 frente ao resultado da mediação com MPT ocorrida em 18/11/2020; B) Leitura, Discussão e Votação da Convenção Coletiva de Trabalho campanha 2020/2021; C) Outros assuntos de interesse da categoria. O Edital estará disponível no site www.sinfaerj.org.br.

    Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2020

    Cristiano Lins de Oliveira – Presidente do Sinfaerj


    “faça sua inscrição aqui”

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  • Denúncia ao ministério público do trabalho deu origem a uma mediação com SINCOFARMA RJ que se nega negociar com SINFAERJ

    • 11/11/2020
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    Dr Leonardo Légora, atual Vice-presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro, indignado com a covardia que farmacêuticas/os do Varejo estão enfrentando, não se deixou abater com a crise financeira do SINFAERJ advogado com salários atrasados, deu sua cara a tapa fazendo denúncia em seu próprio nome ao MPT.

    Parte da notificação:

    Visando à instrução do procedimento acima referido, instaurado em face de SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO (SINCOFARMA), NOTIFICO Vossa Senhoria, com fundamento no art. 8º, VII, da Lei Complementar nº 75/1993, para audiência administrativa por VIDEOCONFERÊNCIA a se realizar no dia 18/11/2020, às 10h.

    Classe Farmacêutica do Rio de Janeiro!

    A diretoria do SINFAERJ precisa da força de cada profissional nessa luta.

    Seja sócio/a do sindicato!

    Sócio/a, não deixe de pagar sua anuidade!

    Fale conosco: [email protected] #sinfaerj #sinfaerjnaluta #fenafar #ctbrj #crfrj #farmaceuticosrj #farmacêuticosrj

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  • Aprovada Folga Dupla aos Farmacêuticos dos Hospitais Filantrópicos, Santas Casa e OSS

    Em assembleia virtual realizada nessa quarta-feira, 28.10, os farmacêuticos de hospitais aprovaram proposta do Sindhosfil São Paulo e Sindhosfil Presidente Prudente. Esse é um direito reivindicado pelo SINFAR-SP há anos.

    Após a primeira proposta do patronal de 1% de reajuste ser rechaçada pelo Sinfar-SP, os sindicatos dos trabalhadores de saúde fortaleceram a campanha coletivamente realizando uma frente ampla de negociação. 

    Dessa forma, o Sindhosfil, que representa os farmacêuticos dos hospitais filantrópicos, Santas Casa e OSS, ofereceu reajuste anual baseado no índice da inflação do INPC, de +2,94%, como também as demais entidades patronais. Como o Sindihosfil atual por regiões, apenas o da Capital e de Presidente Prudente se pronunciaram.

    SINDHOSFIL SP: +2,94% (em duas parcelas – setembro-retroativo e dezembro)
    SINDHOSFIL Presidente Prudente: + 2,94% ( à vista)

    Além do reajuste, Após mais de 5 anos sendo reivindicado pelo SINFAR-SP, o Sindhosfil  ncluiu na proposta a folga dupla por mês para os farmacêuticos que atuam na jornada 12×36, o que representa uma conquista importante já que impacta diretamente na qualidade de vida do trabalhador e há tempos era pleiteado.

    A proposta do Sindhosfil foi aprovada em uma Assembleia Virtual pela maioria dos votos da audiência pelos comentários. 

    Fonte: Sinfar_SP
    Publicado em 09/11/2020

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  • Os planos de Biden para a Saúde

    • 10/11/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou postura oposta à de Trump para o enfrentamento à covid: ampla testagem da população e uma rede de 100 mil pessoas para rastreamento da doença. Há dificuldades à frente, mas mudança de agenda é notável — e deixará Bolsonaro a descoberto.

    Durante seu discurso de vitória, Biden anunciou que pretende lidar desde já com a pandemia. A dúvida é qual será o estrago até a posse, que acontece no dia 20 de janeiro. Nos últimos quatro dias, os Estados Unidos vêm registrando números inauditos nessa crise sanitária, com mais de cem mil diagnósticos diários. Por lá, já são quase dez milhões de casos e 240 mil mortes. E a situação deve recrudescer ao longo das próximas dez semanas.

    De qualquer forma, o democrata deve nomear hoje cientistas e especialistas que farão parte de uma força-tarefa sobre covid-19 que trabalhará durante a transição. De acordo com o STAT, o painel será composto por gente que já estava participando da campanha, como David Kessler, diretor do FDA entre 1990 e 1997, e pessoas ligadas à administração Obama. O objetivo do grupo será traçar um plano de ação para ser implementado depois da posse.

    Algumas coisas desse plano já estão definidas – e são audaciosas, seja pelo alcance, seja pelo desafio político num país tão federalista quanto os EUA. Biden exigirá o uso de máscaras em todas as instalações federais e em todos os transportes interestaduais, o que é mole e só depende de uma canetada. Mas ele também quer influenciar os governadores a tornarem obrigatório o uso da proteção, algo bem mais difícil.

    No campo das grandes promessas, está a criação de uma rede nacional de rastreamento de contatos que contará com “pelo menos” cem mil colaboradores. Biden também prometeu oferecer diagnóstico grátis à população, estabelecendo, no mínimo, dez centros de testagem em cada estado.

    Dar um jeito no abastecimento de insumos necessários ao enfrentamento do coronavírus parece ser mesmo uma intenção do democrata, que deve lançar mão da Lei de Produção de Defesa. Sancionada na época da Guerra da Coréia, a lei permite que o presidente ordene a fabricação de determinados produtos. A norma foi invocada por Trump em março, mas a avaliação geral é de que o presidente não fez uso dela para valer. 

    No médio prazo, Biden promete expandir o acesso a esquemas de seguro de saúde subsidiados pelo Estado. O Affordable Care Act, mais conhecido como Obamacare, foi criado para ampliar o rol de cobertura aos mais pobres – e tem como desafio justamente a adoção de critérios menos restritos, já que muitas pessoas vulneráveis não têm direito a requisitar sua entrada no programa hoje. A iniciativa foi atacada durante todo o governo Trump, e a posição do presidente certamente impulsionou a resistência entre os estados. Em 2018, 20 deles – liderados pelo Texas – moveram uma ação na Suprema Corte visando anular trechos essenciais da lei federal. A ação ficou conhecida como “Califórnia versus Texas” porque o governo Trump simplesmente não defendeu a constitucionalidade da lei, que teve de ser socorrida pela Califórnia. A ação volta a ser julgada agora em novembro, e a maioria conservadora na Corte pode criar complicações nessa seara. 

    A ação também é simbólica do que um presidente não pode fazer nos EUA, e já há declarações de procuradores estaduais no sentido de barrar novas investidas federais na ampliação da cobertura de saúde.

    Biden também sinalizou que vai atuar no setor privado propriamente, para evitar que “milhões de americanos que sofrem os efeitos colaterais de longo prazo da covid não enfrentem prêmios mais altos ou negação de seguro saúde devido a esta nova condição pré-existente”. 

    No cenário internacional, os democratas querem fortalecer estratégias de vigilância em saúde propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para monitorar riscos de novas pandemias. O diretor-geral da Organização, Tedros Adhanom, tuitou um parabéns a Biden e sua vice, Kamala Harris, com direito a ponto de exclamação. Não é para menos, já que a administração Trump anunciou uma saída teatral da OMS.

    Fonte: OutrasPalavras
    Publicado em 09/11/2020

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  • Vacina contra Covid-19: dinheiro, dúvidas e incertezas

    • 09/11/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Sob a lógica neoliberal, muitos observadores temem que a vacina se converta em um negócio financeiro para as grandes farmacêuticas. Leia no artigo do jornalista uruguaio, Eduardo Camin*.

    O horizonte do tempo atrai, mas também ameaça. Somente onde há uma ameaça futura surge a aspiração ao poder; pois isto há de assegurar o futuro. Parte de tudo isso sucede particularmente com a pandemia da Covid-19 e a criação da vacina. A realidade histórica em que atua a preocupação põe em evidência nossas próprias contradições.

    Às margens do lago Léman, a cidade de Genebra perpetua sua discrição: assim está desenhada, para poder falar muito e dizer pouco, uma dialética determinada por sua retórica onusiana. Desta forma, diferentes organismos internacionais oferecem seus encontros virtuais nos quais nos dão a conhecer, em doses homeopáticas, os avanços e consequências da vacina contra a Covid-19.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS), cuja Assembleia Anual se realizou de forma virtual nos dias 18 e 19 de maio de 2020, já havia declarado que a futura vacina contra esta pandemia deveria ser um “bem público mundial”, como resposta à iniciativa de uma dúzia de países.

    No dia 4 de junho de 2020, o secretário geral da ONU, António Guterres, também reafirmou, na inauguração da Cimeira Virtual da Aliança Global para Vacinas e Imunização (Gavi) que reuniu mais de 50 países e mais de 35 chefes de Estado e Governo, que a futura vacina contra a Covid-19 deve ser “uma vacina para os povos”, acessível a todos. Na cimeira, os doadores, públicos e privados, prometeram dedicar cerca de 8 bilhões de euros (US$ 9 bilhões) para intensificar a vacinação contra as principais enfermidades. Esta opinião é compartilhada por diversos especialistas em saúde.

    O microbiologista belga Peter Piot, nomeado assessor pela Comissão Europeia na investigação do combate contra a Covid-19, insistiu, em uma entrevista ao jornal Le Monde, na importância do “acesso equitativo” à vacina e criticou o “nacionalismo vacinal” do presidente dos EUA, Donald Trump.

    Conforme anunciado pelo presidente Donald Trump, os EUA, em 7 de julho, se retiraram da OMS, desferindo um duro golpe a esta instituição internacional e privando-a de cerca de 20% do seu orçamento. Trump adotou, assim, uma posição unilateral e uma concepção mercantil da saúde, embora não seja a primeira vez que EUA retire o financiamento a OMS: já haviam feito em 1985, sob o mandato de Ronald Reagan.

    Além do debate ideológico – No entanto, a tarefa manifesta das Nações Unidas e da OMS na defesa do valor universal do conhecimento científico é dificultada por uma certa oposição, encabeçada por algumas entidades liberais estadunidenses como a ultraconservadora Heritage Foundation e, de certa forma, a própria Organização Mundial do Comércio (OMC).

    Esta última sustenta que os conhecimentos científicos são objetos comercializáveis em virtude dos acordos sobre os direitos de propriedade intelectual relacionados com o comércio (TRIPs), adotados em 1994 pela OMC. A finalidade declarada da proteção à propriedade intelectual é estimular a inovação. Em virtude do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPs), todos os Estados Membros da OMC devem promulgar leis nacionais que garantam um nível mínimo de proteção da propriedade intelectual em um determinado prazo.

    Os críticos do acordo temem que essas medidas sejam incompatíveis com o objetivo de garantir o acesso dos países em desenvolvimento aos medicamentos. Tempos atrás, em uma reunião convocada pela OMS sobre os direitos de propriedade intelectual e as vacinas em países em desenvolvimento, foi evidenciado que não havia nenhum indício de que o Acordo TRIPs tivesse estimulado a inovação no desenvolvimento de vacinas para o mercado de países em desenvolvimento (um mercado débil).

    Muito menos de que a proteção dos direitos de propriedade intelectual tenha tido efeitos negativos no acesso às vacinas. No entanto, o acesso a futuras vacinas no mundo em desenvolvimento poderia ser ameaçado pelo cumprimento do Acordo TRIPs.

    Para fazer frente a essas ameaças, todos os países deveriam observar as disposições na Declaração de Doha relativas ao Acordo TRIPs, assim como os mecanismos de proteção garantidos pelo mesmo, monitorar os elementos TRIPs-plus dos acordos de livre comércio, desenvolver marcos para a concessão de licenças e transferência de tecnologia, e promover o desenvolvimento de vacinas inovadoras nos países em desenvolvimento.

    O papel das organizações internacionais, no que tange a definição das práticas mais adequadas, a difusão de informação e o monitoramento do impacto do TRIPs, será crucial para garantir um bom acesso a novas vacinas prioritárias para o mundo em desenvolvimento.

    Em recente reunião do Conselho para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio da OMC, nos dias 15 e 16 de outubro de 2020, cerca de 40 membros iniciaram um debate substantivo sobre uma proposta apresentada pela Índia e África do Sul para uma isenção temporária de determinadas obrigações no TRIPs, que segundo eles facilitariam uma resposta adequada à Covid-19. A proposta sugere uma isenção para todos os membros da OMC sobre a aplicação de determinadas disposições do Acordo TRIPs em relação à “prevenção, contenção ou tratamento” da Covid-19.

    Os proponentes argumentaram que isto evitaria barreiras ao acesso oportuno a produtos médicos acessíveis, incluindo vacinas e medicamentos, ou a ampliação da pesquisa, o desenvolvimento, a fabricação e o fornecimento de produtos médicos essenciais. Na realidade, como resultado desta abordagem mercantil, o número de patentes sobre descobertas científicas e tecnológicas aumentou exponencialmente nos últimos 30 anos, dando lugar a um aumento da mercantilização do conhecimento e restrições na transferência de tecnologia e conhecimento.

    Uma vacina sob suspeita – A escala e o impacto da pandemia não têm precedentes e requerem o rápido estabelecimento de uma produção e um fornecimento diversificados, suficientes e coordenados a nível mundial para qualquer tratamento ou vacina que saia das companhias farmacêuticas.Porém, confiar em uma só empresa apenas dará lugar a mais tragédias e comprometerá o controle da pandemia.

    A qualquer momento, o tratamento ou vacina pode se converter em um recurso escasso, e os países ricos poderiam estocar qualquer recurso disponível, deixando os países com capacidade limitada de mãos vazias.No entanto, apesar da boa vontade de alguns laboratórios, a relutância das empresas privadas continua forte. A Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA) está tentando conter a iniciativa mundial do Acelerador ACT, lançada sob os auspícios da OMS.

    O fato é preocupante. Muitos observadores temem que a vacina se converta em um negócio financeiro para as grandes farmacêuticas, e que esteja disponível apenas para os ricos. Afinal, o público pagará duas vezes: no momento de subsidiar a vacina e no momento de adquiri-la.

    Hoje, é crucial o papel dos organismos das Nações Unidas, como a Unesco, a OMS e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo), para garantir – com esforço – que o conhecimento científico seja considerado um bem público mundial, para deter a privatização desenfreada do conhecimento. A vulnerabilidade e o maior benefício para a saúde a médio prazo são dois critérios que podem orientar a identificar os que primeiro devem ser imunizados.

    Perante o ruído, a confusão e as expectativas geradas pela informação contínua sobre as novidades neste terreno, alguns especialistas apelam à “intervenção dos poderes públicos para avaliar a qualidade dos estudos e comunicar as evidências comprovadas dos tratamentos, tecnologias ou intervenções”. Estes especialistas consideram “quase imprescindível” reforçar a agilidade na elaboração e publicação de relatórios baseados em estudos que transmitam informações verídicas, verificadas e contrastadas a todos os profissionais.

    No globalismo atual, convergem a politização e o economicismo, que em resumo são duas reduções na percepção do todo. No prisma visual da política neoliberal, a pandemia se agrava até se converter em mero objeto de cálculo de poder ou de impotência; enquanto salvam dinheiro… perdemos vidas.

    Fonte: Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (Clae) | Tradução: Leonardo Igor para a Revista Opera, com revisão de Rebeca Ávila

    *Eduardo Camin – Jornalista uruguaio credenciado na  ONU-Genebra. Analista associado ao Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (CLAE, www.estrategia.la)

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  • Saúde do trabalhador: Especialista chama a atenção para a importância das CIPAs nesse período de pandemia

    A Doutoranda em Psicologia Social pela UFMG, Georgina Maria Véras Motta, defende uma maior participação dos sindicatos na elaboração dos protocolos de segurança das empresas. Segundo ela, também é preciso valorizar as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs), uma vez que os casos de depressão e estresse no trabalho aumentaram após o surgimento do novo coronavírus.

    “Nós sabemos que, sozinho, o trabalhador não tem condições de cobrar das empresas. Por isso, os sindicatos precisam estar atentos a essas questões, principalmente agora devido a pandemia do Covid-19”, afirma ela.

    A especialista ressalta que todos os trabalhadores estão expostos ao sofrimento mental. “Seja trabalhando em casa ou fora, todos sofrem com o isolamento social ou com o risco de contrair o vírus”, lembra ela.

    De fato, um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) revelou que os casos de depressão aumentaram 90% nesse período de pandemia. Crises de ansiedade e estresse agudo também aumentaram este ano.

    Segundo a especialista, outro problema que contribui para o adoecimento do trabalhador são as condições ruins de trabalho, a falta de equipamentos de segurança (EPIs) e o cansaço.

    Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que 45% dos trabalhadores que estão na modalidade de trabalho remoto estão trabalhando mais, porém sem receber horas extras. Segundo o órgão, o número de pessoas que trabalham em casa saltou de 3,8 milhões, em 2018, para 8,8 milhões este ano.

    Diante deste quadro de piora da saúde do trabalhador, Georgina Motta chama a atenção para a importância do SUS. “Precisamos lutar para preservar o SUS que, nesse momento, é atacado pelo governo com o corte de investimentos e ameaça de privatização. Graças ao SUS, estamos conseguindo atravessar esse período de pandemia. Sem ele, seria muito pior”, afirma ela.

    Dicas de saúde

    • Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar;

    • Investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, entre outros mecanismos que auxiliem a situar o pensamento no momento presente, bem como estimular a retomada de experiências e habilidades usadas em tempos difíceis do passado para gerenciar emoções durante a epidemia);

    • Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento a suas necessidades básicas, garanta pausas sistemáticas durante o trabalho (se possível em um local calmo e relaxante) e entre os turnos. Evite o isolamento junto a sua rede socioafetiva, mantendo contato, mesmo que virtual;

    • Manter ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas;

    • Evitar o uso do tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções; Buscar um profissional de saúde quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional.

    Publicado em 06/11/2020
    Fonte: CTB

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  • CNS realizará ato político em defesa da vida durante 14º Congresso Rede Unida neste sábado, 31/10

    • 05/11/2020
    • Ewerton Fenafar
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    O Conselho Nacional de Saúde (CNS) vai realizar um ato político neste sábado (31/10), às 18h, durante o 14º Congresso Internacional da Rede Unida (Ciru). A atividade virtual será um espaço de denúncia aos ataques à democracia e aos direitos conquistados pelo povo brasileiro, em defesa da vida e do Sistema Único de Saúde (SUS) como patrimônio nacional.

    Com transmissão ao vivo pelo Youtube, o ato vai reunir organizações, coletivos, entidades, movimentos, parlamentares, acadêmicos, atores sociais comprometidos com a justiça social e a saúde pública, representantes da população negra, quilombola, povos do terreiro e indígenas. Já são mais de quarenta presenças confirmadas, entre elas dos ex-ministros da Saúde Alexandre Padilha e Arthur Chioro.

    O “Ato em defesa da vida: o SUS merece mais em 2021” dialoga com todas as ações que estão sendo realizadas no congresso internacional promovido pela Rede Unida, de 28 de outubro a 1º de novembro. O 14º Ciru ocorre a cada dois anos e tem uma programação diversificada com atividades científicas, culturais e fóruns internacionais. Neste ano, o fórum temático sobre Covid-19 considera a oportunidade de intercâmbio de experiências entre diferentes territórios, no Brasil e em diversos países de quatro continentes.

    O Congresso conta com 5 mil inscritos debatendo “Saúde é Vida em Resistência: traçando caminhos com o SUS”, em ano da pandemia, que infectou em 10 meses 5,4 milhões e, até 29 de outubro, ceifou a vida de 157.451 mil brasileiras e brasileiros. Entre estes, trabalhadores da saúde que perderam a vida por infecção contraída no trabalho.

    “Aqui no Brasil, vidas poderiam ter sido preservadas se não fosse a falta de coordenação do governo federal na condução do combate à pandemia e seu negacionismo, que contribuiu para o crescimento da circulação do vírus e o grande número de casos confirmados e mortes”, afirmou a conselheira nacional de saúde Francisca Valda, que coordena a Comissão Intersetorial de Recursos Humanos e Relações de Trabalho (Cirhrt) do CNS. “O CNS e a Rede Unida organizaram este espaço para debater esta trágica realidade e propor correção de rumos com ações em defesa da vida e do SUS”.

    Saiba mais:
    O que? Ato em defesa da vida: o SUS merece mais em 2021
    Quando: Sábado, às 18h
    Onde: Transmissão ao vivo pelo Youtube da Rede Unida

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  • Bolsonaro e Guedes querem acabar com o SUS

    • 05/11/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Além de ser um desastre no combate à pandemia do coronavírus e não frear as queimadas e o desmatamento na Amazônia e no Pantanal, o presidente Jair Bolsonaro e o seu ministro da Economia Paulo Guedes fazem de tudo para atrapalhar o que está dando certo e impedindo uma situação mais catastrófica da Covid-19.

    Na noite desta segunda-feira (26) ultrapassaram todos os limites do bom senso e editaram o Decreto 10.530, que abre caminho para entregar à iniciativa privada as unidades básicas de saúde ao criar a política de fomento ao setor de atenção primária à saúde no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República.

    “Esse desgoverno veio para destruir tudo de bom que foi construído há anos neste país”, diz Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Todo mundo está vendo a importância do SUS (Sistema Único de Saúde) no combate ao coronavírus. Sem o SUS, certamente as mortes seriam em número muito maior. Precisamos dar um basta definitivo nesse desgoverno antes que acabe com o país de vez”.

    O decreto presidencial foi publicado no Diário Oficial da União nesta terça-feira (27). A reação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e de todos os setores democráticos da sociedade foi imediata.

    “Nós, do Conselho Nacional de Saúde, não aceitaremos a arbitrariedade do presidente da República, que no dia 26 editou um decreto publicado no dia 27, com a intenção de privatizar as unidades básicas de saúde em todo o Brasil. Nossa Câmara Técnica de Atenção Básica vai fazer uma avaliação mais aprofundada e tomar as medidas cabíveis em um momento em que precisamos fortalecer o SUS, que tem salvado vidas. Estamos nos posicionando perante toda a sociedade brasileira como sempre nos posicionamos contra qualquer tipo de privatização, de retirada de direitos e de fragilização do SUS. Continuaremos defendendo a vida, defendendo o SUS, defendendo a democracia”, afirma nota do CNS divulgada nesta terça-feira.

    A situação se assemelha à denúncia feita pela ONG Repórter Brasil no sábado (24). Os planos de saúde foram responsáveis por apenas 618 mil exames sobre Covid-19 entre 1º de março e 31 de julho deste ano, ou seja, 7,4% dos 8,3 milhões realizados no país mesmo período. “Justamente porque as empresas de saúde, como qualquer empresa do setor privado, visam lucros e não dão a mínima para a vida das pessoas”, argumenta Elgiane Lago, secretária de Saúde licenciada da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

    Além disso, durante a pandemia o lucro líquido dos planos de saúde passou de R$ 2 bilhões no primeiro trimestre de 2020 para R$ 9 bilhões no trimestre seguinte. “Estão faturando alto com a desgraça de milhares de pessoas e o desgoverno Bolsonaro quer colocar a nossa saúde nas mãos dessa gente”, critica Elgiane. Ela destaca que apenas 22% (47 milhões de pessoas) da população brasileira possuem plano de saúde.

    Isso significa que mais de 160 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS para ter atendimento médico hospitalar. “Entregar o maior sistema universal de saúde do mundo para a iniciativa privada”, portanto, “significa acabar dom a possibilidade de atendimento médico para a maioria absoluta da população, principalmente para quem vive distante dos grandes centros”, argumenta Francisca.

    Vários deputados fazem Projetos de Decreto Legislativo (PDL) para extinguir esse decreto presidencial. “Bolsonaro repete a estratégia utilizada para privatizar a Petrobras sem autorização do Congresso e começa a destruir o SUS passando para a iniciativa privada as unidades básicas de saúde”, assinala Elgiane. “É o projeto neoliberal em marcha que visa passar o dinheiro público para as mãos dos empresários e a população que se lixe”.

    Para Francisca, “Bolsonaro destrói a Amazônia, o Pantanal, a Petrobras, a ciência, a educação pública e avança sobre o SUS. Bolsonaro destrói o país”, mas “a nossa resistência será contundente e permanente até o país ter novamente um governo a favor do Brasil e dos brasileiros”.

    Fonte: CTB
    Publicado em 28/10/2020

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  • Congresso Brasileiro de Toxicologia Clínica

    • 05/11/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    O VI CBTC 2020 é um evento de caráter técnico-científico destinado a acadêmicos e profissionais que têm relação com a área de Toxicologia. O evento tem como objetivo disseminar o conhecimento sobre essa área para o maior número de pessoas possível, incluindo principalmente aquelas que estão distantes dos grandes centros do País e que enfrentam dificuldades para estar em eventos presencialmente.

    O VI CBTC 2020 será realizado no período de 25 a 27/11/2020 e contará com grandes nomes da área.

    INSCRIÇÕES

    Período de inscrição: de 16 de outubro a 23 de novembro de 2020 – https://congresse.me/eventos/vicbtc2020/produtos

    Observações:

    Os sócios da ABRACIT e SBTox deverão enviar o documento comprobatório de quitação para o e-mail [email protected]

    Para inscrições nas categorias “Estudante” (graduação e pós-graduação), deverá ser anexada (através de upload) a cópia digital do documento comprobatório de escolaridade (comprovante de matrícula).

    Pagamento por empenho (somente para instituições públicas)

    A inscrição com pagamento por empenho terá, em todos os casos, o mesmo custo da inscrição da categoria não-sócio, independentemente da situação da pessoa inscrita.  Ao terminar de preencher os dados para inscrição, será gerado apenas o comprovante de inscrição, que deverá ser entregue à instituição pagadora para ser incorporado ao processo de empenho.

    A instituição pagadora deverá encaminhar uma cópia digitalizada da nota de empenho para o e-mail [email protected]

    Importante: para a concretização da inscrição será obrigatório o envio de cópia do empenho, sem o qual a inscrição não será confirmada. A inscrição será confirmada após 48h do recebimento da cópia da nota de empenho. A ABRACIT não dispõe de nota fiscal, ficando a cargo da organização apenas a emissão do recibo com todos os dados da entidade e do evento.

    Dados para pagamento das inscrições via empenho:

    Banco do Brasil – 001
    Agência: 1453-2
    Conta corrente: 62788-7
    CNPJ: 04.930.267/0001-39
    Nome: Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica e Toxicologistas Clínicos – ABRACIT

    Para saber mais sobre o Congresso:

    www.congresse.me/eventos/vicbtc2020  

    Inscrições:  de 15 de outubro a 23 de novembro de 2020:

    https://congresse.me/eventos/vicbtc2020/produtos

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  • Jornada de trabalho aumenta com home office

    As pessoas estão sentindo na pele (e na cabeça) as dificuldades de permanecerem tanto tempo em trabalho remoto em um ano pressionado pelas incertezas trazidas pela pandemia. Para algumas, o home office completou sete meses – e sem previsão de retorno ao trabalho presencial. Pesquisa realizada pela Oracle e Workplace Intelligence com 12 mil funcionários de 11 países mostra que as pessoas nunca estiveram tão estressadas e ansiosas. Para 70% dos brasileiros, 2020 foi o ano mais estressante de suas vidas.

    Vantagens trazidas pelo home office, como redução do tempo no trânsito, foram consumidas por jornadas extras de trabalho. Entre os brasileiros, 42% disseram que estão trabalhando ao menos 40 horas a mais por mês – percentual acima da média global (35%). O Brasil também sai na frente entre os que fazem 5 horas adicionais ou mais por semana: 60%, contra a média de 52%.

    A pesquisa trouxe outros dados preocupantes: 90% dos brasileiros disseram que problemas de saúde mental no trabalho afetaram sua vida doméstica. E 21% relataram casos da síndrome de Burnout.

    Comparados aos trabalhadores de outros países, os brasileiros são os que mais perderam o sono devido ao estresse e ansiedade relacionados ao trabalho (53%).

    Por que esse quadro tão sombrio? 

    Maicon Rocha, gerente de soluções de recursos humanos na Oracle Brasil, diz que os dados de estresse no trabalho permitem fazer um paralelo com o cenário político, econômico e social do país.

    “A pandemia trouxe um cenário de várias incertezas. Incerteza sobre o emprego, sobre a renda, sobre o futuro do país. O momento político e econômico também ficou muito delicado. Tudo isso contribuiu para deixar o trabalhador brasileiro em estado de alerta, fazendo com que ficasse entre os mais estressados do mundo”, diz Maicon.

    Mas como tudo isso se reverteu para o trabalho e saúde mental? 

    Todas essas preocupações agravaram, segundo Maicon, outros fatores de estresse diário no trabalho, como pressão para atender a padrões de desempenho (44%), lidar com tarefas rotineiras e tediosas (46%) e com cargas de trabalho imprevisíveis (39%). Esses fatores já existiam, mas pioraram na pandemia.

    “As pessoas estão trabalhando cada vez mais horas. Quando você menos percebe, marcou reuniões para o horário do almoço ou tarde da noite. Está em casa mesmo”, afirma o executivo da Oracle.

    A pressão por produzir mais, segundo ele, às vezes parte do próprio funcionário. “A pessoa pensa que precisa se colocar em uma posição essencial, por isso se pressiona a performar de casa da mesma forma que era no escritório. Aumentam o trabalho e a pressão.”

    Luana Castro, gerente de TI da Michael Page, diz que muitas empresas já perceberam que trabalhar horas a mais não melhora o desempenho do funcionário. “A performance não está ligada à quantidade de tempo, mas em estar focado em produzir mais.”

    E como ficou a vida pessoal? 

    Foi muito prejudicada, óbvio. Para 87% os brasileiros, uma das principais dificuldades do trabalho remoto é equilibrar a vida pessoal com a profissional. Mais de 40% disseram que não conseguiram separar uma coisa da outra.

    “Primeiro, as pessoas passaram por muitas incertezas. Não sabiam se seriam demitidas, se o salário seria reduzido, não havia uma legislação específica para isso. Isso gerou muita ansiedade, preocupação. Depois, entrou a questão da jornada tripla de trabalho, pais e mães tentando equilibrar a vida profissional com a pessoal, cuidar dos filhos e de todas as outras tarefas”, afirma Luana Castro, gerente de TI da Michael Page.

    Maicon diz que a combinação de todos esses fatores gerou uma tempestade perfeita. “De uma hora para outra, todos entraram em estado de alerta, precisando trabalhar de casa e gerir o lado pessoal, os relacionamentos, a família, os problemas da casa com um mundo profissional repleto de anseios, obrigações, responsabilidades.”

    Que sintomas as pessoas relataram? 

    De acordo com a pesquisa, 87% dos brasileiros enfrentaram desafios enquanto trabalhavam remotamente, com destaque para a falta de distinção entre vida pessoal e profissional (43%) e lidar com desafios crescentes de saúde mental, como estresse e ansiedade (45%).

    Por que esse quadro não é bom para o trabalho? 

    Porque tudo isso prejudica o desempenho do funcionário, além de comprometer o ambiente de trabalho. De acordo com a pesquisa, 66% dos brasileiros disseram que o estresse, ansiedade ou depressão no local de trabalho reduziram a produtividade e aumentaram a falta de tomada de decisão (61%).

    O que as empresas devem fazer? 

    Ajudar seus funcionários, pois é isso que os colaboradores esperam de seus empregadores. “As pessoas estão pedindo ajuda, levantando a mão, pedindo ajuda para seus empregadores enxergarem o problema e oferecerem algum tipo de ajuda” afirma Maicon.

    O lado bom, segundo Luana, é que várias companhias já abriram os olhos para a necessidade de promover a saúde mental dos colaboradores. “Houve um momento em que as empresas se preocuparam em colocar a atividade física na lista de benefícios. Agora, houve um aumento de oferta de terapias online.”

    Tudo isso indica que as pessoas odeiam o home office? 

    Não, não é isso. É a combinação dos fatores estressantes do trabalho com a sobrecarga de trabalho em um ambiente de muitas incertezas. De acordo com a pesquisa, 62% dos brasileiros consideram o trabalho remoto mais atraente agora do que antes da pandemia.

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  • Plano Nacional de Saúde: CNS analisa se documento contempla deliberações da 16ª Conferência

    • 29/10/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    O Conselho Nacional de Saúde (CNS) está em processo de análise do Plano Nacional de Saúde 2020-2023 enviado pelo Ministério da Saúde (MS). O documento foi contextualizado para os conselheiros e conselheiras do CNS na sexta-feira (23/10), durante sua 65ª Reunião Extraordinária, realizada virtualmente. A expectativa do colegiado é que as deliberações presentes no relatório final da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), realizada em 2019, tenham sido acatadas no plano. 

    O Plano Nacional de Saúde 2020-2023 é o instrumento central de planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele orienta a implementação de todas as iniciativas de gestão, explicitando os compromissos setoriais de governo, além de refletir, a partir da análise situacional, as necessidades de saúde da população e a capacidade de oferta pública de ações, serviços e produtos para o seu atendimento. 

    “A mesa diretora achou importante fazer essa contextualização nesse momento que estamos vivendo. A partir dela, queremos um fazer um maior detalhamento do plano nos diferentes fóruns e comissões que compõem o Conselho”, destacou o conselheiro nacional de Saúde pelo MS, Neilton Araújo. 

    O plano foi contextualizado pelo coordenador de planejamento da subsecretaria de Planejamento e Orçamento (SPO) da secretaria executiva do Ministério da Saúde, Paulo Guilherme Ribeiro. “O documento foi enviado para o CNS seguindo as normas que regem esse envio e conta com 7 objetivos, 93 metas e 7 projetos”, explicou Paulo Ribeiro. Os objetivos estão ligados à atenção primária, prevenção e controle, atenção especializada, saúde indígena, medicamentos e insumos estratégicos, conhecimento científico, dentre outras áreas.

    Considerações

    Representando o segmento de usuários, o conselheiro nacional de Saúde pela Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids), Moysés Toniolo, reforçou a preocupação em identificar de que forma as questões da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) foram incorporadas ao plano. “Nos interessa saber qual o modelo de saúde que se pretende ter. Troca o governo, mas a saúde permanece”, frisou. 

    Representando o segmento dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS, a conselheira nacional de Saúde pela Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais (Abrato), Priscilla Viégas, também se manifestou. “Apesar de entender que estamos vivendo um contexto de pandemia, temos que ter muito cuidado em colocar em execução esse plano, considerando as questões que estão inerentes como as deliberações do Conselho e da 16ª Conferência (8ª +8)”. 

    O conselheiro representante do segmento dos gestores da Saúde pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Nelson Mussolini, destacou que o plano está bem desenhado e por isso não fez considerações. 

    Após a análise o CNS emitirá um parecer sobre o Plano. Por conta das condições impostas pelo contexto da pandemia, o prazo para isso ainda não foi definido. 

    Assista aqui 65ª Reunião Extraordinária do CNS 

    Fonte: CNS
    Publicado em 28/10/2020

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  • A reforma trabalhista/sindical para 2021, por Neuriberg Dias*

    Desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro houve várias tentativas de ampliar a reforma trabalhista e sindical da Lei nº 13.467/2017 não concluída com as Medidas Provisórias nº 873, 881 e 905, e, durante a pandemia, com as Mp´s 927 e 936. Uma nova investida nessa reforma – dessa vez mais organizada – deve ser empreendida no pós-pandemia sob a coordenação do Grupo de Altos Estudos do Trabalho (GAET), criado no âmbito do Ministério da Economia e com um novo ambiente de articulação política do governo junto ao Congresso Nacional.

    A desregulamentação de direitos trabalhistas só não foi maior graças à atuação do movimentos sindical e social e da oposição que aproveitou o momento difícil na relação do governo com o Congresso Nacional, bem como a saída do secretário de Trabalho e Previdência para o ministério do Desenvolvimento Regional. O ministro Rogério Marinho foi relator da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados e um dos principais articuladores do governo Bolsonaro na reforma da previdência aprovada em 2019.

    Vale lembrar que o grupo de estudos que vai apresentar um amplo marco regulatório com mudanças constitucionais e infraconstitucionais para a reforma trabalhista e sindical foi criado pela Portaria nº 1.001/2019, que tem como prerrogativa elaborar propostas sobre quatro eixos distribuídos em Grupos de Estudos Temáticos (GET), a saber:

    1) economia e trabalho: a) eficiência do mercado de trabalho e das políticas públicas para os trabalhadores; b) informalidade; c) rotatividade; d) futuro do trabalho e novas tecnologias;

    2) direito do trabalho e segurança jurídica: a) simplificação e desburocratização de normas legais; b) segurança jurídica; e c) redução da judicialização.

    3) trabalho e previdência: a) insalubridade e periculosidade; b) regras de notificação de acidentes de trabalho; c) nexo técnico epidemiológico; d) efeitos previdenciários de decisões da Justiça do Trabalho; e e) direitos do trabalhador decorrentes de benefícios previdenciários.

    4) liberdade sindical: a) formato de negociações coletivas; b) representatividade nas negociações coletivas; e c) registro sindical.

    E, conforme adiantou o Diap, a composição dos Grupos de Estudos Temáticos é majoritariamente formada por representantes vinculados aos interesses das confederações patronais como o conhecido economista Hélio Zylberstajn, coordenador do grupo de trabalho sindical, e o ministro Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Filho, coordenador do grupo de direito do trabalho e segurança jurídica. Clique aqui e veja o perfil dos grupos temáticos.

    Até o momento as propostas não são conhecidas pelo movimento sindical, mas é possível antecipar que o tema do direito do trabalho, segurança jurídica e liberdade sindical, a partir do histórico de tentativas centradas na carteira verde e amarela, são prioritários e, em linhas gerais, devem ser elaboradas minutas tratando dos seguintes assuntos

    a) definir a responsabilidade subjetiva do empregador no caso do Covid19 (para evitar a responsabilidade objetiva);

    b) regulamentar o teletrabalho;

    c) regulamentar o trabalho em plataformas digitais;

    d) definir a correção monetária e os juros nos débitos trabalhistas,

    e) estabelecer temas processuais como a edição de súmulas e enunciados;

    f) limitar a substituição processual para beneficiar os associados, como forma, no seu entendimento, de estimular a sindicalização;

    g) regulamentar a jornada de trabalho do bancário;

    h) definir hora noturna de modo que volte a ter 60 minutos, com limitações;

    i) estabelecer que os acordos judiciais sejam homologados ou não homologados, sem possibilidade de o juiz examinar para homologar uma parte e não homologar outra;

    j) reconhecer o conflito como inerente às relações capital/trabalho;

    k) definir negociação coletiva como preponderante;

    l) regulamentar liberdade sindical como fundamento;

    m) estabelecer representação e proteção dos não assalariados e das novas formas de contratação; e

    n) unificar os programas e fundos como seguro-desemprego, fundo de garantia e bolsa-família para melhor focalizar, simplificar com transparência, unificar, dar incentivos e aumentar a eficiência.

    Não há dúvida de que os impactos da pandemia na economia e no mundo do trabalho, de um lado, e um novo relacionamento político do governo com o Parlamento, de outro, podem motivar uma maior agilidade na apresentação das propostas do Grupos de Estudos Temáticos. E, essas propostas – mantidos os cenários econômicos e políticos – tendem a ser tratadas de forma mais organizada e mais célere tanto no Poder Executivo quanto no Legislativo.

    De todo modo, as propostas dos Grupos de Estudos Temáticos devem passar pelo aval do governo, em particular da Casa Civil, e, em função da articulação política, também poderá ser conhecida com antecedência pelos líderes do governo e presidentes das Casas do Parlamento antes do envio ao Congresso Nacional.

    Além disso, dada a relevância dos temas, há rumores de recriação do ministério do Trabalho e Emprego, que daria mais organização política e técnica, além de uma maior participação dos atores econômicos e sociais na elaboração, acompanhamento e controle das propostas submetidas ao Poder Legislativo.

    O desafio está mais uma vez colocado para o movimento sindical de mobilizar a sociedade, o governo e o Parlamento numa unidade de ação e de amplo diálogo com o Congresso Nacional e com os trabalhadores de modo a evitar qualquer tentativa de atropelo do governo com uma nova proposta de reforma trabalhista e sindical que retire direitos e aumente as desigualdades econômicas e sociais.

    (*) Neuriberg Dias – Jornalista, analista político, assessor técnico do Diap e sócio diretor da Contatos Assessoria Política

    Fonte: DIAP
    Publicado em 27/10/2020.

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  • Fenafar – 46 anos na luta em defesa dos farmacêuticos e do Brasil

    Em 25 de outubro de 1974 realizou-se na cidade do Rio de Janeiro a assembleia que fundou a Federação Nacional dos Farmacêuticos. A entidade nasceu na efervescência da luta pela democracia no país e, também, num momento em que se discutiam nos âmbitos acadêmicos e profissionais questões relacionadas ao exercício da profissão farmacêutica, em razão da aprovação em 1973 da Lei 5991, que dispões sobre o Controle Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos e Insumos Farmacêuticos. Ali, começava a se delinear o perfil da categoria. 

    É nesse contexto que a Fenafar surge com a missão de defender os direitos e os interesses da categoria farmacêutica, defender a saúde pública, e defender a democracia e a soberania do nosso país.

    Passados 46 anos, esse tripé permanece sendo o fio condutor que sustenta os objetivos da nossa entidade, que atualmente congrega 23 sindicatos filiados. A presença da Fenafar, de norte a sul do Brasil, não se resume à atuação sindical, estamos também nos conselhos de controle social da saúde, fortalecimento os instrumentos de participação social, estamos ao lado de outras organizações do movimento social brasileiro na luta contra retrocessos e em defesa da Democracia.

    Para o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, comemorar mais um ano de vida da entidade nacional dos farmacêuticos é motivo de orgulho e reflexão. “No momento em que o país vive uma grave crise política, econômica e sanitária, onde assistimos perplexos o governo permanecer de braços cruzados diante de mais de 150 mil brasileiros e brasileiras mortos por Covid-19, nossa categoria mostra sua resiliência e determinação em remar contra a maré, salvando vidas, exercitando seu compromisso de cuidar de quem precisa, praticando a solidariedade e a generosidade para lutar em defesa da vida. E, nossa entidade, a Fenafar, não se deixou abater mesmo com todos os ataques promovidos contra as organizações sindicais. Mesmo com a tentativa de nos calar e paralisar, nos mantivemos firmes no propósito de defender os direitos da categoria e lutar pela vida”, afirma.

    Nestes 46 anos, a Fenafar atua intensamente para afirmar a identidade do farmacêutico como profissional de saúde indispensável para promover as ações que envolvem o medicamento – – desde a sua produção até a orientação correta para o usuário sobre o seu uso racional. Essa luta sempre esteve vinculada à concepção da Saúde como direito de todos para a construção de um país menos desigual, mais soberano e desenvolvido.

    Protagonizou ao longo de sua história momentos fundamentais para o avanço democrático nacional, participando ativamente de lutas pelo desenvolvimento nacional com justiça social e soberania.

    Revista registra história de 4 décadas da Fenafar

    Há alguns anos, a Fenafar publicou uma revista para registrar os principais momentos de sua história e compartilhar com a categoria e com a sociedade a trajetória do nosso movimento sindical, a luta de resistência contra a ditadura e pela democracia, nossa participação no processo de redemocratização, na construção do modelo de atenção à saúde e deste que é um dos principais sistemas de saúde do mundo, o nosso Sistema Único de Saúde. A nossa luta contra o projeto neoliberal e em defesa da soberania e do Brasil nos anos 90, o combate ao PL Marluce Pinto e toda a luta pela Farmácia Estabelecimento de Saúde, nossa contribuição na elaboração das políticas de Saúde nos anos 2000, a criação da Política Nacional de Medicamentos e da Política Nacional de Assistência Farmacêutica e, mais recentemente, nossa resistência contra os ataques aos direitos sociais e trabalhistas promovidos por este governo golpista.

    Todas as principais lutas da Fenafar são lembradas na publicação, que dividiu a história da Federação em 4 períodos: de 1974 a 1984 – Surgimento e Estruturação, de 1985 a 1994 – As primeiras grandes lutas e o primeiro congresso, de 1995 a 2004 – A resistência ao projeto neoliberal e um novo projeto para o Brasil, 2005 a 2017 – A luta por avanços na Saúde e na valorização do farmacêutico.

    Acesse a revista em versão digital disponível na íntegra em versão digitaldisponível na íntegra em versão digital

    Algumas datas que marcantes destes 41 anos da Fenafar

    1991 – Contra a lei de patentes. Luta esta que mobilizou a sociedade dentro e fora do Congresso Nacional.

    1993 – Inicia-se o movimento contra o Projeto Marluce Pinto, projeto este que desobrigaria a presença dos farmacêuticos nas farmácias e drogarias. Essa luta mobilizou estudantes e profissionais, chegando a reunir em Brasília, em 1997, numa manifestação nunca vista no movimento farmacêutico, cerca de 3 mil pessoas em passeata pela Esplanada dos Ministérios. A Fenafar participou ativamente, juntamente com os sindicatos de farmacêuticos, Enefar e alguns CRF;s, acompanhando comissão por comissão a tramitação desse malfadado projeto.

    1994 – Mais uma batalha, desta vez contra o artigo da Medida Provisória do Plano Real, que liberava a venda de medicamentos em supermercados.

    1995 – Fenafar lança a Campanha Nacional Pelo Uso Correto de Medicamentos, a qual se torna referência para a população em geral. Esta campanha contou com o apoio de várias entidades nacionais e de muitos parlamentares.

    1996 – Fenafar, juntamente com a Enefar fazem frente às manifestações em Brasília e apresentam ao Ministério da Educação a “Proposta de Reformulação do Ensino de Farmácia no Brasil”. A proposta apresentada foi fruto de 10 anos de discussões em seminários e encontros com os diversos segmentos que compõe a categoria.

    1998 – Mais uma grande batalha contra a falsificação dos medicamentos, marcada por uma Sessão Especial da Câmara dos Deputados alertando e solicitando ações, contundentes, das autoridades responsáveis, no sentido de punir os falsificadores.

    1999 – Em comemoração aos 25 anos, realizamos o projeto Fenafar Presente, onde percorremos 10 estados e dezenas de municípios. Estivemos em contato com milhares de farmacêuticos e estudantes, através de reuniões, palestras, debates e entrevistas sobre os principais problemas que a categoria enfrenta no dia-a-dia do exercício da profissão. Todos os espaços concedidos e organizados pelos Sindicatos nos Estados serviram para mostrar a nossa cara e dizer que os farmacêuticos são fundamentais para a saúde da população e que precisam ter melhores condições de trabalho e de salário.

    2001 – A Fenafar se empenhou no processo de convocação e organização da 1ª Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica. Este processo foi deflagrado formalmente a partir da Resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em 09 de novembro de 2000.

    2003 – Realização da 1ª Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica: Acesso, Qualidade e Humanização com Controle Social.

    2003 – 12ª Conferência na Nacional de Saúde, onde a Fenafar participou da Comissão Organizadora e também com 6 delegados representando os trabalhadores da saúde.

    2008 –  A Fenafar organiza uma grande manifestação em Brasília para pressionar a Câmara dos Deputados a colocar em plenário para votação o PL 4385/94 que dispõe sobre a Farmácia Estabelecimento de Saúde. No mesmo dia, foi lançada a Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica. Em razão dessa mobilização, depois de mais de 10 anos aguardando para entrar na Pauta, o projeto foi colocado na pauta do plenário em 20 de novembro de 2008. Recebeu duas emendas apresentadas pelo deputado Ricardo Barros que contrariavam a versão original do substitutivo. A Fenafar iniciou, então, o contato com as Comissões para que as emendas fossem rejeitadas, ação que foi vitoriosa, porque as emendas foram rejeitadas em todas as comissões.

    2010 – A Fenafar participa ativamente do processo eleitoral no país, lançando uma carta dos farmacêuticos aos candidatos a governadores e à presidência da República, reiterando a importância de constar na pauta dos governos o compromisso com a defesa do SUS e de uma Política Nacional de Assistência Farmacêutica.

    2011 – como preparação para a 14ª Conferência Nacional de Saúde, a Fenafar e a Escola Nacional dos Farmacêuticos realizaram os Encontros Regionais de Farmacêuticos, para debater o SUS e a Assistência Farmacêutica.

    2011 – A Fenafar foi protagonista, ao lado de outras entidades, do movimento que ficou conhecido como Primavera da Saúde, iniciativa que tinha por objetivo garantir a votação da regulamentação da EC 29, definindo quais recursos são considerados investimentos em saúde e a fonte dos mesmos.

    2012 – 7º Congresso da Fenafar

    2012 – É lançado o Movimento Saúde + 10, coordenado pela Fenafar. O Movimento Saúde + 10 tinha o objetivo de coletar assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular que destina 10% das receites correntes brutas da União para a Saúde.

    2013 – É entregue no Congresso Nacional as mais de 2 milhões de assinaturas do Projeto de Lei de Iniciativa Popular organizado pelo Saúde +10. O Projeto passa é recepcionado pela Câmara com o número de PLP 321/13.

    2014 – Fenafar intensifica a luta pela aprovação do PL 4385/94. Junto com outras entidades compõe o Fórum Nacional pela Valorização da Profissão Farmacêutica. Mobilizações em todo o país são realizadas pela aprovação do projeto de lei. Finalmente em 2 de julho de 2014 a Câmara aprova o projeto que torna a Farmácia um Estabelecimento de Saúde.

    2014 – Fenafar realiza as Oficinas de Avaliação dos 10 anos da Política Nacional de Assistência Farmacêutica.

    2015 – 8º Congresso da Fenafar

    2015 – 2018 – A Fenafar é eleita para presidir o Conselho Nacional de Saúde

    2016 — Luta contra o Golpe e em Defesa da Democracia

    2019 – 16ª Conferência Nacional de Saúde

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  • Congresso cria Frente Pró-SUS e parlamentares planejam primeira ação

    • 26/10/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Em meio à crise que expôs a descoordenação do governo federal diante da crise sanitária e o avanço do discurso antivacina dentro do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aprovou a criação da Frente Parlamentar Mista Pelo Fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), que atuará para garantir a estruturação e qualidade do atendimento público a pacientes, especialmente no período pós-pandemia.

    Proposto pelo vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, e pelo líder do PDT no Congresso, senador Weverton Rocha, o colegiado reuniu o apoio de outros 190 deputados e mais 20 senadores, de 23 partidos diferentes, que, unidos, trabalharão para garantir a organização de uma política pública de saúde universal e de qualidade para o país. A partir do Parlamento, o grupo ainda pretende agendar o debate para assegurar a destinação de recursos financeiros para o sistema.

    Para Jerry, presidente da Frente, a defesa do SUS se tornou vital, sobretudo diante da paralisação das atividades do Congresso em razão de impasses entre parlamentares e, por isso, ele já planeja o ponto de partida. “Primeiro esforço concentrado da Frente SUS é a ação na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional (CMO), em defesa de mais recursos para a saúde. Não podemos aceitar, como quer o governo Bolsonaro, redução de recursos, afirmou o deputado.

    Na esteira das ações propostas, a dupla de parlamentares maranhenses sustenta que o SUS recebeu o merecido reconhecimento mundial durante a pandemia, mas sempre foi um modelo de excelência com pouco apoio, o que reacende a necessidade de afiançar verbas de forma permanente. “Mais que nunca precisamos defender o SUS e garantir financiamento para que toda a população possa ser atendida”, reforçou Weverton, que assumirá a vice-presidência do colegiado.

    Para a criação de uma frente parlamentar, são necessárias ao menos 171 assinaturas, que devem ser encaminhadas à Mesa Diretora, junto com o estatuto do grupo.

    Veja lista dos parlamentares que assinaram a Frente Fortalecimento do SUS (Requerimento 2316/2020):

    Autoria
    Dep. Márcio Jerry
    Sen. Weverton Rocha

    Subscritores (as)

    PCdoB
    Alice Portugal
    Daniel Almeida
    Jandira Feghali
    Orlando Silva
    Perpétua Almeida
    Professora Marcivania
    Renildo Calheiros

    PT
    Afonso Florence
    Airton Faleiro
    Alencar Santana Braga
    Alexandre Padilha
    Benedita da Silva
    Beto Faro
    Bohn Gass
    Carlos Veras
    Celio Moura
    Enio Verri
    Erika Kokai
    Frei Anastacio Ribeiro
    Gleisi Hoffmann
    Helder Salomão
    Henrique Fontana
    João Daniel
    Jorge Solla
    José Airton Felix Cirilo
    José Guimarães
    José Ricardo
    Joseildo Ramos
    Leonardo Monteiro
    Luizianne Lins
    Marcon
    Margarida Salomão
    Maria do Rosário
    Marilia Arraes
    Natália Bonavides
    Nilto Tatto
    Odair Cunha
    Padre João
    Patrus Ananias
    Paulo Pimenta
    Paulo Teixeira
    Pedro Uczai
    Professora Rosa Neide
    Reginaldo Lopes
    Rejane Dias
    Rogério Correia
    Rubens Otoni
    Rui Falcão
    Valmir Assunção
    Vander Loubet
    Vicentinho
    Waldenor Pereira
    Zé Carlos
    Zeca Dirceu

    PSB
    Alessandro Molon
    Aliel Machado
    Bira do Pindaré
    Camilo Capiberibe
    Danilo Cabral
    Elias Vaz
    Gervásio Maia
    Gonzaga Patriota
    Heitor Schuch
    JHC
    João H. Campos
    Júlio Delgado
    Lídice da Mata
    Luciano Ducci
    Marcelo Nilo
    Mauro Nazif
    Rafael Motta
    Rodrigo Agostinho
    Tadeu Alencar
    Ted Conti
    Vilson da Fetaemg

    PDT
    Afonso Motta
    André Figueiredo
    Chico D’Angelo
    Dagoberto Nogueira
    Damião Feliciano
    Eduardo Bismarck
    Fábio Henrique
    Flávia Morais
    Flávio Nogueira
    Gil Cutrim
    Gustavo Fruet
    Idilvan Alencar
    Jesus Sérgio
    Leonidas Cristino
    Mário Heringer
    Mauro Benevides Filho
    Paulo Ramos
    Pompeo de Mattos
    Sérgio Vidigal
    Silvia Cristina
    Subtenente Gonzaga
    Tábata Amaral
    Túlio Gadelha
    Wolney Queiroz

    PSOL
    Áurea Carolina
    David Miranda
    Edmilson Rodrigues
    Fernanda Melchiona
    Glauber Braga
    Ivan Valente
    Luiza Erundina
    Marcelo Freixo
    Sâmia Bonfim

    PV
    Celio Studart
    Leandre
    Professor Israel Batista

    Republicanos
    Aline Gurgel
    Cleber Verde
    Gilberto Abramo
    Jhonatan de Jesus
    Julio César Ribeiro

    Patriota
    Dr. Frederico
    Evandro Roman
    Marreca Filho

    PTB
    Luisa Canziani
    Pedro Lucas Fernandes
    Pedro Augusto Bezerra

    DEM
    Alan Rick
    Dr. Zacharias Calil
    Juscelino Filho

    PSD
    Alexandre Serfiotis
    Cezinha da Madureira
    Edilázio Junior
    Flordelis
    Marco Bertaiolli
    Misael Varela
    Otto Alencar Filho

    Solidariedade
    Aureo Ribeiro
    Dr. Leonardo
    Dra. Vanda Milani
    Genecias Noronha
    Gustinho Ribeiro
    Lucas Vergílio
    Ottaci Nascimento
    Zé Silva

    PSDB
    Carlos Sampaio
    Celio Silveira
    Celso Sabino
    Daniel Trzeciak
    Domingos Sávio
    Edna Henrique
    Eduardo Barbosa
    Mara Rocha
    Mariana Carvalho
    Rose Modesto
    Ruy Carneiro
    Tereza Nelma
    Vitor Lippi
    Wanderlei Macris

    PROS
    Gastão Vieira

    PL
    Capitão Fábio Abreu
    Flávia Arruda
    Gildenemyr
    Magda Mofatto
    Marcelo Ramos
    Zé Vitor

    PP
    Angela Amin
    Dr. Antônio Luiz Teixeira Jr
    Hiran Gonçalves
    Margarete Coelho

    Podemos
    Dr. Sinval Malheiros
    Eduardo Braide
    Leo Moraes
    Roberto de Lucena

    Rede
    Joenia Wapichana

    MDB
    Flaviano Melo
    João Marcelo Souza
    Raul Henry
    Walter Alves

    Avante
    André Janones

    Cidadania
    Carmen Zanotto
    Rubens Bueno

    PSL
    Bozzella
    Charlles Evangelista
    Delegado Antônio Furtado
    Delegado Pablo
    Enéias Reis
    Heitor Freire
    Nicoletti

    PSC
    Euclydes Pettersen

    Adesões no Senado

    Acir Gurgacz – PDT/RO
    Angelo Coronel – PSD/BA
    Arolde de Oliveira – PSD/RJ
    Carlos Viana – PSD/MG
    Chico Rodrigues – DEM/RR
    Ciro Nogueira – PP/PI
    Confúsio Moura – MDB/RO
    Eduardo Braga – MDB/AM
    Esperidião Amin – PP/SC
    Fernando Collor – PROS/AL
    Irajá Filho – PSD/TO
    Jaques Wagner – PT/BA
    Jorge Kajuru – Cidadania/GO
    Katia Abreu – PP/TO
    Marcos Do Val – Podemos/ES
    Marcos Rogério – DEM/RO
    Nelson Trad Filho – PSD/MS
    Telmário Mota – PROS/RR
    Weverton Rocha – PDT/MA
    Wellington Fagundes – PL/MT
    Zequinha Marinho – PSC/PA

    Fonte: Vermelho
    Publicado em 23/10/2020

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  • História: o documento que lançou a ideia do SUS

    • 26/10/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Em plena ditadura constituiu-se um Instituto de Medicina Social notável, por onde passaram, entre outros, Michel Foucault e Ivan Illich. Em 1976, produziu-se lá a primeira proposta de um Sistema Universal de Saúde no Brasil. Vale conhecê-lo. Leia no artigo de José Luis Fiore. Foto de capa:  Foto de Araquém Alcântara, em série retratando o Programa Mais Médicos, criado em 2013 — e possível devido a existência do SUS

    Uma pequena nota de apresentação, 44 anos depois

    José Luis Fiore

    A reconstrução da história é uma tarefa muito difícil, porque os caminhos do passado não são simples nem são lineares, e muitas vezes envolvem lembranças e emoções pessoais. Como no caso da história da criação do Sistema Único de Saúde, o maior sistema público de assistência média universal do mundo. Ele foi criado pela Constituição de 1988, que reconheceu a “saúde” como um direito universal, e como uma obrigação do Estado brasileiro. Mas antes de 1988, houve uma longa caminhada e grande mobilização de forças e organizações sociais que participaram da luta pelo reconhecimento constitucional desse direito do povo brasileiro. Essa luta teve muitas raízes e contribuições sociais, políticas e intelectuais, mas é possível também identificar alguns passos importantes que foram sendo dados dentro da própria burocracia do Estado, e em particular, dentro do INAMPS, com a criação do Programa de Pronta Ação (PPA), em 1975, uma primeira experiência de universalização da atenção de emergência universal e gratuita, mas que não durou muito tempo; e também a criação do programa de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1984.

    No campo das ideias, entretanto, e da luta intelectual ou ideológica propriamente dita, deve-se destacar o papel fundamental que teve nesta história o Instituto de Medicina Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O IMS foi criado no início dos anos 70, por um pequeno grupo de médicos e sanitaristas progressistas que conseguiram resistir e escapar do controle e da repressão política e intelectual da ditadura militar, e criar um programa de pesquisa e pós-graduação na área da Saúde Pública, incentivados pelo humanismo cristão do médico carioca Américo Piquet Carneiro, e liderados pelo entusiasmo e pela inteligência estratégica de dois médicos mais jovens, idealistas e de esquerda, os doutores Nina Pereira Nunes e Hésio Cordeiro. E foi graças à sua energia e à dedicação deste pequeno grupo inicial, e ao apoio que tiveram da Organização Panamericana da Saúde, que conseguiram reunir em torno do programa de pós-graduação criado em 1974, um grupo expressivo de profissionais igualmente jovens e progressistas, composto por médicos, epidemiólogos, sociólogos, psicanalistas, demógrafos, cientistas políticos, filósofos e economistas. E depois disto, os próprios fundadores do IMS se “submeteram” à condição de alunos da primeira turma experimental de mestrandos que se formou em 1976, como foi o caso do próprio Hésio Cordeio, e de vários outros médicos, como Reinaldo Guimarães, José Noronha e João Regazzi, entre muitos outros, que depois ocuparam posições de destaque na formulação e gestão da política nacional de saúde das décadas seguintes.

    Com o passar dos anos, e em particular na década de 1980, o IMS transformou-se num centro de reflexão intelectual multidisciplinar e heterodoxa de alto nível, e numa verdadeira “escola de poder”, onde se formaram vários ministros e secretários estaduais de Saúde, e vários presidentes e diretores da Fundação Oswaldo Cruz, e de muitos outros centros de excelência, nacionais e internacionais. E depois disto, e durante seus cinquenta anos de vida, o IMS acabou se transformando num dos principais – senão o principal – centro de formação da “inteligenzia sanitária” brasileira. Por ali passaram Michel Foucault, Giovani Berlinguer (que inspirou a reforma sanitária italiana), Ivan Illich, Mario Testa, Cristina Laurel e inúmeros outros intelectuais e sanitaristas de nome internacional que deram uma contribuição decisiva para o amadurecimento das três grandes linhas teóricas que mais contribuíram para a formação do pensamento crítico do IMS: a “medicina social alemã” de Rudolph Virchow; a crítica da “iatrogênesis médica”, do austríaco Ivan Illich; e a “microfísica do poder”, do francês Michel Foucault.

    E foi dentro do Instituto de Medicina Social que nasceu, em 1975, a primeira proposta intelectual sistemática, e de esquerda, de um sistema universal de saúde, inspirado pelo National Health System inglês dos anos 40, e pela Reforma Sanitária italiana dos anos 70. A originalidade do IMS, naquele momento, foi ir além do puro exercício da crítica ao regime militar, para pensar o que fazer concretamente no campo da saúde brasileira no momento em que as forças progressistas conseguissem chegar ao poder, como aconteceu, pelo menos em parte, no período da “Nova República”, entre 1986 e 1990. Para formular a primeira proposta, um pequeno grupo de professores do IMS, liderados por Hésio Cordeiro, levou à frente, a partir de 1975, um trabalho de consulta às entidades sindicais e associações médicas do Rio de Janeiro, para construir em conjunto e de forma consensual, um novo projeto sanitário para o Brasil. Este trabalho de consulta e discussão coletiva tomou aproximadamente um ano, e foi depois dessas múltiplas “audiências” com sindicatos e corporações médicas e sanitárias, que foi redigida a “seis mãos” a primeira versão deste texto/manifesto que aparece na sequência, sobre “A questão democrática na área da saúde”, que circulou entre um público restrito, no ano de 1976. E foi a partir desta plataforma inicial que ele começou a ser divulgado e reproduzido por várias revistas e instituições, muitas vezes sem o nome de seus autores originais. Em 1979, ele foi publicado pela Revista do CEBES, e acabou se transformando num verdadeiro manifesto do movimento sanitário brasileiro, nos primeiros anos da década de 80, até seu reconhecimento e oficialização como documento e decisão da VIII Conferência Nacional de Saúde, no ano de 1986.

    Mais à frente, este mesmo texto original de 1976 transformou-se na “bússola” da gestão de Hésio Cordeiro à frente do INAMPS, a partir de 1986, quando foi criado o SUDS, que funcionou como um embrião do Sistema Único de Saúde, antes que ele fosse consagrado pela Constituição de 1988, e muito antes que ele fosse institucionalizado, já sob a égide do Ministério da Saúde.

    No momento em que esse texto foi escrito, em 1976, nenhum de seus autores imaginava a importância que ele viria a ter na década seguinte, nem muito menos podia imaginar a forma que o futuro daria ao seu projeto e aos seus sonhos. Mas olhando com a perspectiva do tempo passado, posso dizer que me orgulho muitíssimo de haver participado dessa aventura intelectual e institucional, e de haver estado ao lado de Hésio Cordeiro e de Reinaldo Guimarães na hora em que escrevemos esse manifesto, como militantes da luta pela redemocratização do país, e como defensores entusiastas do direito universal à saúde de todos os brasileiros.

    A Questão Democrática na Área da Saúde

    Por Hésio Cordeiro, José Luís Fiori e Reinaldo Guimarães

    É praticamente consensual entre os especialistas o diagnóstico de que, a partir da década de 60, vem piorando gradativamente o nível de vida da população. Aumentaram significativamente a mortalidade infantil, as doenças endêmicas, as taxas de acidentes de trabalho, o número de doentes mentais, etc. Pioraram, igualmente, as condições de saneamento, a poluição ambiental e os níveis nutricionais chegaram ao ponto de preocupar as autoridades, hoje um tanto pessimistas com relação ao que chamaram de “miséria absoluta”.

    Cresce a um só tempo a mobilização popular contra o desemprego, os baixos salários e suas péssimas condições de vida. Cresce também, e mais especificamente, a irritação da população contra as filas, a burocracia, a corrupção e os custos da má atenção médica que recebem. Crescem, finalmente, as reclamações e reivindicações sindicais contra os convênios e contratos com as empresas médicas.

    Enquanto isso acontece, a medicina brasileira vive uma profunda crise. Exacerbam–se as críticas à sua qualidade. Questiona–se cada vez mais a sua eficácia.

    Acusam–se os médicos de desleixo e desnaturada avidez salarial. Os donos de hospitais ameaçam fechá–los porque seus lucros estão baixando.

    É neste contexto que se situa a maior parte do material que vem sendo veiculado pelos meios de comunicação de massa. Inúmeros elementos objetivos sustentam a parcial veracidade destas acusações. Entretanto, o que só recentemente está vindo à luz, em forma ainda um tanto encoberta, são as reais causas das distorções detectadas. As raízes últimas na anarquia instaurada na assistência médica e da insolvência sanitária da população: a mercantilização da medicina promovida em forma consciente e acelerada por uma política governamental privatizante, concentradora e anti–popular.

    Política que substitui a voz da população pela sabedoria dos tecnocratas e pelas pressões dos diversos setores empresariais; política de saúde que acompanha em seu traçado as linhas gerais de posicionamento socioeconômico do governo: privatizante, empresarial e concentrador da renda, marginalizando cerca de 70% da população dos benefícios materiais e culturais do crescimento econômico. Política de saúde, ainda, que reduziu ao mínimo os gastos em saúde pública, privilegiando a assistência médico–hospitalar curativa e de alta sofisticação, ainda quando o quadro sanitário do país indique a enorme importância dos “velhos” problemas: esquistossomose, Chagas, malária, desnutrição, altos índices de mortalidade infantil, combinados com a emergência de novos padrões de mortalidade urbana (câncer, doenças cardiovasculares, acidentes, violências, etc.). Política de saúde, enfim, que esquece as necessidades reais da população e se norteia exclusivamente pelos interesses da minoria constituída e confirmada pelos donos das empresas médicas e gestores da indústria da saúde em geral.

    Exemplo recente desta forma de política elitista e anti–popular é a tentativa de criação do cheque–consulta, cujo único objetivo é satisfazer os interesses dos produtores de serviços, acenando à população com a ilusão de um melhor acesso aos serviços de saúde.

    Face a esta política de caráter essencialmente anti–democrático, a grande maioria dos profissionais de saúde encontra–se hoje colocada na trincheira de uma batalha inglória, a tentar remediar os males de um planejamento ineficaz para uma população carente e subnutrida, com técnicas às vezes tão ou mais perigosas que as próprias doenças que deseja eliminar.

    Por outro lado, a população, marginalizada das decisões sobre a política de saúde da mesma forma que da maioria das decisões sobre a vida nacional, financia um sistema que muito pouco ou nada lhe oferece em troca.

    Frente a este quadro, é dever da população e dos profissionais de saúde, nos locais de trabalho e reunidos em torno de suas entidades representativas, apresentar seu diagnóstico da situação. Mais ainda, somando–se ao clima de debates que hoje caracteriza a conjuntura política nacional, avançar e propor plataformas de luta que busquem reunir suas aspirações na linha de constituição de uma medicina democrática.

    É neste sentido que o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde vem apresentar sua contribuição a este debate e a esta luta. ( Esta frase e esta autoria foram agregadas à versão original do texto, depois de 1979)

    – O diagnóstico apresentado já indica as grandes linhas de uma proposta, limitando responsabilidades e definindo os principais obstáculos que se interpõem hoje, no Brasil, entre os ideais democráticos e as possibilidades de resposta e adequação real do nosso sistema de saúde àqueles ideais.

    Por uma saúde autenticamente democrática entende–se:

    1 – o reconhecimento do direito universal e inalienável, comum a todos os homens, à promoção ativa e permanente de condições que viabilizem a preservação de sua saúde.

    2 – o reconhecimento do caráter sócio–econômico global destas condições: emprego, salário, nutrição, saneamento, habitação e preservação de níveis ambientais aceitáveis.

    3 o reconhecimento da responsabilidade parcial, porém intransferível, das ações médicas propriamente ditas, individuais e coletivas, na promoção ativa da saúde da população.

    4 – o reconhecimento, finalmente, do caráter social deste Direito e tanto da responsabilidade que cabe à coletividade e ao Estado em sua representação, pela efetiva implementação e resguardo das condições supra mencionadas.

    Por isso, são necessárias medidas que:

    1 – obstaculizem os efeitos mais nocivos das leis de mercado na área de saúde, ou seja, detenham o empresariamento da medicina.

    2 – transformem os atos médicos lucrativos em um bem social gratuito a disposição de toda a população.

    3 criem um Sistema Único de Saúde.

    4 – atribuam ao Estado a responsabilidade total pela administração desse Sistema.

    5 – deleguem ao Sistema Único de Saúde a tarefa de planificar e executar uma política nacional de saúde, que inclua: a pesquisa básica, a formação de recursos humanos, a atenção médica individual e coletiva, curativa e preventiva, o controle ambiental, o saneamento e a nutrição mínima à sobrevivência de uma população hígida.

    6 – estabeleçam mecanismos eficazes de financiamento do sistema, que não sejam baseados em novos gravames fiscais sobre a maioria da população, nem os novos impostos específicos para a saúde. O financiamento do Sistema Único deverá ser baseado numa maior participação proporcional do setor saúde nos orçamentos federal, estaduais e municipais, bem como no aumento da arrecadação decorrente de uma alteração fundamental no atual caráter regressivo do sistema tributário.

    7 – organizem este sistema de forma descentralizada, articulando sua organização com a estrutura político–administrativa do país em seus níveis federal, estadual e municipal, estabelecendo unidades básicas, coincidentes ou não com os municípios, constituídas por aglomerações de população que eventualmente reuniriam mais de um município ou desdobrariam outros de maior densidade populacional. Esta descentralização tem por fim viabilizar uma autêntica participação democrática da população nos diferentes níveis e instâncias do sistema, propondo e controlando as ações planificadas de suas organizações e partidos políticos representados nos governos, e assembléias e instâncias próprias do Sistema Único de Saúde.

    8 – esta descentralização visa, por um lado, à maior eficácia, permitindo uma maior visualização, planificação e alocação dos recursos segundo as necessidades locais. Mas visa, sobretudo, a ampliar e agilizar uma autêntica participação popular a todos os níveis e etapas na política de saúde.

    Este, talvez o ponto fundamental desta proposta, negador de uma solução meramente administrativa ou “estatizante”. Trata–se de canalizar as reivindicações e proposições dos beneficiários, transformando–os em voz e voto em todas as instâncias.

    Evita–se, também, com isto, uma participação do tipo centralizador tão cara ao espírito corporativista e tão apta às manipulações cooptativas de um Estado fortemente centralizado e autoritário como tem sido tradicionalmente o Estado brasileiro.

    9 – estabeleçam um estatuto de convivência entre a prática assalariada vinculada ao Sistema Único de Saúde e a autêntica prática de consultórios particulares que tem tradição na medicina brasileira.

    10 – definam uma estratégia específica de controle sobre a produção e distribuição de medicamentos, assim como de produção e/ou importação de consumo de equipamentos médicos. Que esta estratégia tenha presentes as necessidades reais, majoritárias e regionalizadas da população, reduzindo ao mínimo os gastos e a sofisticação desnecessária.

    Estas opções políticas conduzem a uma proposta de transformação profunda no atual sistema de saúde cujas medidas iniciais sejam:

    I – Criar o Sistema Único de Saúde (SUS).

    II – Outorgar ao Ministério da Saúde a direção do SUS, com a tarefa de planificar e implantar, em conjunto com os governos estaduais e municipais, a Política Nacional de Saúde. O órgão deve ter poder normativo e executivo, inclusive sobre o setor privado e empresarial, sendo controlado permanentemente pela população através de suas organizações representativas, via mecanismos claramente estabelecidos e institucionalizados.

    III – Definir a Política de Assistência Médica, atualmente levada a cabo pelo Inamps, já então enquadrado e disciplinado pelo órgão diretor do SUS, mediante a suspensão imediata dos convênios e contratos de pagamento por unidades de serviços para a compra de atos médicos ao setor privado empresarial, substituindo–os por subsídios globais; estabelecer mecanismos efetivos de controle destas unidades contratadas que impeçam conseqüências danosas como o aviltamento dos salários dos profissionais e a diminuição da qualidade do atendimento; controle a ser exercido em conjunto por um representante do Sistema Único de Saúde com assento permanente na direção destas unidades.

    IV – Criar imediata, ainda que progressivamente, com os recursos antes despendidos com os convênios e outros, uma rede nacional, devidamente regionalizada de ambulatórios e postos de saúde próprios, voltados para a aplicação de medidas preventivas, articuladas com a assistência médica primária, de casos de emergência e acidentes do trabalho. Para o funcionamento destes postos, deverão ser utilizados médicos funcionários do Sistema Único e sobretudo pessoal auxiliar, cuja formação deverá ser estimulada com veemência.

    V – Definição de uma política para a área rural adequada às reais necessidades de sua população, descondicionando a prestação de assistência médica da satisfação de interesses eleitorais de grupos partidários.

    VI – Redefinir a atual política do FAS para que passe a funcionar a expansão da rede básica dos serviços de saúde.

    VII – Privilegiar as medidas de controle do meio ambiente, particularmente aquelas destinadas à redução de doenças endêmicas, como Chagas, esquistossomose, malária, etc.

    VIII – Planejar a formação e distribuição de profissionais de saúde, definindo as prioridades para a formação de pessoal não–especializado e especializado.

    IX – Definir uma política de produção e distribuição de medicamentos e equipamentos médicos orientada pela simplificação e eficácia tecnológica e dirigida à redução da dependência ao capital estrangeiro através de:

    • maior participação estatal na pesquisa, formação de pesquisadores e desenvolvimento de tecnologia nacional dirigida à produção de matérias–primas fundamentais à industrialização de medicamentos essenciais; de modo similar ao que originalmente propunha o próprio projeto ou Central de Medicamentos;

    • controle de remessas de lucros para o exterior;

    • controle efetivo da qualidade e da quantidade dos medicamentos comercializados;

    • importação apenas daqueles equipamentos e fármacos que tenham tido sua eficácia comprovada através da utilização por um período mínimo de cinco anos.

    O conjunto destas reivindicações conforma uma primeira etapa na formulação de uma plataforma de luta em prol de uma autêntica democratização da Medicina e da Saúde Brasileira. Não pretende ser executiva nem abranger detalhamentos administrativos de implementação. Não é seu objetivo. Define apenas as grandes linhas que deverão orientar, em nosso entender, as decisões políticas fundamentais.

    Abre–se a partir deste momento um debate democrático, o mais amplo e fértil possível, com todas as entidades e instituições interessadas na solução da crise atual da Medicina Brasileira. Debate que aprofunde estes pontos indicados, levando à formulação mais acabada de uma plataforma que agrupe e mobilize médicos e não–médicos na luta contra a atual política de governo para a saúde e a favor de uma Medicina Democrática.

    Fonte: Outras Palavras
    Publicado em 23/10/2020

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  • Eleições municipais 2020: Defender a vida e fortalecer o SUS

    • 21/10/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    O Coletivo de Saúde da CTB divulgou nesta sexta-feira, 16, as propostas para a área de saúde nas eleições municipais. Leia a seguir:

    A atual crise sanitária, social, econômica e política, agravadas pela pandemia da COVID-19, pauta a necessidade das cidades darem respostas concretas no rumo do fortalecimento do SUS e da democracia. E, portanto, exige das candidatas e candidatos nestas eleições a responsabilidade de criar condições para a efetivação da proteção social e respeito às diretrizes aprovadas pelas conferências de saúde.

    Desejamos cidades democráticas e humanas, em que as pessoas vivam bem e com saúde, através da implementação de políticas públicas que promovam qualidade de vida, no campo e na cidade. Para tanto, a CTB, em nome da proteção e defesa da vida e pelo fortalecimento do SUS destaca as principais diretrizes que desejamos serem concretizadas através das candidaturas às prefeituras e câmaras municipais.

    EFETIVAR O CONCEITO DE PROTEÇÃO SOCIAL

    Assegurar a permanência do conceito ampliado de saúde nas políticas públicas como um bem público, universal, indivisível e interdependente, que abrange o direito à alimentação, vestuário, habitação, saneamento básico, segurança, educação, trabalho, lazer, previdência social, transporte, cuidados em saúde e assistência social.

    ATENÇÃO BÁSICA

    Ampliar, qualificar e fortalecer a atenção básica, como porta de entrada e ordenadora do sistema, e a cobertura de estratégia de saúde da família (ESF).

    GARANTIR O ACESSO ÀS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES (PICS), NA ATENÇÃO BÁSICA DO SUS

    Garantir na assistência básica em saúde o acesso aos cuidados em PICS, como estratégia complementar de prevenção de agravos e de promoção e recuperação integral da saúde, com ênfase no cuidado continuado e humanizado no SUS.

    PROMOVER O AMPLO ACESSO AO SANEAMENTO BÁSICO

    Implementar um plano municipal sobre os serviços de água, saneamento e meio ambiente, coleta de lixo e drenagem das águas de chuva construído com a participação da população.

    SERVIÇOS DE APOIO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO

    Garantir a regionalização das especialidades, de forma que cada território tenha seu centro de especialidades e facilite o acesso das comunidades mais distantes e dos usuários em situação de vulnerabilidade social.

    FORTALECER E ESTRUTURAR O COMPONENTE PÚBLICO MUNICIPAL DO SISTEMA NACIONAL DE LABORATÓRIOS DE SAÚDE PÚBLICA

    Fortalecer os laboratórios ampliando suas capacidades diagnóstica, incluindo os relacionados na realização de exames de Covid, que perpassa pela atualização de estrutura e qualificação de pessoas.

    AMPLIAR O RASTREAMENTO E EXAMES NOS TERRITÓRIOS

    Promover a busca ativa pelos contaminados e seus contatos, ampliando a realização dos exames laboratoriais e realizando o rastreamento de modo bloquear a transmissão do vírus SARS COV 2.

    FORTALECER ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DOS/AS TRABALHADORES/AS

    Garantir atenção integral e o cuidado com a saúde do/a trabalhador/a, com destaque para as ações de vigilância em saúde, prevenção e cuidados relacionados às doenças crônicas e a outros agravos, que necessitam de avaliação e acompanhamento das equipes de saúde da assistência básica.

    PELA ORGANIZAÇÃO DA REDE DE SERVIÇOS SENTINELA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

    Pela garantia da produção, sistematização, análise e disseminação da informação em Saúde da(o) trabalhador(a) prevista pela Renast que é uma diretriz fundamental da Política Nacional de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde.

    GARANTIR O ESTABELECIDO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 29/2000 E NA LC Nº 141/2012 QUANTO AO FINANCIAMENTO DO SUS

    O município deve aplicar no mínimo 15% das receitas, resultantes de impostos e transferências constitucionais, em ações e serviços públicos de saúde.

    ASSEGURAR A GESTÃO PARTICIPATIVA DO SUS

    Promover o planejamento local participativo, com a integração dos/as cidadãos e cidadãs.

    CONTROLE SOCIAL

    Garantir e fortalecer o direito conquistado pela população de exercer o controle social através dos conselhos de saúde e das conferências de saúde como espaços deliberativos sobre a política pública de saúde, na elaboração do plano municipal de saúde como fonte ordenadora do planejamento das ações e da vinculação orçamentária prevista no Fundo Municipal de Saúde.

    É a CTB unida para que as eleições municipais 2020 possam seguir rumo à vitória do campo político da vida, da saúde e pelo SUS, da democracia, do emprego, do progresso social e econômico.

    Fonte:CTB

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  • Pela suspensão das patentes sobre tecnologias de saúde de combate à Covid-19

    • 21/10/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Historicamente, o Brasil tem desempenhado um papel fundamental na defesa do direito à saúde frente aos direitos de propriedade intelectual. Mas, no meio da maior crise sanitária do século, o país não vai apoiar a proposta de suspensão de regras do acordo internacional que permitem monopólios injustos sobre tecnologias para enfrentamento da Covid-19. Leia, assine e compartilhe a carta da sociedade brasileira.

    No entanto, a luta do Brasil em defesa do direito à saúde nunca esteve restrita às esferas governamentais. Ela é fruto da mobilização de sua gente e se insere na longa história de resistência dos povos do Sul Global. Por isso, conclamamos organizações, instituições, coletivos, cidadãs e cidadãos do Brasil a assinar a carta da sociedade civil brasileira em apoio à proposta de suspensão dos direitos de propriedade intelectual sobre tecnologias em saúde utilizadas no combate à Covid-19.

    Leia a carta abaixo. Acesso o link para assinar e compartilhar. https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfKJ9_aNOSx_U4P1_1x0pe-8O0JOT0R7QZqlI4YfDmbjTnQNA/viewform?usp=sf_linkCarta da sociedade brasileira em apoio à suspensão dos direitos de propriedade intelectual sobre tecnologias em saúde utilizadas no combate à Covid-19Assine, através deste formulário, a carta da sociedade brasileira em apoio à suspensão dos direitos de propriedade intelectual sobre tecnologias em saúde utilizadas no combate à Covid-19:

    “O acesso a vacinas, medicamentos, diagnósticos e outras tecnologias em saúde é um direito humano universal, mas sua realização tem sido repetidamente impedida por barreiras de propriedade intelectual, que tornam essas tecnologias artificialmente escassas e caras. Historicamente, o Brasil tem assumido posições de liderança na denúncia dos prejuízos sociais resultantes dos monopólios conferidos mediante a aplicação das regras do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS, em inglês) da Organização Mundial do Comércio (OMC). Somos mundialmente reconhecidos por termos desempenhado um papel fundamental na defesa dos interesses das populações do Sul Global na negociação de salvaguardas para a proteção da saúde pública, em especial no enfrentamento da epidemia de HIV/Aids.

    No contexto da pandemia do novo coronavírus, o dano aos países do Sul Global é novamente escancarado: 51% das doses de vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19 já foram compradas por países ricos, onde vivem apenas 13% da população mundial. Além disso, no caso do medicamento remdesivir, usado para tratar casos graves, mais de 50% da população mundial está excluída do acesso a versões de baixo custo, inclusive os 10 países mais populosos da América do Sul, dentre eles o Brasil.

    Em resistência a este injusto cenário, em 02 de outubro de 2020, Índia e África do Sul apresentaram, no âmbito da OMC, uma importante proposta de suspensão temporária da aplicação de algumas seções do acordo TRIPS em relação a tecnologias para prevenção, contenção ou tratamento da Covid-19.

    Ao possibilitar a não aplicação destas regras de propriedade intelectual, tal iniciativa visa a potencializar o acesso da população mundial a todos os tipos de tecnologias que venham a ser utilizadas no combate ao novo coronavírus. Esta proposta, que será discutida pelos Estados-membros da OMC no próximo dia 15 de outubro, pode impactar positivamente o curso da pandemia e poupar incontáveis vidas mundo afora.

    Apesar de sua evidente importância, a iniciativa não conta com o apoio do Estado brasileiro, cuja omissão tem sido lamentavelmente sentida e pode gerar consequências graves para diversas populações em risco — incluindo a brasileira. No entanto, a luta do Brasil em defesa do direito à saúde nunca esteve restrita às esferas governamentais. Ela é fruto da mobilização de sua gente e se insere na longa história de resistência dos povos do Sul Global. A subserviência de autoridades transitórias e a sujeição do interesse público ao poder econômico, portanto, não passarão de uma triste exceção em nossa caminhada.

    Sendo assim, apesar do comportamento negligente e contraditório dos atuais ocupantes das instâncias de poder em nosso país, nós, indivíduos e organizações da sociedade civil brasileira, manifestamos nosso mais vigoroso apoio à proposta de suspensão dos direitos de propriedade intelectual sobre tecnologias em saúde utilizadas no combate à Covid-19 e conclamamos toda a comunidade global e os Estados-membros da OMC a se juntarem em apoio à proposta da Índia e da África do Sul na defesa da saúde de todos os povos”.

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  • Conselhos Estaduais se unem ao CNS para cobrar manutenção dos R$ 35 bilhões emergenciais no SUS em 2021

    • 21/10/2020
    • Ewerton Fenafar
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    A Carta da Saúde Pública aos Candidatos às Eleições 2020 e o cenário de pandemia também foram tema de debate em encontro do CNS com os Conselhos Estaduais de Saúde na última sexta (16/10).

    O Conselho Nacional de Saúde (CNS) se reuniu virtualmente, em 16/10, com as 27 representações dos Conselhos Estaduais de Saúde (CES) e do Distrito Federal. O objetivo foi alinhar a pressão no parlamento para manutenção dos R$ 35 bilhões do piso emergencial da pandemia de Covid-19 em 2021. O momento também foi estratégico para socializar com os estados a Carta da Saúde Pública à População e aos Candidatos e Candidatas às Eleições Municipais no Brasil. A ideia é estimular que as bases do controle social só dediquem seu voto aos que tiverem comprometimento real com as pautas da Saúde Pública, além de fortalecer a Rede Conselhos.

    Em abril e maio deste ano, o CNS realizou cinco reuniões regionais para orientar acerca das ações do controle social diante da pandemia. A iniciativa de unir todas as unidades da federação visa o fortalecimento da Rede Conselhos, que também contempla conselhos municipais. De acordo com Fernando Pigatto, presidente do CNS, foram muitas iniciativas do CNS nesse período. “Este ano, já realizamos 17 lives temáticas, 52 recomendações, 6 resoluções, 3 moções. A cada três dias, tivemos um posicionamento do CNS sobre as situação da crise sanitária no Brasil”, explicou, evidenciando o diálogo intermitente com instituições do Legislativo, Executivo e Judiciário, além dos movimentos sociais, universidades e conselhos participativos.

    Ana Carolina Dantas, secretária executiva do CNS, mencionou o fortalecimento da Rede Conselhos como elemento fundamental neste cenário. “O SUS precisa sair desse processo fortalecido, com conselhos integrados. Esse é um dos nossos maiores desafios nessa conjuntura”. Pigatto também lembrou que, até 10 de outubro, foram 736 protocolos relacionados à Covid-19 aprovados pela Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), do CNS, espaço fundamental neste momento, além da elaboração do Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19, criado conjuntamente à Frente Pela Vida. “Nós estamos salvando vidas com nossas ações. Em memória de todas as vidas que perdemos, temos que continuar lutando”, concluiu.

    Rede Conselhos fortalece Petição do CNS

    André Luiz de Oliveira, conselheiro nacional representante da Mesa Diretora e coordenador da Comissão Nacional de Orçamento e Financiamento (Cofin), do CNS, lembrou que “em setembro lançamos a petição ‘O SUS merece mais em 2021’. Entregamos a nossa petição no Congresso Nacional. Já são 167 mil adesões. Precisamos mobilizar ainda mais a população e sensibilizar nossos parlamentares”. 

    Segundo ele, é necessária a manutenção total do valor de R$ 168,7 bilhões para 2021, que soma o orçamento base de 2020 mais o orçamento emergencial da pandemia. São os deputados e senadores que votarão em breve no projeto de lei da União, que trata do orçamento federal no próximo ano. O PL não prevê inclusão do piso emergencial, o que é prejudicial para o SUS e para a população, segundo o CNS.

    Controle social e Eleições 2020

    Sobre a Carta, Moysés Toniolo, conselheiro nacional representante da Mesa Diretora, explicou que a ideia é que os CES cobrem dos candidatos posicionamento contrário à EC 95/2016. “Como conselho nacional, esperamos que todos estejam resistindo a esse momento que estamos enfrentando. Esta carta é um diferencial, pois as eleições precisam discutir o cenário de pandemia. Nossa carta traz a Consolidação do SUS como eixo central das Eleições 2020”, disse.

    Elaine Pelaez, conselheira nacional representante da Mesa Diretora, afirmou que a pandemia pesa mais para população vulnerabilizada. “O orçamento fragilizado e a área da saúde do trabalhador estão entre as áreas mais atacadas. Há uma crise perversa, a ONU anunciou recentemente que dobramos o número de pessoas em situação de insegurança alimentar. A luta contra essa situação só pode se concretizar se estivermos aliados aos Conselhos Estaduais, somando as nossas estratégias de luta”, afirmou. 

    Neilon Araújo, também representante da Mesa Diretora, disse que esse é um momento para os CES e o CNS se prepararem melhor diante da crise sanitária. “O Brasil está numa fase de decréscimo [de casos de Covid-19], mas não estamos livre da ameaça. Todos nós estamos sob o mesmo risco. Perdemos muitas vidas que poderíamos ter evitado se tivéssemos uma articulação por parte do governo. Tivemos negacionismo, divulgando até mesmo medicamentos sem efeitos”, lamentou.

    Os relatos de todos os CES foram centrados em atividades intensas durante o período atual de crise sanitária, sob orientação dos documentos norteadores emitidos pelo CNS. Os presidentes dos Conselhos e secretarias executivas cobraram ações dos governos estaduais, Secretarias de Saúde, além de terem posicionado em diferentes momentos, mobilizando a sociedade e os Conselhos Municipais diante da pandemia em contexto local e regional.

    Ao final da reunião, foi aprovada uma moção de apoio a alguns Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde que estão sendo atacados em suas prerrogativas constitucionais. A moção reafirma a importância fundamental do controle social no fortalecimento do SUS. O CNS deve seguir em diálogo com as instâncias estaduais para fortalecer a luta em defesa da Saúde Pública e da população.

    Fonte: SUSConecta
    Publicado em 19/10/2020

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  • Orçamento 2021 e Pandemia: Sociedade Civil apresenta ao Congresso propostas para a Lei Orçamentária 2021 e denúncia efeitos da PEC 188

    • 16/10/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Entidades, gestores públicos, conselhos de participação social, pesquisadores e lideranças dos movimentos sociais do país que integram a Coalizão Direitos Valem Mais lançaram, no dia 30/09, nota técnica destinada ao Congresso Nacional e à sociedade brasileira com um conjunto de propostas que visam fortalecer a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) 2021 como instrumentos para o enfrentamento da pandemia e de suas consequências nas condições de vida da população.

    São mais de duzentas associações e consórcios de gestores públicos; organizações, fóruns, redes, plataformas da sociedade civil; conselhos nacionais de direitos; entidades sindicais; associações de juristas e economistas e instituições de pesquisa acadêmica das várias áreas sociais que integram a Coalizão Direitos Valem Mais e que representam uma resposta de união entre as áreas sociais e ambiental em defesa de uma economia a serviço da Constituição Federal e contra a disputa estimulada pelo governo federal entre políticas sociais por recursos financeiros diante da redução do orçamento público.  

    ACESSE A NOTA TÉCNICA NA ÍNTEGRA

    As propostas da nota técnica preveem o estabelecimento de um piso mínimo emergencial para as áreas de saúde, educação, assistência social e segurança alimentar que interrompa a deterioração orçamentária acelerada dessas políticas desde 2015 – com base no princípio constitucional de vedação de retrocessos em direitos fundamentais, reafirmado pelo STF na decisão ARE-639337/2011 – e garanta condições para o enfrentamento do rápido crescimento do desemprego, da miséria e da fome no país, acirrado pela COVID-19. 

    A Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE divulgada neste mês pelo IBGE mostrou o avanço da insegurança alimentar grave, ou fome, que passou a alcançar 10,28 milhões de pessoas, atingindo mais fortemente lares chefiados por mulheres negras, fazendo com que o Brasil apresentasse o pior patamar desde 2004. O desemprego durante a pandemia deu um salto: somente entre maio a agosto de 2020, cresceu de 10,1 milhões para 12,9 milhões de desempregados. Todos os indicadores sociais do país revelam um quadro desesperador para a população, sobretudo a mais pobre, negra e indígena. 

    A proposta contida na nota técnica de piso mínimo emergencial no Projeto de Lei Orçamentária Anual – PLOA 2021, para suprir a necessidade dos direitos à saúde, educação, assistência social e segurança alimentar e nutricional para 2021, totaliza o valor de 665 bilhões de reais. O valor previsto no PLOA 2021, apresentado pelo governo federal para essas áreas, totaliza 374,5 bilhões, um valor que corresponde apenas a 58% do piso mínimo emergencial para a garantia desses direitos essenciais. 

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    O que o Piso Mínimo Emergencial viabilizará?

    Com o piso mínimo emergencial dos serviços sociais, será possível interromper o processo de desfinanciamento acelerado e garantir condições melhores para que:

    • O Sistema Único de Saúde (SUS) enfrente o contexto da pandemia e do pós-pandemia, com a aquisição de medicamentos e vacinas; que considere os efeitos crônicos de saúde gerados pela Covid-19; responda à demanda reprimida por saúde de 2020, decorrente do adiamento de cirurgias eletivas e exames de maior complexidade, bem como da interrupção no tratamento de doenças crônicas.
    • A política de educação se organize para a retomada das escolas com menor número de alunos por turma (segundo a OCDE, o Brasil é um dos países com o maior numero de estudantes por turma), maior número de profissionais de educação, adequação das escolas para o cumprimento de protocolos de segurança e proteção, ampliação da cobertura de acesso à internet de banda larga para os estudantes da educação básica e ensino superior no país, retomada dos programas de assistência e permanência estudantil na educação básica e no ensino superior. Na elaboração da nota, considerou-se também o aumento da complementação da União ao Fundeb de 10% para 12% prevista da Emenda Constitucional 108, aprovada pelo Congresso Nacional em agosto, o aumento do montante destinado ao PDDE – Programa Dinheiro Direito na Escola para adequação das escolas às medidas de segurança e a migração de estudantes de escolas privadas para a educação pública, decorrente da perda de poder aquisitivo das famílias de classe média diante do aumento do desemprego e da crise econômica.  
    • Retomada das condições de manutenção dos serviços e a ampliação da cobertura do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) para atender a demanda gerada pela pandemia, aumento do desemprego e de diversas violações de direitos, bem como garantir maior efetividade do programa Bolsa Família por meio de uma rede de serviços integrados. O desfinanciamento progressivo e a insegurança nos repasses federais de recursos ordinários ao SUAS comprometem o atendimento de mais 40 milhões de famílias referenciadas e os mais de 21 milhões de atendimento realizados anualmente, nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) de pessoas e famílias afetadas pelo desemprego, fome, fragilidade nos vínculos familiares e iminência de violência doméstica; diminuição dos atendimentos a pessoas em situação de rua, migrantes e idosos; e a drástica redução do atendimento a crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil ou em exploração sexual nos serviços especializados. 
    • Enfrentamento do crescimento acelerado da fome e da desnutrição no país por meio da retomada das condições de financiamento do Programa Aquisição de Alimentos (PAA), que fornece alimentos saudáveis por meio da agricultura familiar, beneficiando aproximadamente 185 mil famílias de agricultores familiares e milhões de famílias em situação de vulnerabilidade social que recebem esses alimentos por meio de uma rede de 24 mil organizações socioassistenciais; do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que atende cerca de 41 milhões de estudantes no país; da ampliação do acesso à água para abastecimento humano e produção de alimentos com cisternas no semiárido brasileiro para uma população de 1,8 milhão de famílias; de recursos federais para a manutenção de 152 restaurantes populares no país, que fornecem alimentação para famílias de alta vulnerabilidade social. Atualmente, o país possui uma rede de restaurantes populares construída pelo governo federal que se encontra subutilizada em decorrência da falta de recursos municipais para a sua manutenção. 

    A Rejeição à PEC 188 e o fim do Teto de Gastos

    Na Nota Técnica, a Coalizão Direitos Valem Mais alerta parlamentares, gestoras e gestores públicos e candidatos às eleições municipais deste ano para o grande risco ao país imposto pela PEC do Pacto Federativo. A PEC 188/2019, também relatada pelo Senador Márcio Bittar, responsável pela relatoria da Lei Orçamentária Anual 2021, representa o efetivo desmonte da capacidade do Estado brasileiro de garantir direitos, proteger a população e enfrentar nossas profundas desigualdades sociais. Caso tal PEC seja aprovada, os resultados práticos serão a implosão do pacto federativo brasileiro, com o fim da solidariedade fiscal entre os entes da federação e uma radical e acelerada precarização da oferta de serviços públicos com aumento das desigualdades regionais. 

    No documento, a Coalizão retoma sua defesa do fim do Teto de Gastos e a necessidade urgente de adoção de medidas fiscais de segunda geração no Brasil como realizada por muitos países; a importância de uma reforma tributária progressiva – solidária, justa e sustentável socioambientalmente –  com a tributação emergencial dos setores mais ricos para ampliação das condições de financiamento das políticas públicas e garantia da renda básica permanente, como propõe a Campanha Renda Básica que Queremos e mudanças nas lei de responsabilidade fiscal. 

    Sobre a Coalizão Direitos Valem Mais

    Criada em 2018, a Coalizão é um esforço intersetorial que atua por uma nova economia comprometida com os direitos humanos, com a sustentabilidade socioambiental e com a superação das profundas desigualdades do país e por isso defende o fim do Teto de Gastos, aprovado em dezembro de 2016 pelo Congresso como Emenda Constitucional 95. A EC 95 é definida pela ONU como a medida econômica mais drástica contra direitos sociais do planeta. Atualmente, duas propostas de emenda revogatória da EC 95 tramitam no Congresso Nacional: a PEC 54/2019 e a PEC 36/2020. 

    Conheça a Coalizão: www.direitosvalemmais.org.br

    Publicado em 08/10/2020

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  • Haverá vontade política para garantir vacinas a todos?

    • 16/10/2020
    • Ewerton Fenafar
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    À medida em que avançam os testes, surgem os desafios da produção em massa e logística de distribuição. A julgar pela atitude protelatória diante da vacina Sinovac-Butantã, governo brasileiro será negligente de novo.

    Uma pesquisa do Datafolha em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife mostrou que, nessas capitais, mais de 70% da população é favorável à obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. Além disso, pelo menos três quartos da população em tais cidades pretende se vacinar logo que seja possível (o maior percentual, 81%, foi registrado em Belo Horizonte).

    Mas no início, não vai haver vacina para todo mundo. E o governo federal ainda não planejou como usar bem as doses limitadas de modo a reduzir as contaminações. O Ministério da Saúde afirma que “a parcela da população a ser vacinada depende dos resultados das pesquisas, a partir dos quais poderá ser indicada a melhor estratégia”. Faz sentido, já que a eficácia da vacina pode (e costuma) variar de acordo com características do público, como idade. Mas a definição do público-alvo preferencial não é o único desafio a ser pensado, e uma matéria da Folha enfatiza os problemas de logística de armazenamento e transporte.

    A distribuição das novas vacinas vai ser responsabilidade da Rede de Frio, esquema logístico do Programa Nacional de Imunização. Ela deve conseguir distribuir amplamente imunizantes que precisam ser conservados entre 2° e 10°. Será suficiente? Para a Coronavac, sim: ela pode ser armazenada a até 8° e suporta quase um mês a 37°. Mas ainda é desconhecida a temperatura ideal para a conservação da vacina de Oxford/AstraZeneca, maior aposta do governo brasileiro. A farmacêutica britânica não revelou essa informação; segundo a Fiocruz, a vacina deve ser guardada entre 2° e 8°, mas o Wall Street Journal já falou de uma temperatura entre -10° e 0°. A mais difícil nesse aspecto é vacina da Pfizer, que precisa ser mantida a -70°.

    Estratégia Partida

    Ainda há um embaraço cercando as relações entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo no que se refere à distribuição da Coronavac. O governador João Doria (PSDB) disse que a “forma correta, republicana e ética” é incluir a Coronavac no cronograma de imunização nacional – mas que, se o Ministério da Saúde não comprar as doses, vai assumir a logística de imunização dentro do estado. “Se houver qualquer viés de ordem política, eleitoral ou ideológica que possa colocar em prejuízo os brasileiros de São Paulo, o estado vai adotar a vacina, aprová-la na Anvisa e faremos a imunização dos brasileiros de São Paulo sim”, disse ele, afirmando que pode também enviar a Coronavac a outros estados.

    O ânimo do Ministério para essa conversa não parece dos melhores. Ainda na sexta, o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, declarou que “não pode comprar o que não existe”.

    O governo de São Paulo conseguiu arrecadar R$ 130 milhões para a construção de uma fábrica do Instituto Butantan que vai produzir as vacinas. Ao todo, 16 empresas colocaram recursos no projeto, cujo custo total é de R$ 160 milhões.

    “Caos e confusão”

    É essa a expressão usada no New York Times por Gregory Poland, diretor do Vaccine Research Group da Mayo Clinic, para descrever como devem ser os primeiros meses após a aprovação de uma vacina contra a covid-19. Um conjunto de especialistas ouvidos pela reportagem aponta que o primeiro imunizante aprovado não vai ser necessariamente o melhor, e que ainda não se sabe direito como (ou se) as pessoas vão poder escolher entre as diferentes opções que – esperamos – vão começar a surgir.

    Um dos problemas é que distinguir as melhores vacinas não deve ser tão simples. Elas estão sendo testadas individualmente pelos laboratórios, cada uma com um protocolo específico, e uma vacina que demonstre 50% de eficácia pode ser, no mundo real, melhor do que outra que mostrou eficácia de 60%. Não precisava ser assim: “Quando cientistas do governo [dos Estados Unidos] começaram a discutir como investir na pesquisa de vacinas, alguns queriam testar várias vacinas de uma só vez, umas contra as outras – o que é conhecido como protocolo mestre”, diz o texto. Ou seja, em vez de termos cada vacina comparada com um placebo em um ensaio específico, poderia haver um único protocolo e um ensaio que comparasse as candidatas entre si (e também com um placebo). Mas ainda não foi feito nenhum teste desse tipo, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) planeje começar no fim deste mês o Solidarity Vaccines Trial, que tem esse objetivo.

    Alguma candidata pode ser aprovada antes que o teste da OMS termine. E outro ingrediente para o caos é o fato de que isso pode dificultar a continuidade de outros ensaios, já que voluntários nos testes podem desistir de sua participação para tomar uma vacina já aprovada. Há ainda uma dificuldade extra para as vacinas que hoje estão nos estágios iniciais: elas podem vir a precisar demonstrar sua eficácia em comparação com essa vacina aprovada, e não mais com placebos, o que deve tornar seus testes mais caros e demorados. Em alguns casos, o custo pode ser mais alto do que empresas menores podem bancar. “Isso basicamente impede o desenvolvimento de vacinas melhores”, alerta Naor Bar-Zeev, especialista em vacinas da Universidade Johns Hopkins.  

    Testes pausados

    Os ensaios clínicos de fase 3 com a vacina da Johnson & Johnson foram pausados por conta de uma “doença inexplicada” em um dos participantes. Não há mais detalhes sobre o que aconteceu. Segundo a farmacêutica, o sistema online usado para inscrever voluntários no estudo foi fechado e o conselho de monitoramento de dados e segurança se reuniu ontem à noite para avaliar o caso. A J&J também afirma que a pausa é diferente de uma suspensão clínica; esta última é uma ação regulatória formal que pode durar mais. 

    Assim como foi ressaltado quando os ensaios da AstraZeneca foram suspensos, é preciso lembrar que eventos médicos adversos não são incomuns nesse tipo de estudo; o da J&J planeja inscrever ao todo 60 mil voluntários, sendo sete mil deles no Brasil.

    Fonte: OutrasPalavras
    Publicado em 13/10/2020

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  • Nos 32 anos da Constituição, mais luta que comemoração

    Em 05 de outubro de 1988, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, declarava promulgada a Constituição Federal. Para o deputado, o texto constitucional era o “documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil’. 32 anos depois, a Carta Magna já foi modificada 108 vezes.

    A maioria das Emendas, infelizmente, alteram o sentido democrático e a vocação cidadã da Constituição, para retirar direitos duramente conquistados, abrir o caminho para a privatização do patrimônio público, para desnacionalizar a economia, destruir o bioma e reduzir garantias democráticas.

    Não faltam dirigentes políticos – inclusive que ocupam postos na estrutura do Estado, como ministérios, presidência da República, parlamento e judiciário – que vez ou outra dizem publicamente que o Brasil não cabe na Constituição ou que o país precisa de um novo AI-5.

    “A ultra-direta quer destruir o pacto social acordado de forma democrática em 1988 em torno da nossa Constituição Cidadã. Um pacto que tinha como fundamentos a superação da ditadura e a afirmação do Estado Democrático de Direito, a partir da garantia de direitos fundamentais como saúde, educação, liberdade de expressão e outros. Isso está sendo solapado. E, entre tantos ataques à esses fundamentos, destaco a Emenda Constitucional 95, que impôs o teto de gastos, condenando a atual e as futuras gerações a viverem num país sem qualquer garantia do acesso à saúde e educação”, avalia o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos.

    Em artigo publicado nesta segunda-feira, no Conjur, a procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo Élida Graziane Pinto destaca que no aniversário da Constituição é preciso refletir sobre “a existência de regras constitucionais que vinculam receitas e impõem dever de gasto mínimo em prol de determinados direitos sociais revela prioridades orçamentárias de alto significado civilizatório. Quão maior a escassez de recursos, maior deve ser a proteção constitucional em defesa, por exemplo, da saúde e da educação em seus respectivos pisos”.

    Alexandre Bernardino Costa considera que a EC 95 representa um dos maiores ataques à Constituição e afirma que o Teto de gastos é “flagrantemente inconstitucional, pois fere uma série de princípios inscritos na própria Carta, a emenda veio para atender os interesses do mercado financeiro e garantir o pagamento da dívida pública, acima de qualquer coisa, inclusive o interesse nacional e a própria Constituição. Com consequências imediatas e permanentes no Estado e na sociedade brasileira, a emenda à Constituição foi o principal projeto desconstituinte do capitalismo financeiro transnacional. Além disso, o governo Temer realizou a reforma trabalhista, suprimindo direitos e garantias inscritos na Constituição desde o início do século XX, e afirmados na Carta de 1988”, afirma o professor Associado da Faculdade de Direito da UnB em coluna publicada no Brasil de Fato.

    Por isso, mais do que comemorar o aniversário da Constituição, esse é o momento para aumentar a mobilização social para impedir que sejam aprovadas mais emendas que desfigurem a Carta Magna e reunir amplos setores para reverter retrocessos nos princípios constitucionais, alguns inclusive em julgamento no Supremo Tribunal Federal, como a Emenda Constitucional 86/2015, que mudou as regras de cálculo para o financiamento para a saúde, e a Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os gatos públicos com saúde e educação.

    Da redação com agências
    Publicado em 05/10/2020

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  • Fenafar lança nota sobre revisão da RDC de Análises Clínicas

    A Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar, entidade sindical de segundo grau, com 46 anos de luta, representante da categoria dos farmacêuticos, em território nacional, trabalhadores da saúde, com curso superior, vem se posicionar em relação a Consulta Pública (CP) nº 912 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), anunciada dia 27 de agosto de 2020, de revisão da RDC nº 302/2005.

    Inicialmente destaca-se que, em plena pandemia da COVID 19, a área das análises clínicas ocupa papel fundamental no processo de realização dos exames e obtenção do diagnóstico, utilizando as tecnologias para tratar da saúde e salvar vidas.

    A atividade laboratorial no Brasil é regulamentada por uma legislação sanitária extremamente rígida, principalmente as RDC nº 302, RDC nº 50 e RDC nº 306 da ANVISA, tratando respectivamente do Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos, dos projetos físicos e do gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. 

    A proposta expressa na CP nº 912/2020 da Anvisa não reflete uma revisão da RDC nº 302, e sim uma mudança radical, que fragiliza um importante e estratégico setor da saúde, apontando medidas em prejuízo no atendimento à população e riscos à saúde pública, diante dos fatos que não agregam avanços e sim graves retrocessos, ao desconsiderar o papel dos laboratórios clínicos e ao minimizar os exames laboratoriais a testes, deixando em aberto a necessidade de formação na área laboratorial, bem como os critérios de segurança na execução no processo de diagnóstico em si.

    No entendimento de que a referida consulta pública atenta contra a saúde pública, coloca em risco a qualidade do serviço, altera quesitos que interferem nos resultados, fragilizando a confiabilidade dos exames laboratoriais, a Fenafar se posiciona contrária a proposta apresentada na CP nº 912/2020, e neste sentido manifestamos pela suspensão da mesma.

    Defendemos que somemos forças pela prevenção da doença, com a manutenção e promoção da saúde da sociedade brasileira.

    Fenafar, 30/09/2020

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  • Vídeo: É preciso manter o auxílio emergencial de R$ 600

    Esta terça, 29 de setembro, será marcada pela mobilização dos presidentes das centrais sindicais, que desembarcam em Brasília para no âmbito da campanha “600 Pelo Brasil – Coloca o Auxílio Emergencial pra votar, Maia”, lançada em 17 de setembro. Os sindicalistas irão percorrer o Congresso Nacional para defender a votação imediata da Medida Provisória 1.000/2020, que prorroga o pagamento do auxílio até dezembro, mas restabelecendo o valor original de R$ 600, que o governo Bolsonaro reduziu à metade, ou a R$ 300.

    Veja o que disse o presidente da CTB, Adilson Araújo, sobre o tema:

    É urgente prorrogar o auxílio emergencial de R$ 600,00 até dezembro

    Já se esgotou o prazo original de três meses do auxílio emergencial de R$ 600,00, instituído para amenizar os impactos da crise sanitária e econômica sobre a renda de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. É urgente prorrogá-lo até dezembro, conforme defendem as centrais sindicais, os movimentos sociais e as forças democráticas em geral. Mas sem rebaixar o seu valor à metade, como pretende o governo Bolsonaro.

    A urgência é necessária porque a crise ainda está longe do fim, o desemprego é uma realidade para dezenas de milhões de brasileiros e menos da metade da população em idade ativa está ocupada. O cenário do mercado de trabalho carateriza uma depressão econômica. As camadas mais afetadas da população trabalhadora vivem uma tragédia, precisam do auxílio e não podem esperar.

    Além de aliviar o sofrimento das famílias mais pobres e vulneráveis o auxílio emergencial tem se revelado um bom remédio para amenizar a crise econômica. Seus efeitos positivos sobre o mercado interno podem ser observados no comportamento das vendas a varejo.

    Estudo da Federação do Comércio de São Paulo indica que R$ 151 bilhões do auxílio emergencial tiveram como destino o consumo varejista, ou seja, 79,5% dos mais de R$ 190 bilhões pagos pelo programa do governo federal.

    Estima-se que sem o auxílio de R$ 600,00 o comércio varejista encerraria o ano com perdas no faturamento de R$ 293 milhões. Graças ao benefício, a queda decorrente da crise deve ficar em pouco mais de R$ 141 milhões.

    Sem o auxílio as coisas estariam bem piores. Mesmo favorecido pelo programa, que rendeu popularidade ao chefe do Palácio do Planalto, o governo concordou com a prorrogação, mas rebaixou à metade o valor do benefício, que vai de encontro ao fundamentalismo neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao dogma do teto fiscal.

    Além da redução do valor do auxílio, o governo decidiu que teremos um salário mínimo sem aumento real em 2021. É revoltante constatar que, ao mesmo tempo em que reduziu o valor do auxílio emergencial e arrochou o salário mínimo, o governo Bolsonaro cogitou novos privilégios para os militares incrustados no Executivo, como o “direito” de generais receberem acima do teto constitucional do funcionalismo, de R$ 39,2 mil.

    Um valor abaixo de R$ 600,00 como auxílio emergencial é claramente insuficiente, vai sacrificar brasileiros e brasileiras pobres, reduzir o consumo popular, enfraquecer o mercado interno e agravar a crise.

    Cabe à CTB e ao movimento sindical ampliar a mobilização e a luta para conquistar a prorrogação do auxílio de R$ 600,00 per capita até dezembro e garantir aumento real para o salário mínimo no orçamento de 2021. É o que corresponde aos anseios do povo e às necessidades da economia nacional.

    Fonte: CTB
    Publicado em 28/09/2020

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  • Covid-19: Pesquisador aponta que acesso à vacina é tão crítico quanto a sua existência

    • 29/09/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Em entrevista para o site da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), o pesquisador do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia) Manoel Barral apresenta porque a vacina não deve ser vista como solução única de retorno das aulas presenciais. Além do acesso aos insumos, a forma de distribuição de vacina de maneira global ainda é um dos desafios a serem enfrentados.

    Barral explica ainda que todas as ações relacionadas ao enfrentamento do Covid-19 devem ser de forma coletiva. Não há solução única nem ações individuais que possam dar conta de tamanha complexidade.

    EPSJV/Fiocruz: De maneira geral, para que serve uma vacina?
    Manoel Barral: A vacina é um mecanismo seguro de induzir uma resposta protetora contra, normalmente, um agente infeccioso. Hoje em dia existe a possibilidade de combate a doenças não infecciosas. Mas o grande alvo delas ainda são as doenças infecciosas.

    A gente pode atrelar a volta às aulas com a vacina? Ela é determinante?
    Eu acredito que não. Primeiro porque a gente não basta só descobrir, é preciso que essa vacina seja segura e protetora e não cause mais problemas do que a doença. E isso pode acontecer, a vacina agravar a doença.  E depois, quando tudo isso se produzir, mesmo que rapidamente, como nós esperamos, ainda vai demorar um tempo bastante razoável para que a gente consiga vacinar uma grande parte da população. Não é um processo rápido proteger a população com uma vacina que é necessária para bilhões de pessoas. A gente não está falando de uma doença que é localizada, em que rapidamente se pode produzir a quantidade de doses necessárias. A gente está falando em vacinar em escala global, só aqui no Brasil são mais de 200 milhões de pessoas.  Então ninguém sabe quando teremos uma vacina efetiva e segura e quando, após isso resolvido, conseguiremos vacinar uma grande parte da nossa população. Então pode ser um prazo que pode correr o risco de ser muito longo para o retorno às aulas.

    Quais seriam os elementos que, apesar de não existir a vacina, podemos estabelecer para que com eles sob controle podemos pensar nesse retorno às aulas?
    O que a gente precisa basicamente é manter todas as medidas que já têm hoje do ponto de vista de proteção, como distanciamento, uso de máscara, mas começar dois aspectos fundamentais: o primeiro que é extremamente crítico que é a redução da transmissão através da identificação dos contatos e seu isolamento dos casos e quarentena dos contatos. Porque essa é a forma, na ausência de uma vacina, de reduzir o número de casos na comunidade. Isso tornaria o risco muito menor. Evidentemente, enquanto não houver uma vacinação em massa vai haver risco.  Mas aí você tem que começar a ponderar o risco de infecções com o risco de atraso tão grande das atividades escolares, principalmente as presenciais, porque as atividades à distância cobrem uma parte, mas não cobrem tudo. Então, esse retardo de volta às aulas também tem impacto e a gente não pode desconsiderar o risco que representa. É preciso saber ponderá-lo. É claro que a vacina tem um elemento importante nisso.  A minha cautela é a de que se a gente não tiver uma vacina muito rápido, que a gente comece a ter alternativas.  Uma delas é ter baixa transmissão. E a gente no Brasil ainda está com uma taxa de transmissão ainda muito elevada na maioria dos locais, o que inviabiliza a volta às aulas.  Não seria uma volta responsável. A gente precisaria reduzir a transmissão.

    Muitas escolas estão se modificando e algumas privadas já anunciaram que estão aptas ao retorno. As condições escolares isoladas trariam segurança para o retorno dos estudantes?
    Lógico que por mais cuidados que as escolas ofereçam, se você não tiver uma redução comunitária vai ter reflexos importantes. Então, mesmo na escola privada você tem os trabalhadores que não tem a mesma condição de transporte dos estudantes e usam transporte público. E essas pessoas podem estar disseminando infecção. As escolas não existem como uma bolha totalmente separada da comunidade. É preciso que haja condições compatíveis para que se possa fazer uma proteção adequada não somente dos alunos, mas também de toda comunidade escolar. É importante agir coletivamente e não de forma individual nesse processo.

    A vacinação em massa significa o fim do risco de contaminação?
    A rigor não. O que acontece é uma diminuição grande do risco. O que a gente sempre pondera é quanto do risco está disposto a correr. É preciso sempre colocar nessa perspectiva. O grande problema é que além de ter essas características intrínsecas, que tenha uma vacina segura, que não agrave a doença. A gente não tem ainda essa vacina, temos bons candidatos, mas não tem ainda. Mas mesmo quando a gente tiver essa vacina a gente não deve esquecer que é uma solução que o mundo deseja. Nunca teve uma campanha de vacinação como a gente está prevendo para essa demanda contra a Covid-19. E, além disso, vamos pensar numa hipótese de que a vacina não será em dose única. Você terá que ter uma campanha de vacinação que vai atingir a pessoa para que ela seja vacinada duas vezes. Claramente estamos falando de um esforço enorme, em que podem faltar coisas básicas como seringa, agulha ou coisas desse tipo. Então, a produção para manter a cadeia funcionando em grande volume é algo que a gente não tem, e já deveria estar trabalhando nessa logística e estimar tudo que a gente deveria  precisar. Isso já deveria estar sendo feito. De alguma maneira preparar essa logística para uma campanha desse porte. A gente viu que faltaram elementos básicos para atendimento nas UTI’s  não só no Brasil como em outros países também. E entra também a questão de custo. Quanto vai custar essa vacina, como ela vai ser disponibilizada para uma demanda tão grande de todo mundo vacinar de uma vez só. No sarampo, por exemplo, a cada ano você vacina uma faixa etária específica de crianças. Diferentemente dessa que será para todos. E mesmo no caso de sarampo, que não precisamos fazer uma mega operação de vacina, 140 mil crianças morrem no mundo por falta de proteção, por não receberam a vacina. O acesso à vacina é tão crítico quanto a existência dela.  É um processo mais global. Não basta ter a vacina e começar a produzi-la. É preciso que a vacina chegue nas pessoas na época adequada. E todos nós não podemos pensar em proteger só uma parcela da população e achar que o problema está resolvido. É preciso que a gente atinja realmente toda a população.

    A participação da Fiocruz traz algum tipo de prioridade para os brasileiros no acesso à vacina?
    É claro que há uma vantagem nesse caso porque a própria Fiocruz está se preparando para produzir localmente. Então isso faz com que a gente tenha uma garantia de acesso. É importante lembrar que houve até interceptação de aviões para pegar carga de respiradores… Uma situação semelhante a essa pode acontecer com a vacina.  Os países poderosos vão querer garantir as doses de vacina. Isso mostra mais do que nunca como é importante para um país ter ciência e tecnologia produzidas localmente.  A gente vai ter uma certa vantagem na vacina porque temos capacidade de produção. Se o material fosse produzido nos Estados Unidos, na China ou na Inglaterra, evidentemente, que iríamos receber muito pouco até que eles conseguissem vacinar quase toda a sua população. Esse é um elemento que a OMS [Organização Mundial da Saúde] tenta adequar, discutindo e colocando em questão o acesso universal, mas se a gente não tiver uma produção em massa e viável, evidentemente que os países vão acabar saindo desses esquemas cooperativos e defender o seu quinhão primeiro. É necessário pensar nessa crise e no futuro. Se a gente não investir em ciência e tecnologia nacional, se a gente não tiver alternativas nossas com capacidade de desenvolvimento de uma vacina do zero e de produção local, a gente tem uma dependência muito grande no contexto internacional. Vários países da Europa e o próprio Estados Unidos têm tomado medidas de produzir novamente insumos que a China passou a centralizar a produção, por conta do preço como máscara de proteção, entre outros itens. Tudo isso faltou no mundo porque só quem produz hoje é a China, e em alguns casos, a Índia. Mas como isso começou na China, eles fecharam essa remessa para ter disponibilidade local, além de todo impacto que teve em suas próprias fábricas etc. Se a gente não tiver essa visão de que a produção local continua sendo importante para essas situações de emergência internacional isso também é um elemento de fragilidade. Não precisa ser nada muito sofisticado. Não é para fazer grandes drogas.  Ou drogas novas, ou vacinas novas, mas a produção local é importante até por essa questão de pane no sistema de logística internacional por uma razão como uma emergência sanitária como essa. Claramente a gente tem que repensar nosso sistema de produção no complexo industrial da saúde. Tanto o desenvolvimento científico e tecnológico quanto a produção local são estratégias que vimos com essa experiência que são importantes e devem ser fortalecidos.   

    Estamos com três vacinas, digamos, mais midiáticas que são a de produção em parceria com a China, a da Rússia e essa da Fiocruz. Queria que o senhor pudesse esclarecer algumas questões relacionadas a elas que circularam nas redes sociais. Existe vacina sendo realizada com feto humano? Qual é a questão de segurança da vacina russa? Podemos dizer que uma é mais segura que a outra?
    Essa questão de que temos vacinas de produção de vacinas com substâncias mais estranhas não têm nenhuma base. Todo esse processo de produção de vacina hoje é muito conhecido. E seria muito mais caro esse processo se pensássemos em produzi-las com feto ou coisa assim. Tudo isso é uma produção que depende muito de química e bioquímica que já está muito estabelecido, barato e seguro se produzir da forma que já se conhece do que começar uma produção. A gente tem vacinas, como a da febre amarela, que usa ovo de galinha porque são vacinas desenvolvidas há muitos anos, quando não se tinha o desenvolvimento que tem hoje e ainda nos dias atuais não existe investimento para modernizar essa vacina.  Mas hoje não tem a menor lógica pensar que uma vacina será desenvolvida por uma metodologia igual a de muitos anos e não vai utilizar toda tecnologia disponível. Seria completamente ilógico uma vacina dessa. Não interessaria a ninguém. Nem ao produtor. Sobre a segurança da vacina, hoje não podemos afirmar que uma é mais segura que a outra porque nenhuma vacina chegou ainda na conclusão da fase 3. O processo de produção de uma vacina envolve as fases que têm sido muito faladas: a fase 1 que você testa em poucas pessoas e atesta se a vacina não causa muitas lesões, se ela não causa uma febre absurda. É um produto que está sendo inventado. Não é uma vacina ainda. Na segunda etapa, a fase 2, você expande isso para um maior número de indivíduos  e passa a avaliar também o efeito no homem, no sistema imune humano. Já na fase 3, que é a fase  que deve ser testada em dezenas de milhares de pessoas,  você se certifica que a vacina é uma substância que não dá reações adversas importantes e  é capaz de induzir uma resposta imune boa, correta, protetora.  E é nessa fase que tem uma variedade de pessoas que você pode ver outras reações mais raras, que não dá para ver nas fases anteriores. O grande problema que a comunidade científica está enfrentando agora é a pressão da sociedade quanto dos políticos para reduzir a fase 3. Já na avaliação da vacina russa não há nenhuma evidência que ela seja melhor ou pior do que as outras. O que a comunidade científica tem criticado é o fato dos resultados das primeiras fases não terem sido divulgados como todas as outras candidatas.  E isso é um pacto internacional. Mas não podemos dizer que ela não protege ou é danosa, a comunidade científica só não sabe quais foram eles, portanto, gera especulação.

    Existem dois conceitos que é o de bloqueio de infecção e de doença. Há alguma diferença entre eles para o retorno às aulas?
    Quando a gente consegue bloquear a infecção significa que as pessoas não vão conseguir transmitir. Se a vacina só proteger da doença a pessoa pode estar infectada e transmitir. Isso, portanto, não é tão eficiente para ter uma proteção comunitária do vírus. A vacina que bloqueia a infecção vai ter uma eficiência muito maior no sentido de diminuir a transmissão e proteger os indivíduos que ainda não foram vacinados.

    Podemos dizer que estamos vivendo a imunidade comunitária? Isso pode ser considerada uma estratégia sem vacina?
    Quando um vírus chega numa comunidade em que nunca ninguém havia tido contato com o vírus antes, todos ficam suscetíveis a pegar a doença. Então, se alguém se infectar, ele tem condições de transmitir para uma, duas, dez pessoas. Isso que se chama taxa de transmissão do vírus. Uma coisa que se demonstrou e que foi bastante verificada é que ele tem uma taxa de transmissão muito elevada. Então, se você chega numa comunidade onde ninguém está protegido, a chance de transmitir é muito alta e rápida. Quando você tem uma parte da população que está protegida, e isso também se faz com a exposição ao vírus, e o corpo faz sua resposta imune isso vai diminuindo a possibilidade de infecção do vírus. Imunidade comunitária é quando muitas pessoas forem resistentes menor a chance do vírus se espalhar. Você tem duas maneiras de atingir isso. Uma delas é muita gente ficar infectada. O problema é que você terá muita gente sofrendo, muita gente morrendo para chegar num nível necessário para a proteção.  A forma mais segura de chegar à imunidade comunitária é ter isso através da vacina porque as pessoas se protegem sem o risco. A imunidade desenvolvida naturalmente é um risco muito elevado. E, portanto, não pode ser vista como solução de chegar à imunidade comunitária com a exposição natural. Ainda mais com uma doença grave como essa que mata. Se fosse uma doença que não tivesse mortalidade, que casos graves fossem raros, ainda seria questionado, mas numa situação como essa não é razoável falar de imunidade comunitária atingida por infecção. 

    A vacina deve ser encarada como um pacto social?
    A vacinação obrigatória teria justificativa para alguns casos sanitários, mas isso realmente é uma outra esfera. Sempre temos que fazer o equilíbrio entre riscos. E no caso da vacina teria que ter condições sociais e políticas para torná-la obrigatória. Do ponto de vista científico sanitário faz todo sentido que a gente tivesse uma forma mais efetiva de vacinação. Para ilustrar, um jovem infectado com o grau de doença mais leve poderia pensar em não tomar vacina, mas ele estará prejudicando outras pessoas que  teriam a possibilidade de se proteger, caso ele não tivesse a infecção. É uma responsabilidade social. Não é uma doença que  fica só para você. Então, claramente, você tem que proteger os outros também. Mas, ainda que não haja compulsoriedade da vacina, o esforço governamental deve ser feito de forma a vacinar em grande quantidade e convencer a população desse benefício. Os mitos em relação a vacina deveriam estar sendo desconstruídos e os benefícios, que são fáceis de comprovar, sendo divulgados. A vacinação é, talvez, a medida mais importante do século 20 e que permitiu a sobrevivência de pessoas, aumento da expectativa de vida e tem um impacto na qualidade e sobrevida das pessoas extremamente importante. Você deixar de convencer as pessoas de tomar a vacina não é uma boa medida no âmbito da educação em saúde. Deveria ter um esforço oposto a isso, de convencimento da importância e segurança que a vacina confere, mesmo que não obrigatório, por meio de vários meios educacionais.

    Publicado em 18/09/2020
    Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

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  • A busca pela vacina livre deve ser coletiva

    • 23/09/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Pelo mundo, surgem campanhas para que universidades disponibilizem tecnologias de combate à covid-19 de forma gratuita — e não se concentrem em grandes laboratórios. No Brasil, UFPel é exemplo. UFMG poderá ser a próxima. Leia abaixo no artigo de Luciana M. N. Lopes* e Alan Rossi Silva**

    Para muitas brasileiras e brasileiros, ir a uma partida de futebol é uma experiência mágica. O chão tremendo. A fumaça colorida. As — MUITAS — vozes em coro. É impossível resistir à energia. O coração vai à boca e para naqueles dois segundos de dúvida: vai entrar? E, então, a explosão. O abraço intenso no vizinho desconhecido. A alegria comum e contagiante ao ver seu time marcar um gol.

    Naquele 8 de julho de 2014, 99,95% do novo Mineirão estava lotado. Milhares de pessoas buscavam a emoção de ver seu time passar para a final de uma Copa do Mundo jogada em casa. 58.141 corações viveram, contudo, um dos episódios mais vergonhosos da história do nosso futebol: a goleada de 7×1 da Alemanha. Vimos um país inteiro comovido. Em luto.

    Quem imaginaria que, seis anos depois, estaríamos tomando uma goleada infinitamente mais vergonhosa? Já são mais de 130 mil corações — mais que o dobro da ocupação do Mineirão — que pararam por gols do novo coronavírus. Estranho é não sentir, neste caso, a comoção e o luto do país. Se muitos de nós deixamos o campo antes do final da partida, alguns nunca nem entraram: vivem suas vidas como se a batalha decisiva que travamos nunca tivesse começado.

    Com uma defesa desorganizada e vazada, aqueles de nós que não abandonaram o time depositam a esperança em nosso ataque: a ciência. E os jogadores da ciência, mesmo desvalorizados e contestados pelo negacionismo, vêm trabalhando duro para organizarem um ataque veloz. Os esforços globais para a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas, medicamentos, diagnósticos e outras tecnologias em saúde são impressionantes e sem precedentes. Em seis meses de pandemia, foram mapeados mais de 200 estudos para desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19. Oito deles já estão na fase III dos testes em humanos — a última antes do registro sanitário. Quanto mais entrosados os jogadores, mais perto chegamos do gol.

    No Brasil, todos os nossos jogadores de ataque vêm, praticamente, da mesma categoria de base: a universidade pública, que produz 95% da ciência do país. Mesmo tendo sido sistematicamente desvalorizadas pelo governo federal nos últimos anos, nossas universidades públicas e seus pesquisadores têm dado raça em campo e se esforçado, inclusive, para cobrir nossa defesa. Além de buscarem adaptar suas atividades ao novo contexto, elas têm realizado diagnósticosinvestigações epidemiológicas e campanhas de conscientização, bem como tomado medidas para minimizar os danos causados pela pandemia e reduzir as desigualdades sociais por ela intensificadas. Além disso, são cada vez mais numerosas as iniciativas que visam a pesquisar, desenvolver e distribuir Equipamentos de Proteção Individual (EPI)sanitizantesventiladoresmedicamentos e vacinas.

    Os sócios-torcedores e o jogador mercenário

    São mais de 23 milhões de dólares investidos por órgãos públicos em estudos relacionados à Covid-19 no Brasil. Nós, enquanto sócios-torcedores, participamos desta aplicação. Mas investimos pouco em nossos jogadores, se comparado aos países ricos: no mundo, há mais de US$ 5 bilhões — grande parte, dinheiro público — dedicados ao desenvolvimento de uma vacina. Afinal, a ampla imunização mundial seria o gol de placa na disputa contra o novo coronavírus.

    Nesse sentido, cabe destacar que a maioria das pesquisas básicas relacionadas a vacinas é desenvolvida em universidades e laboratórios públicos. Nós, os sócio-torcedores, investimos nas pesquisas quando há grandes incertezas sobre os resultados. Já as farmacêuticas multinacionais costumam atuar como aquele jogador que fica “na banheira” esperando a bola chegar em seu pé: elas se envolvem nas últimas etapas do desenvolvimento, quando os riscos são bem menores e o retorno financeiro é potencializado.

    Apesar de essas empresas dizerem que estão no nosso time, não nos deixemos enganar. Sua maior preocupação não é com a vitória coletiva, mas com a glória e com o patrocínio individual — querem ser os únicos a marcar e fazem isso através de monopólios sobre as tecnologias, como vacinas e medicamentos, definindo o preço que querem. Mas, em decisões como a atual, em que a vitória significa salvar vidas, não deveríamos depender de um jogador que vê a disputa como fonte de lucro… Estamos na final e não há tempo para mercenários. Os campeonatos anteriores, como aqueles disputados em torno do HIV/Aids e da Hepatite C, nos lembram que, quando a estratégia individual se sobrepõe à coletiva, somos levados a, no máximo, disputar, cansados, longas prorrogações desnecessárias.

    Acontece que nossas universidades, muitas vezes, fazem acordos para só tocar a bola para esse jogador mesquinho. A conhecida “vacina de Oxford” é um exemplo disso. Apesar de ter sido desenvolvida por uma universidade, com muito dinheiro público, as condições de produção e distribuição dessa tecnologia estão inteiramente nos pés de uma única empresa farmacêutica — a AstraZeneca. Há vários jogadores livres, na cara do gol, implorando para receber a bola e fazer a alegria da torcida. Entretanto, este ataque veloz, que poderia resultar em um dos gols mais espetaculares da história, pode ser impedido por um jogador “fominha”. Nesse sentido, questionamos se o investimento antecipado de mais de R$ 1 bilhão dos sócios-torcedores brasileiros nessa tecnologia ainda em testes não refletiria um receio de sermos jogados para escanteio na fila do acesso à vacina, caso ela se comprove eficaz. Aliás, será que essa fila existiria caso a vacina pudesse ser livremente produzida e distribuída?

    O caso das vacinas, assim como o das doenças negligenciadas, evidencia o papel essencial das universidades e institutos públicos de pesquisa, que têm compromisso com o time e não consigo mesmos. Devem, assim, estar atentos a sua função social como centros de produção e disseminação do conhecimento, especialmente quando o conhecimento é nossa estratégia de ataque. Diante disso, estudantes, pesquisadores, artistas e ativistas de 29 países se juntaram na campanha global #FreeTheVaccine, que convoca diversas universidades do mundo a disponibilizarem amplamente seus conhecimentos contra a covid-19.

    A bela jogada da UFPel

    Assim, alguns lances vistos por aqui despertam nossa paixão e acendem a esperança de trazermos o troféu para casa. Além de conduzir o estudo epidemiológico com o maior número de indivíduos testados do mundo para o coronavírus, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) entrou em campo com garra e lançou uma modalidade de licenciamento de patentes e transferência de tecnologia completamente gratuita. Segundo a portaria 732/2020, o compartilhamento de tecnologias úteis no combate à covid-19 poderá ser feito de forma não exclusiva e sem recebimento de royalties pela instituição. Ou seja, além de poder tocar a bola para diversos jogadores, a UFPel não precisa cobrar pelos toques. Em contrapartida, os receptores da tecnologia deverão distribuir os seus produtos de forma ampla e com preço abaixo do mercado. Jogada de craque!

    No Brasil, um país marcado por iniquidades escancaradas neste campeonato, jogadas assim são importantíssimas. E outras universidades, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), têm sido convidadas a treiná-las. Posicionada ao lado do Mineirão, a UFMG também pode assumir uma posição estratégica na organização do nosso ataque: ela é a maior depositante de patentes em biotecnologia do Brasil. Por meio de uma campanha intitulada “Conhecimento sem cortes e sem monopólio”, a universidade, que licencia a maioria de suas patentes de forma não exclusiva, foi convocada por sua comunidade a também firmar o compromisso de jogar pelo coletivo no campeonato contra a covid-19. Elencada, recentemente, em um ranking internacional como a 5ª melhor universidade da América Latina, uma jogada da UFMG nesse sentido ajudaria a inspirar outros jogadores — nacionais e internacionais — a vestirem a camisa e tocarem mais a bola.

    Em todo o mundo, a torcida grita por uma “vacina do povo” amplamente acessível. E várias instituições fizeram discursos nesse sentido. Só que discursos, quando não acompanhados de ação, são apenas bolas na trave. E “bola na trave não altera o placar”. Para virar o jogo contra a covid-19, precisamos chegar ao gol. E não chegaremos se continuarmos deixando que a grande indústria farmacêutica, localizada majoritariamente nos países ricos, continue monopolizando a bola.

    O jogo está só começando

    No futebol, as jogadoras e os jogadores brasileiros são referência. Já no campeonato contra a covid-19, mesmo que o nosso Sistema Único de Saúde tenha desempenhado um papel fundamental em nos manter, literalmente, vivos na batalha, somos um dos países na lanterna. Apesar disso, as diversas iniciativas para fortalecer o nosso ataque — com destaque para o Projeto de Lei 1462/2020, que tira a indústria farmacêutica nacional do impedimento — indicam que há espaço para assumirmos o protagonismo e inspirarmos todo o mundo com jogadas dignas de replay.

    A covid-19 mostra que precisamos rever a forma como nós, enquanto sociedade, jogamos. Ela está ganhando de lavada, fora o baile. Até a premiação do Bola de Ouro, que acontece desde 1956 e coroa os melhores jogadores do futebol mundial, foi cancelada em 2020 devido à pandemia. Contudo, muitas instituições continuam agindo como se estivéssemos jogando um amistoso e não uma final de Copa do Mundo.

    Mas o jogo está longe de acabar e as notícias sobre vacinas promissoras nos mostram que ainda podemos virar. Não é hora de cumprir tabela e nem de desistir do campeonato. É hora de a gente vestir a máscara e cantar o mais alto possível; empurrar o time; fazer o chão tremer; pedir substituições e deixar claro que não há espaço para jogadores sem amor à camisa, que fazem da pandemia e de nossas vidas uma oportunidade para lucros abusivos. O que a gente quer é raça — do time todo. O que a gente quer é gol e abraço. E só um time que joga junto pode nos proporcionar a alegria da vitória.

    *Luciana M. N. Lopes e **Alan Rossi Silva representam a Universidades Aliadas por Medicamentos Essenciais (UAEM), uma organização global de estudantes em defesa do acesso universal a medicamentos e de um sistema de inovação biomédico justo.

    Fonte: OutrasPalavras
    Publicado em 22/09/2020

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  • 30 anos da lei que regulamentou o SUS: CNS segue em luta por mais orçamento

    • 23/09/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Sistema público brasileiro de saúde completa 30 anos da lei nº 8080/1990, que regulamentou o SUS, e demonstra sua força no meio da pandemia da Covid-19 ao mesmo tempo em que é preciso seguir lutando pela manutenção do orçamento.

    O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo. Ele garante acesso integral, universal e gratuito para toda a população do Brasil, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, até o transplante de órgãos. Esse complexo sistema está presente na vida de todos os brasileiros e completou, no último sábado (19/09), 30 anos da Lei nº 8080/1990, que regulamentou uma trajetória de muito esforço e desafios enfrentados, diariamente, para proporcionar e garantir o direito universal à saúde como dever do Estado.

    O controle social do SUS também está previsto na legislação brasileira. São 30 anos da participação da comunidade no monitoramento, fiscalização e deliberação sobre as políticas públicas de saúde, por meio do Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão fundamental para que tenhamos o SUS como ele é. O CNS realiza debates, conferências, fóruns, reuniões, articulações com Executivo, Judiciário e Legislativo, trazendo sempre o olhar social e técnico para a tomada de decisão, numa rede que envolve mais de 100 mil conselheiros e conselheiras em todo o país, eleitos democraticamente a cada período, além de universidades, entidades sociais e de categorias de trabalhadores das 11 áreas da saúde.

    Para Fernando Pigatto, presidente do CNS,  o SUS deu a resposta necessária mesmo diante do desfinanciamento. “Se não fosse o SUS, seria muito mais difícil enfrentarmos essa crise sanitária. Temos que celebrar e reconhecer as conquistas que tivemos nesses 30 anos de regulamentação”.  Segundo ele, é necessário seguir lutando todos os dias pela manutenção e fortalecimento do legado conquistado. Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, afirmou que “não existe outra saída para o nosso país com relação a saúde, que não seja o SUS forte e eficiente”, disse em matéria sobre os 30 anos da lei do SUS, publicada no site do Ministério da Saúde.

    EVOLUÇÃO DO SISTEMA

    O sistema público de saúde no Brasil antes de 1988 atendia a quem contribuía para a Previdência Social. A saúde era centralizada e de responsabilidade federal, sem a participação dos usuários. A população que poderia usar recebia apenas o serviço de assistência médico-hospitalar. Antes da implementação do SUS, saúde era vista como ausência de doenças. Na época, cerca de 30 milhões de pessoas tinham acesso aos serviços hospitalares. As pessoas que não tinham carteira assinada dependiam, muitas vezes, da caridade e da filantropia.

    O SUS surgiu após a reabertura democrática, depois de ampla pressão popular e do Movimento Sanitarista Brasileiro. Em 1986, em Brasília, ocorreu a 8ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), com a presença de ativistas, pesquisadores, trabalhadores da saúde de todo país. Esse momento deu as bases para o capítulo “Da Saúde”, na Constituição de 1988. Durante esses 30 anos, a evolução do sistema público de saúde foi importante para todos, sem discriminação. Atualmente, o sistema é descentralizado, municipalizado e participativo. Hoje, saúde é vista como qualidade de vida.

    O SUS não é apenas assistência médico-hospitalar. Também desenvolve, nas cidades, no interior, nas fronteiras, portos e aeroportos, outras ações importantes. Realiza vigilância permanente nas condições sanitárias, no saneamento, nos ambientes, na segurança do trabalho, na higiene dos estabelecimentos e serviços. Regula o registro de medicamentos, insumos e equipamentos, controla a qualidade dos alimentos e sua manipulação. Normaliza serviços e define padrões para garantir maior proteção à saúde.

    DESAFIOS DA SAÚDE

    Os desafios de um sistema de saúde são constantes e novas demandas sempre surgem, seja em um enfrentamento de uma nova doença – como a Covid-19 – ou até mesmo na incorporação de novos medicamentos e de tecnologias de ponta. Mas é impossível pensar o SUS sem atuar contra o seu processo constante de desfinanciamento, em especial desde 2016, com a aprovação da EC 95, que congelou investimentos em saúde até 2036.

    Além  disso, uma outra pauta importante no cenário atual é a Petição do CNS, que luta para que o piso emergencial de 2020 siga durante o ano de 2021, visto que haverá uma demanda reprimida diante da pandemia, além de um legado de UTIs, respiradores e outros equipamentos que poderão ser pedidos pela ausência de recursos para manutenção.

    FORTALECIMENTO

    A participação da população é fundamental para o desenvolvimento e aprimoramento da saúde. O papel do Ministério da Saúde, além das pactuações nos três níveis da federação, é também dialogar constantemente com o CNS, principal instância de controle social das ações do SUS. Gestores, trabalhadores e população unidos podem desenhar tecnicamente critérios em todas as áreas para o fortalecimento da saúde do Brasil para os brasileiros.

    Assine a petição do CNS

    Fonte: SUSConecta
    Publicado em 22/09/2020

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  • Patentes matam: manifesto pelo conhecimento comum

    • 23/09/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Produção de saberes científicos na Saúde está atrelada ao lucro — enquanto milhões morrem por desassistência. Com a pandemia, fica claro que é necessária profunda mudança política. Pesquisas, vacinas e remédios devem ser bens comuns. Esse é o eixo da iniciativa que algumas organizações internacionais e nacionais, como a BUKO Pharma-Kampagne, a Medico Internacional (Alemanha), Outras Palavras (Brasil), Movimento pela Saúde do Povo e Sociedade pelo Desenvolvimento Internacional lançaram.

    Nós, os abaixo-assinados, reivindicamos de nossos governos políticas que tratem os produtos farmacêuticos com bens públicos globais, e que limitem o poder das corporações farmacêuticas, em favor do interesse público; políticas que estejam em sintonia com as necessidades de Saúde da população.

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    As patentes matam – Remédios para todos!

    O mundo tornou-se um paciente. O novo coronavírus é um enigma médico global que os governos, as corporações farmacêuticas e as organizações internacionais estão tentando decifrar em unidade raramente vista antes. O nível de troca entre fronteiras de dados, métodos de pesquisa e comprovações destaca o papel crucial desempenhado pelas comunidades transnacionais de cientistas* e especialistas*. Com o desenvolvimento e os testes clínicos de vacinas, muitos esperam que o vírus será contido, bastando resolver questões de logística.

    Infelizmente, não é tão simples. Porque a história de todas as epidemias é também uma história de interação entre conhecimento, poder e política. Alguns governos subestimam o perigo do vírus, colocando em risco milhares de vidas. Mas além disso, para serem capazes de conter a covid-19 com sucesso, os Estados precisam primeiro criar as condições de tornar os resultados das pesquisas científicas transparentes e acessíveis e considerar o conhecimento médico, inclusive as opções de tratamento, um bem comum da humanidade. Isso é necessário para chegar a uma vacina mais rapidamente e para garantir sua distribuição equitativa.

    Após a introdução, pela Organização Mundial do Comércio (OMC), do regime de monopólio do acordo TRIPS para o manejo da propriedade intelectual, há 25 anos, o sistema global de patentes atrelou a produção de conhecimento no setor de Saúde aos lucros e ao retorno dos investimentos. Eles tornaram-se muito mais importantes que a pesquisa, desenvolvimento e distribuição dos medicamentos necessários – especialmente quando as populações não podem pagar por eles. Sistemas de saúde desiguais continuam a excluir muitas comunidades vulneráveis devido a sua renda ou seu passado. Estas restrições há muito já não se dão apenas em escala local. As áreas excluídas vão dos campos de refugiados a periferias urbanas e a países inteiros.

    Uma injustiça global que vai além do coronavírus: Apesar do rápido progresso médico e da existência de medicamentos que oferecem cura ou tratamento, milhões de pessoas morrem todos os dias no mundo de doenças como a tuberculose, a diabete e a AIDS. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço de todos os pacientes*, em todo o mundo, não têm acesso a remédios devido aos alto preços e a outras barreiras estruturais.

    Além disso, apenas uma pequena parcela da pesquisa em Saúde está relacionada com problemas da população globalmente marginalizada. A indústria farmacêutica pesquisa e desenvolve principalmente drogas que possam gerar lucros. E o modelo de patentes assegura que mesmo os medicamentos desenvolvidos com recursos públicos são oferecidos a preços muito altos. É uma forma de privatização que ignora o fato de que um novo mecanismo de pesquisa e desenvolvimento (P+D), público, seria muito mais eficaz economicamente que o refinanciamento de P+D por meio de patentes e preços altos. Mudanças cosméticas neste sistema, como a redução de preços das drogas contra o HIV/AIDS, exigiram anos de protesto público e ativismo internacional. Ainda assim, novas barreiras ao acesso surgiram quando ações médicas de última geração tornaram-se necessárias.

    Além disso, o sistema de patentes cria barreiras à própria pesquisa, ao bloquear cada vez mais o acesso aos próprios métodos e ferramentas de pesquisa. Este sistema tornou-se, assim, um dos grandes obstáculos à produção de drogas necessárias à preservação da vida das populações. Superá-lo é uma antecipação possível de um futuro em que os serviços sociais essenciais não mais estarão sujeitos a princípios de lucro e mercado.

    Agora – em meio a uma pandemia – chegou o momento de fazer esta mudança política fundamental. A difusão do coronavírus mostra que a política de Saúde é uma tarefa global que os governos precisam assumir com senso de responsabilidade, em favor do interesse público. Ela deve ser orientada por princípios de Direitos Humanos – considerando que a necessidade de salvar vidas é uma estratégia-chave para um contrato social saudável entre os governos e as sociedades.

    Nós, os abaixo-assinados, reivindicamos de nossos governos que as necessidades de Saúde das populações superem interesses de lucros; que os medicamentos sejam vistos como bens comuns globais; e que o poder das corporações farmacêuticas seja controlado. Elementos indispensáveis para tanto são o desatrelamento entre os custos de pesquisa e os preços dos remédios, e a transparência do conhecimento médico.

    As bases para isso devem ser asseguradas por um acordo internacional a ser negociado sob os auspícios da OMS para o financiamento obrigatório e coordenado da pesquisa e desenvolvimento para medicamentos, diagnósticos e vacinas essenciais.

    As seguintes medidas concretas precisam ser tomadas:

    * Exigência de Licenciamento Igualitário para todos os projetos de pesquisa e desenvolvimento financiados com recursos públicos, de modo a assegurar a propriedade pública dos resultados.

    * Um Acervo Público Global de Patentes, baseado na OMS, para a produção de conhecimento em Saúde, de modo a permitir um manejo mais fácil e acessível dos acordos de licenciamento.

    * Apoio à produção local de medicamentos, sob responsabilidade pública, em países que ainda não têm capacidade de produção (por meio de transferências de tecnologia e capacidade regulatória crescente).

    * Criação de sistemas regionais eficientes de distribuição de medicamentos e de todos os produtos médicos necessários para assegurar que os preços sejam acessíveis e não orientados para o lucro máximo.

    Fonte: OutrasPalavras
    Publicado em 23/09/2020

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  • Movimento antivacina reflete crise civilizatória

    • 23/09/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Caiu em todo o mundo, nos últimos quatro anos, a confiança na imunização. O obscurantismo cavalga na percepção sobre práticas escusas da indústria farmacêutica e no negacionismo que promove o direito do indivíduo acima do da sociedade.

    Um trabalho publicado pelo periódico The Lancet avaliou a confiança nas vacinas em geral em 149 países com base em entrevistas com 284 mil pessoas – em alguns casos, os dados permitem ver como isso evoluiu de 2015 até 2019. 

    No geral, os autores observaram que extremismo religioso, movimentos antivacina, instabilidade política e multiplicação de notícias falsas impactam a confiança. Eles dizem, por exemplo, que a queda acentuada na Indonésia foi provocada em parte por alguns líderes muçulmanos que começaram a questionar a segurança das vacinas de sarampo, caxumba e rubéola e instituíram um decreto religioso proibindo a vacinação.

    O Brasil está no grupo dos países onde mais da metade da população acredita fortemente na segurança, na eficácia e na importância dos imunizantes. Mas isso piorou no período estudado: houve queda de 73% para 63% na parcela que acredita que as vacinas são seguras; de 75% para 56% nos que acreditam em sua eficácia; e de 92,8% para 88% nos que acreditam que elas são importantes para crianças. 

    “A América Latina, e o Brasil inclusive, foi vista por muito tempo como tendo uma blindagem à desconfiança em vacinas. Mas sabemos que a confiança em vacinas é algo muito volátil, e esse perfil vem mudando. Se os responsáveis não prestarem atenção, isso pode se reverter em queda na cobertura vacinal”, diz uma das autoras, Clarissa Simas, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

    Outros países aparecem com quedas muito mais acentuadas – e de certa forma, mais justificadas também. As Filipinas estavam entre os dez países onde havia maior confiança em 2015, e em 2019 aparece em 70º lugar. Acontece que, lá, a farmacêutica Sanofi distribuiu largamente sua vacina contra dengue para, depois, reconhecer que o produto poderia na verdade piorar a doença em crianças que nunca haviam sido infectadas. Dez crianças morreram.

    O presidente Jair Bolsonaro decidiu explorou o sentimento antivacina usando uma criança em suas transmissão ao vivo. Contracenando mais uma vez com uma youtuber mirim, tentou claramente induzir declarações receosas por parte da menina: “Você gosta de tomar vacina?”, e “Você tomaria qualquer vacina, sem comprovação científica?”, perguntou ele. Como a criança só respondia de maneira afirmativa, ele reforçou que as vacinas contra covid-19 em desenvolvimento “ainda não têm uma comprovação científica“. Como se alguém estivesse dizendo o contrário… E como se ele se importasse com esse tipo de comprovação.

    Uma campanha publicitária promovida pelo governo Bolsonaro, com recursos públicos, estimulou a ideia de que é um direito individual a decisão de vacinar ou não as crianças, ignorando diretrizes nacionais e internacionais na área de Saúde pública. Pesquisadores do Brasil e do mundo já consideram o movimento antivacina uma das principais ameaças à saúde pública na atualidade.

     Da redação com informações de OutraSaúde
    Publicado em 17/09/2020

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  • Fenafar apresenta uma pauta democrática para a profissão farmacêutica e para o direito à Saúde

    • 16/09/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    A Federação Nacional dos Farmacêuticos aprovou, em reunião de sua diretoria, uma plataforma de propostas de políticas públicas no campo do direito à saúde e da Assistência Farmacêutica a ser apresentada às candidatas e candidatos às Prefeituras e Câmara Municipais nas eleições que acontecem no final deste ano. É uma agenda política que tem como foco a luta em defesa da vida, e que passa indiscutivelmente pela fortalecimento do SUS. Leia abaixo na íntegra.

    Carta Aberta da(o)s Farmacêutica(o)s
    Para a (o) candidata (o)s nas Eleições Municipais 2020

    O ano de 2020, é ano eleitoral para cargo de prefeita(o)s e de vereadora(e)s que determinarão o futuro de cada cidade para os próximos quatro anos.

    Importante compreendermos a importância, em particular, destas eleições municipais. Um primeiro aspecto é o fato do voto ser uma conquista histórica da cidadania brasileira. Em segundo, somos chamada(o)s a exercer a cidadania pelo voto no qual expressamos o projeto político que desejamos e que nos represente no governo. Mas não é apenas isso!

    Temos vivido dias muito difíceis, vendo o aumento das desigualdades sociais, mais dificuldades financeiras, os desmontes das políticas públicas, o fechamento de postos de saúde, as dificuldades do acesso aos medicamentos, a ausência na realização de concursos públicos, dentre outros. 

    E é exatamente no município, âmbito da vida cotidiana, haja vista que os projetos relacionados à saúde, educação, saneamento e segurança são desenvolvidos em cada um dos municípios brasileiros e aplicados nas cidades, que precisam de nossa atenção e olhar cuidadoso, porque as mudanças necessárias dependerão dos nossos votos. 

    Percebam que, neste último período, de tantos retrocessos e retiradas de direitos, se agravam diante da pandemia da COVID-19, e se aprofundam pela ausência de uma orientação única, coordenada e solidária do governo federal para com as instâncias estaduais e municipais, numa morosidade e falta de vontade política de cumprir suas obrigações legais e morais, de não aplicação dos recursos financeiros sustentáveis, na defesa da vida das pessoas. Passamos por grave crise sanitária, econômica, social e política, as quais projetam, para 2021, ainda mais dificuldades. Portanto, exigirá da(o)s eleita(o)s, nestas eleições municipais, que exercem influência direta no nosso dia-a-dia, o compromisso com os pactos sociais e responsabilidade pela melhoria nas condições de vida das pessoas. 

    Estes são aspectos que nos chamam para refletir sobre as mudanças necessárias diante da construção coletiva e posicionamento da(o)s farmacêutica(o)s brasileira(o)s, que possuem propostas concretas para dias melhores a todas e todos. 

    Neste sentido, manifestamos a(o)s candidata(o)s nossas bandeiras para que possam ser traduzidas em ações reais, no âmbito municipal.

    Inicialmente compreendemos que a defesa do direito à Saúde passa pela consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela articulação dos três entes federados – União, Estados e Municípios. Para isso, o principal instrumento e ferramenta de trabalho de toda(o)s a(o)s gestora(e)s de saúde deve ser o Plano Municipal de Saúde, construído de forma participativa e aprovado pelo Conselho de Saúde do município. 

    A(o)s farmacêutica(o)s, independentemente de sua área de atuação, defende: 

    – Garantia da implementação da Política de Assistência Farmacêutica no município; 

    – Revisão periódica da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais – REMUME;

    – Ampliação do acesso aos medicamentos essenciais de forma segura e racional;

    – Garantia do cumprimento das normas sanitárias, inclusive das boas práticas farmacêuticas.

    Além disso propomos:

    – Efetivar o conceito de proteção social;

    – Investir na promoção e prevenção em saúde no que se refere aos condicionantes, como acesso à alimentação adequada, de qualidade e orgânica, à atividade física, ao lazer e ao transporte público e ampliando as ofertas de cuidado variado que superam a lógica médico centrada, como, por exemplo NASF, equipes de apoio matricial, pontos de cultura e saúde, utilizando o princípio da equidade;

    – Ampliar, qualificar e fortalecer a atenção básica, como porta de entrada e ordenadora do sistema, e a cobertura de estratégia de saúde da família em todos os seus componentes;

    – Fortalecimento das Políticas Municipais de Vigilância em Saúde (sanitária, epidemiológica, saúde do(a) trabalhador(a)), garantindo, via concurso público, a participação da categoria dos farmacêuticos na equipe;

    – Implementação das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde;

    – Priorização e fortalecimento da saúde mental nos diversos âmbitos de atenção, garantindo a educação permanente dos profissionais, com a ampliação e o fortalecimento da rede de atenção psicossocial própria;

    – Garantia a regionalização das especialidades, de forma que cada território tenha seu centro de especialidades e facilite o acesso das comunidades mais distantes e dos usuários em situação de vulnerabilidade social;

    – Desprecarização das condições de trabalho e promoção da saúde do(a) trabalhador(a), garantindo condições de trabalho das equipes, assegurando infraestrutura, número de profissionais adequados às necessidades da população; 

    – Realização de concursos públicos para suprir, em número suficiente, as atividades relativas aos profissionais farmacêuticos, em todas as áreas da profissão;

    – Criação de Plano de Cargos, Carreiras e Salários para a(o)s servidora(e)s municipais, que garanta isonomia salarial por nível de formação e possibilite condições dignas de trabalho a(o)s mesma(o)s;

    – Adequação e melhorias das estruturas físicas, equipamentos e programas computacionais nas unidades de trabalho (farmácias das unidades, hospitais, laboratórios de análises clínicas), que são requisitos fundamentais às realizações das atividades farmacêuticas;

    – Fortalecimento do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública – SISLAB, estruturado a partir da Portaria nº 2031/2004, de tal forma que amplie o protagonismo, articulação e participação do trabalho desenvolvido nesse sistema na missão do SUS de proteger e cuidar da(o)s cidadã(o)s brasileira(o)s;

    – Incentivo para qualificação/capacitação técnica da(o)s farmacêutica(o)s com vistas a possibilitar atualização dos conhecimentos em benefícios das atividades a serem desempenhadas;

    – Gestão do poder executivo municipal para dotação orçamentária municipal específica para as ações inerentes à Assistência Farmacêutica e demais políticas públicas;

      A(o)s farmacêutica(o)s votam pela defesa incondicional por um campo político que defenda a vida, o respeito e a democracia participativa.

    FEDERAÇÃO NACIONAL DOS FARMACÊUTICOS

    Publicado em 15/09/2020 

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  • Todo heroísmo será castigado

    • 14/09/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Depois de evitar uma tragédia ainda maior na pandemia, um SUS sub-financiado terá que cuidar da demanda reprimida de outras doenças, além de acolher aqueles que a crise expulsou dos planos de saúde. Leia no artigo de Maria Cristina Fernandes*

    No dia 24 de julho, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que iria formar um grupo de trabalho, a ser comandado pela deputada Margarete Coelho (PP-PI), para sistematizar propostas para um projeto sobre a modernização do Sistema Único de Saúde.

    O que parecia uma ideia natural para tempos de pandemia, no único país com mais de 100 milhões de habitantes a liderar seu enfrentamento com um sistema de saúde público e universal, surpreendeu. Primeiro pelo distanciamento que o próprio deputado reconheceu manter em relação ao tema e pelo nome pinçado para coordenar os trabalhos.

    Deputada de primeiro mandato, Margarete Coelho foi vice-governadora do Piauí na chapa de Wellington Dias (PT), e tem tido uma atuação marcada pelo debate sobre legislação penal e segurança pública. Não tem projetos de lei na área da Saúde e tampouco integra comissões ou frentes parlamentares da poderosa bancada temática da Casa. 

    Foi indicada por uma das principais lideranças do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), cuja pré-candidatura ao governo do Estado o torna um aliado cada vez mais inarredável do bolsonarismo.

    O anúncio de Maia também coincidiu com as tratativas para que outro deputado do PP, Ricardo Barros (PR), assumisse a liderança do governo na Casa. Ex-ministro da Saúde no governo Michel Temer, Barros foi o único, na história recente da Pasta, a comandá-la em desalinho com o chamado “partido sanitarista”, agrupamento multipartidário de defensores do SUS.

    De volta à Câmara, Barros se notabilizou pela obsessão em viabilizar os “planos acessíveis” de saúde, iniciativa que se revelou uma tentativa de aumentar a base de usuários desregulamentando as obrigações das operadoras.

    E, finalmente, a disposição de Maia em entrar no tema coincidiu com o pico do seu antagonismo com a principal liderança do PP da Câmara, o deputado Arthur Lira (AL), candidato declarado à presidência da Casa que tem buscado firmar o apoio do Executivo à sua pretensão.

    Motivos não faltam, portanto, para o presidente da Câmara buscar protagonismo na discussão do tema. Na véspera do anúncio do grupo de trabalho, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, correligionário de Maia, disse que poderia se lançar à Presidência em 2022. Ainda que não vingue, sinaliza um ativo do DEM, nacionalmente conhecido, a reivindicar a bandeira que é disputada pelo partido que mais ameaça a liderança de Maia na Câmara.

    Ao colocar uma parlamentar do PP para comandar uma comissão cujos resultados dependem de sua iniciativa como dono da pauta, mantém rédea curta sobre a atuação do partido numa área-chave para seu futuro.

    Foi sob pressão de Maia, que ameaçou colocar em pauta de votação e aprovar um projeto de lei para suspender reajustes dos planos de saúde, que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) os suspendeu por 120 dias, a partir de 21 de agosto. Foi um freio no lobby que, no Congresso, é capturado pelo PP.

    As empresas do setor, de acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), registraram em maio o índice de sinistralidade mais baixo da série que o acompanha. Ou seja, pressionam por reajustes apesar de menos requisitados pelos consumidores. Nota técnica do Ipea, de maio, registra que, entre 2000 e 2018, a inflação dos planos foi de 382%, ante 208% da inflação. Tanto a Bradesco Saúde quanto a SulAmérica, duas gigantes do setor, tiveram, ao longo do primeiro semestre, aumento de receita no primeiro semestre de 2020 (Valor, 27/8).

    A pressão por reajuste parece ser um movimento preventivo em relação à demanda reprimida por procedimentos eletivos, de diagnósticos e tratamentos de câncer a intervenções cardíacas.

    Além da tendência de elevação do número de mortes por câncer e cardiopatias em relação a 2019, os dados sinalizam que, mais do que os planos de saúde, é o SUS que ficará mais estrangulado pela sobrecarga. Além da demanda reprimida de seus usuários, o Sistema Público de Saúde herdará aqueles que a crise econômica empurrou para fora dos planos nos últimos meses. Segundo a ANS, 327 mil usuários deixaram os planos de saúde entre março e julho.

    Esses usuários vão pressionar um sistema que, no próximo ano, sem o chamado “Orçamento de guerra”, que suspendeu as travas fiscais, terá seu financiamento novamente estrangulado. O Orçamento de 2021 enviado ao Congresso esta semana tem uma redução de 12% nas despesas não obrigatórias, que é justamente o espaço onde se pode abrigar a campanha de vacinação da covid-19, além do investimento para se atender a demanda reprimida do sistema e seus novos usuários. Força o SUS a fazer mais com menos.

    Some-se a isso a expansão da capacidade instalada de leitos – mais de 9 mil só de UTIs – durante a pandemia que também pressionará os custos do sistema.

    O enfoque “hospitalocêntrico”, como diz a procuradora do Ministério Público de Contas, Élida Graziane, foi decorrência dos efeitos do arrocho fiscal sobre a atenção primária. Antes da pandemia, o país já estava sendo obrigado a lidar com volta de doenças como sarampo e febre amarela.

    Foi o desmonte das equipes de saúde da família, diz Élida, que impediu uma orientação maciça em relação a hábitos de higiene, uso de máscaras e isolamento social – medidas que poderiam ter contido a expansão da pandemia. Foi a atuação dessas equipes que marcou a saúde pública em países mais bem-sucedidos no combate à pandemia, como a Alemanha.

    Some-se a exposição dos mais carentes à doença, pela dificuldade do isolamento social, à sua dependência de um sistema desaparelhado e está explicada a desigualdade exposta pelas estatísticas da pandemia. Mais de 60% das vítimas da covid-19 são negros e pardos, população que, no IBGE, corresponde a 56% dos brasileiros.

    A despeito do desmonte na atenção básica, é unânime a percepção de que, não fosse o Sistema Único de Saúde, o Brasil, que se mantém invicto, há mais de dois meses, na segunda colocação em número de óbitos no mundo, poderia ter ultrapassado os Estados Unidos. Ao longo da pandemia, o SUS tem sido o maior partido de oposição, pelo papel na redução de danos provocados pelo negacionismo do presidente da República.

    O cenário pós-pandemia, porém, indica que o SUS não apenas não será premiado pelas vidas salvas como corre o risco de ser castigado. Não há sinais de que a economia – e a arrecadação fiscal – reajam na velocidade necessária para manter a capacidade de o sistema atender à demanda reprimida pela pandemia.

    Tampouco há uma mobilização, como aconteceu na educação com o Fundeb, para impedir o esvaziamento do SUS. Em grande parte porque, ao contrário da educação, as empresas privadas dependem, e muito, dos recursos destinados ao setor. Hoje, segundo cálculos de Élida Graziane, as renúncias fiscais chegam a 40% do orçamento do Ministério da Saúde.

    Sem os recursos extras proporcionados pela suspensão das travas fiscais e com a pressão da demanda reprimida, aumentará a disputa pelo orçamento. “O SUS vai encolher”, aposta o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Mário Scheffer.

    Um exemplo da força das empresas privadas na pandemia foi a pressão bem-sucedida sobre a ANS contra a chamada “fila única” de atendimento. O procedimento, adotado em muitos países, consiste em gerenciar, por um único sistema, as vagas em UTIs dos setores público e privado, para evitar que um sistema acumule filas enquanto o outro disponha de capacidade ociosa. Um estudo conduzido por pesquisadores de quatro instituições (FGV, USP, UFPB e Instituto do Câncer) concluiu que a fila única teria poupado quase 15 mil vidas.

    Unidos contra a fila única, planos de saúde e hospitais agora tendem a ficar em ringues separados na nova fronteira da saúde pós-pandemia, a telemedicina. Depois de ter seu uso expandido ao longo dos últimos meses, a medicina a distância será, em grande parte, a aposta dos planos de saúde para recuperar mercado a partir de modelagens mais baratas.

    A julgar pelas reuniões da comissão de acompanhamento da covid-19, a única da Câmara a funcionar ininterruptamente desde o início da pandemia, o tema está longe de ser consensual – no setor privado e público.

    Desde o início da pandemia, milhares de brasileiros deixaram de receber benefícios que dependem de perícia do INSS porque os médicos do instituto se recusam a fazer o serviço remotamente.

    Bem regulada, a telemedicina, que vai além da consulta a distância, pode permitir o acesso dos pacientes a métodos diagnósticos inexistentes em seus municípios. Largada às leis de mercado, dá margem a teleconsultas a R$ 5.

    Médicos temerosos do aviltamento do mercado de trabalho pressionam para que o atendimento tenha profissionais nas duas pontas, hospitais temem a remuneração de sua capacidade instalada e usuários receiam que, além da qualidade do atendimento, seja posta em risco a privacidade de seus dados.

    Nenhum desses temores será capaz de barrar um mercado cuja estimativa, apresentada numa audiência pública sobre o tema na Câmara, chegará, apenas nos Estados Unidos, a US$ 64 bilhões até 2025. Como todo avanço tecnológico, a telemedicina também depende de um bom regramento para que seja instrumento de democratização do acesso à saúde. Na sua ausência, pode se transformar num caça-níqueis que pode vir a jogar sobre o SUS, cada vez mais desprovido de recursos, um número ainda maior de vítimas.

    *Maria Cristina Fernandes, jornalista do Valor
    Extraído de https://valor.globo.com/eu-e/coluna/maria-cristina-fernandes-o-castigo-ao-sus.ghtml em 04/09/2020]
    Publicado em 08/09/2020

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  • Parlamentares recebem petição do CNS pela continuidade do orçamento emergencial para a saúde em 2021

    • 14/09/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    Os integrantes da Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o presidente, Fernando Pigatto entregaram, nesta quarta-feira (9/09), o primeiro lote de assinaturas da petição pública do CNS. O documento foi protocolado durante a reunião da Comissão Externa do Enfrentamento à Covid-19, na Câmara dos Deputados. 

    A petição pública do CNS tem o objetivo de sensibilizar deputados e senadores para garantir a continuidade do orçamento emergencial para a saúde em 2021. “Entregamos o primeiro lote da petição pública “O SUS merece mais em 2021” porque, se nada for feito, com o fim do estado de calamidade pública, em 31 de dezembro de 2020, não teremos o piso emergencial no ano que vem”, explicou o Pigatto.

    Demanda represada em 2021

    O documento foi recebido pelo coordenador da Comissão Externa do Enfrentamento à Covid-19, Luiz Antônio Teixeira Jr (Dr. Luizinho) e pela relatora Deputada Carmen Zanotto. O coordenador confirmou apoio a pauta. “Vamos enfrentar em 2021 a maior demanda de serviços em saúde da história do Brasil, por conta de tudo que ficou represado esse ano. O tema do orçamento será aprofundado em outra reunião da Comissão”. 

    A deputada Carmen Zanotto destacou os dados do Ministério da Saúde que apontam a queda de 61,4% nas cirurgias eletivas (não urgentes) no Sistema Único de Saúde (SUS), nos quatro primeiros meses da pandemia. “A demanda reprimida vai desde a atenção básica até a alta complexidade. Também tem a inflação nos medicamentos que está indo além da natural por conta da pandemia”. 

    Também presente na reunião, o deputado general Roberto Sebastião Peternelli Junior falou sobre a decisão que está nas mãos do Congresso. “É importante a saúde ter prioridade e cada ministro é favorável a aumentar o recurso para o seu Ministério. No entanto, nós temos a responsabilidade de indicar de onde sairá o recurso”. 

    O deputado faz parte da comissão que acompanha a tramitação da reforma tributária no Congresso e convidou o CNS para participar das discussões. O Conselho está instituindo um GT para tratar desse tema. Em reunião com a mesa diretora do CNS, na manhã da quarta-feira, o ministro da Saúde manifestou-se favorável a manutenção dos recursos para a Saúde em 2021. 

    Agravamento da situação

    A petição também pede a revogação da Emenda Constitucional 95/2016, que congelou os investimentos em saúde e demais áreas sociais até 2036. Por conta dela, o deputado federal Alexandre Padilha destacou que a saúde pública no Brasil já sofria um processo de desmantelamento que foi agravado. “Quando veio a Covid-19, o SUS já estava no seu momento mais fraco e essa fragilidade se aprofundou”. 

    Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam uma queda de 8% entre as visitas das equipes de Saúde da Família e de agentes de combate de endemias aos domicílios, entre 2013 e 2019. No mesmo período, também foi registrada uma queda de 22% na obtenção de atendimento de saúde na primeira procura pelo SUS. 

    “Soma-se a isso o dado de que, em 2019, pela primeira vez no século, o Brasil não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas indicadas para crianças até um ano”, destacou Padilha. 

    Os dados são do Programa Nacional de Imunizações. A situação ocorre em um contexto de queda nas coberturas vacinais nos últimos cinco anos, cuja redução já chega a até 27% para alguns imunizantes. Em geral, a meta de vacinação de bebês e crianças costuma variar entre 90% e 95%. O primeiro patamar vale para vacinas contra tuberculose e rotavírus, e o segundo para as demais.

    Assine a petição

    A petição segue recebendo assinaturas até a votação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2021, que define a previsão de receitas e despesas da União para o próximo ano. Para assinar, clique aqui

    Fonte: SUSConecta
    Publicado em 10/09/2020

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  • Perda que o SUS pode ter em 2021 é igual a 22 vezes o orçamento anual para aquisição de medicamentos IST/Aids

    • 10/09/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Governo federal quer reduzir em R$ 35 bilhões o orçamento da Saúde no PL de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) 2021.

    Em 2021, a regra do orçamento emergencial para enfrentamento à pandemia não existirá mais, ou seja, o Brasil voltará ao sufocamento da Emenda Constitucional 95/2016, que congelou investimentos em saúde e demais áreas sociais até 2036. Isso significa dizer que o Sistema Único de Saúde (SUS) perderá R$ 35 bilhões em comparação aos recursos do Ministério da Saúde em 2020. O valor equivale a 22 vezes o orçamento anual para aquisição e distribuição de medicamentos IST/Aids em 2019.

    A petição “Você vai deixar o SUS perder mais R$ 35 bilhões em 2021?” é uma iniciativa do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que vai contra essa situação. O objetivo é colher assinaturas e sensibilizar parlamentares diante do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) 2021 da União, enviado ao Congresso Nacional, que tem a proposta de retomada das regras da EC 95/2016.  O Congresso Nacional pode impedir que a perda se concretize.

    Perdas em diferentes áreas

    De acordo com a Comissão Intersetorial de Orçamento e Financiamento (Cofin) do CNS, com base no Relatório Anual de Gestão de 2019, a partir de dados extraídos pelo economista e consultor técnico do CNS, Francisco Fúncia, a área de aquisição e distribuição de medicamentos IST/HIV utilizou R$ 1,6 bilhões.

    A perda prevista para 2021 deve interferir de forma drástica em inúmeras ações do SUS, visto que haverá demanda reprimida diante da pandemia, além da ausência de recurso para manutenção do legado adquirido, que pode resultar em milhares de respiradores e leitos de UTI inutillizados em depósitos.

    Nesse sentido, a petição do CNS visa garantir que o PLDO 2021 contemple para o Ministério da Saúde um piso emergencial enquanto um orçamento mínimo no valor de R$ 168,7 bilhões (correspondente ao montante da Lei Orçamentária Anual [LOA] 2020 adicionados os créditos extraordinários e as variações anuais do IPCA).

    Conheça o Boletim Cofin

    Assine a petição

    Fonte: SUSConecta
    Publicado em 02/09/2020

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  • Frente Ampla em Defesa da Saúde de Trabalhadores defende o retorno de Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho

    • 10/09/2020
    • Ewerton Fenafar
    • SAÚDE
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    A Portaria GM/MS n° 2.345, publicada em 2 de setembro de 2020, no Diário Oficial da União – DOU, revogou a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho – LDRT, publicada no dia 1° deste mês, por meio da Portaria GM/MS nº 2.309 de 28 de agosto de 2020. Entre as doenças listadas estava a Covid-19, que pode ter relação com o trabalho. O reconhecimento desse e de outros adoecimentos buscava orientar os serviços de saúde e não tinha fins previdenciários.

    Para ser elaborada, a LDRT, que é publicada desde 1999, seguiu todos os trâmites legais e contou com a participação de profissionais da área de saúde, representantes de trabalhadores e empregadores, baseando-se em aspectos técnicos e científicos para apontar quando o trabalho pode ser um dos determinantes do adoecimento.

    A Frente Ampla em Defesa da Saúde de Trabalhadores, que reúne 37 movimentos sociais, entidades e instituições, defende a importância da lista para a vigilância em saúde e para a atenção à saúde do trabalhador. A inclusão da Covid-19 é importante para o diagnóstico e para a elaboração de ações preventivas, o que é fundamental diante das mais de 120 mil mortes causadas por essa doença no Brasil, alcançadas neste início de setembro.

    É importante resssaltar que, apesar da lista de doenças ter sido revogada, a Covid-19 relacionada ao trabalho deve continuar sendo notificada na ficha de acidente de trabalho, conforme orientação do Ministério da Saúde .

    Processo democrático

    A Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho foi instituída através da Portaria/MS n° 1.399, de 18 de novembro de 1999, cumprindo prescrição contida na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90), que também determinou a sua revisão periódica. A aprovação da LDRT, publicada em 1° de setembro, seguiu rigorosamente os processos democráticos e participativos que pautam a discussão e decisões sobre a saúde coletiva no Brasil.

    Para a atualização atual, a Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador (CGSAT/DSASTE/SVS/MS) desenvolveu ao longo de dois anos processo com a participação de diversas instituições, consulta pública por 60 dias e incoporação de sugestões recebidas. Houve a aprovação por diversas instâncias do Ministério da Saúde, com parecer jurídico favorável e apresentação na Comissão Intergestores Tripartite (CIT).

    Para as entidades de saúde coletiva, de saúde do trabalhador e as representações de trabalhadores e trabalhadoras, a revogação traz prejuízos para a atenção à saúde do trabalhador nos serviços de saúde, para a vigilância em saúde e para a elaboração de políticas preventivas. Com a revogação, o Governo Federal desconsidera a importância da LTDR como ferramenta para uso clínico e epidemiológico. Faz-se extremamente necessária a retomada da vigência da Portaria GM/MS nº 2.309, de 28 de agosto de 2020, contendo a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho atualizada.

    MOVIMENTOS SOCIAIS, ENTIDADES E INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DA FRENTE AMPLA EM DEFESA DA SAÚDE DOS TRABALHADORES (EM ORDEM ALFABÉTICA):

    1) Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Paraná (ABEn-PR)
    2) Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO);
    3) Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET);
    4) Associação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho (ABRAFIT);
    5) Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD);
    6) Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO);
    7) Associação Brasileira de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (ABRASTT);
    8) Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA);
    9) Associação dos Docentes da Unesp (ADUNESP);
    10) Associação dos Expostos e Intoxicados por Mercúrio Metálico (AEIMM);
    11) Associação Juízes para a Democracia (AJD);
    12) Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho (ANEST);
    13) Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA);
    14) Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB);
    15) Central Única dos Trabalhadores (CUT);
    16) Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES);
    17) Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH/ENSP/Fiocruz);
    18) Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da Região dos Vales (CEREST/Vales/RS)
    19) Departamento de Saúde Coletiva – Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (DSC/FCM/Unicamp);
    20) Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT);
    21) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF/UERJ).
    22) Fórum Acidentes do Trabalho (FÓRUMAT);
    23) Fórum Intersindical Saúde – Trabalho – Direito (Fiocruz/RJ);
    24) Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador (FSST/RS);
    25) Fórum Sindical e Popular de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de Minas Gerais (FSPSTT/MG)
    26) Grupo de Estudos TRAGES (Trabalho, Gestão e Saúde/UFG);
    27) Grupo de Pesquisa “Os paradigmas da Enfermagem no contexto da Saúde do Trabalhador” (ENF/UERJ)
    28) Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC).
    29) Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IAB-SP)
    30) Instituto Trabalho Digno (ITD);
    31) Núcleo de Epidemiologia da Universidade Estadual de Feira de Santana – BA (UEFS-BA)
    32) Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde e Trabalho (NEST/UFRGS);
    33) Núcleo de Estudos Trabalho, Saúde e Subjetividade (NETSS/Unicamp);
    34) Observatório Sindical Brasileiro – Clodesmidt Riani (OSBCR)
    35) Pastoral Operária;
    36) Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho (PPSAT/UFBA)
    37) Rede de Estudos do Trabalho (RET).

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  • Governo Bolsonaro exclui Covid entre doenças relacionadas ao trabalho

    • 03/09/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    Ao revogar a Portaria nº 2.309 de agosto de 2020, que atualizou a lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, o presidente da República contraria a Constituição e retira direitos dos trabalhadores da saúde em meio a uma das maiores crises sanitárias da história. Leia a nota da Federação Nacional dos Farmacêuticos.

    PORTARIA Nº 2.309, DE 28 DE AGOSTO DE 2020 FOI REVOGADA!!

    Significa o enfraquecimento do cuidado e atenção integral à Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora

    O artigo 1º da Constituição Federal expressa o principal pacto social do Brasil ao constituir o Estado Democrático de Direito que, entre outros aspectos, está fundamentado na garantia da dignidade humana e nos valores sociais do trabalho. E a valorização do trabalho humano é o que assegura a todos uma existência digna.

    Mas, no Brasil, desde a aprovação da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência vivemos na contramão do que está previsto na Constituição Federal.

    Em plena pandemia da Covid 19, momento que exige do governo federal uma atuação efetiva e coordenada na proteção das vidas das trabalhadoras e dos trabalhadores, nos vemos desassistidos em razão da revogação de previsões legais e redução de direitos. A situação se agrava porque estamos diante de uma doença nova, que para ser compreendida requer mais pesquisa e investimentos em Ciência.

    A Fenafar e seus sindicatos filiados não têm medido esforços para proteger os direitos e o trabalho dos farmacêuticos e farmacêuticas. Temos defendido de forma intransigente a entrega adequada e em quantidade suficiente de EPI’s; afastamento das pessoas do grupo de risco com a garantia de todos os seus direitos; exigência de realização de testes periódicos e a tomada de providências de segurança em geral, como distanciamento, álcool gel e outros.

    A cada dia, enfrentamos juntos muitas dificuldades, mas temos êxitos. Um desses, foi a atualização da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT) pela Portaria GM/MS nº 2.309, de 28 de agosto de 2020, vinte anos depois de sua primeira publicação, que envolveu ampla discussão e participação social, aprovado nas diferentes instâncias do Ministério da Saúde, pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e aval do ministro da saúde. Com esta atualização, a Covid-19, causada pelo novo coronavírus, passou a ser considerada doença ocupacional.

    Qual a importância da inclusão da Covid-19 como doença ocupacional? É de extrema importância, uma vez que reconhece o risco direto a que estão submetidos os profissionais que trabalham expostos ao Coronavírus. Além disso, os pedidos de benefício previdenciário por acidente de trabalho gerariam o gozo do valor de 100% dos salários de contribuição.

    Em junho de 2020, o boletim do Ministério da Saúde informou que os casos notificados de suspeita de Covid-19 entre farmacêuticos representam quase 2% do total de 199.768 profissionais de saúde que foram classificados como possíveis infectados pela doença. Ou seja, mais de 3,4 mil farmacêuticos contraíram Covid-19. E sabemos que a exposição e a subnotificação é muito maior.

    E qual não foi a nossa surpresa ao tomarmos conhecimento da revogação da Portaria GM/MS nº 2.309, de 28 de agosto de 2020 com a publicação da Portaria GM/MS nº 2.345, em 02 de setembro de 2020, totalmente na contramão dos processos democráticos e com desrespeito aos direitos constitucionais. 

    Destaca-se que a atualização da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho está garantida pela Lei nº 8.080 e que sua finalidade é de vigilância em saúde.

    A Fenafar se soma a todas as entidades e ao controle social que repudiam a revogação da referida Portaria e conclamamos toda a categoria farmacêutica para se manifestarem junto ao Ministério da Saúde, a Secretaria de Vigilância em Saúde, aos senadores e deputados federais para revertermos mais esta afronta contra a classe trabalhadora. 

    Federação Nacional dos Farmacêuticos, 03/09/2020

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  • CNS recomenda fortalecimento da Atenção Básica no combate à pandemia

    • 01/09/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Por meio do documento nº 056, o colegiado do Conselho Nacional de Saúde elenca uma série de medidas para serem adotados pelo Ministério da Saúde e secretários estaduais, municipais e do Distrito Federal.

    A Atenção Básica (AB) em Saúde tem um papel estratégico no enfrentamento à crise sanitária provocada pela Covid-19. No entanto, as ações de combate à pandemia, focadas exclusivamente nos serviços hospitalares, no número de leitos gerais e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), não valorizam a AB como linha de frente. Nesse contexto, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou, na quarta-feira (26/08), a recomendação nº 056/2020 com medidas para o fortalecimento da atenção básica. 

    Entre as ações, o documento recomenda ao Ministério da Saúde (MS) a eliminação de impasses burocráticos para acreditação dos laboratórios das universidades públicas e a ampliação de financiamento público para capacitação e contratação de pessoal. 

    Também reforça a orientação para revogação da Portaria MS nº 2.979/2019, presente na recomendação nº 053, enviada pelo CNS ainda em 2019. A portaria  institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 

    A recomendação também é destinada aos secretários de saúde estaduais, municipais e do Distrito Federal. Para eles, o CNS orienta que sejam implementadas as medidas necessárias para que a AB e o território estejam na centralidade do cuidado no enfrentamento à pandemia, atuando de forma multidisciplinar aos demais pontos da rede de atenção à saúde e de proteção social. 

    “As ações de Vigilância em Saúde e Vigilância Farmacêutica, que estão sendo extremamente necessárias nesse momento de epidemia, iniciam-se exatamente na Atenção Básica em Saúde. Por tanto, é fundamental que o governo federal entenda que o fortalecimento da AB é uma importante ferramenta para contermos a pandemia”, destacou um dos coordenadores da Câmara Técnica de Atenção Básica (Ctab) do CNS e integrante da Mesa Diretora do CNS, Moysés Toniolo. 

    O documento recomenda ainda a reorganização dos processos de trabalho das equipes com o objetivo de integrar as Políticas de Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica e AB. Recomenda também seja garantida condição de trabalho digno, medidas de proteção individual e coletiva para os trabalhadores da saúde da AB no enfrentamento à Covid-19. 

    Acesse a recomendação

    Debate no CNS

    O fortalecimento da Atenção Básica em Saúde está no radar de ações do CNS desde o início da pandemia, como é o caso do debate ao vivo promovido pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19 no dia 1º de julho. Entre os participantes, Pauletti Cavalcanti, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/PE), afirmou que “não há pandemia que se solucione sem Atenção Primária, nem sem educação em Saúde”. Isso porque, segundo ela, é fundamental levar o conhecimento para a população sobre a doença e as formas de controlá-la, algo que deveria ser trabalhado junto ao primeiro nível de atenção à saúde. 

    Para assistir a live na íntegra, clique aqui. 

    Fonte: SUSConecta – Foto: prefeitura de Piraquara/PR
    Publicado em 29/08/2020

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  • Covid-19: Fiocruz amplia capacidade nacional de testagem

    • 21/08/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Desde a confirmação dos primeiros casos da Covid-19, a Fiocruz, instituição vinculada ao Ministério da Saúde, vem trabalhando para dar respostas em diversas áreas. Após desenvolver os testes moleculares para detecção da doença e aumentar sua escala de produção progressivamente, a Fundação inicia a operação de mais uma Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19

    A iniciativa se insere na estratégia de apoio aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) e ampliação da capacidade nacional de processamento de amostras, ação fundamental para a vigilância epidemiológica do vírus e o enfrentamento da pandemia.

    Durante visita à unidade, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, reforçou o compromisso da instituição no combate à pandemia com ações de saúde pública no sentido de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da base científica e tecnológica crucial para esse desenvolvimento. “A testagem é fundamental em todas as etapas do controle da pandemia e o objetivo da Fiocruz é somar e contribuir neste momento tão delicado. Estamos buscando ser parte da resposta à crise humanitária que vivemos desde o início da pandemia. A nossa tradição de 120 anos e a presença em todas as regiões do país nos permitem contribuir com o Ministério da Saúde na estratégia nacional de testagem”, destacou.

    O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, enfatizou a importância da vigilância em saúde e epidemiologia para o tratamento precoce da Covid-19. “Nós estamos todos os dias revendo os nossos protocolos para procurar o que pode ser melhorado e alterar o que não dá certo. Diagnóstico e testagem são a base do tratamento precoce. É neste viés que a Fiocruz dá mais um passo em sua estrutura interna, que continuará após a pandemia, com a Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19”.

    Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima recebeu na Fundação, no Rio de Janeiro, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e a vice-presidente do Banco Itaú, Claudia Politanski, para o início da operação da Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 nesta segunda-feira (10/8)

    Com potencial para processar diariamente até 15 mil testes moleculares, a nova unidade está localizada na sede da Fundação, no Rio de Janeiro, e teve sua estrutura e equipamentos financiados pela iniciativa Todos pela Saúde. “Sabemos da importância da testagem, da gestão epidemiológica e do contexto desse momento. É um enorme prazer participar desta iniciativa que demonstra o compromisso do Itaú com o país. É importante ressaltar que o projeto constitui um legado que poderá ser utilizado no futuro, não só para essa pandemia mas para outros desafios no âmbito da saúde pública”, afirmou a vice-presidente do Banco Itaú e representante do banco no Comitê Gestor da iniciativa Todos pela Saúde, Claudia Politanski. Toda a operação será custeada pelo Ministério da Saúde.

    Com isso, o campus de Manguinhos, que já vinha operando com plataformas implantadas no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) e no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), passa a ter capacidade de liberar cerca de 17,5 mil resultados por dia. Outra Unidade de Apoio, na regional do Ceará, tem previsão para começar a operar ainda em agosto, podendo executar diariamente até 10 mil testes moleculares.

    Construídas com base em plantas semelhantes e em regime emergencial, as novas instalações do Rio de Janeiro e do Ceará ocupam uma área de aproximadamente 2,3 mil m2, cada uma. Equipadas com plataformas que utilizam a metodologia de PCR em tempo real, as Unidades têm potencial para funcionar em tempo integral, sete dias por semana. A expectativa é que mais de 350 profissionais, incluindo biologistas e técnicos de laboratório capacitados, se revezem em três turnos de trabalho para processar as amostras que são encaminhadas pelo Ministério da Saúde. 

    Projeto de expansão

    A Fundação começou, em abril, a unir sua expertise adquirida à infraestrutura tecnológica disponível na implantação de Unidades de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19. Além do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo foram os estados contemplados inicialmente com as plataformas capazes de processar em larga escala as amostras suspeitas da doença. Os equipamentos foram instalados por Bio-Manguinhos, respectivamente, no campus da Fiocruz, no Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e no grupo Dasa, por meio de um acordo feito com o Ministério da Saúde. Com exceção dessas últimas, a operacionalização dos equipamentos é toda gerenciada pela Fiocruz, que atua desde a instalação e treinamento de pessoal, até o fornecimento dos insumos necessários e assistência técnica. 

    Se até então a mobilização para ampliar a capacidade de testagem era realizada com recursos do Ministério da Saúde, já descentralizados à Fiocruz e a partir de equipamentos disponíveis em Bio-Manguinhos, o projeto das Unidades do Rio de Janeiro e Ceará inaugurou também uma nova fase, marcada pelo apoio da iniciativa privada. Para viabilizar esse segundo momento, além do importante financiamento do MS que será aplicado na operacionalização propriamente dita das duas unidades, incluindo, entre outros aspectos, a contratação de recursos humanos e a aquisição dos insumos necessários, a Fiocruz contou com a doação de cerca de 200 milhões de reais.

    A iniciativa Todos pela Saúde, liderada pelo Itaú Unibanco,  destinou mais de 180 milhões para o projeto. O valor foi empregado na compra dos novos equipamentos das duas centrais e na estrutura física da unidade carioca. Já o custeio da obra do Ceará, assim como a aquisição de outros aparelhos, teve a contribuição do Bradesco e do Banco do Brasil, por intermédio da EloPar, e do UnitedHealth Group Brasil (UHG), que doaram, respectivamente, 20 milhões e 5,3 milhões para a causa.

    Com a contribuição dessas novas centrais, a quantidade de testes de RT-PCR processados, por mês, pode chegar a um milhão, no pleno funcionamento das Unidades de Apoio. “A capacidade dessas unidades foi planejada tendo em vista a implantação de uma estratégia mais massiva de testagem que está em andamento pelo Ministério da Saúde. Nesse momento, trabalhamos para apoiar a grande demanda dos Lacens”, pontua o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação, Marco Krieger.

    Além dos testes de diagnóstico por RT-PCR, as novas unidades do Rio de Janeiro e Ceará também foram contempladas, na doação recebida do Todos pela Saúde, com modernas plataformas para execução de testes sorológicos em escala. Baseados na detecção da resposta imunológica após infecção, esses testes são complementares para o enfrentamento da pandemia e já estão sendo realizados para apoiar inquéritos epidemiológicos, avaliações em populações vulneráveis, entre outros. A ação agrega a capacidade nominal de 12 mil testes por dia em cada uma das novas centrais, ofertando apoio adicional ao sistema público de vigilância em saúde. 

    Ações articuladas

    A expansão da capacidade nacional de testagem envolveu na Fiocruz três pilares centrais de atuação que se desencadearam de forma complementar: o desenvolvimento e a produção dos testes em grande escala; o reforço regional dos Lacens e da logística de insumos e amostras em todo o território nacional e a implantação das Unidades de Apoio Diagnóstico da Covid-19. “É importante ressaltar que outras parcerias e arranjos seguem em andamento envolvendo o Ministério da Saúde, a Fiocruz e diversas universidades e instituições de pesquisas com o intuito de ampliar ainda mais a capacidade de testagem nacional”, pontua o coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio.

    Durante o mês de março, quando a pandemia avançava bruscamente nos países europeus e fazia as primeiras vítimas no Brasil, a Fiocruz iniciou o processo de escalonamento progressivo da produção de testes diagnósticos. Na última semana de junho, a produção tinha atingido uma capacidade de 2 milhões de testes por mês em Bio-Manguinhos e acumulado um quantitativo superior a 5 milhões de testes entregues pela Fiocruz ao Ministério. O compromisso firmado com o MS, prevê um total de 11,7 milhões de testes. O cronograma de entrega é definido em conjunto com o MS, para melhor atender à sua estratégia de distribuição e às necessidades dos laboratórios da rede pública e das Unidades de Apoio.

    Se por um lado a produção seguia a todo vapor, por outro, era preciso reforçar a outra ponta, que envolvia o diagnóstico propriamente dito, para atender a demanda crescente de processamento de amostras. Foi então que as unidades da Fiocruz, presentes em todas as regiões geográficas do país, se mobilizaram para contribuir com os Lacens de suas respectivas localidades. Além desses laboratórios, o Lacen de Santa Catarina, em Florianópolis, assim como os laboratórios de referência, localizados no Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e no Instituto Evandro Chagas, no Pará, foram contemplados com plataformas instaladas por Bio-Manguinhos. Ribeirão Preto, em São Paulo, também ganhou reforço de um equipamento que vem sendo operado por profissionais da Fundação lotados na Plataforma de Medicina Translacional Fiocruz-USP.

    Com essas ações, portanto, a Fiocruz contribui decisivamente com o Ministério da Saúde no alcance dos objetivos de testagem, contribuindo com a distribuição de testes moleculares na quantidade necessária, cooperando com a gestão da logística de insumos e a distribuição das amostras aos Lacens e unidades de apoio e, agora, oferecendo uma capacidade expressiva de processamento de amostras suspeitas da doença. O investimento da pasta nas diversas ações da Fiocruz no âmbito da testagem girou em torno de 930 milhões de reais.

    Fonte: Agência Fiocruz
    Publicado em 11/08/2020

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  • Petição do CNS reivindica que governo mantenha legado do SUS após a pandemia

    • 21/08/2020
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    Com a proposta de orçamento do governo para 2021, diante da vigência do Teto de Gastos, a perda do SUS será de R$ 35 bilhões. Se aprovada no Congresso Nacional, o legado da infraestrutura adquirida será desperdiçado.

    O Conselho Nacional de Saúde (CNS), preocupado com a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) no atual momento e no pós-pandemia, lançou nesta terça (11/08) a petição “Você vai deixar o SUS perder 35 bilhões em 2021?”. Isso porque o projeto de lei do governo federal para o orçamento da Saúde no próximo ano retoma a vigência da EC 95/2016, que congelou recursos em políticas sociais por duas décadas. Se aprovado, o PL sufocará ainda mais o sistema de saúde, que  não terá condições sequer de manter o legado da pandemia, como os leitos de UTI, ampliações em unidades de saúde e respiradores adquiridos.

    Assine a petição

    “A inoperância ou inércia federal desrespeita a Constituição de 1988, as resoluções e recomendações do CNS”, diz o texto da petição, que coleta assinaturas para respaldar o posicionamento contrário ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2021. Parlamentares poderão aprovar ou não o projeto do governo. Fernando Pigatto, presidente do CNS, afirmou que essa é uma indignação coletiva. “Precisamos da mobilização de todo o país. A EC 95 não é constitucional, por isso denominamos como ‘PEC da Morte’ quando ela foi criada. Infelizmente isso está se comprovando com o desfinanciamento do SUS no meio de uma pandemia”.

    O coordenador da Comissão Intersetorial de Orçamento e Financiamento (Cofin) do CNS, André Luiz de Oliveira, frisou o sentido da petição. “Estamos reivindicando a revogação da EC 95 e a manutenção dos créditos extraordinários que foram alocados para o enfrentamento à pandemia”. Francisco Fúncia, economista e consultor técnico do CNS, explicou que a perda prevista “é a diferença entre o que tem no orçamento atual e a regra do piso imposta pela EC 95. A pandemia não termina em 31 de dezembro de 2020″. Além  disso, há “um conjunto de despesas represadas que são consequências da Covid-19 e que se somam às outras demandas do SUS”, disse.

    O que o SUS pode perder na prática?

    De acordo com informações disponíveis no site do Ministério da Saúde, 11.777 novos leitos foram habilitados, que custaram aproximadamente R$1,7 bilhão do orçamento do SUS para enfrentamento à Covid-19. Já os 9.679 respiradores que foram comprados até agora custaram aproximadamente R$ 667,5 milhões. Caso o PL seja aprovado, a infraestrutura adquirida, que vai além de leitos e respiradores, poderá ficar em desuso, armazenada em depósitos pela ausência de recurso para manutenção do legado proveniente da pandemia. 

    “Nessa pandemia são 11 mil leitos habilitados. Se eu crio 11 mil leitos, não é por mágica. A sociedade precisa dos leitos. Quem vai manter esse financiamento a partir do ano que vem?”, questionou Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Willames Freire, presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), afirmou que “o subfinanciamento da Saúde é um problema crônico. A união precisa assumir seu papel de coordenação. O que foi implantado temos que deixar como legado ao SUS”.

    Parlamentares apoiam petição do CNS

    O deputado federal Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, reafirmou a necessidade de pulverizar o debate, trazido pelo CNS, em toda a Câmara dos Deputados. Arthur Chioro, também ex-ministro da Saúde,  explicou sobre a “demanda reprimida” que se acumula diante do adiamento de diversas cirurgias e tratamentos devido à Covid-19, fato que deve sobrecarregar o SUS em 2021. “Isso vai se apresentar de uma maneira desafiadora em todo o país”. 

    O senador Humberto Costa, que já foi ministro da Saúde, reafirmou a negligência federal pela ausência de orientações a estados e municípios diante da pandemia. “O SUS precisa é de comando nacional e recurso para efetivamente funcionar. Nenhuma reforma ou mudança pode ser feita sem amplo debate com a sociedade, sem a participação do controle social”, destacou, diante das especulações de “modernização” do SUS, que vem sendo feito a portas fechadas, em setores no Congresso Nacional.

    Jandira Feghali, deputada federal,  intitulou o chefe do Executivo como criminoso. “São crimes contra a vida, contra o Estado brasileiro. O Congresso precisa responder mais e a sociedade precisa se organizar para instalar inquéritos. São muitos crimes contra a vida e a Constituição”. A deputada federal Érika Kokay felicitou a iniciativa do CNS. “A petição dá visibilidade a uma necessidade do país. Estamos em crise sanitária trançada com outras crises”. Para ela, “a militarização da Saúde representa ameaças aos programas que o Brasil conquistou”.

    A deputada Alice Portugal afirmou que a situação caótica do país “é  algo planejado pelo governo, que segue sem ministro e pratica a necropolítica, chamando o povo para a morte”. Já a deputada federal Perpétua Almeida disse que esse “é um momento de tristeza e luto no país. Muitas vidas poderiam ter sido salvas. Não dá pra aceitar que o governo continue insensível. Com 100 mil mortes, o presidente continua sendo garoto propaganda da Cloroquina”, criticou.

    Mais participações

    Diversas outras representações importantes também participaram do lançamento, trazendo a visão dos Conselhos Municipais, Estaduais e Distrital de Saúde, Frente Povo Sem Medo, Frente Pela Vida, Frente Contra a Privatização do SUS, Frente Brasil Popular, Mesa Diretora do CNS, Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Coalizão Direitos Valem Mais, dentre outros parlamentares e representantes de instituições que atuam em defesa do sistema público brasileiro.

    Assine a petição

    Assista a live de lançamento na íntegra

    Fonte: SUSConecta
    Publicado em 17/08/2020

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  • SUS: reformar é mesmo preciso?

    • 21/08/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Em artigo publicado no Boletim de Notícias Conjur, a advogada *Lenir Santos, esclarece a verdadeira intenção do debate sobre a reforma e modernização do SUS.

    O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pretende reformar o SUS para modernizá-lo e vem conversando com terceiros sobre essa modernização [1], tendo escolhido a deputada federal Margarete Coelho para liderar esse processo.

    A pergunta a ser feita é se reformar o SUS é preciso. O SUS precisa ser reformado para cumprir o seu desiderato constitucional de garantir, de modo efetivo e qualitativo, o direito à saúde? E se há diagnóstico e conhecimento qualificado dos que pretendem reformar o SUS quanto aos seus gargalos, suas insuficiências, que ensejam mais dois milhões de ações judiciais, a qualidade de seus serviços e o porquê de suas filas intermináveis [2].

    Qualquer proposta de mudança no SUS deve começar por ouvir a população, os conselhos de saúde, os secretários de saúde, especialistas e profissionais do SUS sobre o porquê de um sistema moderno em suas bases constitucionais e legais ainda não logrou o sucesso merecido pela sua população usuária há 32 anos.

    É preciso começar um vigoroso diagnóstico sanitário para então propor o que ele de fato precisa. Sem conhecer suas fragilidades e fortalezas não se pode pensar em promover mudanças legislativas. Aliás, uma mudança legislativa necessária para tirar o SUS das cordas é quanto ao seu financiamento porque não se faz saúde de qualidade com um gasto por volta de R$ 1,3 mil per capita ano [3].

    O SUS da reforma sanitária e da Constituição, um retrato do federalismo cooperativo, fortemente tensionado nesta pandemia da Covid-19, nunca foi reconhecido como o que salva vidas neste país. A integração federativa das ações e serviços de saúde, alcançada pelas comissões intergestores tripartite e bipartite [4]; as diretrizes organizativas, que têm na descentralização o moderno princípio da subsidiariedade; o atendimento integral, visão holística da saúde; e a participação social, exercício da democracia direta, demonstram a sua atualidade estrutural.

    Desde o nascimento do SUS, em 1988, o setor privado dele pode participar de forma complementar, havendo contratos, convênios, parcerias que requerem aperfeiçoamentos executivos, ou seja, maior competência pública para contratar, regulamentar e fiscalizar.

    A Lei n. 8.080, de 1990, que regulamentou o SUS, poucos reparos merece, mas nada que leve à palavra reformar. O que precisa é ser cumprido o que até hoje não o foi. Há ajustes necessários pela passagem do tempo porque nada é perene.

    Obviamente que a gestão pública do SUS é burocratizada, mas essa característica nefasta que impõe lentidão executiva, somada à visão patrimonialista que distorce as finalidades públicas e afasta a centralidade do cidadão, não advém de seu marco regulatório, mas, sim, da Administração Pública brasileira. Uma administração que até os dias de hoje não se preparou para viver na era do conhecimento, da informatização, do desenvolvimento biotecnológico e demais inovações, como o registro eletrônico em saúde interoperável; marcação de consulta à distância; telemedicina e telesaúde e outras inovações racionais e próprias desse século. O SUS ainda sustenta arcaísmos herdados da Administração Pública, cujo fim não depende de lei reformando-o porque as que o matriciam, exigem a sua modernização que até hoje não ocorreu. Basta ler e compreender o arcabouço normativo do SUS e ter a ousadia de cumpri-lo.

    O SUS peca pelo descumprimento da lei; no quesito financiamento, que dá sustentabilidade à garantia do direito à saúde, desde a origem em 1988, não se cumpriu preceitos constitucionais, como o de alocar 30% do orçamento da seguridade social [5] para a saúde. Se o fosse, o orçamento federal da saúde não seria de R$ 125 bilhões (2020), mas, sim, de R$ 271 bilhões. O transitório que virou permanente, a DRU [6], prorrogada oito vezes e que de 20%, passou para 30%.

    Hoje o financiamento do SUS está congelado nos valores de 2017, corrigido apenas pela variação do INPC-IBGE. Deixou de ser um valor móvel de 15% das receitas correntes líquidas para ser um valor fixo, somente alterado por uma correção que não retrata a verdadeira variação de preços no mercado da saúde, nem o crescimento e o envelhecimento populacional [7]. O subfinanciamento da saúde — R$ 3,60 per capita/dia, não o sustenta; a diminuição de leitos atingiu patamares elevados em dez anos. Para enfrentar o seu subfinanciamento é preciso revogar a EC 95 ou instituir uma disputa predatória no orçamento federal para saber quem vai perder e quem vai ganhar.

    Outra norma nunca cumprida é a ordenação de recursos humanos que, na competência do SUS (artigo 200 da CF), em 32 anos, o sistema educacional não formou pessoal para a atenção primária em saúde, nem outras especialidades necessárias ao modelo assistencial do SUS. Tanto que a falta de médicos persiste, com o interregno do programa Mais Médicos, que conseguiu provê-los país afora, e extinto, não foi ainda executado o que o sucedeu.

    A carreira no SUS em âmbito estadual e municipal, para atender local e regionalmente o SUS, sempre a espera; o mandamento constitucional de regionalizar a descentralização, criando regiões de saúde capazes de atender 90% da população regional, tem sido pouco resolutiva. As regiões existem mais como recortes geográficos do que como organização sanitária efetiva; sem um planejamento regional que desvele as realidades regionais, deem segurança jurídica aos entes federativos em suas responsabilidades sanitárias regionais e sejam resolutivas, não se estará cumprido esse mandamento constitucional.

    A falta de carreira e salários dignos leva ao desestímulo, com mudanças constantes. O papel do MS, dirigente nacional, tem atuado muitas vezes mais como uma agência financiadora (política da cenoura e da vara), pautando os dirigentes subnacionais em razão do financiamento, sem atender as necessidades da população local e regional; a regulação do financiamento é tão minudente que conta com mais de dois mil artigos, sem falar de incisos e parágrafos e anexos [8]. Essas, sim, deveriam ser revistas em seus conteúdos porque a consolidação iniciada em 2016 não as alterou, por se tratar de consolidação de normas e não de sua revisão.

    As relações público-privadas merecem revisitação e isso não depende de lei, mas, sim, de critérios administrativos e técnicos capazes de exigir e medir qualidade, eficiência, impor cláusulas contratuais que inibam a baixa qualidade dos serviços, priorizando investimento, treinamentos, fiscalização, e critérios para a melhoria da gestão. Não é lei, mas ato administrativo consequente.

    As principais dificuldades do SUS não dependem de mudança em seu arcabouço jurídico, ainda que sempre seja admissível medidas de aperfeiçoamento, mas isso não pode ser configurado como revisão do ordenamento jurídico do SUS para melhorar a sua qualidade. Sem financiamento adequado não há gestão eficiente. Sem mudança na administração patrimonialista e burocratizada, não aderente ao planejamento, plano de saúde e rateio de recursos pautados em lei, não se alterará a gestão.

    O rateio federativo dos recursos da União para os estados e dos estados para os municípios deve se pautar por critérios legais, mas até hoje não saiu do papel (são oito anos) [9], o que evitaria o uso clientelista, como sempre se denunciou; é preciso que as estruturas estaduais da região de saúde estadual sejam regulamentadas pelos estados; que se imponha o planejamento decenal da saúde em âmbito federal, projeto de lei que tramita há anos no Congresso Nacional; que as emendas parlamentares sejam obrigadas a cumprir o planejamento sanitário que aponte para os vazios assistenciais e a primazia nos investimentos para a sua superação; a necessidade de indicadores de qualidade, conforme determina a lei, não cumprida; definição de linha-base de qualidade para os serviços de saúde. O complexo produtivo da saúde, com planejamento e investimentos em ciência, tecnologia e informação. A dependência externa precisa ser superada.

    De modo resumido, as pautas obrigatórias no SUS são: atuar sobre a insuficiência do financiamento e cumprir os critérios legais de rateio interfederativo; melhoria da gestão pública brasileira, incluindo a relação público-privada no SUS e a qualidade dos serviços; formação de profissionais para a saúde pública; tornar resolutiva a região de saúde; e atuar no desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação.

    Nesse crepúsculo em que o mundo está mergulhado é ora de atuar em temas candentes na saúde como o protagonismo do país na governança global da saúde pelos riscos desta e de novas pandemias; as mortes evitáveis e as responsabilidades públicas; a terminalidade de vida; os direitos dos pacientes; patentes de medicamentos e vacinas [10]; as determinantes sociais da saúde e a crise do meio ambiente que interfere com condições de vida e a saúde.


    [1] Os que devem ser ouvidos obrigatoriamente porque atuam o SUS e o compreendem de modo real, são os secretários de saúde municipais e estaduais, profissionais, especialistas de saúde; conselhos de saúde com suas representações sociais.

    [2] A judicialização vem demonstrando que o SUS não atende às necessidades das pessoas, sendo mais de dois milhões de ações judiciais a pleitear algum serviço, produto, insumo, medicamento, o que já seria suficiente para levar os poderes executivos e legislativos a entenderem as suas causas e agirem para corrigi-las. E essas causas não são de provimento legislativo, mas sim de insuficiência de serviços.

    [3] Artigo recente publicado na Folha de S. Paulo, da autoria de Marcos Mendes, que afirma ter o SUS aumentado em 9,5 bilhões os seus recursos em razão da EC 95, contém erros, tendo em vista que a ADI 9556, de 2016, manteve o percentual de 15% das RCL (liminar do ministro Lewandowski), devendo a conta incorrer sobre 15% das RCL de cada ano e não sobre o valor do ano de 2017 e assim sucessivamente nem sobre o valor percentual escalonado da EC 86. Consultar artigo dos economistas Francisco Funcia, Bruno Moretti e Carlos Ocké no Susconecta em 29 de julho de 2020 e pelos cálculos do Conselho Nacional de Saúde disponível em seu site e ainda www.idisa.org.br Painel Gilson Carvalho.

    [4] As comissões intergestores foram criadas nos anos 90 e implementadas em 1993, por portaria do Ministério da Saúde e reconhecidas por lei em 2011.

    [5] Artigo 35 do ADTC.

    [6] Desvinculação de Recursos da União.

    [7] A Qualicorp está reajustando os valores mensais de seus planos de saúde que administra pelo índice de 14,6%, enquanto o índice de inflação de 2019 foi de 4,48% e a projeção do índice de inflação para 2020 deve ser negativo. O valor do piso da saúde pública para 2019 teve alteração em acordo ao INPC-IBGE.

    [8] Em 2016 o Ministério da Saúde na gestão do ministro Marcelo Castro deu início a um programa de consolidação de suas portarias normativas, a qual se completou em 2017. Trata-se de uma consolidação importante e necessária, mas um primeiro passo que prepararia para se proceder a revisão de seu conteúdo e isso não aconteceu.

    [9] Artigo 17/19 da Lei Complementar n. 141, de 2012.

    [10] Há projetos de leis que tramitam no Congresso Nacional. Necessário ainda pensar em consolidar as leis federais num código sanitário para fortalecer o direito à saúde e seu campo de estudo, o direito sanitário.

    *Lenir Santos é advogada, professora colaboradora do Departamento de Saúde Coletiva da Unicamp, doutora em Saúde Pública pela Unicamp e presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa).

    Fonte: Boletim de Noticias Conjur

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  • Vitória da saúde, da ciência e dos farmacêuticos

    • 21/08/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    O Supremo Tribunal Federal (STF) na sessão de ontem, 20/08 constituiu a maioria em decisão que a Responsabilidade Técnica em farmácias e drogarias é exclusiva do farmacêutico registrado nos conselhos profissionais, conforme previsão da Lei nº 13.021/14. Essa importante vitória da profissão farmacêutica foi obtida no julgamento do recurso movido pelo proprietário de farmácia que pleiteava a responsabilidade técnica em sua drogaria no município de Contagem (MG). 

    Para o Presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, a decisão do STF significa reafirmar a defesa da ciência, a defesa da vida e a primazia do papel social das atividades econômicas, incluindo a farmácia. Falou ainda que a vitória é de toda a categoria e se deve pela importante atuação do CRF/MG, do Conselho Federal de Farmácia e das demais entidades farmacêuticas, como a Fenafar, os sindicatos filiados e os conselhos regionais de farmácia. Veja a declaração do presidente no vídeo.


    Para o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, destacou que essa vitória é fruto da vigilância, da seriedade e do empenho dos conselhos de Farmácia na defesa do âmbito de atuação da profissão.

    Também foi importante a obtenção de cinco pareceres favoráveis, de órgãos de peso na área jurídica e da saúde como a Procuradoria Geral da República (PGR), Advocacia-Geral da União (AGU), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde e Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, juntados ao processo.

    Segundo o CFF, os órgãos foram unânimes em reconhecer o farmacêutico como o único profissional legalmente autorizado e habilitado a assumir a responsabilidade técnica em farmácias e drogarias.

    O processo, que começou a ser julgado na sexta-feira, 14/08, foi definido nesta quinta-feira, dia 20/08, com o sexto voto favorável ao Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG) e ao Conselho Federal de Farmácia (CFF), completando a maioria do Pleno.

    Fonte: Fenafar com informações da Comunicação do CFF

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  • E-FARMA: PESQUISA EM EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA NA PANDEMIA DE COVID-19

    • 18/08/2020
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    A Escola Nacional dos Farmacêuticos está realizando uma Pesquisa “Diagnóstico da educação farmacêutica em tempos de Covid-19 no Brasil”, e-Farma.

    A pesquisa tem aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina e é conduzida em parceria pela Escola Nacional dos Farmacêuticos.

    A pesquisa tem como objetivo conhecer como está sendo o processo de ensino nos cursos de farmácia de instituições de ensino superior do Brasil e a percepção de docentes e alunos diante das mudanças trazidas pela pandemia.

    Essa pesquisa não conta com nenhum financiamento público ou privado e tampouco visa qualquer compensação financeira associada aos seus resultados.

    Sua contribuição é fundamental!


    Para acessar o formulário clique em e-Farma.


    Um abraço virtual e fraterno!

    Equipe de pesquisadores:

    Profa. Silvana Nair Leite – UFSC

    Prof. Diego Gnatta – UFRGS

    Profa. Mercia Pandolfo Provin – UFG

    Profa. Maria Helena Braga – UFJF

    Profa. Priscila Vautier – UMC

    Profa. Ciria Vieira Barbosa – UFAL

    Profa. Maria Fâni Dolabela – UFPA

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  • Fenafar: Farmacêutico na farmácia é direito da população. Nota ao STF e à sociedade

    • 13/08/2020
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    No próximo dia 14/08, o plenário do STF julgará a possibilidade de técnico em farmácia assumir a responsabilidade por farmácias e drogaria após vigência da Lei 13.021/14. O relator da matéria é ministro Marco Aurélio de Mello. Leia a Nota da Fenafar se posicionando sobre o tema.

    Contexto

    O processo teve início quando um profissional sem curso superior pediu ao CRF/MG a sua inscrição como Técnico em Farmácia para assumir a responsabilidade técnica da sua drogaria, em Contagem, emitindo-se, para isso, o CRT – Certificado de Regularidade Técnica. O pedido foi negado. 

    Judicializada a questão, em 1º grau foi assegurado o direito de inscrição nos quadros do CRF/MG, impedindo, porém, a assunção da responsabilidade técnica pela drogaria, em sentença que foi mantida pelo TRF da 1ª região e, posteriormente, pelo STJ. O técnico recorreu ao Supremo, em ação que passará a ser julgada nesta sexta-feira.

    FENAFAR: FARMACÊUTICO NA FARMÁCIA É DIREITO DA POPULAÇÃO. NOTA AO STF E À SOCIEDADE

    A profissão farmacêutica é uma das mais antigas do país. Há 181, a Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto transformava os antigos práticos e boticários em profissionais habilitados para desempenhar, com base em parâmetros científicos e técnicos, uma atividade que envolve múltiplas competências e habilidades para atuar em diversas áreas relacionadas à proteção e promoção da saúde para a população.

    Ao longo desses quase dois séculos, a ciência e a sociedade se desenvolveram, tornando os desafios no campo da saúde e das relações sociais muito mais complexos. A história da profissão farmacêutica acompanha esse desenvolvimento e as tensões que surgem desse processo científico, político, econômico e social.

    Entre as tensões, destaca-se a que se dá entre o capital e o trabalho. Se de um lado as empresas se constituem com o objetivo privado de maximizar seus lucros, de outro as necessidades sociais demandam acesso à direitos, bens e insumos que precisam ser garantidos por políticas públicas para estabelecer um equilíbrio entre os interesses antagônicos de empresas e sociedade.

    Por isso, a Federação Nacional dos Farmacêuticos desenvolveu, desde 1994, uma campanha para dar às farmácias o estatuto de estabelecimento de saúde, por compreender que o medicamento não é uma mercadoria. A campanha Farmácia Estabelecimento de Saúde trouxe estudos e propostas que foram discutidas intensamente no Congresso Nacional para incidir sobre o debate de uma legislação que transformasse as farmácias em unidade de prestação de serviços de interesse público, no sentido de ampliar o conceito para que se avance no entendimento de que a farmácia precisa estar inserida no Sistema Único de Saúde (SUS) e destinada a prestar a Assistência Farmacêutica integral, deixando de ser mero estabelecimento comercial.

    Esse trabalho resultou na aprovação da Lei 13.021/2014 e que entre os vários dispositivos destaca que a responsabilidade técnica para o funcionamento de estabelecimentos que realizem dispensação de medicamentos é privativa de profissional farmacêutico habilitado.

    Isso, porque, a lei estabelece uma série de outras atividades que incluem a prestação de Assistência Farmacêutica e reconhece a centralidade do medicamento nas ações de saúde e os perigos que o seu uso sem a correta orientação pode trazer para a saúde das pessoas. Estima-se que cerca de 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos inadequadamente e que, aproximadamente, 50% dos usuários não os utilizam corretamente. Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológico (SINITOX), os medicamentos ocupam a primeira posição entre os três principais agentes causadores de intoxicações em seres humanos desde 1996.

    O conjunto da legislação entende o medicamento como insumo essencial à saúde, descaracterizando-o como mera mercadoria cujo objetivo é produzir lucro. A Lei 13021/2014 reitera que, como parte integrante e indissociável das políticas públicas de saúde, a assistência farmacêutica é um direito do cidadão, como previsto na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), e as farmácias devem ter por funções e serviços definidos e serão responsáveis pelo atendimento aos usuários, com compromisso orientado pelo uso racional de medicamentos e à integralidade e resolutividade das ações de saúde.

    Realizam, portanto, atividades consubstanciadas em atos sanitários e não apenas atos comerciais, de ética questionável. No contexto do Sistema Único de Saúde, a farmácia, que inclui estabelecimentos públicos e privados, ocupa lugar privilegiado como posto avançado de saúde. Exerce papel importante na educação em saúde e na dispensação de medicamentos.

    Ao abordarmos os desafios contratados em nossa Constituição Federal – particularmente no que diz respeito à Ordem Econômica, que se fundamenta na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, e que tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados diversos princípios, entre os quais a função social da propriedade – verificamos algumas contradições na atual conformação do setor farmacêutico nacional, principalmente no que diz respeito ao medicamento e ao profissional farmacêutico.

    Isso é visível desde a aprovação da Lei 13.021/2014, ao vermos os interesses mercadológicos que atuam contra os avanços na saúde, atuando para alterar as conquistas obtidas com sua aprovação, no Congresso Nacional, através de propostas de mudança na lei, e agora através dessa Ação que corre no Supremo Tribunal Federal.

    Consideramos que o papel do medicamento e dos farmacêuticos na sociedade merece das autoridades uma atenção maior e mais responsável. Principalmente no contexto atual, de negacionismo científico que impacta de forma perigosa no campo da saúde, como os movimentos anti-vacina ou, como temos visto agora, na indicação do uso da hidroxicloroquina para tratamento do Covid-19 sem qualquer comprovação científica.

    A crise econômica e política que impacta o mundo contemporâneo tem fortes raízes no questionamento da racionalidade e, portanto, do papel da ciência. Isso gera uma crise civilizatória que coloca em xeque conquistas fundamentais para a sociedade e para o próprio direito à vida, o mais fundamental de todos.

    Neste sentido, a Federação Nacional dos Farmacêuticos reitera que a responsabilidade técnica para todo e qualquer estabelecimento que realize prestação de Assistência Farmacêutica, compreendendo a dispensação de medicamentos, deve ser privativa de profissional farmacêutico. Ampliar essa possibilidade para técnicos de farmácia impõe uma severa precarização para a população do acesso a estes serviços e insumos essenciais à saúde.

    Neste sentido, destacamos a importância do posicionamentos do Conselho Regional de Farmácia de MG e ressaltamos a relevância dos posicionamentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU).

    Seguimos unidos e na busca pela dignidade da profissão farmacêutica e, principalmente, pela melhoria da saúde da população brasileira. Por isso, a Federação Nacional dos Farmacêuticos (FENAFAR), juntamente com os seus sindicatos filiados, manifestamos nossa posição de defesa da Lei 13.021/2014.

    Federação Nacional dos Farmacêuticos, 13/04/2020

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  • PREVENÇÃO E CONTROLE DA COVID-19 NO AMBIENTE ESCOLAR

    • 12/08/2020
    • Ewerton Fenafar
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    A professora doutora, Marselle Nobre de Carvalho, da Universidade Estadual de Londrina – UEL e da Coordenação da Escola Nacional dos Farmacêuticos, produziu um e-book de Perguntas e Respostas sobre Medidas de Prevenção e Controle da Covid-19 no Ambiente Escola, documento digital provisório.

    O e-book tem como objetivo contribuir para o debate e a prevenção da propagação da Covid-19 no ambiente escolar, principalmente no momento em que é debatido a flexibilização do isolamento social para aulas presenciais.

    O documento apresenta 10 perguntas e respostas, desde a utilização do ar condicionado ou ventilador, passando pela utilização do bebedouro e do elevador, como deve ser a limpeza das salas de aula, bem como quais o comportamento que devem ter os alunos e professores antes de entrarem em sala de aula e ainda aferição da temperatura corporal. Por fim, o documento trás alguns apontamentos e reflexões antes de tomar decisão sobre a reabertura dos espaços como escola/universidade. Para ter acesso na íntegra do e-book, basta clicar aqui.

    Marselle de Carvalho, também coordena o Projeto Safety, que reúne alunos e professores dos cursos de Enfermagem, Farmácia e Medicina, do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL, com o objetivo de Sistematizar as melhores evidências científicas sobre recomendações de proteção e segurança e veicular informação útil e científica por meio de diversos materiais – cartilhas, guias, vídeo, podcasts – para orientar profissionais de saúde e comunidade em geral. Para acessar os boletins semanais clique no link abaixo.https://drive.google.com/drive/folders/1EyZOM-JI5RbLYeBG41axE4-AHveUsrLw

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  • Saiba tudo sobre emissão Comunicação de Acidente de Trabalho

    • 10/08/2020
    • Ewerton Fenafar
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    A advogada Marí Rosa Agazzi explica os procedimentos para notificar os casos de acidente de trabalho previstos na Lei 8.213/91.

    A emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT está prevista no art. 22 da Lei 8.213/91.

    Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)

    § 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria.

    § 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo.

    § 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a empresa de responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo.

    § 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas neste artigo.

    § 5o A multa de que trata este artigo não se aplica na hipótese do caput do art. 21-A. (Incluído pela Lei nº 11.430, de 2006)

    Para os trabalhadores da área da saúde, também se aplica a previsão constante na NR32, que assim refere em caso de exposição a agentes biológicos:

    32.2.3.5 Em toda ocorrência de acidente envolvendo riscos biológicos, com ou sem afastamento do trabalhador, deve ser emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT.

    Assim, sempre que houver acidente ou contaminação relacionada ao trabalho, deve ser emitida a CAT pelo empregador.

    Ao empregado incumbe o dever de comunicar imediatamente a empresa, sempre que sofrer acidente de trabalho ou tomar conhecimento de ter sido contaminado, para que a CAT seja emitida.

    Caso o empregador não emita a CAT até o primeiro dia útil subsequente ao acidente, ela também poderá ser emitida pelo próprio trabalhador, seus dependentes, o médico que o atendeu, o Sindicato representativo de sua categoria ou qualquer autoridade pública.

    Nos casos da Covid-19, especialmente para os trabalhadores em atividade na área da saúde, ainda que não tenham certeza da contaminação ter ocorrido no trabalho, deve ser emitida a CAT, por se tratar de doença diretamente relacionada ao risco a que estão expostos.

    Por que é importante emitir a CAT?

    – Para que haja o correto enquadramento do benefício previdenciário que venha a ser gozado, como Auxílio-Doença por Acidente do Trabalho (B91) e, com isso, fazer jus à estabilidade no emprego por 12 meses após a alta previdenciária e para que sejam mantidos os depósitos de FGTS enquanto estiver no INSS.

    – A CAT também auxilia em eventual discussão sobre o nexo entre o acidente/doença do trabalho, porque estabelece o momento que houve a ocorrência.

    Durante este período de Pandemia, em que as agências do INSS não estão realizando atendimento presencial, a CAT pode ser preenchida e protocolada pelo trabalhador diretamente pelo site “Meu INSS”, devendo ter em mãos os documentos pessoais de identificação, atestado médico que refira a doença e seu respectivo CID e que contenha o CRM do médico que o assina.

    Colega farmacêutico, contate o sindicato no caso de acidente de trabalho, pelo e-mail: [email protected]

    Fenafar e Sindicatos Filiados, cuidando de quem cuida!

    Fonte: Sindifars
    Publicado em 07/08/2020

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  • Conselho de Representantes convoca o 10º Congresso da Fenafar

    • 04/08/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    O Conselho de Representantes da Fenafar, instância deliberativa composto por representantes dos sindicatos filiados, se reuniu nos dias 16, 20 e 27 de julho pra tratar de vários assuntos, entre eles a convocação do 10º Congresso da Fenafar, a ser realizado em agosto de 2021.

    No primeiro dia da reunião, os participantes discutiram a grave crise política, econômica e sanitária que o país atravessa e a situação organizativa dos sindicatos. O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, falou da importância da reunião em um momento trágico da vida de todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros principalmente dos profissionais de saúde.

    “O século XXI nos colocou numa situação de grande turbulência”, afirma Ronald. Ele destaca os novos paradigmas gerados pelas novas tecnologias, o contexto multipolar das relações internacionais e a crise de produção gerado pelo sistema capitalista. Tudo isso se soma à pandemia e gerou um cenário muito complexo e que exige respostas. No caso do Brasil, destaca o presidente da Fenafar, um ingrediente adicional se soma à estes elementos: a crise institucional gerada desde o impeachment e agravada pela eleição de um pólo de forças reacionárias e autoritária que aposta no rompimento do sistema.

    Para Rilke Novato, essa é a maior tragédia sócio, econômica, política, sanitária de todos os tempos, mais que a gripe espanhola, mais que a queda da Bolsa em 29 e maior que a crise de 2008. A vida se transformou de uma forma inimaginável. São bilhões de perdas de emprego no mundo”, destaca Rilke Novato, 1º Diretor de Relações Internacionais da Fenafar. 

    No segundo ponto de pauta, um dos mais importantes, os representantes fizeram relatos da situação organizava e financeira de cada sindicato. Ao final, foi apresentada uma pesquisa realizada junto aos sindicatos filiados, que retrata a situação geral e os desafios das entidades. Segundo a pesquisa, todos os sindicatos têm utilizado de alguma maneira as ferramentas de reunião virtual para manter as suas atividades (gráfico 1). Dos 21 sindicatos que responderam a pesquisa, 11 fecharam acordos coletivos este ano. Cinco fecharam Convenções Coletivas de Trabalho. A situação financeira dos sindicatos é bastante preocupante, como mostram os gráficos sobre as cobranças de contribuição sindical, assistencial e associativa (gráficos 2, 3 e 4).

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    Por fim, a última etapa da reunião do Conselho de Representantes foi a convocação do 10º Congresso da Fenafar, para agosto de 2021, com a aprovação da Comissão Organizadora.

    Ronald fez uma apresentação da importância de convocar imediatamente o Congresso. O 10º Congresso da Fenafar tem como objetivo discutir, em âmbito nacional, questões relacionadas às crises econômica, política, social e sanitária e os seus impactos no mundo do trabalho, no movimento sindical, no mercado farmacêutico brasileiro, a organização dos farmacêuticos e suas relações de Trabalho, Políticas Públicas, com destaques para as Política Nacional de Saúde; Política Nacional de Assistência Farmacêutica; Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde; Política Nacional de Vigilância em Saúde, e a formação e educação farmacêutica. 

    Importante salientar que a preparação do 10º Congresso, ocorre em um contexto de pandemia da Covid-19, gerada pelo Vírus (Sars-Cov-2), e prevendo-se, a necessidade de esperançar, através de construção coletiva e solidária por dias melhores. 

    O Congresso também tem a função de eleger a diretoria da entidade, e aprovar o plano de lutas e resoluções como indicativos ao trabalho e desenvolvimento da gestão eleita para o triênio de 2021 a 2024. 

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    Atividades prévias e concomitantes:

    Prévias: 

    Realização de várias atividades que farão parte do Pré-Congresso, como realização de reuniões virtuais da Comissão Organizadora, Realização de atividades on-line como lives, seminários, apresentação de trabalhos científicos ou de experiências exitosas, cursos ou ciclos de debates sobre temas do 10º Congresso da Fenafar que devem ocorrer já no próximo mês. Ficou de aprovar entre novembro e dezembro desta ano o calendário para realização das assembleias que elegerão os delegados, critérios e convocação das eleições, uma vez que a diretoria se renova durante o congresso.

    Ainda pretende-se realizar concomitante o 9º Simpósio Nacional de Assistência Farmacêutica e o 7º Encontro de Farmacêuticos no Controle Social da Saúde

    Convocação:

    O 10º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos será convocado pelo Conselho de Representantes da Fenafar, convocado para os dias 16 e 20 de julho de 2020, por meio virtual, conforme edital.

    Palavras chaves para o temário – Vida, Democracia, Soberania, Ciência e Trabalho!

    Sub-temas 

    Conjuntura Internacional e Nacional: O impacto das crises econômica e sanitária nas relações sociais e no Trabalho – Retomada Neoliberal X Estado Forte e desenvolvimentista 

    Organização e Unidade Sindical – Sindicato forte, autônomo, em defesa do trabalho e contra a opressão!

    O Papel do Estado enquanto fomentador de políticas públicas – Saúde, Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia e Vigilância em Saúde. 

    Trabalho e Educação farmacêutica – Pautados pela ciência, a serviço do Sistema Único de Saúde.

    Comissão Organizadora

    Célia Chaves 
    Clóvis Reis
    Debora Melecchi 
    Diretores Regionais (Isabela Sobrinho, Elaine Câmara, Wille Calazans, Ana Claudia Navarro e Lia Almeida)
    Fabio Basilio (licenciado temporariamente)
    Maria Maruza Carlesso 
    Renata Gonçalves
    Rilke Novato Públio
    Ronald dos Santos 
    Sérgio Gomes

    Da redação
    Publicado em 03/08/2020

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  • Fenafar e Escola Nacional dos Farmacêuticos repudiam demissões de professores e icentivo à EaD

    • 24/07/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    A Federação Nacional dos Farmacêuticos e a Escola Nacional dos Farmacêuticos vêm a público manifestar seu repúdio com relação à demissão em massa de professores que vem sendo realizada por instituições de ensino superior privadas em todo o país.

    Utilizando como pretexto a crise sanitária provocada pela pandemia do Covid-19, que levou à suspensão de aulas presenciais em todo o país, e amparados por portaria 2.117 editada pelo MEC em dezembro de 2019, que estimula a substituição do ensino a distância, essas instituições promovem um verdadeiro desmonte da estrutura pedagógica: reduzem o número de salas de aula, fundindo turmas, precarizando as condições de ensino-aprendizagem e demitindo professores e outros profissionais de ensino.

    Além da demissão em massa — muitas vezes sendo implementada de forma desrespeitosa, sem qualquer contato individual com o docente — as Instituições de Ensino Superior estão reduzindo benefícios e direitos de professores e profissionais.

    A Fenafar e a Escola Nacional dos Farmacêuticos têm se posicionando sobre a implementação da modalidade em EaD para os cursos da área da Saúde. Somos contra a simples migração das atividades presenciais para remotas, sem a necessária infraestrutura, capacitação, garantia de equidade de acesso, e condições dignas de trabalho e de aprendizagem. Defendemos que a qualidade da educação precisa ser prezada. A pandemia não pode ser o trampolim para a instituição da educação a distancia na área da saúde, sem atividades práticas e estágios presenciais.

    Fenafar e Escola Nacional dos Farmacêuticos, 21/07/2020

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  • Demissão em massa e o estímulo à modalidade EaD sinalizam desemprego estrutural dos docentes

    • 24/07/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    Reestruturação das instituições privadas de ensino superior apoia-se em portaria editada pelo MEC em dezembro de 2019 para substituir ensino presencial por ensino remoto, recorre ao “ensalamento” para juntar turmas diferentes numa única aula e corta o emprego de centenas de professores.

    “Ensalamento”: o neologismo soa estranho, mas designa uma realidade que as instituições privadas de ensino superior já experimentam há algum tempo e cuja disseminação cada vez maior foi — e será — acelerada pela pandemia da Covid-19.

    “O ensalamento consiste em juntar turmas de níveis, de anos e até de cursos diferentes numa única aula. Assim, em vez de dar três aulas para turmas de 50 alunos, você dá uma aula para uma classe de 150 alunos. O que aconteceu agora? A experiência da pandemia mostrou para as escolas que o ensalamento virtual é muito melhor do que o físico, em que há um limite dado pelo tamanho do auditório. No virtual dá para enfiar 250 ou 350 alunos na mesma aula”, explica a 1ª secretária da Diretoria do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), Silvia Barbara.

    Se o movimento de demissões de professores das instituições de ensino superior (IES) privadas já era rotineiro a cada final de semestre, as circunstâncias provocadas pela pandemia da Covid-19 apontam para a aceleração de um processo de reestruturação que, em tese, levaria vários anos para acontecer, avalia a representante do Sinpro.

    Um dos fatores decisivos para essa nova realidade é a publicação da Portaria 2.117, de dezembro de 2019, assinada pelo então ministro da Educação, Abraham Weintraub, que promove uma espécie de “passagem da boiada” na Educação a Distância (EaD) para as IES privadas. A portaria permitiu que as escolas passassem a oferecer “carga horária na modalidade de EaD na organização pedagógica e curricular de seus cursos de graduação presenciais até o limite de 40% da carga horária total do curso”. É o dobro do limite anterior, que era de 20%.

    O Ministério da Educação (MEC) entende aula remota como substituto da aula presencial porque alunos e professor estão logados em tempo real. Os alunos podem fazer perguntas e o professor pode propor trabalhos em grupo, apresentar um power point etc. É como se as rotinas da sala de aula fossem reproduzidas com o uso das ferramentas digitais, convertendo a EaD em aula presencial.

    “É um processo de reestruturação de gestão das empresas que tem muito a ver com mudanças nas normas pedagógicas. A portaria foi decisiva por permitir os 40% e também por flexibilizar regras de avaliação externa. Tudo isso contribui”, diz Silvia. “As demissões de agora não aconteceriam sem a conivência do MEC e do Conselho Nacional de Educação, um órgão que está recheado de representantes do setor privado”.

    EaD “é mais fácil do que imaginávamos”, descobre empresário da educação

    A tendência de aprofundar os investimentos nas modalidades EaD ou no chamado “sistema híbrido”, que mescla ensino remoto e presencial, é confirmada pelos próprios empresários do setor, como Gabriel Mário Rodrigues, fundador da Universidade Anhembi Morumbi e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES). “O ensino a distância vai prevalecer. É mais cômodo, estudar em casa é sempre melhor”, disse Rodrigues à revista Ensino Superior.

    “As coisas vão mudar porque a gente percebe que é mais fácil do que imaginávamos. Eu mesmo, agora, sem um assistente, tenho que fazer tudo sozinho. Está engraçado”, considera. O empresário aponta inclusive um novo “problema” para as IES privadas: a destinação de prédios e instalações que ficaram sem uso na pandemia. “Vão sobrar espaços, já estou pensando em como solucionar esse problema que vou ter de imediato”, apontou.

    Na avaliação de Rodrigues, “o ensino superior já vinha mudando”, e “o que deve permanecer são as profissões como Direito, Medicina e Engenharia, as demais vão sofrer muitas alterações”. Se antes o diploma era muito importante na vida das famílias, agora “a sociedade caminha para quem tem o conhecimento, independentemente de título”, vaticinou. “Quem inovar vai ganhar o jogo”.

    Por sinal, uma das “inovações” da Rede Laureate, à qual a Anhembi Morumbi pertence, foi a utilização de software de inteligência artificial para a correção de provas dissertativas dos alunos, como demonstrou reportagem da Agência Pública.

    Já o pró-reitor de educação a distância da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), Carlos Fernando Araújo Júnior, afirmou, também de acordo com a revista Ensino Superior, que “os professores da sua instituição avançaram em um mês o que ele vem tentando há 8 anos, quando assumiu a pró-reitoria”. Com a suspensão das aulas presenciais, em março, a Unicsul colocou em ação o seu plano de Ensino Remoto Síncrono Emergencial (ERSE). Na avaliação de Araújo, de agora em diante as IES particulares devem aumentar o número de horas de aula a distância. “Agora grande parte vai utilizar os 40% online que a legislação permite. Ou até menos, mas é inegável essa mudança”, proclamou.

    Uninove demite professores por meio de pop-up na tela do computador

    Araújo não está falando apenas em teoria. No final do primeiro semestre, a Unicsul foi uma das instituições que mais demitiram professores no Brasil. A universidade dispensou cerca de 30% do seu corpo docente, estima o Sinpro, que entrou com ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-2) no dia 1º/7 pedindo a suspensão liminar das demissões.

    A forma como os professores foram comunicados da dispensa — um pop-up que aparecia na tela do computador quando o docente tentava acessar o sistema — e o número de desligamentos tornaram a Universidade Nove de Julho (Uninove) protagonista de um dos casos de maior repercussão. No último dia 22/6 essa instituição privada demitiu cerca de 500 docentes.

    Nesta semana, os professores vão realizar uma assembleia para deliberar sobre a proposta resultante da audiência de conciliação realizada no último dia 9/7 entre o Sinpro e a universidade no TRT-2. O sindicato defendeu a anulação das demissões, alegando que elas foram resultado de uma reestruturação pedagógica e de gestão para favorecer o “ensalamento”, ressaltando que o fato de terem ocorrido em meio à pandemia torna a situação ainda mais cruel. A Uninove, por sua vez, atribuiu as demissões exatamente à crise provocada pela pandemia. Já no início do ano, porém, a instituição, que tem cerca de 150 mil alunos, quis fazer a redução linear da carga horária de todos os professores, aproveitando-se da portaria do MEC.

    A Uninove ofereceu plano de saúde até 31/10 e bolsas de estudo integrais aos professores e dependentes até o final de 2021. A partir de 2022, será garantido um desconto de 50% até o final do curso. Três professores portadores de deficiência que haviam entrado em contato com o sindicato serão reintegrados, pois a lei 14.020, de 6/7, veda a dispensa de trabalhadores com deficiência até o final do estado de calamidade pública. A Uninove também deve disponibilizar os seus holerites, uma vez que o acesso às plataformas virtuais foi vedado e muitos docentes demitidos não conseguiram salvar seus comprovantes de pagamento. Também terá que tratar com o Sinpro sobre a eventual reintegração de outros professores, diferenças nas verbas rescisórias e problemas relacionados à carga horária.

    Na Universidade São Judas Tadeu, o Sinpro confirmou até o momento 74 demissões em São Paulo, Santos e Guarulhos — número menor do que nos anos anteriores, diz o sindicato. Na Universidade Paulista (Unip), que tem cerca de 220 mil alunos em 65 unidades, ainda não há notícias de dispensas em massa, de acordo com uma professora ouvida pelo Informativo Adusp.

    No final do ano passado a Unip demitiu muitos docentes que estavam prestes a se aposentar. No momento, os coordenadores “estão quietinhos”, define a professora. “Como de praxe, a universidade enviou mensagem sobre reajuste de carga horária e em junho foi colocada uma nota no site dos professores dizendo que, devido à pandemia, a universidade tentaria segurar as demissões.”

    Para o pessoal administrativo, porém, as coisas foram diferentes, e houve demissões ao longo do semestre. Aos ajudantes de coordenação foi oferecida uma redução de carga horária e de salários para que trabalhassem apenas dois dias por semana de forma remota. Todo o trabalho docente — aulas, provas, avaliações etc. — também é feito remotamente. “Ficamos todos sobrecarregados e estressados”, define a professora.

    O Sinpro diz que a consolidação do número de dispensas só será possível após a homologação das demissões.

    Sumaré propõe carga horária de uma aula semanal e R$ 1,00 por aluno “ensalado”

    “Sempre falávamos que o desemprego estrutural demoraria para chegar entre os professores, mas de repente estamos começando a sentir isso. Não se trata de demitir professores, mas de cortar postos de trabalho”, considera Silvia Barbara, do Sinpro. Para além das demissões, diz, “estamos assistindo a um cenário com perspectiva de piorar muito e de enorme ‘criatividade’ no descumprimento da legislação trabalhista”.

    Um dos casos em que essa “criatividade” se revela é o do Centro Universitário Sumaré, “que tem uma longa ficha corrida de descumprimento de legislação”, ressalta Silvia. No final de junho, a instituição propôs que todos os professores tivessem a carga horária do próximo semestre reduzida para uma única aula semanal. Parte das aulas presenciais que o docente dava será convertida em virtual, com o maior “ensalamento” possível, e a escola oferece pagar ao professor o valor da hora-aula mais R$ 1,00 — sim, um real — por aluno “ensalado” na turma.

    O Sinpro orientou os professores desde o primeiro momento a recusar, por escrito, a proposta de redução de carga horária. No último dia 7/7, o sindicato realizou uma reunião com o reitor da instituição, Antonio Fernando Soria Barbosa, na qual demandou que a Sumaré anulasse a redução. O mantenedor negou-se a suspender as mudanças, alegando que elas são legais.

    Isso não é verdade, considera o Sinpro, para quem a instituição está utilizando indevidamente uma cláusula da convenção coletiva que disciplina a supressão de disciplinas ou turmas por mudança curricular e, por meio desse expediente, promovendo uma mudança na função e na forma de remuneração dos professores, barateando os custos do trabalho e preparando o caminho para demissão com custos menores mais à frente. Como não houve acordo com a direção da Sumaré, o sindicato vai tentar barrar a medida na Justiça do Trabalho.

    Outra negociação recente do sindicato envolveu a Rede Laureate, da Laureate Education, um dos maiores grupos privados de educação do mundo. De acordo com o seu site na internet, o grupo possui 875 mil alunos em 25 instituições espalhadas por dez países. No Brasil, são 11 instituições em sete Estados, somando mais de 260 mil alunos. Em São Paulo, além da Anhembi Morumbi, pertencem à rede o Centro Universitário FMU-FIAM-FAAM e a Business School São Paulo.

    “O que a Laureate faz cria moda e acaba sendo seguido depois por outros grupos”, define Silvia, do Sinpro-SP. Pelo menos desde 2017 há uma reestruturação em andamento que vem cortando muitos professores e postos de trabalho, com grande número de demitidos todos os semestres.

    Em maio, a Laureate fechou um núcleo de EaD, demitindo 120 pessoas. O Sinpro tentou anular as demissões, mas a empresa argumentou na Justiça que essa reestruturação já estava prevista, independentemente da pandemia. No mês seguinte, procurou o sindicato para fazer um acordo de redução de jornada, e a primeira condição do Sinpro foi que não houvesse demissão neste semestre, garantindo estabilidade até novembro e pagamento de salários até janeiro de 2021.

    Na avaliação da dirigente sindical, foi “um acordo mais civilizado”, que mudou a postura da instituição de promover demissões em todos os semestres. Ela considera, por sinal, que, se as reestruturações e o corte de postos de trabalho são inexoráveis, ao menos é preciso que o processo se dê de forma paulatina e civilizada.

    “Ninguém se sente seguro nas instituições privadas”, afirma professora

    Na avaliação de uma docente que trabalha numa das universidades do grupo Laureate e falou ao Informativo Adusp sob a condição de anonimato, não houve espaço para discussão na assembleia com o sindicato: tratava-se apenas de votar sim ou não em relação à proposta que o CEO da Laureate já havia apresentado aos professores.

    Os docentes estão em férias desde o último dia 1º/7 até 20/7. O adicional de um terço deve ser pago em dezembro. De 21/7 a 20/8 o contrato de trabalho será suspenso, com o pagamento pelo governo federal do equivalente ao teto do seguro-desemprego e a empresa complementando até o equivalente a 70% do salário líquido do docente. No dia 21/8 o contrato de trabalho é retomado, e as aulas serão reiniciadas no dia 8/9. “O governo pode atrasar o pagamento da sua parte, então corremos o risco de não receber nesse intervalo de agosto”, diz a professora.

    “Ninguém atualmente se sente seguro nas instituições, a verdade é essa. O grau de insegurança é muito maior do que normalmente acontece. Quem dá aula nas particulares sempre fica na corda bamba a cada semestre: será que vou ter redução? De quanto? Será que vou ser demitido?”, relata a docente.

    A professora prossegue: as IES particulares não tiveram gastos com itens como impressão de provas e reduziram drasticamente suas despesas com telefone, luz, água, limpeza, vigilância etc. “A pandemia criou a ‘mágica’, a descoberta para os mantenedores de que eles podem fazer enorme economia. Podem deixar apenas as aulas práticas no presencial e colocar as teóricas em salas gigantescas no ensino remoto, com alunos de diferentes unidades ou cidades”, diz. “O que realmente vai acontecer é que as instituições já se preparam no sentido de enxugar sua estrutura e manter a lucratividade. Isso ficou muito evidente.”

    A docente lamenta que há muitos anos as demissões não ocorrem com base na competência técnica do professor. “Elas vêm de cima para baixo, como se alguém do financeiro ficasse fazendo simulações nas planilhas do Excel para ver quanto geraria de economia com a demissão de A, B ou C. Você vê pessoas altamente qualificadas, com titulação, professores excelentes e dedicados, que são simplesmente desligados. Isso é muito triste”, afirma.

    E os demitidos, avalia, terão cada vez mais dificuldade para conseguir recolocação, até porque há uma tendência de oligopolização de grupos econômicos no setor privado da educação. Além da Laureate, operam no Brasil grupos como o Cogna (antiga Kroton, dona das “marcas” Anhanguera e Unopar, uma das instituições que mais investem em EaD no país) e a Estácio, que tem mais de 500 mil alunos em 90 unidades em todos os Estados.

    “O sindicato patronal vai combinando as mudanças. Hoje já existe a semana de quatro dias de aula presencial. O argumento é que sobra um dia para os alunos fazerem os trabalhos de grupo ou terem aula em EaD — mas isso também serve para reduzir carga horária dos professores e funcionários e cortar despesas de manutenção”, aponta a docente.

    A tendência é que a remuneração caia cada vez mais. Atualmente há instituições que pagam R$ 20,00 a hora-aula, não importando se o docente é especialista, mestre ou doutor. A média em São Paulo é na faixa de R$ 30,00, e raras são aquelas que pagam acima de R$ 50,00, diz a professora.

    Todo esse cenário sinaliza desestímulo e contrassensos para a educação brasileira de modo geral, porque a diminuição das contratações nas IES particulares reduz inclusive o campo de trabalho para mestres e doutores formados nas universidades públicas, onde estão 84% dos pós-graduandos do país, de acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

    Privadas demitiram “por precaução”, por não terem “margem de manobra” no 2º semestre

    As IES particulares alegam que os números justificam as medidas. De acordo com pesquisa recentemente divulgada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp, que tem abrangência nacional), as instituições perderam 265 mil alunos — que abandonaram o curso ou trancaram a matrícula — nos meses de abril e maio. A evasão deste ano foi 32% maior na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram registradas 201 mil desistências. Também é motivo de alerta a previsão de que no mínimo 11,3% dos estudantes devem terminar o ano inadimplentes, com ao menos uma mensalidade atrasada — embora soe exagerado tratar o atraso de apenas uma mensalidade como inadimplência.

    Rodrigo Capelato, diretor-executivo da entidade, chegou a alegar em entrevista à Folha de S. Paulo que as escolas demitiram por “precaução”: “As instituições queriam esperar o início do segundo semestre para ver quantos novos alunos ingressariam, quantos iriam trancar os cursos. Como não foi possível, elas fizeram demissões em larga escala, demitiram mais por precaução já que depois não teriam margem de manobra”.

    As escolas particulares representam 88,2% das IES brasileiras — são 2.238, contra 299 públicas, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2018 do Instituto Nacional  de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do MEC. Cabem a elas 75,4% das matrículas (6,373 milhões de alunos, contra 2,077 milhões nas IES públicas). Nesse universo, os alegados 265 mil desistentes representam apenas 4,1% dos alunos.

    “O ensino superior privado é pautado em cursos de baixo custo para atender a uma população que não tem acesso a universidades públicas, mas que teve aumento de escolaridade. Existe aí um mercado em potencial apto a ingressar no ensino superior.

    Durante um bom tempo, o ensino superior privado acabou se beneficiando de políticas estatais como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e o Programa Universidade para todos (Prouni), mas houve um enxugamento desses programas. Então as instituições aceleraram esse modelo de baixo custo, de qualidade absolutamente discutível — mas isso não importa — e com altas margens de lucro”, ressalta Silvia Barbara, do Sinpro.

    O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, disse ao Informativo Adusp que a entidade está em contato com os sindicatos de professores e organizações estudantis locais para discutir a adoção de medidas judiciais contra as demissões. A UNE também apoia dois projetos em tramitação no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei (PL) 3.419/2020, de autoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), propõe possibilitar a rematrícula de estudantes inadimplentes nas IES por dois anos após o período emergencial da pandemia.

    No Senado, o PL 3.025/2020, do senador Weverton Sousa (PDT-MA), cria o Programa Emergencial de Apoio ao Financiamento de Estudantes do Ensino Superior (PEFies) e estabelece, como contrapartida das IES, a proibição de demissão ou redução de salários de funcionários e professores durante o período de vigência do programa. A UNE está dialogando com o senador para incluir outros pontos na proposta, como a redução das mensalidades.

    O Informativo Adusp encaminhou perguntas para a Uninove, o Centro Universitário Sumaré, a Unip e o Semesp sobre a demissão de docentes e o aprofundamento dos investimentos em EaD. Nenhuma das instituições deu retorno.

    Grande problema é estabelecer parâmetros por baixo, avalia Rubens Camargo (FE)

    Na avaliação do professor Rubens Barbosa de Camargo, docente da Faculdade de Educação (FE) da USP, o modelo de EaD já está instalado no setor privado há um bom tempo, e o que aconteceu com essa situação emergencial é que há dois movimentos, do ponto de vista das intenções de mercado. “De um lado, as grandes empresas que montam plataformas, como Microsoft e Google, estão se aproveitando para dizer que os seus produtos são os melhores no mundo inteiro. Elas vão sair ainda mais fortalecidas dessa situação. O problema continua sendo o fato de que elas recolhem nossos dados e transformam isso em mercadoria”, afirma.

    De outra parte, continua, as empresas do ensino superior já tentavam o tempo todo conseguir o menor custo possível em pessoal e terceirizar ao máximo a produção de materiais. “Diminuir o número de professores para poder ganhar em cima de cada matrícula nova é a forma de ampliar o lucro. Agora surgiu uma grande oportunidade de radicalizar esse processo”, define.

    Camargo partilha a visão de que o ensino presencial é o que tem melhor qualidade. “Educar, mesmo no ensino superior, não significa só estabelecer relação entre conteúdo, aluno e professor. É uma proposta de estabelecer relações com a realidade, fazer pontes, demonstrar que aquilo que está sendo trabalhado são teorias ou métodos de verificação que de certa maneira você não consegue só com as pessoas lendo e interagindo com o papel ou com a tela. É necessário haver um momento de discussão e de proximidade para tirar dúvidas de uma maneira mais apropriada e levantar questões que muitas vezes surgem na hora da aula. O bonito da aula é que ela tem a ver com o artesanal: aquilo que a pessoa adquiriu de conhecimento, de prática, de postura, de visão de mundo que de certa maneira é revelado na relação com o aluno e que também forma o aluno, que pode discordar da sua leitura de mundo, da sua maneira de interpretar o problema, e encontrar soluções mais interessantes. Nessa interação é que acontece o processo de educar”, considera.

    O docente ressalta que o problema que estamos vivendo neste momento, em todos os níveis, “é o de parametrizar por baixo: verificar então qual é o mínimo do mínimo que se precisa trabalhar para que o aluno tenha, pelo menos do ponto de vista do conteúdo, algum conhecimento do assunto”. Acrescenta: “Os parâmetros de qualidade caíram para todos. Na USP também está acontecendo isso. Mas no setor privado, que já tinha esses problemas, imagino que tenham aumentado”.

    “Este momento revelou com mais clareza a extrema desigualdade que temos: na saúde, nos transportes, na habitação, nas condições de vida em geral, e na educação também”, aponta Camargo. “O capital é o grande problema. Ele enxerga isso também como oportunidade. Ao invés de ver possibilidades para tentar superar as condições da desigualdade, boa parte desses gestores entende que essa condição é a mais propícia para lançar novos produtos, na perspectiva de conquistar a hegemonia que eles tanto querem. Se a gente naturalizar essa desigualdade, aí estamos perdidos. Será a plena realização desse projeto de mercado.”

    “Pandemia veio para acelerar digitalização na educação”, prega Luciano Huck

    Senso de oportunidade, por sinal, não falta ao apresentador-empresário (e talvez futuro presidenciável) Luciano Huck, que se associou à Eleva Educação, “um dos mais conceituados grupos de ensinos fundamental e médio do país”, e ao grupo Estácio para criar a plataforma “Resolve Sim”, destinada aos alunos do Rio Grande do Sul que vão se preparar para a próxima edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

    O projeto — cujas iniciais, não por acaso, são RS — não terá custo para o governo gaúcho, de acordo com o governador Eduardo Leite (PSDB), que participou de uma live com Huck na última quinta-feira (9/7).

    Na conversa, o apresentador-empresário afirmou que “a pandemia veio para acelerar esse processo de digitalização da educação, de você pensar em novos formatos, de você criar novas dinâmicas entre aluno e professor”. “Acho que é o começo de um ciclo que se Deus quiser vai ser virtuoso e que acelere a tão necessária digitalização dessas plataformas de educação”, completou.

    De acordo com o Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS-Sindicato), mais de 285 mil estudantes da rede estadual ainda não realizaram o primeiro acesso na plataforma do Google Classroom apresentada pelo governo Leite como solução para a retomada das aulas remotas, no início de junho. O contingente representa 34,7% do alunado. Sobre a live do governador com Huck, o CPERS publicou o seguinte comentário no Twitter: “Crise e morte para uns, oportunidade e lucro para outros (geralmente para quem já tem oportunidade de sobra)”.

    Em março, astartup Alicerce, da qual Huck é um dos investidores, demitiu dezenas de professores após o fechamento das suas unidades em três Estados por conta da pandemia. Com a repercussão negativa da notícia, publicada pelo site The Intercept Brasil, o apresentador-empresário anunciou que o “erro” seria corrigido e que nenhum professor ficaria desassistido.

    Fonte: Adusp – Título original: Demissões em massa nas universidades particulares atestam conversão acelerada para modalidade EaD e sinalizam desemprego estrutural dos docentes
    Publicado em 20/07/2020

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  • Entenda sobre Adicional de Insalubridade

    • 24/07/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    O pagamento de adicional de insalubridade sempre esteve nos questionamentos dos profissionais farmacêuticos, em todas suas áreas de atuação, tanto no setor público como no privado. Mas no momento de pandemia de coronavírus tem se tornado uma dúvida diária.

    Diante da ausência de legislação que garanta o pagamento do adicional de insalubridade, os sindicatos têm aprovado, nas assembleias da categoria, reivindicações em relação ao tema, com êxito ou não, nos diferentes Estados, no processo de negociação com os sindicatos patronais.

    Mas neste momento de grave crise sanitária, destaca-se que até este momento não há nenhuma determinação que obrigue o pagamento de adicional de insalubridade.

    Neste contexto, a análise do sindicato tem que ser caso a caso, para definição de providências cabíveis e possíveis, individual ou coletivamente. O que já vem ocorrendo, que inclui envio de ofícios a sindicatos patronais, empresas e denúncias ao Ministério Público do Trabalho.

    O que é insalubridade?

    A insalubridade tem a ver com as doenças causadas aos trabalhadores que ficam expostos a condições nocivas por conta de sua atividade.

    O que é uma atividade insalubre?

    Atividades insalubres são aquelas em que os trabalhadores são expostos à agentes prejudiciais à saúde em quantidade acima do que são permitidas por lei. De acordo com o Art. 189 da CLT: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

    Que profissionais têm direito ao adicional de insalubridade?

    Os profissionais que exercem atividades em condições nas quais fique demonstrada a exposição a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

    O que significa limite de tolerância?

    É a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.

    Quais são os graus de insalubridade?

    O valor pago pela insalubridade pode variar de acordo com o grau estabelecido pela Lei, que pode ser o pagamento de 10% para o grau mínimo, 20% para o grau médio e 40% para o máximo. A classificação quanto a insalubridade fica caracterizada de acordo com o Ministério do Trabalho, que designa um perito, médico ou engenheiro que fará a análise das condições de ofício. Esses profissionais devem ser devidamente registrados em seus respectivos Conselhos. A classificação do grau de insalubridade de cada atividade é definida pela Norma Regulamentadora 15.

    Quais são as atividades insalubre?

    Podem ser consideradas atividades insalubres as atividades laborais que exponham os trabalhadores aos riscos ambientais, abaixo listados, acima dos limites de tolerância previstos: *Ruído contínuo ou intermitente; *Ruído de impacto; *Exposição ao calor;  *Radiações ionizantes e não-ionizantes; *Trabalho sob condições hiperbáricas;  *Vibração; *Frio; *Umidade; *Agentes químicos; *Poeiras minerais; *Agentes biológicos.

    Qual é a base de cálculo do adicional de insalubridade?

    De acordo com a CLT, a base de cálculo do adicional de insalubridade é o salário mínimo da região. (RCL 6266 STF).

    O adicional pode ser suprimido?

    O direito ao recebimento do adicional de insalubridade cessa com o desaparecimento da condição de trabalho que o motivou.

    Como proceder para requerer o adicional de insalubridade?

    Inicialmente, é necessário trabalhar numa atividade em condições insalubres, de acordo com a legislação pertinente. Cada órgão/empresa tem seu procedimento, mas todo trabalhador pode apresentar um pedido, devidamente motivado, requerendo o adicional.

    FUNDAMENTAÇÃO LEGAL ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

    Art.7º, XXII, da CR/88 Art. 189 e seguintes da CLT Norma Regulamentadora nº15 – NR-15 – Do Ministério do Trabalho

    * Para os Servidores Públicos Federais: Lei nº 8.112/1990 – Artigos 68 a 70 Decreto-Lei nº 1.873, de 27/05/81 Decreto nº 97.458, de 15/01/89

    * Súmula nº 47 do TST INSALUBRIDADE (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional.

    * Súmula nº 80 do TST INSALUBRIDADE (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A eliminação da insalubridade, mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo, exclui a percepção do respectivo adicional.

    * Súmula nº 139 do TST ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 102 da SBDI-1) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para todos os efeitos legais. (ex-OJ nº 102 da SBDI-1 – inserida em 01.10.1997)

    * Súmula nº 248 do TST ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DIREITO ADQUIRIDO (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial.

    * Súmula nº 289 do TST INSALUBRIDADE. ADICIONAL. FORNECIMENTO DO APARELHO DE PROTEÇÃO. EFEITO (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

    * Súmula nº 293 do TST ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAUSA DE PEDIR. AGENTE NOCIVO DIVERSO DO APONTADO NA INICIAL (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade.

    * Súmula nº 448 do TST ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS.  (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SBDI-1 com nova redação do item II) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014.

    I – Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.

    II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15, da Portaria do MTE nº 3.214/78, quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.

    PROJETOS DE LEI

    Como já noticiamos, o Sindifars está acompanhando a tramitação de dois projetos de lei (PL) na Câmara dos Deputados. Infelizmente várias propostas já foram apresentadas por deputados tiveram acatadas a retirada dos debates no plenário.

    Neste momento, aguardando despacho do Presidente Rodrigo Maia, tem:

    • PL nº 2280/2020 de autoria do deputado federal Léo Moraes (PODE-RO), que inclui o art. 923 à Consolidação das Leis do Trabalho, para conceder adicional de insalubridade para os trabalhadores das drogarias e das farmácias, durante a emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto em 2020.
    •  PL nº 2494/2020 de autoria do Deputado Mauro Nazif, que dispõe que o adicional de insalubridade devido aos empregados dos estabelecimentos de saúde expostos ao coronavirus (Covid-19) será de 50% (cinquenta) sobre o salário.

    Então o envio de email dos farmacêuticos ao presidente da Câmara dos Deputados ([email protected] e [email protected]) é muito importante, para pressionarmos o andamento da proposição e depois, a aprovação desta previsão protetiva também aos farmacêuticos.

    Observação: As legislações, propostas de lei, súmulas e demais informações desta matéria podem sofrer alterações por diferentes motivos. Acompanhe as divulgações do Sindifars e em caso de dúvida envie e-mail para [email protected].

    Fonte: Sindfars
    Publicado em 21/07/2020

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  • EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA

    EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA PARA OS FARMACÊUTICOS DO VAREJO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MUNICÍPIOS NOVA IGUAÇU, BELFORD ROXO, MESQUITA, QUEIMADOS, ITAGUAÍ, JAPERÍ, PARACAMBI, QUEIMADOS E SEROPÉDICA

    O Presidente do SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – SINFAERJ – CNPJ: 33.652.405/0001-63, no uso de suas atribuições estatutárias, convoca todos os farmacêuticos trabalhadores do VAREJO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MUNICÍPIOS NOVA IGUAÇU, BELFORD ROXO, MESQUITA, QUEIMADOS, ITAGUAÍ, JAPERÍ, PARACAMBI, QUEIMADOS E SEROPÉDICA para Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 30 de JULHO de 2020, às 18h em primeira chamada e às 18h30m em segunda e última chamada, por meio virtual, conforme Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, o qual reconheceu o estado de calamidade pública em razão da pandemia pelo vírus denominado COVID-19, Lei nº 13.979, de fevereiro de 2020, dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Coronavírus responsável pelo surto de 2020. A presente assembleia se dará pela plataforma meet google, com link a ser disponível a todos para tratar da seguinte ordem do dia: A) Leitura, Discussão e Votação da Convenção Coletiva de Trabalho 2018/2019/2020 com o SIND COMERCIO VAREJ N IGUACU BELFORD ROXO J QUEIMADOS, CNPJ n. 30.832.547/0001-14; B) Outros assuntos de interesse da categoria. O Edital estará disponível no site www.sinfaerj.org.br.

    Rio de Janeiro, 20 de julho de 2020

    Cristiano Lins de Oliveira – Presidente do Sinfaerj


    Inscreva-se para assembleia aqui

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  • Entidades divulgam carta aberta ao governo sobre importância da OPAS

    • 20/07/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    Carta aberta da sociedade ao governo brasileiro desta a importância da Organização Pan-Americana de Saúde na articulação das ações e políticas de saúde na região e repudia as ameaças do governo Bolsonaro de se retirar da organização. Fenafar e Escola Nacional dos Farmacêuticos assinam a carta. Leia abaixo na íntegra.

    Carta aberta à sociedade brasileira, ao Congresso Nacional, CONASS, CONASEMS sobre a relevância da Organização Pan-Americana de Saúde para o SUS 

    A Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) é um dos seis escritórios regionais da OMS. Sua história, no entanto, é mais antiga que a própria organização mundial. A OPAS foi criada em 1912 após a Conferência Pan-americana de Saúde. Desde então, a Organização, com sede em Washington (EUA), reúne toda a região das Américas em um projeto de cooperação internacional em saúde, oferecendo inúmeras vantagens a seus Estados-membros. A organização, talvez nunca tão necessária quanto agora, também nunca esteve tão ameaçada. 

    Os governos dos EUA e do Brasil ameaçaram se retirar da Organização. Os dois países, que se tornaram os novos epicentros da pandemia, são os dois maiores financiadores nacionais da entidade. Os EUA respondem por 67% dos recursos que estão em atraso enquanto o Brasil por 15%, de forma que uma eventual saída ou simples não pagamento desses recursos já teria resultados catastróficos para a entidade. A suspensão de pagamentos dos dois países faria com a que organização se tornasse insolvente já em setembro de 2020. 

    O Brasil se beneficia de fazer parte da Organização tendo acesso a diversos medicamentos e produtos de saúde a preços reduzidos, bem como por acesso a pesquisas de excelência por via de diversas iniciativas de cooperação técnica e por projetos com as universidades e centros de pesquisa brasileiros. O Estado brasileiro adquire via OPAS vacinas, imunobiológicos, tratamentos para HIV/AIDS e hepatites virais, anti reumáticos, fatores de coagulação para hemofilia e quimioterápicos. Ainda no mês de junho, o ministro interino da saúde anunciou nova compra de medicamentos via OPAS. Em 2018, por exemplo, 9 dos 38 imunobiológicos disponibilizados pelo SUS foram adquiridos por esta via. São medicamentos caros e fundamentais para o enfrentamento de doenças autoimunes, reumáticas e alguns tipos de câncer. As compras intermediadas OPAS são inclusive instrumentos estudados para solucionar o recente problema de desabastecimento de anestésicos para entubamento de pacientes de Covid-19. 

    Estas ações são importantes para viabilizar a sustentabilidade orçamentária do SUS, em um contexto de austeridade fiscal. O gasto do governo federal com medicamentos dobrou entre 2008 e 2018, enquanto o orçamento do Ministério da Saúde aumentou a uma taxa muito inferior e estagnou nos últimos anos. Em 2018, este gasto totalizou R$ 17,39 bilhões, correspondendo a 13,4% do orçamento do ministério. 

    A OPAS simboliza um importante e duradouro projeto de cooperação internacional com impactos positivos em todos os seus Estados-membros. A organização estabelece parâmetros globais mínimos para políticas sociais e econômicas nacionais. A saída da OPAS, além de soar como uma tentativa de deslegitimar esses parâmetros e evitar responsabilização por ações ou omissões no enfrentamento da pandemia, prejudica o Brasil. 

    A história da Organização conta com importantes vitórias, com destaque para a erradicação do sarampo, da varíola, da rubéola e da poliomielite. Esta última, mais recente, revela a potência da Organização. A pólio, também causadora da paralisia infantil, está perto de ser erradicada no mundo. A região das Américas foi a primeira a erradicar a doença, no início da década de 90, antes de qualquer outra região do mundo. Esse resultado é fruto de um intenso trabalho de coordenação e fornecimento de vacinas pelo Fundo Rotatório de Vacinas da OPAS, mecanismo inclusive que foi instaurado com o apoio do Brasil para aprimorar o acesso à vacinas e cobertura vacinal na Região. 

    A Organização ainda fornece a possibilidade de compra conjunta para os países da região, solução que já se revelou essencial para aquisição de medicamentos muito baratos com pouco interesse de venda pela indústria farmacêutica. Em 2016, por exemplo, a entidade coordenou a compra conjunta de derivados de penicilina, como resposta ao surto de sífilis congênita no Brasil. Neste ano, foram adquiridas mais de 27 milhões de unidades de medicamentos via OPAS, a um custo de R$ 21,7 milhões. 

    Além disso, são vários os projetos de assessoria técnica a que a Organização prestou seu apoio, sendo decisivos para o aprimoramento institucional do SUS e de outros sistemas de saúde na região das Américas. Tais resultados fazem da Organização referência para os outros cinco escritórios regionais da OMS. Atualmente existem mais de 100 Termos de Cooperação vigentes, incluindo acordos com estados, Ministério da Saúde e outras entidades públicas. 

    Através dos Termos de Cooperação, a OPAS realiza ações multitemáticas que envolvem a defesa da vida, como segurança viária, por meio de estudos, projetos e debates em parceria com o governo federal, governos locais e entidades da sociedade civil nacionais e internacionais. Destas ações o maior exemplo foi a organização da 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito, em 2015 que resultou na “Declaração de Brasília”. 

    Cabe ainda destacar o papel fundamental da OPAS na promoção de uma alimentação adequada e saudável. É sabido que o avanço das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), como diabetes e hipertensão têm como fatores de risco as diferentes formas de má alimentação. O agravo das DCNTs são também uma das principais causas de mortes evitáveis no país, o que por sua vez, implica não apenas no comprometimento da qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, mas trazem impactos diretos ao SUS. A importância de assegurar uma agenda de promoção da saúde é vital para reverter as atuais tendências crescentes dos fenômenos elencados. 

    Neste sentido, a OPAS vem contribuindo ao longo das décadas com relatórios técnicos e recomendações, liderando discussões regionais e realizando ações concretas para a promoção de ambientes mais saudáveis. Estes perpassam pelo fomento à amamentação nos primeiros anos de vida e estímulo ao consumo de alimentos in natura como fatores protetivos, até as diversas medidas para 

    restrição ao consumo de ultraprocessados, com quantidades elevadas de sal, gorduras, açúcar e aditivos químicos, assim como seus estímulos pela publicidade excessiva ou ausência de rótulos informativos. 

    Em um momento particularmente difícil como o atual, em que os sistemas de saúde devem ser fortalecidos para o enfrentamento da pandemia, a relevância da OPAS para os países americanos cresce ainda mais. Manifestamos apoio ao trabalho da Organização e nos colocamos contra qualquer iniciativa que a enfraqueça, inclusive por meio da redução de recursos. 

    A saída da OPAS ou a simples redução de repasses enfraquece a Organização e tem um potencial de prejudicar especialmente o fornecimento de medicamentos pelo SUS por estados e municípios. Qualquer agressão à Organização é uma ameaça ao sistema público brasileiro, especialmente para usuários em tratamento de câncer, de doenças autoimunes, de doenças reumáticas, de certas hepatites virais, assim como para o fornecimento de vacinas. Neste momento, é fundamental que os poderes exerçam controle de modo a impedir qualquer redução de repasse ou saída unilateral da Organização. ACT Promoção da Saúde Associação Brasileira de Enfermagem – ABEN 
    Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia – ABENFISIO 
    Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia – ABRALE 
    Associação Brasileira de Nutrição – ASBRAN 
    Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco 
    Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – ABIA 
    Associação de Fisioterapeutas do Brasil – AFB 
    Associação de Portadores de Hepatites Virais do Rio Grande do Norte 
    Associação do Portadores de doença de Chagas de Campinas e Região- ACCAMP 
    Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – Cebes 
    Conectas Direitos Humanos Conselho Federal de Psicologia – CFP 
    Coordenação do Curso de Graduação em Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina Conselho Nacional de Saúde – CNS 
    Departamento de Saúde Pública da UFSC 
    Escola Nacional dos Farmacêuticos – ENF 

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  • CNS reforça posição da Fiocruz sobre uso da cloroquina em casos leves de Covid-19

    • 20/07/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    Em nota, Fiocruz considerou que as orientações do Ministério da Saúde favorecem o uso ‘off label’, quando o fármaco é utilizado para uma indicação diferente daquela que foi autorizada pela Anvisa.

    O Conselho Nacional de Saúde (CNS) reafirma a posição da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre a Cloroquina e Hidroxicoloquina no tratamento precoce da Covid-19. Nesta sexta (17/07), a Fundação publicou nota mencionando que a sua presidência e de seus dois institutos federais, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) e Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF),  assim como os demais hospitais federais, receberam ofício do Ministério da Saúde orientando o uso do medicamento de forma precoce nos casos de Covid-19.

    O ofício, assinado pelo secretário de atenção especializada à Saúde, Luiz Otávio Franco Duarte, data de 29 de junho de 2019, e solicita que a Fiocruz  dê “ampla divulgação” ao “tratamento precoce” da doença com a medicação. Porém, a Fiocruz considerou que as orientações favorecem “o uso ‘off label’ (quando o fármaco é utilizado para uma indicação diferente daquela que foi autorizada pelo órgão regulatório, a Anvisa) da cloroquina e da hidroxicloroquina contra a Covid-19”. 

    A Fiocruz entende ser de competência dos médicos a possível prescrição do medicamento. O presidente do CNS, Fernando Pigatto, destacou a Recomendação nº42 do Conselho, que pede a suspensão imediata do uso de cloroquina em casos leves de Covid-19. “Milhares de vidas estão em risco. Os efeitos colaterais podem ser severos. A ciência não pode ser negligenciada. São instituições renomadas que estão alertando, mas o governo parece não se importar”, criticou.

    De acordo com Débora Melecchi, conselheira nacional de saúde e coordenadora da Comissão Intersetorial de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica (Cictaf), é necessário que haja embasamento científico. “A utilização massificada, como vem sendo estimulada no país, contraria qualquer lógica de uso racionalizado de medicamentos. Na prática, afronta e coloca em risco a vida das pessoas. Medicamentos são insumos essenciais à saúde e não meras mercadorias. Fazer uso correto dos medicamentos é uma receita de saúde”, disse.

    Foto: G1

    Acompanhe outras manifestações publicadas pelo Conselho sobre o tema: 

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  • Atenção: Farmacêuticos (as) das OSs contratadas pela Prefeitura do Rio!

    EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SINFAERJ

    O Presidente do SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –SINFAERJ – CNPJ: 33.652.405/0001-63, no uso de suas atribuições estatutárias, convoca todos os farmacêuticos e farmacêuticas associados para Assembleia Geral Ordinária, a ser realizada no dia 16 de julho de 2020, às 16h30m em primeira chamada e às 17h em segunda e última chamada, por meio virtual, via app Meet, com link a ser disponibilizado a todos os associados. A referida assembleia acontecerá POR MEIO ELETRÔNICO, conforme previsão constante no art. 5º, da Lei 14.010/20 e DECRETO LEGISLATIVO Nº 6, DE 2020, instituindo calamidade pública por causa da pandemia provocado pela COVID19, para tratar da seguinte ordem do dia: A) autorização de venda do imóvel situado no endereço CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO UTINGA – CNPJ 02.406.988/0001-19 – Rua Joaquim Silva 56 unidade 5 – Lapa/Centro; B) autorização de venda das salas do endereço Rua da Lapa, 120 Salas 603 a 605. C) Outros assuntos.

    Rio de Janeiro, 08 de julho de 2020
    Cristiano Lins de Oliveira
    Presidente do SINFAERJ

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  • Farmacêuticos do Rio de Janeiro exigem negociação com a Pacheco

    • 06/07/2020
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    O SINFAERJ se manifesta contrário e indignado com as mudanças de postura que a empresa Drogarias Pacheco implementará a partir da virada da folha de pagamento de julho. A Rede de drogaria DSPP vem superando as metas nesta pandemia, atividade considerada essencial, dobrando as vendas, batendo e superando metas, superfaturando e aproveita a Reforma Trabalhista para precarizar ainda mais o trabalho farmacêutico. Autoridades do movimento sindical informam que as redes de Farmácias, no primeiro trimestre de 2020, evidenciaram lucro líquido de R$ 152,8 milhões, margem líquida de 2,9% e um crescimento de 44,8%.

    Neste mês de Julho, a empresa vai deixar de pagar os feriados trabalhados e as horas extras, o banco de horas será alterado devendo ser compensado até janeiro de 2021 e ficará a cargo da empresa permitir ou não tais compensações de acordo com os interesses da DSPP. OU SEJA, OS FARMACÊUTICOS FICARÃO SEM RECEBER SUA FONTE DE RENDA, COMO DE COSTUME E AINDA AS FOLGAS QUE É UM DIREITO, SÓ PODERÃO SER DADAS QUANDO EMPRESA QUISER.

    Ou seja, estes trabalhadores adequados com sua fonte de renda de costume, ficarão sem receber dinheiro pela assistência técnica nos feriados e horas extras.

    E como ficarão os benefícios destas e destes profissionais? Já que o valor do vale refeição é uma miséria.

    Os farmacêuticos e as farmacêuticas procuram prestar um serviço de qualidade aos clientes da Pacheco, ajudando a empresa, e a recompensa está sendo a desvalorização. Esses profissionais só estão perdendo.

    Com maior exposição ao novo coronavírus, além das atividades laborais e o comprometimento de seus registros profissionais em responderem civil e penalmente pelo CNPJ dos estabelecimentos, os (as) farmacêuticos (as) estão submetidos a executar também trabalho de gerência.

    A diretoria do SINFAERJ quer assegurar que as farmacêuticas e os farmacêuticos não sofram qualquer tipo de assédio ou imposição, assinando acordo individual contra própria vontade, reivindica uma reunião, o quanto antes, com a direção da Drogarias Pacheco.

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  • Reunião da Intersindical com a Rio Saúde

    • 26/06/2020
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    Reunião entre o grupo Intersindical com representantes da Rio Saúde*: Maíra- Diretora de Recursos Humanos; Alexandre Campos – Vice-presidente; Marcelo Rosera – Presidente, pelo Sinfaerj estava presente o Vice-Presidente Leonardo Légora.

    Data: 24/06/2020

     PAUTAS DISCUTIDAS:

                • Acordo coletivo:

    –      Se comprometeu a retomar as negociações para o acordo, se estiver sendo prometido conforme a lei e acordos que regem o estado de calamidade pública.

    O Sindicato encaminhará por e-mail o documento de acordo coletivo para negociação com a Rio Saúde. Solicitaremos reunião junto a empresa pública para este fim, pós assembleia da categoria.

                • Redução salarial:

                – Informou que Rio Saúde segue o contrato que foi determinado pela Secretaria de Saúde, não tendo poder de decisão para mudanças dos valores pagos e que todos os valores encontram-se dentro do preconizado como piso para a categoria.

    –      Quem estiver recebendo valores divergentes do piso terá que acionar a empresa para correção, o Sinfaerj vai disponibilizar link de formulário a ser preenchido pelos Farmacêuticos para receber informações corretas e direcionadas sobre o assunto.

                • 20% de gratificação por conta do Covid:

    –      Alegaram que a verba destinada a esta gratificação ficou restrita à unidades de atendimento dedicado devido a estarem mais propensas ao contágios.

    –      As clínicas da família não irão receber a gratificação por falta de verba;

                – Assumiu que errou ao declarar junto com o prefeito que seria para todas as unidades.

                – Reafirmando que não terá ampliação dos ganhos a menos que o STF determine com retroatividade ao início da pandemia.

                • Adicional de especialização na atenção primária

                – Afirmou que esta gratificação só é paga pela Riosaúde àqueles que tiveram a contratação por serem especialistas na área, ou seja, não paga para nenhuma categoria, somente os médicos que são contratados como médicos de família. 

    ●      Diferenças salariais e benefícios:

    –        O Sinfaerj irá enviar tudo planilhas com as informações uma a uma, para isso será disponibilizado um questionário on-line para preenchimento.

                • Recontratação das gestantes

                – Está realizando de todas as categorias.

                – Se comprometeu em garantir a recontratação, mas não garante alocar na mesma unidade.

                • Atrasos de salários dos profissionais de auxiliares de limpeza e vigilância

    –      Informou que a Rio saúde não é responsável pelos contratos.

    –      Pode solicitar uma reunião com os responsáveis para tratar do assunto

                • Súmula do STF que considera covid como doença ocupacional

    –      Alega que a súmula não trás uma boa dissolução da questão e que em breve teremos que estar preparados e discutindo os efeitos desta súmula, para que seja posto em prática em todas as categorias atingidas. (podendo geral estabilidade temporária para aqueles que foram acometidos pela doença por Covid-19 em prestação de serviço).

                • Grupo de risco

                – Tem Portaria publicada protegendo o trabalhador(a) com liberação imediata.

                –   Orienta denunciar a Rio Saúde os casos de assédios morais, para que sejam tomadas as devidas providências sobre os gerentes das unidades.

                – Orienta acionar a CAP localmente e denunciar a Riosaúde para resolver a questão.

                  – O Sindicato também pode ser acionado para acompanhar a denúncia, além disso os sócios em dia com Sinfaerj tem como mover ação trabalhista sem pagar advogado por isso.

                * Ficou sugerido uma agenda para encontros mensais com os representantes das categorias que deverão debater questões reivindicadas pelos trabalhadores.

                • Término de   contratos com algumas Oss

                      Não sabe como vai ficar.

    • Hospital de Bonsucesso: contratos geridos pela Rio saúde

    – Equipe segue até 31 de julho de 2020 a princípio. Se aparecer dinheiro e há possiblidade de prorrogação até dezembro 2020;

    – Tem vaga na rede para absorver as demissões. Sugeriu uma seleção interna para reaproveitar a mão de obra em outras unidades.

    FORMULÁRIO PARA DEMANDAS DOS FARMACÊUTICOS(AS)

    Os farmacêuticos e farmacêuticas que trabalham para a Rio Saúde terão suas demandas analisadas pelo departamento pessoal. Ficou acertado na reunião que Leonardo Légora, vice-presidente do Sinfaerj, enviará uma planilha com tais demandas para a Srª Maíra do departamento pessoal.

    Neste sentido, para que isso ocorra de forma organizada, o Sinfaerj criou o formulário, link abaixo, para preenchimento pelos Farmacêuticos(as).

    https://forms.gle/AKWzGiRAEEYVhMw38

    O Sinfaerj lembra que o Sindicato só é forte com a participação da classe, não fique só, fique sócio!

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  • 66% dos recursos destinados à Saúde para enfrentar a pandemia ainda estão parados, mostra boletim do CNS

    • 25/06/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    O Ministério da Saúde (MS) tem R$ 39 bilhões de recursos para o enfrentamento do novo coronavirus, mas 66% estão parados sem uso no orçamento. Isso equivale a R$ 25,7 bilhões que poderiam estar sendo utilizados para atenuar a crise e salvar vidas. A morosidade da dispensação financeira segue injustificável, de acordo com o Conselho Nacional de Saúde (CNS). Os dados foram publicados na quinta (19/06), no Boletim Cofin, do CNS.

    As informações são fruto de análise da Comissão de Orçamento e Financiamento do Conselho (Cofin/CNS), que segue denunciando a atuação do governo em meio à pandemia. Outro dado é que, dos R$ 11,4 bilhões existentes no orçamento para Aplicação Direta do MS no combate ao Covid-19, 75% (R$ 7,5 bilhões) ainda não se transformaram em pedidos de compra de respiradores, máscaras e outros itens necessários para a população, para os trabalhadores da saúde e para equipar as unidades de saúde pelo Brasil.

    Dos R$ 16,9 bilhões existentes no orçamento para transferir aos municípios para o combate ao Covid-19, 66% estão parados a espera da decisão de quanto transferir para cada município. Foram pagos somente R$ 5,6 bilhões. O presidente do CNS, Fernando Pigatto reafirmou o manifesto “REPASSA JÁ”, que une o controle social na saúde, reivindicando o repasse urgente dos recursos. 

    “Não podemos deixar municípios e estados atuarem sozinhos, sem o recurso emergencial. Estamos com ministro interino e com o Sistema Único de Saúde (SUS) desfinanciado. É a maior crise sanitária da história. Conseguimos recurso emergencial, mas está parado. Isso é inadmissível, mostra o descompromisso do governo com a vida”, criticou.

    Saiba mais

    O Boletim Cofin é uma publicação semanal do CNS com informações sintéticas sobre a evolução dos gastos federais do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste período, as análises focam no combate à pandemia do Covid-19. O Boletim Cofin é produzido a partir de dados levantados pelo economista Francisco R. Funcia, consultor técnico do CNS e professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Rodrigo Benevides, representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e Carlos Ocké-Reis, representante do Ipea e da Associação Brasileira de Economia da Saúde (Abres). Os dados do Boletim Cofin foram extraídos da Plataforma Siga Brasil.

    Leia o Boletim Cofin na íntegra

    Foto: Ascom CNS
    Publicado em 23/06/2020

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  • A MP 927 consegue ser tão ruim ou pior do que a MP 936

    • 25/06/2020
    • Ewerton Fenafar
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    MP 927 – Todos os seus dispositivos são nocivos a quem trabalha e a quem emprega. Não há previsão de renda mínima, garantia de emprego ou mecanismos de proteção à saúde. Importante nos manifestarmos contra, enviando e-mails aos senadores do Rio de Janeiro para votarem contra. Segue o link com os contatos do senadores https://www25.senado.leg.br/web/senadores/por-uf/-/uf/RJ. Para saber mais sobre a MP, leia o artigo de Valdete Souto Severo.

    “O capital tem um único impulso vital, o impulso de se autovalorizar, de criar mais-valor, de absorver, com sua parte constante, que são os meios de produção, a maior quantidade possível de mais-trabalho. O capital é trabalho morto, que, como um vampiro, vive apenas da sucção de trabalho vivo, e vive tanto mais quanto mais trabalho vivo suga” 
    MARX, Karl. O Capital. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013, p. 307-8.

    Já escrevi antes que o parlamento brasileiro tem participado ativamente de uma política que aposta na miséria e na morte das pessoas que dependem do trabalho para sobreviver. Basta analisar a pauta. Enquanto projetos que tratam de renda mínima ou de taxação de grandes fortunas não recebem atenção, as MPs do atual governo ganham preferência absoluta.

    A MP 936, que permite acordo individual para redução de salário em plena pandemia, não apenas foi votada com urgência pela Câmara, como no Senado ainda ganhou vários enxertos. Aqueles oriundos do texto da já extinta MP 905 acabaram caindo durante a votação, o que não retira o caráter nocivo e absolutamente contrário à Constituição da República, das regras aprovadas. 

    Reduzir salário durante uma crise sanitária implica reduzir consumo e comprometer as possibilidades de sobrevivência da classe trabalhadora pois, segundo o PNAD contínuo de 2020, metade das pessoas que vivem do trabalho no Brasil tem rendimento mensal de R$ 850,00. Reduzir essa renda já precária é condenar trabalhadoras e trabalhadores a contraírem dívidas, escolherem produtos menos saudáveis no supermercado, atrasarem conta de água ou luz. Uma medida, portanto, que não favorece a sociedade brasileira, seja da perspectiva humana, seja da perspectiva social ou exclusivamente econômica. 

    Por mais incrível que pareça, o parlamento não parou por aí. Enquanto o projeto de conversão da MP 936 era votado no Senado, aquele de conversão da MP 927 era submetido à votação na Câmara de Deputados. Foi aprovado por 332 votos.

    Essa MP consegue ser tão ruim ou pior do que a MP 936. Todos os seus dispositivos são nocivos a quem trabalha e a quem emprega. Não há previsão de renda mínima, garantia de emprego ou mecanismos de proteção à saúde. 

    O que há é autorização para não pagamento do FGTS e suspensão da fiscalização do trabalho. A MP começa dizendo que a pandemia “para fins trabalhistas, constitui hipótese de força maior”, buscando justificar a exceção que, a partir daí, disciplina. 

    Alguns dispositivos são especialmente ruins.

    O artigo 2o prevê que o acordo escrito prevalece sobre normas coletivas e leis. Com isso, subverte toda a espinha dorsal do direito do trabalho. Fere tanto o caput, quanto o inciso XXVI (reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho), do artigo 7o da Constituição. Fere também o artigo 9o da CLT.

    Por que isso, de algum modo, seria benéfico durante uma pandemia, na qual o número de trabalhadora(e)s desempregada(o)s tem aumentado exponencialmente? O que mais falta disciplinar que é preciso retirar através de acordo individual? Já não há garantia contra a despedida. O salário mínimo é irrisório e, como vimos, sequer vem sendo respeitado. A jornada máxima, de acordo com a Constituição, já implica a entrega de um terço do dia para o empregador, e a inconstitucional Lei 13.467 já legitimou acordo individual para trabalhar 12h sem intervalo. Qual a necessidade de, ainda, em meio à crise sanitária, colocar a(o) trabalhador(a) à mercê da vontade do empregador, legitimando falsos acordos individuais nocivos?

    Impressiona como o argumento da prevalência da vontade coletiva, que animou os autores da “reforma” trabalhista, foi facilmente abandonado, em favor da vontade de um setor muito específico do capital, cuja verdadeira vantagem a ser auferida com mais esse desmanche repousa na destruição da economia nacional. E tem como objetivo a transformação do Brasil em um parque de diversões para multinacionais e especuladores financeiros.

    O artigo 9o refere a possibilidade de antecipação das férias durante a pandemia, sem o respectivo pagamento. Fere a literalidade do artigo 7o, XVII da Constituição (gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal). Férias não é igual à interrupção da prestação de serviços. É possibilidade de desconexão, com uma remuneração maior. Portanto, ao permitir o adiantamento das férias durante a pandemia, o dispositivo já fere a regra constitucional. Quando menciona que o pagamento pode ser posterior, fere não apenas a regra constitucional, mas também a CLT, tanto em relação ao art. 129 (Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração), quanto ao artigo art. 145 (O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período). Interromper a prestação de serviços durante uma pandemia e estimular as pessoas a permanecerem em suas casas, inclusive com o aumento de gastos ordinários que daí decorre, com toda a insegurança em relação ao futuro próximo e com todo o sofrimento que a separação dos corpos nos impõe, jamais pode ser uma circunstância equiparada às férias. 

    Utilizar um período de isolamento obrigatório para suprimir o direito constitucional ao descanso anual remunerado não traz benefício direto aos empregadores, mas causa um mal significativo a quem vive do trabalho. Muitos estudos já demonstram que a pandemia, por tudo que representa e que concretamente causa na vida das pessoas, provoca um sentimento de luto coletivo, de insegurança e de instabilidade emocional. Esses sentimentos são potencializados pelo desamparo promovido por regras como essa do artigo 9o da MP 927. Seu efeito nocivo é incomparavelmente maior do que eventual economia que o não pagamento antecipado do acréscimo de ⅓ sobre a remuneração possa significar na contabilidade dos empregadores.

    O artigo 14 autoriza compensação de horas “negativa”. Ou seja, tem a perversidade de dispor que a(o) empregada(o), obrigada(o) a permanecer em casa durante a pandemia e, no mais das vezes, trabalhando de modo remoto, ficará “devendo” horas para o empregador. Terá, portanto, que trabalhar gratuitamente para “pagar” pelo período de isolamento, quando a pandemia acabar.

    Essa regra contraria a literalidade do artigo 7o, XIII (duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho). Contraria também o artigo 59, § 2o da CLT (Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias). 

    O regime de compensação é, pois, um regime de compensação de jornada por folga. O que a MP autoriza é que os trabalhadores fiquem “devendo” horas em razão da pandemia, o que além de ilegal e inconstitucional, é um absurdo perverso, pois atribui à classe trabalhadora uma “dívida” a que ela não deu causa, já que o isolamento físico não é uma escolha de quem trabalha.

    O artigo 25 permite aos estabelecimentos de saúde, por acordo individual, prorrogar a jornada das(os) trabalhadoras(es) para além de 12h por dia e “adotar escalas de horas suplementares entre a décima terceira e a vigésima quarta hora do intervalo interjornada”, sem pagamento, com “compensação” em até 18 meses. 

    A extensão da jornada para profissionais da saúde implica maior exposição à COVID-19 e, portanto, mais adoecimento. Provoca mais recurso a benefícios previdenciários e, portanto, mais gastos para o governo. Faz com que menos pessoas consigam atuar para cuidar da saúde em um tempo de pandemia, o que resultará mais mortes. 

    O Brasil já é o segundo país do mundo com mais casos de adoecimento e morte por COVID-19, mesmo com toda a subnotificação que existe. O Sindicato dos Médicos de São Paulo (SIMESP) e o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) divulgaram que também somos o país com maior número de mortes de médicas(os) (139), de enfermeiras(os) (190) e demais profissionais da saúde, por COVID-19¹. Pelos números oficiais, são mais de 83.000 profissionais da saúde contaminados. Não se trata de decorrência necessária da pandemia, mas do resultado dessa escolha política que expõe as e os profissionais da saúde a risco excessivo de contaminação, seja pela extensão da jornada, pela ausência de intervalo ou pela falta de equipamentos de proteção eficientes.

    O artigo 25 da MP 927 contraria a literalidade do artigo 7o, XIII, já mencionado, e o artigo 59, § 2o da CLT, no qual está fixado o limite máximo de dez horas diárias. Contraria até mesmo o artigo 59A da CLT, que já é inconstitucional, revelando o nível de perversão e de hostilidade à noção de Estado Social, por parte do atual governo e da maioria das deputadas e deputados do nosso parlamento. 

    Aliás, é de anotar que no texto da MP 927, enquanto tramitava na Câmara de Deputados, houve a inclusão de um dispositivo para reduzir os intervalos de quem trabalha em frigoríficos, outra categoria que vem sendo gravemente afetada pela gestão genocida em relação à pandemia. Esse dispositivo foi retirado do texto, mas o fato de que tenha sido proposto e discutido é revelador da política de exposição à morte, que parece não ter limite sequer no sentimento básico de humanidade que nos convoca a agir para preservar a saúde de quem conosco divide a aventura humana na terra.

    O artigo 28, parágrafo único, refere que os empregadores podem considerar suspensos os acordos trabalhistas durante o período de pandemia. Ora, acordos trabalhistas são, por definição do artigo 831, parágrafo único, da CLT, decisões irrecorríveis. São, portanto, sentença definitiva, que deve ser cumprida. Essa regra da MP atinge, então, diretamente, o conceito de coisa julgada². A coisa julgada tem força de lei (art. 503 do CPC), devendo ser respeitada, especialmente quando produzida mediante composição da vontade das partes. 

    O valor pago em razão do acordo pertence ao empregado. Logo, ao autorizar a suspensão do pagamento, a MP está autorizando a retenção de salário, ferindo a literalidade do artigo 7o, X (proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa) da Constituição. Está estimulando, pois, uma atitude criminosa. Isso sem falar que em um período de pandemia, o valor que foi ilicitamente subtraído do empregado e que está sendo devolvido através do acordo é muitas vezes sua única fonte de subsistência física. Autorizar a suspensão dos pagamentos implica colocar em risco de vida o trabalhador e seus familiares, além de prejudicar suas possibilidades de consumo e, por consequência, a economia nacional.

    Um festival de imoralidade jurídica que não pode ser chancelado pelo parlamento brasileiro. Há um senso comum hipócrita segundo o qual todos devemos dar uma cota de sacrifício em razão da crise. Estranho é que esse sacrifício vem sendo exigido reiteradamente da classe trabalhadora, com medidas que não guardam qualquer relação com a crise. Ora, como é possível compreender que reduzir salário e majorar jornada de quem atua na saúde pode de algum modo auxiliar no enfrentamento da pandemia? A suspensão da exigibilidade dos acordos ou a tentativa de supressão de direitos por acordo individual são ainda mais inexplicáveis da perspectiva de quem tem alguma ambição em enfrentar a crise sanitária.

    E, curiosamente, sacrifício nenhum vem sendo exigido do governo, dos parlamentares ou das instituições financeiras, sanguessugas da economia nacional que estão se locupletando com o endividamento das famílias brasileiras.

    As regras contidas no projeto de conversão da MP 927 apenas aprofundam o desmanche iniciado em 2017, com a chamada “reforma” trabalhista. Da perspectiva econômica implicam a retirada de valores de circulação e, portanto, um prejuízo concreto e real aos pequenos e médios empregadores, pela redução de consumo que já estão promovendo. Pessoas com salário reduzido e jornadas de mais de 12h não tem tempo nem dinheiro para consumir. Essa obviedade parece passar despercebida por nossos parlamentares, que em lugar de honrarem os votos que receberam para concretizar direitos que garantam sobrevivência física durante esse período de flagelo, atuam em nome de interesses antirrepublicanos, contribuindo de forma decisiva para o agravamento da desigualdade e da miséria em nosso país.

    Há, ainda, a chance de o Senado da República barrar esse saque à classe trabalhadora. Tendo em vista o que recentemente ocorreu com a MP 936, não há dúvida de que isso dependerá de uma mobilização social que desvele a perversidade desse movimento organizado de destruição do Estado Social, posto em marcha justamente por quem tem o dever de cuidado e amparo.

    Notas

    ¹ http://cebes.org.br/2020/06/carta-manifesto-em-defesa-da-vida-solidariedade-aos-profissionais-de-saude-mortos-por-covid-19-brasil-pais-com-maior-numero-de-mortes-de-medicas-medicos-enfermeiras-e-enfermeiros

    ² Art. 502 do CPC. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

    *Valdete Souto Severo é doutora em Direito do Trabalho pela USP/SP e juíza do trabalho no Tribunal Regional do Trabalho da Quarta Região.
    Fonte:Democracia e Mundo do Trabalho
    Publicado em 23/06/2020

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  • Covid-19: especialistas falam do papel de instituições públicas

    • 25/06/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Artigo demonstra a importância das instituições públicas na estruturação da pesquisa, ciência e tecnologia e prestação de serviços de saúde.

    Era 30 de janeiro de 2020. O mundo tomava conhecimento dos primeiros estragos que o novo coronavírus causava em alguns países. Sem nenhum caso identificado, no entanto, o Brasil ainda parecia longe do turbilhão que hoje, quatro meses depois, já matou mais de 40 mil pessoas por aqui. Foi nessa data que, junto com outras instituições, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) participou de uma reunião convocada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde em que, antecipando-se ao cenário que estava por vir, assumiu a responsabilidade de produzir nacionalmente os testes de Covid-19 por PCR, tecnologia que garante um resultado mais seguro. “A Fiocruz foi a única que aceitou o desafio porque nós tínhamos o teste para biologia molecular no nosso portfólio de produtos”, conta Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da instituição.

    Que havia pressa, todo mundo já sabia. Mas o tamanho do problema – e, consequentemente, o volume de demanda – ainda era muito subestimado naquele momento. O resultado é que, num tempo recorde, de menos de um mês, a Fiocruz produziu o protótipo do kit diagnóstico, seguindo o que estava sendo preconizado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e, em fevereiro, antes de se reconhecer o primeiro caso no Brasil, pouco menos de mil testes foram produzidos e distribuídos, principalmente para os laboratórios de referência. Março chegou e, embora a quantidade de infectados no país ainda fosse pequena, o “conhecimento cientifico apontou que tínhamos uma situação bem mais grave”, como explica Krieger. Não tardou para que, em meados daquele mesmo mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendasse testagem massiva como meio de controlar o que, àquela altura, já era considerada uma pandemia. “Em menos de um mês, a gente saiu de uma produção de antecipação e preparo para uma realidade em que os kits se tornaram ferramenta de testagem massiva”, relata Krieger, informando que, a essa altura, a pactuação com o Ministério da Saúde foi a produção de 220 mil testes. Para encurtar a história, no final de março essa meta subiu para 1 milhão de testes e, hoje, está em 11,6 milhões, que devem ser entregues até setembro. Até o momento em que esta reportagem foi finalizada, já tinham sido entregues 4,9 milhões. Para se ter uma ideia do que isso significa, antes da pandemia, a capacidade de produção de testes moleculares da instituição era de menos de 1 milhão por ano. “Hoje todos os testes de PCR registrados produzidos no Brasil vêm da Fiocruz”, resume o vice-presidente, esclarecendo que os governos complementaram essa produção com compras  no exterior. 

    Importar materiais e equipamentos de saúde, no entanto, não está sendo fácil. São fartas as notícias sobre a alta dos preços, o desabastecimento e a concorrência internacional, que vêm se tornando um obstáculo a mais no combate à Covid-19. E foi exatamente esse cenário que acendeu o debate sobre o grau de dependência externa do país nessa área e a importância de se fomentar a produção nacional. Como o Portal EPSJV/Fiocruz tem acompanhado com uma série de reportagens, essa frente prevê ações de curto e longo prazo: um processo de reconversão produtiva que coloque emergencialmente as empresas de outros produtos a serviço da fabricação de equipamentos e insumos para a saúde e um investimento mais estrutural tanto no fortalecimento da indústria quanto no desenvolvimento científico e tecnológico que antecede a produção. E, em ambas as pontas, as instituições públicas de ensino e pesquisa do país têm papel fundamental.

    Papel das instituições públicas

    O vice-presidente da Fiocruz explica que, mesmo com a ampliação dos laboratórios e intensificação dos turnos de trabalho, tudo isso só foi possível porque já havia experiência e conhecimento acumulado na instituição. “Nosso primeiro projeto de diagnóstico molecular é fruto de desenvolvimento tecnológico nacional”, orgulha-se. No contexto do projeto Hemorrede, todas as bolsas de sangue doadas diariamente são, segundo Krieger, testadas com produtos feitos na Fundação. Eles foram sendo “melhorados” e passaram a poder ser usados para detecção do vírus HIV, da hepatite B e outros, além do diagnóstico diferencial de dengue, zika e chikungunya. Quando a pandemia chegou por aqui, segundo Krieger, a instituição estava estudando uma nova linha de kits que diagnosticasse a malária. “A resposta mais abrangente do complexo da saúde para enfrentar o coronavírus está sendo a capacidade de produção de testes por parte da Fiocruz, mostrando que é possível fazer quando a gente tem capacidade tecnológica e, sobretudo, uma visão do Complexo Econômico-Industrial da Saúde no Brasil”, opina o coordenador de Ações de Prospecção da Presidência da instituição, Carlos Gadelha.

    Ele defende que, no debate sobre a capacidade produtiva para atender ao Sistema Único de Saúde (SUS) e reduzir a dependência de importação, as instituições públicas têm dois papéis principais. O primeiro, diz, é “sair de um padrão de absorção de tecnologia para um de melhoria [tecnológica] e inovação”. “Temos que deixar de ser só incorporadores de tecnologia e passarmos a criar tecnologias que se adequem às necessidades sociais”, argumenta. Já o segundo é assumir um lugar no Complexo Econômico-Industrial da Saúde, como “formadoras e qualificadoras” do processo produtivo.

    Matéria publicada na Folha de S. Paulo no dia 14 de junho destaca o papel de duas instituições públicas – a própria Fiocruz e o Instituto Butantan, ligado ao governo estadual de São Paulo – na produção da vacina contra a Covid-19, quando ela for descoberta e estiver aprovada para uso. Segundo o texto, a fábrica de vacinas da Fiocruz, Bio-Manguinhos, terá capacidade para ofertar 40 milhões de doses por mês. E isso sem afetar a produção de outras vacinas importantes que já são de responsabilidade da instituição, como febre amarela e tríplice viral, importante especialmente por conta do sarampo. Já o Butantan, de acordo com a reportagem, teria condições de chegar a 30 milhões de doses num intervalo de cerca de dois meses. “Fica a lição para não deixar de lado o investimento nas instituições públicas. Vacinas são estratégicas para o país e são questão de segurança nacional”, defendeu o diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma.

    Ações emergenciais

    E a emergência trazida pela Covid-19 mostrou que sobram instituições públicas com capacidade para tentar inovar e contribuir com a produção interna. O que falta, de fato, é um investimento do tamanho do desafio que o país enfrenta – e que não se encerra com o controle da pandemia.  Foram várias as iniciativas de universidades, institutos federais e outras instituições de pesquisa que criaram soluções e adaptações para minimizar a falta de equipamentos, materiais e insumos para o enfrentamento da pandemia. Reconhecendo a excepcionalidade de uma pandemia como a que estamos vivendo, o esforço tem sido promover a ação emergencial e incentivar o investimento de longo prazo. Um exemplo é o edital de ‘Enfrentamento à Covid’ lançado pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), que destinou mais de R$ 6 milhões em recursos da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), do Ministério da Educação (MEC), a projetos inovadores que oferecessem respostas às demandas da pandemia. Cada instituição da Rede pode concorrer com até quatro projetos no valor total máximo de R$ 500 mil. O resultado foi divulgado em 15 de maio e o prazo final para execução dos projetos é dezembro deste ano. Até o fechamento desta matéria, o dinheiro não tinha chegado aos Institutos. “A gente fez uma chamada interna de quem tinha interesse para selecionar os melhores projetos que realmente fossem viáveis e que pudessem ser utilizados não só agora, mas que também tivessem um uso pós-pandemia”, conta Chirlaine Gonçalves, pró-reitora de pesquisa e extensão do Instituto Federal de Sergipe (IFS), que teve quatro projetos aprovados no edital.

    Matéria publicada no site do Ministério da Educação em 3 de abril informa que a pasta destinou R$ 24,8 milhões para que a educação profissional e tecnológica se “somasse” à ação das universidades na produção de equipamentos e insumos. Segundo a Setec, desse total, R$ 16,3 milhões já estão em execução. Também de acordo com a Secretaria, todos os Institutos Federais, Cefets  o Colégio Pedro II, que compõem a Rede Federal, receberam os recursos. A definição de valores se deu a partir de proposta apresentada pelo Conif, “considerando circunstâncias regionais e capacidade de execução de cada instituição”. O texto publicado no site também informa que foram repassados R$ 127,8 milhões para 32 universidades federais e outros R$ 60 milhões seriam ainda transferidos, “a pedido”. A reportagem entrou em contato com o ministério, via assessoria de imprensa, para esclarecer a lista de entidades contempladas, os critérios de seleção e a encomenda feita pelo governo, mas, nesse caso, não obteve resposta.

    Num site que monitora a atuação das instituições federais de ensino em meio à pandemia, o MEC lista 1.649 ações realizadas, atingindo mais de 27 milhões de pessoas – segundo dados consultados no dia 15 de junho. Nem todas essas iniciativas são de inovação, desenvolvimento tecnológico ou produção de equipamentos, insumos e outros materiais. Mesmo assim, é significativo o cardápio de medidas que foram organizadas emergencialmente por universidades públicas e institutos federais, muitas vezes de forma espontânea e com recursos próprios.

    Esse foi o caso do Instituto Federal de Sergipe, que, segundo a pró-reitora, mesmo antes de ter quatro projetos aprovados no edital do Conif e de receber outros R$ 240 mil da Setec/MEC para fortalecimento das ações, já tinha investido mais de R$ 400 mil do seu orçamento na produção de máscaras, álcool gel, sabonete, protetores faciais e outros materiais que estão sendo fabricados no próprio IF. Ainda no início da pandemia, o IFS lançou um edital interno para fomentar a produção de insumos que ajudassem a combater a Covid-19. O resultado, segundo Chirlaine, foi a fabricação  – e doação – de mais de 6 mil litros de álcool gel, além de sabonete, água sanitária, aventais e máscaras – estas últimas ultrapassaram a marca de 21 mil unidades.

    O Instituto, naturalmente, não tem uma planta fabril, mas, utilizando as impressoras 3D e os cortadores a laser que no dia-a-dia servem de apoio às atividades de ensino e pesquisa, o IFS produziu mais de 8 mil escudos faciais que foram doados a profissionais de saúde do estado, atendendo diretamente à carência de equipamentos de proteção individual que se tornou um problema extra no combate à Covid-19. Pela análise da demanda e da capacidade prevista, a meta original eram 7 mil. Como foi ultrapassada, a produção continua, mas “bem mais leve”, como define a pró-reitora, com algo em torno de 20%. “Era um material de urgência naquele momento”, explica Chirlaine, contando que, durante 45 dias, profissionais, voluntários e bolsistas da instituição se alternaram no trabalho 24 horas por dia, sete dias por semana. Cerca de metade da produção foi entregue à Secretaria Estadual de Saúde, enquanto a outra parte era distribuída a profissionais de saúde de outras estruturas, como presídios e tribunais.

    As máquinas – que não têm porte industrial – estavam instaladas no laboratório de inovação do IFS, mas foram reforçadas pelo empréstimo de impressoras de outros campi e, complementarmente, pelo serviço ‘terceirizado’ de pequenas empresas parceiras que, chamadas pelo projeto ‘Cuidar’, de autoria de uma professora do instituto, apoiaram a produção solidária. Chirlaine conta que, para a produção de álcool, sabonete e desinfetantes, foi montada uma estrutura ao ar livre para servir de laboratório de química, que contou com o trabalho principalmente de servidores, professores e outros profissionais. Já a fabricação dos escudos faciais se deu, especialmente, com a atuação de alunos bolsistas. Ainda que em quantidade muito menor, as impressoras 3D e o trabalho dos técnicos do instituto contribuíram também com o conserto de ventiladores pulmonares do estado. Segundo a pró-reitora, a instituição ofereceu apoio na produção de peças a um grupo de engenheiros elétricos que estavam tentando recuperar respiradores enguiçados.

    Estrutura semelhante foi aproveitada pelo Instituto Federal Fluminense (IFF) para montar um “parque de produção 3D” voltado à fabricação de protetores faciais e laringoscópios, que são instrumentos utilizados no processo de intubação dos pacientes mais graves. A produção nesse caso foi pequena – cerca de 15 unidades até agora, feitas sob demanda. Nesse caso, o trabalho está sendo desenvolvido em parceria com a Escola de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que, também junto com o Hospital Universitário Pedro Ernesto, criou um modelo adaptado que, segundo Henrique da Hora,  diretor de inovação do Instituto, barateia o processo e torna a intubação mais segura.

    Já em relação aos protetores faciais, só até o final de maio haviam sido construídos 5,2 mil. Mas a produção continua, com uma média de 70 unidades por dia. Especificamente para esses equipamentos, o IFF contou com a doação de material de uma termelétrica e outras empresas menores locais. Além disso, aproveitando a capilaridade que os Institutos Federais têm, em função da sua presença em todos os estados, e não apenas nas capitais, e da sua organização em rede, o IFF se responsabilizou pela montagem e distribuição estratégica de outros 5 mil protetores faciais cujas hastes foram produzidas pelo Instituto Politécnico da Uerj Nova Friburgo, que tem um polo mecânico e consegue fabricar um a cada 20 segundos – enquanto, na impressora 3D, o IFF leva cerca de 40 minutos. De acordo com o diretor de inovação, esse material já foi distribuído para entidades parceiras de outros estados, como Espírito Santo e Minas Gerais. “A gente recebe a haste que é o mais complexo, monta e entrega”, resume.

    Uma cooperativa de produtores de álcool da região também doou 5 mil litros de álcool 70, que o Instituto fracionou e envasou para distribuição. Aproveitando outra doação, dessa vez de álcool 89 de uma cachaçaria, o IFF colocou seus profissionais da área de química em ação para diluir o material e transformá-lo em álcool 70. Por fim, um sindicato da região forneceu recursos para a produção de sabonete líquido, que também está sendo doado. Parte dos recursos da Setec/MEC que devem chegar em breve será aplicada, segundo Henrique, na fabricação de álcool gel.

    Com mais ou menos complexidade, buscando contribuir com a demanda local mas sem atingir larga escala, esses são exemplos de ações solidárias, que visaram atender emergencialmente as necessidades impostas pela pandemia – que envolvem muita solidariedade. O Conif lançou um mapa sobre o enfrentamento da Covid-19 pela Rede Federal EPCT, no qual constam 1,3 milhão de ações, das mais variadas. O site fornece a relação das instituições, com detalhes sobre a sua participação, e classifica as ações em sete categorias, que nem sempre envolvem a produção ou inovação: doação de alimentos, álcool, máscara, kits de higiene, protetores faciais, equipamentos hospitalares e plataformas.

    Inovação e desenvolvimento tecnológico

    Essas instituições, no entanto, sabem que, apesar da urgência, qualidade não se restringe à quantidade. “Foi o investimento nessa capacidade de desenvolvimento tecnológico interno que permitiu que em duas situações de grande desafio sanitário, como foi o caso da zika e chikungunya e, notadamente agora, na Covid-19, a Fiocruz tivesse esse protagonismo”, analisa Marco Krieger.

    De fato, comparado com os mais de 8 mil protetores faciais produzidos, os 20 rodos de ultravioleta que o Instituto Federal de Sergipe construiu até agora podem parecer pouca coisa. Mas, voltados para a desinfecção de ambientes hospitalares, eles podem ser um contribuição importante agora e no pós-pandemia. Segundo Chirlaine, o produto está sendo fabricado também na Universidade de São Paulo (USP), já recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e foi entregue a instituições de saúde que darão o retorno ao IFS para que seja feito o melhoramento e a produção de outras 20 unidades.

    Já os projetos do IFS contemplados no edital do Conif, e que começarão a ser implementados em breve, visam desenvolver principalmente estratégias de desinfecção: de máscaras, equipamentos e ambientes, levando em conta que, mesmo com o fim do isolamento social, enquanto não se descobre uma vacina para o coronavírus, medidas sanitárias especiais serão necessárias não apenas em hospitais, mas também em salas de aula e outros espaços. Um dos projetos promete ainda desenvolver um respirador de mais baixo custo.

    Na área da inovação, o Instituto Federal Fluminense tem atuado em relação à Covid-19 mais através da sua incubadora de empresas, que envolve iniciativas de egressos, e de empresas juniores vinculadas à instituição. Um exemplo é que, a partir de um projeto criado pelo Instituto Federal do Mato Grosso, a empresa júnior do IFF está produzindo pias móveis, para serem instaladas na porta dos estabelecimentos comerciais, substituindo ou reforçando a aplicação de álcool gel como forma de desinfecção das mãos dos clientes.

    A produção dos protetores faciais doados pelo Instituto também contou com parceria: o molde utilizado foi desenvolvido por uma empresa incubada, especializada em impressão e modelagem 3D, que nasceu do polo de inovação do IFF. “Utilizaram essa tecnologia que era deles e colocaram à disposição da sociedade. Esse arquivo foi disponibilizado para quem quer que solicitasse. Foi enviado para alguns grupos da Rede Federal que estavam trabalhando com impressão 3D”, conta Henrique.

    E o futuro?

    O fato de concentrar uma diversidade de atividades, que incluem ensino, pesquisa, extensão, comunicação, mas também planta industrial – a instituição tem duas fábricas, de vacina e medicamento -, contribui para que, num momento como esse, a Fiocruz consiga dar uma resposta mais completa, que combina inovação com produção em massa, como mostra o exemplo que abre esta reportagem. Mas o desafio que está posto para reduzir a dependência externa e fortalecer o sistema universal de saúde brasileiro no futuro envolve a participação e o fortalecimento de um amplo conjunto de instituições públicas. Somam-se aqui as universidades, institutos de pesquisa e, possivelmente de forma mais invisível até agora, a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. “Nosso relacionamento com a pesquisa aplicada é fundamental para dar a autonomia que esse país precisa em tecnologia”, opina o diretor do IFF, que completa: “Os institutos federais, pela sua vocação de pesquisa aplicada e pela sua interiorização, por estarem onde as pessoas estão, e não concentrados em grandes capitais, têm todas as condições de desenvolver tecnologias nossas e nacionalizá-las”. Chirlaine concorda: apesar de terem “sofrido” para serem reconhecidos como espaço de produção de conhecimento por não serem universidades, para os IFs o trabalho de enfrentamento à pandemia vem, na sua avaliação, “intensificar sua identidade de instituição científica e tecnológica”.

    Fonte: Fiocruz
    Publicado em 23/06/2020

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  • Mesmo diante dificuldades financeiras, SINFAERJ se reinventando com planos de contingência.

    • 22/06/2020
    • Ewerton Fenafar
    • AÇÕES
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    A ideologia de executar na íntegra seu papel constitucional de lutar
    pelos interesses dos (as) empregados (as) Farmacêuticos (as) do estado
    do Rio de Janeiro, a diretoria do SINFAERJ representada pelos membros
    Cristiano Lins (presidente), Leonardo Légora (Vice Presidente) e
    Valéria Villas Boas Duarte (Diretora de Comunicação) realizou reunião
    virtual com o diretor financeiro da MICROMUST Sr Carlos Henrique Da
    Costa (Provedor externo contratado pelo SINFAERJ desde as gestões
    anteriores responsável pelo programa Gersin). Programa que executa o
    armazenamento e controle de dados do sindicato.

    A pauta da reunião foi persistir na solicitação de anistia dos débitos
    em aberto do SINFAERJ com a MICROMUST no valor atual de R$ 6.400.

    Resultado: O fornecedor comovido com os apelos dos dirigentes
    sindicais, concedeu a anistia e disponibilizou apresentação e
    treinamento do sistema Gersin para a nova gestão.

    Os diretores Leonardo Légora (Vice Presidente) e Valéria Villas Boas
    Duarte (Diretora de Comunicação) terão que disponibilizar 4h diárias
    durante duas vezes na semana para treinamento no sistema e assim poderão
    operar os dados que estiverem presentes.

    O programa possibilitará que o sindicato avance administrativamente.

    Atenção: Para que este programa não seja novamente bloqueado por falta
    de pagamento, o SINFAERJ conta, a partir deste momento, com os (as)
    sócios (as), novas filiações e aderência dos (as) farmacêuticos (as) aos
    descontos referentes contribuição sindical e assistencial.

    Efetue o pagamento da sua anuidade de Sócio (a)!

    Filie-se ao SINFAERJ!

    Entre em contato através do e-mail [email protected]

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  • Mais de 3,4 mil farmacêuticos contraíram Covid-19. Mas exposição é muito maior.

    • 19/06/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
    • Comments are off

    O último levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde (MS) notificou 3.444 casos, entre suspeitos e confirmados, de coronavírus (Covid-19) em farmacêuticos. O IBGE divulgou pesquisa sobre Covid-19 no país mostrando que, dos 22 milhões de pessoas que apresentaram alguns dos sintomas, 11 milhões se automedicaram. Esse número mostra como o farmacêutico é o profissional de saúde mais exposto ao contato com o Coronavírus. O Presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, explica em vídeo.

    De acordo com boletim do Ministério da Saúde, os casos notificados de suspeita de Covid-19 entre farmacêuticos representa quase 2% do total de 199.768 profissionais de saúde que foram classificados como possíveis infectados pela doença. O levantamento aponta que há 31.790 casos confirmados. Mas, de acordo com a pesquisa divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (16/06), a PNAD COVID 19, esse número é provavelmente muito maior. 

    PNAD COVID19 mostra que 22,1 milhões de pessoas relataram ao menos um dos 12 sintomas comuns a diversas gripes e que podem ocorrer na Covid-19. Desse total, 83,5% não procuraram nenhum atendimento ou estabelecimento de saúde. Olhando para os 18,4 milhões de pessoas que, apesar de terem tido algum sintoma, não procuraram estabelecimentos de saúde, na semana de 24 a 30 de maio, 82,4% disseram ter ficado em casa; 58,6% tomaram remédio por conta própria; 13,3% tomaram remédio por orientação médica; 4,8% ligaram para algum profissional de saúde e; 2,4% receberam visita de algum profissional de saúde do SUS.

    A pesquisa demonstra a grande exposição da categoria, que está na ponta das ações de enfrentamento ao Covid-19. “Estamos nas farmácias, hospitais, postos de saúde, atendendo a população e prestando orientações, em muitos casos sem a devida proteção. A pesquisa mostra que aproximadamente 11 milhões de pessoas tomaram medicamentos para os sintomas relatados. Mesmo que uma parte já tivesse esses medicamentos em casa, o que podemos inferir dessas dados é que um enorme contingente de pessoas foram às farmácias”, explica o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos.

    “Infelizmente, muitos estabelecimentos ainda não estão oferecendo as condições adequadas para o trabalho da categoria. Ainda persiste a dificuldade de acesso aos Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s em algumas regiões. Mas, o problema principal é garantir que essas EPI’s estejam dentro dos padrões definidos nas normas sanitárias, que sejam de fato adequadas para que a categoria desenvolva seu trabalho. O que vemos, infelizmente, são profissionais usando máscaras de pano e trabalhando em ambientes que não estão observando as devidas normas para proteção dos trabalhadores e também dos usuários. Estamos vulneráveis e é preciso adotar medidas urgentes para aumentar a segurança dos profissionais farmacêuticos”, alerta o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos. 

    É importante ressaltar que as redes de farmácias têm o dever de auxiliar na proteção dos colaboradores. A RDC 44, de 17 de agosto de 2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabelece em seu Art. 18º que “para assegurar a proteção do funcionário, do usuário e do produto contra contaminação ou danos à saúde, devem ser disponibilizados aos funcionários envolvidos na prestação de serviços farmacêuticos equipamentos de proteção individual (EPIs)”.

    Redes que descumprirem essa regulamentação podem estar sujeitas a muitas sanções. Nesse sentido, entidades estão criando sistemas para receber denúncias.

    IBGE divulga dados sobre Covid-19 no país

    A pesquisa do IBGE também demonstra a importância do SUS para a prestação dos serviços de Saúde. Na quarta semana de maio, 3,6 milhões de pessoas com sintomas de gripe procuraram atendimento médico em unidades da rede pública e privada de saúde no país. Mais de 80% desses atendimentos foram na rede pública de saúde. Desse total em busca de atendimento, 1,1 milhão se dirigiram a hospitais e 127 mil foram internadas.

    Entre os 3,6 milhões que procuraram atendimento, podendo ter buscado mais de um tipo, 43,6% foram ao Posto de saúde, Unidade Básica de Saúde (USB) ou Equipe de Saúde da Família; 23,4% a pronto socorro do Sistema Único da Família ou Unidade (SUS) de Pronto Atendimento (UPA) e 17,3% a hospital do SUS. Na rede privada, a procura foi de 9,4% em ambulatório ou consultório privado; 12,8% em hospital privado e; 3,6% em pronto socorro privado. A pesquisa verificou que ao longo do mês de maio houve um aumento de 94 mil para 127 mil no número de internações hospitalares.

    O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, comenta em vídeo a pesquisa e o papel do farmacêuticos e das farmácias. Assista abaixo.

    Testar também é proteger

    Outra questão levantada pelo por Ronald dos Santos é que, provavelmente, deve haver uma subnotificação nessas informações. “Além de garantir a segurança, é fundamental que se adote uma política de testagem para todos os profissionais de saúde. Isso é importante para identificar as pessoas infectadas e isolá-las antes que elas se tornem vetores de transmissão. Uma vez que os profissionais de saúde estão mais expostos, eles precisam estar submetidos à políticas de proteção que inclui essa testagem”, ressalta o presidente da Fenafar.

    Algumas entidades regionais também estão realizando levantamentos para medir o índice de infectados entre os trabalhadores que atuam nas farmácias. Recentemente, uma consulta realizada pelo Conselho Regional de Farmácia de Roraima (CRF-RR) com 41 profissionais, entre farmacêuticos, técnicos e analistas clínicos, identificou 27 casos positivos para Covid-19.

    Dados apresentados pelo Conselho Regional de Farmácia do Maranhão (CRF-MA) também apresentaram números alarmantes. O levantamento mostrou 68 casos de farmacêuticos infectados naquele Estado, sendo que quatro foram vítimas fatais da doença.

    “O Maranhão é um dos Estados com maior registro de casos no Brasil e o Governo tem testado muito as pessoas e, por isso, o registro acentuado do número de casos. Nós já tivemos aproximadamente 1.300 mortes em função da infecção pela Covid-19. Especificamente sobre os colegas farmacêuticos tivemos algumas perdas. Não há um número exato de farmacêuticos contaminados, principalmente, em serviço, porém, existem perdas registradas, alguns colegas em estado grave e outros que já se recuperaram”, disse o conselheiro federal, Marcelo Rosa, segundo informação divulgada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF).

    Canais de notificação e denúncia

    Muitas iniciativas estão sendo desenvolvidas para receber notificações de profissionais de saúde sobre a disponibilização e uso de EPI’s e sobre outras situações de risco no exercício do trabalho. Além disso, materiais de apoio e orientação. Veja alguns links:

    — Formulário para notificação da falta de EPIs – CFF: http://covid19.cff.org.br/formulario-para-notificacao-de-falta-de-epis/

    — Manual CFF – Higienização das mãos para profissionais da saúde: https://bit.ly/2UVyozv

    — Uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) pelos Farmacêuticos e demais Profissionais da Saúde: https://bit.ly/2N5OBxN

    — Portal de denúncia do Ministério Público do Trabalho (MPT): https://bit.ly/2C9s9Bo

    — Radar da Saúde – http://www.radardasaude.com.br/views/map 

    Da redação com agêcias.
    Publicado em 18/06/2020

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  • Saúde, economia e sensatez na pandemia, por Leandro Farias

    • 18/06/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    O distanciamento social tem custos econômicos, mas adotá-lo parcialmente ou renunciar a ele pode custar muito mais caro.

    É “natural” que haja um “tensionamento” para a flexibilização das medidas de distanciamento social por conta dos impactos econômicos gerados. Os resultados divulgados da economia no primeiro trimestre mostram queda de 3,4% na população ocupada e redução de 2% no consumo das famílias. O déficit primário em Abril foi de 92,9 bilhões de reais, e parece haver pouco espaço para uma expansão fiscal vigorosa como uma crise dessa magnitude exige.

    Porém, precisamos reforçar que a economia é feita por pessoas. Os números revelam que apenas o Estado do Rio de Janeiro ultrapassou a marca de países inteiros (China, Índia e Rússia!) em número de mortes confirmadas por covid-19: 6.781 mortes e 69.499 casos confirmados.

    Um estudo da Fiocruz indica que, mesmo com a restrição parcial ou total ―o chamado lockdown― o coronavírus continuará circulando, e qualquer nível de relaxamento resultará em aumento de casos e mortes (dezenas de milhares), uma vez que, na ausência de uma vacina ou medicamento para covid-19, as medidas de distanciamento social são necessárias por alguns períodos até 2024.

    “(…) a adoção das medidas de distanciamento social resulta em custos econômicos, mas adotá-las parcialmente ou renunciar a elas pode significar não só custos maiores, mas também graves impactos para a saúde. (…) Podem gerar dezenas de milhares de óbitos que seriam evitáveis”, dizem os pesquisadores.

    Relembrando: a economia é feita por pessoas. Convido você, leitor, a fazer a seguinte reflexão: Quanto tempo leva para que um profissional se torne capacitado para desempenhar tal função? Quanto tempo VOCÊ levou para se tornar apto para executar o seu trabalho? Lembrando que os processos de “ficar de pé”, “andar”, “falar”, “ler”, “escrever”, “fazer contas” e todo o período acadêmico são inclusos no seu tempo de aprendizado.

    Na economia é preciso haver quem produza e quem compre, e para isso é necessário haver saúde. Consultas, exames, internações e medicamentos têm um custo elevado, basta olhar o percentual do PIB estadunidense destinado a assistência à saúde.

    Segundo dados da Subsecretaria de Atenção Hospitalar Urgência e Emergência, do início de abril até a semana passada, 1.298 pacientes morreram com síndrome respiratória aguda grave na fila à espera de um leito nas 26 emergências da Prefeitura do Rio. E neste momento, leitor, haveria centenas de pessoas na fila por leitos de enfermaria e UTI.

    Levantamento feito pela Ministério Público do Rio de Janeiro mostra que há 1.886 leitos impedidos de funcionar em 27 hospitais da rede federal, estadual e municipal, e 55% deles, por conta de falta de profissionais, seguido de infraestrutura.

    Enquanto isso, em plena pandemia, investigações expõem possíveis relações entre lideranças políticas, empresários, o governador do Rio e o escritório de advocacia da primeira-dama, cenário semelhante a um “passado bem recente”.

    Mais de 700 milhões de reais foram destinados à montagem e ao funcionamento de sete hospitais de campanha, porém, dos sete hospitais prometidos para o final do mês de abril, apenas um está em funcionamento, o Hospital do Maracanã, que, apesar de inaugurado, segundo reportagens, tem demonstrado desorganização e precariedade.

    Em 31 de dezembro a China enviou o alerta à Organização Mundial de Saúde sobre a covid-19. Após um mês, a Itália registrou os dois primeiros casos (dois turistas chineses). Em 26 de fevereiro, anunciamos o primeiro caso, um homem que retornou de viagem da Itália. Ou seja, o Brasil acompanhou antecipadamente a gravidade e as medidas sanitárias adotadas pela China, Europa e EUA.

    Ainda não existe vacina ou medicamento para eliminarmos o vírus. Por ser uma doença nova, ainda estamos pesquisando e buscando entender quais os efeitos do vírus em nosso organismo. Precisamos ganhar tempo! Por isso a importância de não sobrecarregarmos o nosso sistema de saúde. A retomada gradual da economia requer, primeiramente, respeitar e seguir com as medidas de distanciamento social, implantação de um programa de testagem em massa da população e ampliação da oferta de leitos hospitalares. Economicamente falando: toda vida importa!

    Leandro Farias é farmacêutico sanitarista da Fiocruz, fundador do Movimento Chega de Descaso

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  • #MarchaPelaVida: entidades defendem a Ciência e denunciam atitude do governo diante da pandemia

    • 18/06/2020
    • Ewerton Fenafar
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    Nas cinco regiões do país, instituições de referência para as políticas públicas e os direitos humanos se uniram em uma grande marcha virtual nesta terça (09/06). A #MarchaPelaVida reuniu mais de 500 entidades, entre as quais a Fenafar e vários sindicatos dos farmacêuticos de todo o país, além de movimentos sociais, artistas, ativistas e intelectuais com objetivo de cobrar respostas do poder público e sensibilizar a população diante do caos na Saúde pública e nas políticas sociais.

    “Não podemos ficar parados, por isso seguimos em marcha, exigindo do governo e fazendo nossa parte para destruir o seu projeto de morte”, disse Fernando Pigatto, presidente do CNS, durante a Marcha.

    Número de óbitos omitidos, flexibilização de medidas de isolamento indo contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), trocas consecutivas de ministros da Saúde em meio ao cenário emergencial, estímulo a manifestações que apoiam a ditadura militar, desrespeito aos profissionais de imprensa e ao serviço público, negação da ciência e das evidências técnicas, indicação da Hidroxicloroquina/Cloroquina sem estudo concluído que comprove eficácia diante da Covid-19. Essas são apenas algumas das práticas atuais de descaso do Estado que levam à manifestação virtual organizada pela #FrentePelaVida.

    São mais de 37 mil mortes registradas desde o início da epidemia no Brasil, onde grande parte delas seria evitável se o Sistema Único de Saúde (SUS) não estivesse subfinanciado e as medidas de enfrentamento estivessem sendo aplicadas conforme as evidências técnicas e científicas. Para Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), “não podemos ficar parados, por isso seguimos em marcha, exigindo do governo e fazendo nossa parte para destruir o seu projeto de morte. As vidas não são apenas números, elas valem mais”.

    Gulnar Azevedo, presidenta da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), afirmou que “lutar pela vida significa seguir a Ciência e fortalecer o SUS, garantindo equidade e acesso universal. Tudo pode ser recuperado, inclusive a economia, a unica coisa que não tem volta quando perdemos é a vida”. Dom Walmor de Oliveira, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em vídeo, disse que “marchar pela vida é o convite que deve ecoar no coração de nós todos, enfrentando a cultura de morte”.

    Populações vulnerabilizadas sofrem mais

    As vidas da população negra e de outros segmentos vulnerabilizados não podem ser esquecidas, pois são os que mais sofrem em contexto de crise, afirmou Lúcia Souto, presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). “A vida e a democracia estão sendo afrontadas. A desigualdade do Brasil é imoral, baseada numa matriz da escravidão. É inadmissível. Precisamos distribuir a riqueza produzida por todos os brasileiros. É inaceitável o racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira”. Dirceu Greco, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), complementou. “Essa disparidade foi ainda mais escancarada pela pandemia”.

    Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional no Brasil, lembrou que “as pessoas em favelas, em situação de rua, pessoas em privação de liberdade, mulheres, povos indígenas, comunidades quilombolas, povos e comunidades tradicionais, trabalhadores informais, LGBTQI+”, dentre outros segmentos vêm sendo gravemente afetados nesse momento.

    José Carlos Dias, presidente da Comissão Zilda Arns, afirmou que “o momento exige a superação das diferenças e união de todos os democratas pela restauração da paz e da economia”. Para ele, “não devemos nos intimidar, nem perder a esperança”. Socorro Gross Galiano, representante da Organização Pan-Americana no Brasil (Opas), defendeu o controle social. “O direito à participação social é pilar fundamental da construção coletiva das políticas de Saúde”.

    Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse que “a batalha que estamos travando não é a marcha dos soldados, é a marcha da cidadania contra o abandono da Ciência e o discurso preconceituoso, isolacionista e terraplanista que vem ganhando assustadora força no nosso país”.

    SUS contra a necropolítica

    O médico Drauzio Varella, em depoimento gravado, afirmou que a Covid-19 no Brasil poderia ser ainda pior se não fosse o SUS. “Sem o SUS viveríamos uma barbárie. É o maior sistema de Saúde do mundo. É o grande programa de distribuição de renda. É o que permite defender a vida dos brasileiros agora. O SUS não é perfeito, tem problemas de gestão, de financiamento, de troca de ministro de Saúde como se troca de camisa, mas o SUS melhorou desde o início da epidemia até agora. Que fique essa lição para quando a epidemia terminar. O SUS ainda é vilipendiado pelos brasileiros e é injusto”.

    A procuradora federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal (MPF), Débora Duprat, também em depoimento gravado, trouxe à tona o conceito de “necropolítica”, referenciando o teórico Achille Mbembe. “Estão apostando numa política de eliminação de vidas, numa escala ascendente de pobreza e miséria extrema, voltando o país para o Mapa da Fome. A pandemia torna mais evidente essa política, num estado precarizado em investimento em Saúde”, criticou.

    Tuitaço é o quinto assunto mais comentado no Brasil

    Um tuitaço foi realizado para reforçar a Marcha Virtual pela Vida com as hashtags: #MarchapelaVida e #FrentepelaVida. O assunto foi o quinto mais comentado no dia de hoje, no país, na rede social. O objetivo da mobilização no Twitter foi chamar a atenção para o fortalecimento dos valores fundamentais para que a sociedade brasileira tenha condições de enfrentar a pandemia de coronavírus: a vida, a saúde e do SUS, a solidariedade, a preservação do meio ambiente, a democracia, a ciência e a educação.

    Encaminhamento

    A #FrentePelaVida vai continuar reverberando seus princípios e valores declarados no manifesto da #MarchaPelaVida. As entidades envolvidas seguirão com ações concretas de enfrentamento à crise social, política e econômica em todos os estados brasileiros. Outras entidades podem se somar à frente por meio do site.

    Saiba mais

    Um ato político com a presença de diversos parlamentares também foi realizado. Também ocorreu uma marcha simbólica ao Congresso Nacional por meio de um app. Foram mais de cinco mil pessoas em caminhada virtual na #MarchaPelaVida. As atividades encerraram com um coral que uniu diversos artistas em um canto coletivo virtual (foto principal). Essas e outras ações realizada pelas diversas entidades parceiras você encontra no site: www.marchavirtualpelavida.org.br 

    A Frente pela Vida é conduzida pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Abrasco, Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), CNBB, CNS, Cebes, SBB, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Rede Unida.

    Veja a transmissão da #MarchaPelaVida na íntegra

    Veja o ato político da #MarchaPelaVida

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  • Pela vida, contra a insensatez

    • 18/06/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    Representantes da Frente Pela Vida, que reúne entidades de diversos setores da sociedade civil, reiteraram os seis pilares que guiam o movimento em painel nacional da Marcha Virtual realizada nessa terça-feira: a defesa da vida, da saúde e do SUS, da solidariedade, do meio ambiente, da ciência e da educação.

    O painel nacional da Marcha Virtual pela Vida, no início da tarde dessa terça-feira (9/6), trouxe o depoimento de representantes das instituições membros da Frente Pela Vida, movimento que organizou a manifestação digital, além de dezenas de personalidades da sociedade civil convidadas a falar sobre a importância da defesa.

    A Frente pela Vida é composta pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Conselho Nacional de Saúde (CNS), Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), a Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) e a Rede Unida.

    Na abertura do painel, a presidente da Abrasco, Gulnar Azevedo, declarou que lutar pela vida significa seguir a ciência, obedecendo as medidas de prevenção e controle da pandemia; fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo equidade e acesso universal a todos; defender o meio ambiente e sobretudo, defender a democracia. “Tudo pode ser recuperado, inclusive a economia, se houver interesse real em apostar na riqueza, na diversidade e no potencial do nosso país. A única coisa que não tem volta é a vida, por isso estamos aqui, nosso compromisso é com a vida”, definiu Azevedo.

    Na sequência, o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, leu a declaração da Marcha Pela Vida, que ganhou adesão de mais de 500 instituições, entidades, organizações e movimentos de todos os setores da sociedade civil e apoio de personalidades de todas as áreas.

    Em seu pronunciamento, Moreira frisou o compromisso da Frente com a vida como valor inalienável, acima de qualquer coisa, em benefício de todos os brasileiros e brasileiras e garantida pela Constituição Federal. E destacou os pontos centrais da declaração da Frente pela Vida, entre os quais, o fortalecimento do SUS, a preservação do meio ambiente, a solidariedade com as camadas mais vulneráveis da população e a democracia com princípio fundamental para a vida digna de todos os brasileiros.

    Ressaltando o respeito à ciência e às orientações dos profissionais da saúde, Moreira criticou a omissão de dados do governo sobre a pandemia. “Tivemos que nos manifestar em relação à deturpação e omissão de dados sobre a covid-19, o que certamente é uma situação inaceitável, do ponto de vista do povo brasileiro, dos planejadores, gestores e que envia uma mensagem muito negativa para o exterior”, afirmou.

    O reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles Pires da Silva, presidente da Andifes, ressaltou o papel da universidade como lugar de conhecimento e completou: “Esse é o momento de defender a vida”. José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns de Direitos Humanos declarou que “está na hora de converter o luto em luta” e conclamou a que não se perca a esperança.

    O padre Paulo Renato, representando a CNBB, falou da importância da unidade pela vida quando ela é tão desmerecida e destacou a necessidade de solidariedade com os mais vulneráveis à crise: “Estamos aqui por compaixão, padecer com as pessoas; o sofrimento do outro é meu sofrimento, não posso ser indiferente”, afirmou.

    O presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, enviou uma mensagem em vídeo, na qual afirma que a Marcha Pela Vida é importante para sensibilizar os corações e congregar a todos em defesa do dom inviolável que é a vida. “Vamos marchar pela vida, com esperança, buscando a paz”, conclamou Dom Walmor.

    Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, falou da luta que fundamenta a marcha, organizada em torno da ciência, criticando o abandono desta e das universidades federais, bem como o discurso “preconceituoso, isolacionista, negacionista” do governo. Santa Cruz convocou a todos para participar da luta pela democracia: “É hora de superarmos nossas divergências, ser democrata não é ser de direita, esquerda, centro, é uma forma de liberdade”, declarou.

    O presidente da ABC, Luiz Davidovich, destacou a solidariedade com os mais vulneráveis, trazendo dados da desigualdade – 48% da população não tem acesso a coleta de esgoto, 32 milhões não tem acesso a agua tratada – sinais do atraso do País em relação ao mundo, que impedem o desenvolvimento sustentável. “O País tem riquezas que estão sendo desperdiçadas”, afirmou.

    Paulo Jeronimo, presidente da ABI, frisou o caos na saúde, e garantiu que a instituição que preside está “fechada com todas as entidades” (que participam da Frente), médicos, pesquisadoras, no sentido de valorizar a vida.

    Já o presidente do CNS, Fernando Pigatto, disse que a marcha virtual traz uma missão de luta pela preservação da vida em todo o País. “Não podemos ficar de braços cruzados, temos que continuar juntos e juntas em defesa da democracia e do SUS”, disse.

    Para Lucia Souto presidente do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CBES), a marcha é uma luta em defesa do SUS e para promover uma mudança radical da desigualdade.

    Tulio Franco, da Rede Unido, disse que a Frente pela Vida representou “uma luz sobre a escuridão” do abandono do governo federal, com suas políticas negacionistas e produção de morte. “O ato de hoje representa comunhão de esforços de todas essas entidades, defender a vida é defender a ciência”, reiterou Franco.

    Em seu pronunciamento, Dirceu Greco, da SBB, afirmou que a presença da instituição era em solidariedade a todos os afetados pela covid-19, familiares que perderam seus entes queridos e profissionais de saúde. “Vamos juntos em defesa intransigente da vida”, afirmou.

    Assista ao painel na íntegra:

    Fonte: Marcha Vitual pela Vida
    Publicado em 10/06/2020

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  • Parlamentares acolhem manifesto da Marcha pela Vida

    • 18/06/2020
    • Ewerton Fenafar
    • INFORME
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    Líderes das Comissões Especiais para enfrentamento da covid-19 e de diversas Frentes Parlamentares Mistas apoiaram a Marcha e reforçaram a vida como ponto em comum entre todos os setores da sociedade brasileira.

    Em ato político virtual nessa terça-feira (9/6), as nove entidades que compõem a Frente Pela Vida apresentaram o manifesto Marcha Pela Vida a lideranças do Congresso Nacional. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, o documento chama a atenção para os valores que estão em cheque neste momento de grave crise sanitária, econômica e social que o Brasil enfrenta, especialmente com a pandemia do coronavírus.

    Estavam presentes no webnário presidentes e relatores das comissões especiais de enfrentamento da covid-19 e presidentes das frentes parlamentares mistas das áreas de Saúde, Meio Ambiente, Defesa da Democracia e dos Direitos Humanos; da Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação; em Defesa das Universidades Federais.

    Sobre a urgência para a solução da crise sanitária causada pela pandemia e o descaso do governo federal com a doença, o senador Confúcio Moura (MDB-RO), presidente da CN-Covid-19, prometeu acompanhar semanalmente os dados. Além das estatísticas dos atingidos pelo coronavírus, Moura afirmou que serão alvo da comissão também o balanço dos recursos públicos investidos no combate à doença, e afirmou: “Podem contar comigo, aceitamos as sugestões dos senhores, estamos abertos e estou inteiramente à disposição.”

    O relator da mesma comissão, deputado Francisco Júnior (PSD-GO), avaliou que, além dos desafios do transcorrer da pandemia, o País ainda vai enfrentar grandes dificuldades no pós-covid. Para enfrentar o cenário, sugere Francisco Júnior, a Marcha Pela Vida precisa aumentar a partir dos pontos de convergência na sociedade. “Precisamos encontrar os pontos que nos convergem, a vida é um deles.”

    “Quanto mais gente da sociedade civil marchando, melhor”, afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Democracia e dos Direitos Humanos. Freixo destacou a desigualdade que impede o isolamento dos mais pobres e também o acesso a informações, endossando o documento da Marcha pela Vida. “As ações em defesa da vida têm que ser agora, a iniciativa em nome de ações coletivas pode ser muito mais importante.” E concluiu com o mote pela união de todos: “Temos que buscar o que é comum, não o que é idêntico, tem que ser a defesa da democracia e da vida.”

    Para a deputada Carmen Zanotto (PPS-SC), presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde, o pós-pandemia traz a necessidade não apenas do fortalecimento do SUS, mas também de revisar agora o que chamou de “vazios assistenciais em todas as áreas”. Para ela, é preciso rever os recursos para a área da saúde, fortemente subfinanciada com a Emenda do Teto de Gastos (EC 95). “Temos muito trabalho pela frente ainda”, disse Zanotto.

    Para o senador Izalci Lucas (PSDB/DF), presidente da Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação, um aspecto positivo da crise é a revalorização da ciência. “Tenho percebido que a covid-19 trouxe uma reflexão sobre a importância da pesquisa e tecnologia e sobre como erramos em não investir mais recursos (nestas áreas)”, comentou.

    A defesa do SUS é o ponto principal também para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais. Com várias críticas à condução da pandemia pelo governo em geral e o Ministério da Saúde em particular, Salomão disse que se soma à Marcha: “Quero dizer que marchamos juntos pela vida em defesa do SUS que nesse momento mostra sua grandeza, importância e necessidade.”

    Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista e ex-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) reiterou que “esse é um momento de luta pela democracia, pelas instituições e pela ciência” e de enfrentar todos os desafios que nos impõe. “A defesa das instituições é muito importante nessa união da sociedade civil”, disse Agostinho.

    Assista ao Ato Político da Marcha pela Vida na íntegra:

    Fonte: Marcha pela Vida 
    Publicado em 10/06/2020

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